Ochy Curiel
Rosa Inés Curiel Pichardo (nascida em 1963), mais conhecida como Ochy Curiel, é uma teórica feminista, cantora e antropóloga social afro-dominicana. Ela é conhecida por ajudar a estabelecer o movimento de mulheres afro-caribenhas e afirmar que o lesbianismo não é uma identidade, orientação ou preferência sexual, mas, ao invés, uma posição política. Ela é uma das mais importantes teóricas feministas na América latina e Caribe.
Ochy Curiel | |
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Nascimento | 15 de março de 1963 Santiago de los Caballeros |
Cidadania | República Dominicana |
Alma mater | |
Ocupação | ativista pelos direitos das mulheres, música, académica, escritora |
Empregador(a) | Universidade Nacional da Colômbia, Pontifícia Universidade Javeriana |
Primeiros anos e educação
editarRosa Inés Curiel Pichardo nasceu em 15 de março de 1963, em Santiago, República Dominicana, e frequentou a escola primária na Escola Politécnica para Mulheres de Nossa Senhora da Misericórdia.[1] Depois de se formar, ela se matriculou na Pontifícia Universidade Católica Madre y Maestra e tornou-se bacharel em Serviço Social.[2]
Feminismo e racismo
editarNo final da década de 1980, ela começou a trabalhar no Centro Dominicano de Estudos da Educação em Santo Domingo e co-fundou a Ce-mujer, uma ONG de mulheres e grupo de assessoramento.[3] Na época, havia um nascente movimento feminista na República Dominicana, mais intimamente vinculado a uma identificação latino-americana do que uma afro-caribenha, apesar de o país ser predominantemente afro-dominicano. Ele também tinha um viés de classes, pois estava mais preocupados nos problemas da classe média.[4] Havia poucos esforços na base,[5] mas Curiel e Sergia Galvan começaram a pressionar por discussões mais amplas sobre as questões das mulheres, o que incluía o racismo e o sexismo.[6][7]
Começando no início da década de 1990, tornou-se evidente que o coletivismo eram eficazes no combate à interseções de discriminação e que, ao se unirem, as ONGs podiam, conjuntamente, combater o racismo e a misoginia.[4] Curiel integrou o conselho de uma organização chamada Casa por la Identidad de las Mujeres Afro (Casa de Mulheres com Identidade Africana), que visa o combate contra a dupla discriminação enfrentadas pelas mulheres afro-dominicanas.[3] A política de identidade que Curiel abraçou foi contra o objetivo do governo de criar uma sociedade homogênea. Depois, Curiel se juntou a organizações regionais como a Mulheres afro-latino-americanas e a Rede Afro-Caribenha[3] e começou a planejar o Primer Encuentro de Mujeres Negras de América Latina y El Caribe (Primeiro Encontro de Mulheres Negras da América Latina e Caribe).[4] A conferência, realizada em Santo Domingo entre os dias 19 e 25 de julho de 1992, reuniu mais de 300 participantes de 32 países para discutir como um viés sistêmico tem obscurecido as realizações de mulheres negras e desenvolver estratégias para melhorar suas vidas.[8]
Lesbianismo
editarCuriel reconheceu que seu lesbianismo também precisava tornar-se parte de sua agenda política. Em 1996, ela criou o termo "lesbianismo feminista".[4] Para ela, o lesbianismo não é uma identidade, orientação ou preferência sexual, mas uma posição política, que se esforça para contrabalançar a heteronormatividade de leis, mídia, religião e outros aspectos da sociedade. Ela argumenta que a heterossexualidade apagou das mulheres a autonomia e que é preciso a ousadia de afirmar que os homens não são necessários para a sobrevivência das mulheres[3] [1]
Mudança para o México
editarNo início dos anos 2000, Curiel se mudou para o México,[9] onde ela começou a lecionar na Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo.[1] Ela foi uma das participantes da primeira marcha lésbica realizada no México, em 2003.[9] [10]
Mudança para a Colômbia
editarEm 2006, Curiel mudou-se para a Colômbia, onde começou a lecionar na Universidade Nacional da Colômbia (UNC).[4][11]
Publicações selecionadas
editar- Curiel, Ochy (Outubro 1998). "Las mujeres afrodominicanas: interrelacion de las variables genero etnia y clase. una visión feminista". Ciencia y Sociedad . República Dominicana: Instituto Tecnologico de Santodomingo. 23 (4): 459–470. ISSN 0378-7680. OCLC 926127727.
- Curiel, Ochy (Agosto 1999). "Pour un féminisme qui articule race, classe, sexe et sexualité: Interview avec Ochy Curiel". Nouvelles Questions Féministes. Lausanne, Switzerland: Editions Antipodes. 20 (3): 39–62. ISSN 0248-4951. OCLC 5547361249.
- Curiel, Ochy (Janeiro 2002). "La lutte politique des femmes face aux nouvelles formes de racisme. Vers une analyse de nos stratégies". Nouvelles Questions Féministes. Lausanne, Switzerland: Editions Antipodes. 21 (3): 84–103. ISSN 0248-4951. OCLC 5547372967.
- Curiel, Ochy; Falquet, Jules, eds. (2005). El Patriarcado al Desnudo. Tres Feministas Materialistas: Colette Guillaumin, Paola Tabet, Nicole Claude Mathieu. Buenos Aires, Argentina: Brecha Lésbica.
- Curiel, Ochy; Falquet, Jules; Masson, Sabine (2005). Féminismes dissidents en Amérique latine et aux Caraïbes. Lausanne, Switzerland: Éditions Antipodes. ISBN 978-2-940-14663-5.
- Curiel, Ochy; Falquet, Jules, eds. (2006). De la cama a la calle: perspectivas teóricas lésbico-feministas. Bogotá, Colombia: Brecha Lésbica/Ediciones Antropos. ISBN 978-958-9307-61-8.
- Curiel, Ochy (Abril 2007). "Critica poscolonial desde las practicas politicas del feminismo antirracista". Nómadas. Bogatá, Colombia: Fundacion Universidad Central (26): 92–101. OCLC 820174627.
- Curiel, Ochy (Outubro 2007). "Critique postcoloniale et pratiques politiques du féminisme antiraciste". Mouvements: Sociétés, politique, culture. Paris, France: La Découverte. 51 (3): 119–129. ISSN 1291-6412. OCLC 5530936943.
- Curiel, Ochy (2008). "Superando la interseccionalidad de categorías por la construcción de un proyecto político feminista radical. Reflexiones en torno a las estrategias políticas de las mujeres afrodescendientes". In Wade, Peter; Giraldo, Fernando Urrea; Viveros, Mara. Raza, etnicidad y sexualidades: ciudadanía y multiculturalismo en América Latina. Bogotá, Colombia: Universidad Nacional de Colombia, Facultad de Ciencias Humanas, Instituto CES, Escuela de Estudios de Género. ISBN 978-958-8063-60-7.
- Curiel, Ochy (2009). "Las políticas de las identidades y sus dilemas: esencialismo vs antiesencialismo". In González, Diana Carrillo; Rengifo, Nelson Santiago Patarroyo. Derecho, interculturalidad y resistencia étnica. Bogotá, Colombia: Universidad Nacional de Colombia, Sede Bogotá, Instituto Unidad de Investigaciones Jurídico-Sociales Gerardo Molina. ISBN 978-958-719-276-6.
Referências
editar- ↑ a b c Hoja de Vida 2010.
- ↑ Instituto de Estudios de las Culturas Andinas 2015.
- ↑ a b c d Insituto Humanitas Unisinos 2008.
- ↑ a b c d e Cejas 2011.
- ↑ Curiel, Falquet & Masson 2005, p. 7.
- ↑ Adams Jr. 2014, p. 123.
- ↑ McClaurin 2001, p. 101.
- ↑ León 1995.
- ↑ a b Aviva 2004.
- ↑ Curiel, Falquet & Masson 2005, p. 4.
- ↑ Pequeño 2014.
Fontes
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- Candelario, Ginetta E. B. (2007). Black Behind the Ears: Dominican Racial Identity from Museums to Beauty Shops. Durham, North Carolina: Duke University Press. ISBN 0-8223-4037-2.
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- Cejas, Mónica (Dezembro de 2011). ""Desde la experiencia". Entrevista a Ochy Curiel". Andamios (in Spanish). Mexico City, Mexico: Scielo. 8 (17). ISSN 1870-0063. Retrieved 13 February 2016.
- Cumes, Aura Estela (2012). "Mujeres Indígenas, Patriarcado y Colonialismo: Un Desafía a la Segregación Comprensiva de las Formas de Dominio". Anuario Hojas de Warmi. Murcia, Spain: Universidad de Murcia (17). ISSN 1136-3401.
- Curiel, Ochy; Falquet, Jules; Masson, Sabine (2005). "Feminismos disidentes en América Latina y el Caribe". Nouvelles Questions Féministes. Lausanne, Switzerland: Éditions Antipodes. 24 (2 Edición especial).
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