Nuno Álvares Pereira (bispo)
Nuno Álvares Pereira (? — Angra, 20 de Agosto de 1570) foi o 5.º bispo da Diocese de Angra, tendo-a governado de 1568 a 1570.
Nuno Álvares Pereira | |
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Cidadania | Reino de Portugal |
Ocupação | padre, bispo católico |
Religião | Igreja Católica |
Biografia
editarEra doutor em Cânones pela Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra e fora visitador do bispado de Angra em 1542 e do Arcebispado de Lisboa no tempo do cardeal-infante D. Henrique.
Durante o seu curto governo, este prelado dedicou-se à causa da construção de uma nova catedral que substituísse a acanhada igreja de São Salvador, que fora elevada a sé com a criação da diocese de Angra em 1534, e por conseguir melhores condições de sustentação para o clero das ilhas, face à exiguidade das côngruas que então auferiam.
Outra acção a que se dedicou foi à dignificação do culto divino na então jovem sé angrense, conseguindo o aumento do seu número de cónegos e capelães e contratando os primeiros moços do coro, aos quais dava uma vestimenta vermelha.
Interessou-se pela construção de novos templos e pela reparação das primitivas igrejas construídas durante a fase inicial do povoamento, para tal criando as fábricas administrativas das igrejas paroquiais. Teve de dirimir, por uma provisão, a repartição dos encargos nas obras nas igrejas paroquiais entre os gastos feitos nas capelas-mores paroquiais, que cabiam ao rei como grão-mestre da Ordem de Cristo a quem fora doada a administração religiosa, e o resto, a suportar pelo povo e pelos capitães do donatário.
Conseguiu também que o grão-mestre da Ordem de Cristo (o rei) delegasse no bispo a nomeação dos benefícios (isto é dos cargos) eclesiásticos que lhe pertenciam, fazendo doação aos bispos do direito de nomear os clérigos para as dignidades que não tivessem anexo o ofício de pregador. A partir daí todos os benefícios, assim curados como simples, passaram a ser providos por oposição e editais.
Ainda durante o governo deste prelado chegaram a Angra os primeiros padres da Companhia de Jesus, os quais se instalaram nas casas sitas junto à ermida de Nossa Senhora das Neves à Rocha, que então pertenciam ao capitão-mor João da Silva do Canto.
Coube a este prelado decidir o pleito de nulidade de votos e perpétua clausura interposto por Antónia dos Anjos, abadessa do Mosteiro das Chagas da então vila da Praia, ao tempo uma causa que apaixonou a população da ilha Terceira.
Também no ano de 1568 foi deferido, com o apoio do bispo, o requerimento da Câmara de Angra feito no ano de 1557 para se fazer uma nova sé.[1]
Os esforços que D. Nuno Álvares Pereira desenvolveu em prol da nova sé só foram coroados de êxito póstumo, pois faleceu a 20 de Agosto de 1570, a escassos três meses do lançamento da obra. Foi o segundo bispo a ser sepultado na capela-mor da Sé Velha de Angra.
Referências
- ↑ Francisco Ferreira Drummond, Anais da Ilha Terceira, vol. II, Angra do Heroísmo, 1856.