Navios dos filósofos

Navios a vapor, principalmente os alemães Oberbürgermeister Haken e Preussen, que transportaram intelectuais expulsos da União Soviética em setembro-novembro de 1922 de Petrogrado a Stettin.

Navios dos filósofos (ru: философский пароход) foi uma operação do governo bolchevique da Rússia Soviética, na qual intelectuais dissidentes foram expulsos do país em Setembro e Novembro de 1922. Lenin, o mandante da expulsão, descreveu este como um "expurgo de longo prazo da Rússia".[1]

Navios dos filósofos

Oberbürgermeister Haken.
Características
Classificação
(navio a vapor)
Origem do nome filósofo, navio a vapor
Commons Philosophers' steamship
Localização
Localidade Rússia bolchevique São Petersburgo
Mapa
GPS 59°56'0.053"N, 30°16'36.613"E Edit this on Wikidata
[ Editar Wikidata ] [ Mídias no Commons ]
[ Editar infocaixa ]

Expatriação em 1922

editar

O recém-estabelecido poder soviético tentou por todos os meios consolidar seu poder e nos primeiros anos de seu governo milhares de membros da oposição foram presos e fuzilados. Mais tarde, surgiu a ideia de se livrar de dissidentes expulsando-os para o exterior. "Navios dos filósofos" é o nome coletivo de pelo menos cinco navios com os quais, em 1922, intelectuais indesejados foram deportados para o exterior em grande número da Rússia soviética.[2] No sentido mais estreito, o termo refere-se às viagens do navio de passageiros alemão Oberbürgermeister Haken em 29-30 de Setembro de 1922 e ao navio transportador de material ferroviário Prússia em 16-17 de Novembro de 1922,[3] as 225 pessoas, incluindo 32 estudantes, foram enviadas de Petrogrado a Estetino (então Alemanha, atual Polônia). Já em 19 de Setembro de 1922, um navio a vapor com representantes da intelligentsia ucraniana zarpou de Odessa rumo a Constantinopla e em 18 de Dezembro de 1922, o navio Jeanne deixou Sebastopol seguindo para o mesmo destino.[4]

Além dos "navios dos filósofos", houve outras expulsões de intelectuais por vias terrestres através da fronteira polonesa, para Alemanha, Letônia, Finlândia e Afeganistão.[4]

As deportações foram realizadas por ordem direta de Lenin sem julgamento, uma vez que os exilados não poderiam ser formalmente acusados de qualquer delito. Lenin determinou o fuzilamento dos que tentassem retornar e, em carta a Stalin, em Junho daquele ano, escreveu: "Vamos limpar a Rússia de uma vez por todas".[5] Trótski comentou sobre as ações de expulsão de 1922:

Entre os intelectuais exilados à força nos "navios dos filósofos" em 1922, incluindo professores universitários e onze filósofos, estavam as seguintes personalidades conhecidas:[6]

 
Placa de mármore na orla de São Petersburgo. Inscrição:
Personalidades relevantes da filosofia, cultura e ciência russas foram expulsas deste lugar no outono de 1922. Placa patrocinada pela Sociedade Filosófica de São Petersburgo, inaugurada em 15 de novembro de 2003."[7]

Entre as 224 pessoas exiladas estavam 43 médicos, 69 professores, estudantes e cientistas, 10 engenheiros, 7 advogados e juízes, 29 escritores, jornalistas, etc.[6]

Ver também

editar

Referências

  1. «Aktion Philosophenschiff». Frankfurter Allgemeine Zeitung (em alemão). 19 de dezembro de 2003. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  2. Н.А. Дмитриева, «Ой ты, участь корабля…», или Снова о «Философском пароходе» (em russo) Consultado em 8 de setembro de 2022
  3. Пассажиры «Философского парохода» (Судьбы интеллигенции, репрессированной летом—осенью 1922 г. (em russo) Consultado em 8 de setembro de 2022
  4. a b c «Пилосопский пароцод. К 95-летиц начала массовой высылки из Советской России представителей интелигенциии ("Exposição: O Vapor filosofal. No 95º aniversário do início da expulsão em massa de intelectuais da Rússia Soviética"». Universidade Financeira sob o Governo da Federação Russa (em russo). 2017. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  5. Yolanda Delgado (9 de dezembro de 2019). «Faxina de Lenin: a primeira deportação coletiva da União Soviética». Aventuras na História. Consultado em 15 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 7 de junho de 2020 
  6. a b В.Г.Макаров, B.C.Христофоров: ПАССАЖИРЫ «ФИЛОСОФСКОГО ПАРОХОДА» (СУДЬБЫ ИНТЕЛЛИГЕНЦИИ, РЕПРЕССИРОВАННОЙ ЛЕТОМ—ОСЕНЬЮ 1922 г.). (em russo) Consultado em 8 de setembro de 2022
  7. Vladimir Pomortzeff (28 de maio de 2018). «Commemorative sign marking the place from where the Philosophers' ships with Russian intellectuals were departed to exile from Bolshevik Russia in autumn 1922 on the embankment of the Neva River in Saint Petersburg, Russia. Text in Russian means: Prominent figures of Russian philosophy, culture and science were expelled to emigration from this embankment in the autumn of 1922. The commemorative sign was installed by the Saint Petersburg Philosophic Society and unveiled on 15 November 2003». alamy.com (em inglês). Consultado em 8 de setembro de 2022 

Literatura

editar
  • Felix Philipp Ingold: Auf dem Philosophenschiff. A grande "operação" de Lênin contra a inteligência russa. In: Neue Zürcher Zeitung. (2000), p. 66.
  • V. G. Makarov; V. S. Christoforov: Passažiry ‹filosofskogo parochoda›. (Sud'by intelligencii, repressirovannoj letom-osen'ju 1922g.). In: Voprosy filosofii Nr. 7 (600) 2003, S. 113-137 [alemão: Die Passagiere des ‹Philosophenschiffs›. (Os destinos da inteligência perseguida no verão/outono de 1922); contém uma lista de detalhes biográficos de todos os intelectuais exilados da Rússia entre 1922 e 1923]. Online.
  • Felix Philipp Ingold: Aktion Philosophenschiff. In: Frankfurter Allgemeine Zeitung. 19 de dezembro de 2003 (Online).

Ligações externas

editar