Campanha do oeste da Líbia em 2019–2020

Campanha do oeste da Líbia em 2019–2021 foi uma campanha militar iniciada em 4 de abril de 2019[35] pela "Operação Inundação da Dignidade",[36] do Exército Nacional Líbio sob o comando do marechal Khalifa , que representa a Câmara dos Representantes da Líbia, para capturar a região ocidental da Líbia e eventualmente, a capital Trípoli, mantida pelo Governo do Acordo Nacional, reconhecido internacionalmente.[37]

Campanha do oeste da Líbia em 2019–2020
Segunda Guerra Civil Líbia

Mapa mostrando a ofensiva do Exército Nacional da Líbia no oeste da Líbia
Data Primeira fase: 4 de abril de 2019 – 25 de março de 2020 (11 meses e 3 semanas)
Segunda fase: 26 de março – 5 de junho de 2020 (2 meses, 1 semanas e 2 dias)
Local Líbia Ocidental
Situação Vitória do Governo do Acordo Nacional
Beligerantes
Líbia Câmara dos Representantes da Líbia

Rússia Grupo Wagner [1][2][3]
Sudão Forças de Apoio Rápido [4]
Líbia Frente Popular para a Libertação da Líbia [5]
 Emirados Árabes Unidos[6] [7][8]

Apoiado por:
 Egito [9]
 Rússia
 Israel [10][11][12][13]
Arábia Saudita [14]
 França [15][16][17]
Jordânia [18]
Síria Síria [19]
Líbia Governo do Acordo Nacional

Milicias de Misrata [23]
Milicias de Zawiya [20]
Forças Escudo da Líbia (alegado)
Exército Nacional Sírio (desde Dezembro de 2019) [24]

 Turquia (desde Dezembro de 2019) [25] [26] [27]

Apoiado por:

 Catar [28]
Comandantes
Líbia Marechal de Campo Khalifa Haftar
Líbia Maj. Gen. Abdulrazek al-Nadoori
Líbia Maj. Gen. Abdul Salam al-Hassi
Líbia Brig. Gen. Ahmed al-Mismari
Líbia Saif al-Islam Gaddafi
Líbia Primeiro-ministro Fayez al-Sarraj
Líbia Maj. Gen. Osama al-Juwaili
Líbia Maj. Gen. Abdul Basset Marwan
Líbia Comandante Emad al-Tarabelsi[21]
Líbia Atef Braqeek
Forças
Líbia 3.000 efetivos [29]
Rússia [1][2][3] 200 a 1.400 membros do Grupo Wagner
Sudão 3.000 mercenários sudaneses [30]
Líbia 5.000 efetivos [31]
4.700 efetivos [24][32]
Turquia 35 consultores (de acordo com o Governo Turco)
Total: 121 mortos, 561 feridos,[33]
13 625 deslocados de suas casas[34]

As forças do Exército Nacional Líbio chegaram aos subúrbios, mas não conseguiram entrar na capital. O Governo do Acordo Nacional lançou um contra-ataque com o codinome "Operação Vulcão da Raiva"[38] (ou "Operação Vulcão da Fúria"[39]). Mas por vários meses os combates ficariam instáveis e ocorreriam muitas fases da trégua.

A campanha foi marcada por muitas implicações estrangeiras, incluindo o apoio da Turquia ao Governo do Acordo Nacional e o apoio dos Emirados Árabes Unidos, do Egito, da Rússia, da Arábia Saudita ao Exército Nacional Líbio. O embargo de armas imposto pela ONU é violado abertamente[40] e muitos mercenários sírios, russos e sudaneses estão envolvidos nos combates.

A intervenção da Turquia na guerra em janeiro de 2020, com o envio de muitos drones e milhares de mercenários do Exército Nacional Sírio, no entanto, dá a vantagem ao governo de Trípoli. Em junho de 2020, as forças da Exército Nacional Líbio são completamente expulsas dos arredores de Trípoli.[41]

Antecedentes

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Após a queda do regime de Gaddafi em 2011, o controle político e militar na Líbia entrou em colapso. A luta entre diferentes facções se intensificou em 2014, com a Câmara dos Representantes, sediada na cidade de Tobruk, no leste, sendo a principal força política que afirma ser o governo legítimo da Líbia. A Câmara dos Representantes foi apoiada pelo Exército Nacional Líbio do Marechal Khalifa Haftar. No início de 2016, um governo rival, o Governo do Acordo Nacional (GAN), foi estabelecido em Trípoli com o apoio das Nações Unidas e de vários países ocidentais.[42] Também é apoiado pela Itália, principal parceiro econômico da Líbia, pela Turquia e pelo Catar.[43] O Exército Nacional Líbio, contudo, recebe apoio militar do Egito, dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita.[44][45][43] A Rússia, por sua vez, tem ligações com os dois governos rivais.[46] A França mantém uma posição ambígua reconhecendo formalmente o Governo do Acordo Nacional, mas também fornecendo apoio ao Exército Nacional Líbio durante operações contra os jihadistas.[45][47][48]

Houve várias tentativas de negociar entre os dois governos e organizar novas eleições ao longo de 2017 e 2018. A partir de 2019, os planos para as eleições ainda permaneciam frouxos.[49][50][51] A eclosão dos combates aconteceu antes de uma conferência nacional sobre a Líbia planejada com apoio internacional, marcada para 14 de abril, com o objetivo de criar um governo de unidade entre Sarraj e Haftar. A conferência foi planejada durante um ano[52] e representantes de todas as facções políticas foram convidados, com 120 a 150 delegados esperados. Seus objetivos eram criar uma estrutura para uma nova constituição e planejar novas eleições presidenciais e parlamentares. Em março de 2019, o avanço das forças de Haftar no sul e no oeste da Líbia durante a primeira parte daquele ano estava começando a causar preocupação para os organizadores da conferência.[53] No início de 2019, o Exército Nacional Líbio do marechal Khalifa Haftar liderou uma ofensiva em Fezzan, no sudoeste da Líbia, que permitiu que assumisse o controle de parte da região.[54][55][56] A proporção de forças é então favorável ao governo de Tobruk, que controla a maior parte do país.[45]

Em 4 de abril de 2019, uma gravação em áudio foi publicada no Facebook pelo marechal Haftar declarando guerra ao Governo do Acordo Nacional e anunciando que o Exército Nacional Líbio assumiria militarmente a cidade de Trípoli.[57]

Em resposta, o governo de Trípoli, liderado pelo primeiro-ministro Fayez al-Sarraj e pelo Conselho Presidencial, ordenou uma mobilização geral de todas as suas forças de segurança.[58][59]

Campanha

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No dia 4 de abril, ao amanhecer, as forças do Exército Nacional Líbio chegaram aos arredores da cidade de Gharyan, 100 quilômetros ao sul de Trípoli.[44] O general Abdessalem al-Hassi, comandante das operações militares do Exército Nacional Líbio na região oeste, declarou que suas tropas entraram na cidade sem combates.[44] A AFP afirma, no entanto, que esta informação é "negada pela manhã por pelo menos quatro fontes locais".[44] Os povoados de Gheriane, localizada o 65 quilômetros a oeste de Trípoli, e Sermane, a 60 quilômetros a leste, são tomados no mesmo dia, sem combates, pelas forças pró-Haftar.[60]

Na noite de 4 de abril, dezenas de homens do Exército Nacional Líbio com quinze caminhonetes assumem o controle da barreira de segurança "ponte 27",[44] a 27 quilômetros a oeste de Trípoli.[61][62] O ataque é liderado pelas unidades 106 e 107, consideradas parte das tropas de elite do Exército Nacional Líbio. No entanto, no dia seguinte, pouco antes do amanhecer, uma milícia de Zauia pró-Governo do Acordo Nacional retoma este ponto depois de uma curta escaramuça e fazer dezenas de prisioneiros.[63][64] O porta-voz do Exército Nacional Líbio, Ahmad al-Mesmari, admite que 128 soldados foram capturados.[63] O Governo do Acordo Nacional, por sua vez, fornece um balanço de 145 prisioneiros e 60 veículos capturados.[45][65]

Os primeiros combates significativos começam em 5 de abril, no final do dia, a cerca de cinquenta quilômetros ao sul de Trípoli, nas proximidades de Gasr Ben Ghechir, Soug al-Khamis, Al-Saeh e Soug al-Sabt.[63] [64][61] As forças do Exército Nacional Líbio tentam então controlar o Aeroporto Internacional de Trípoli.[63] De acordo com o Governo do Acordo Nacional, eles conseguem tomá-lo brevemente antes de serem repelidos.[63] Os combates também ocorrem na região de El Azizia, a cerca de 50 quilômetros a sudoeste de Trípoli.[63] [64] O Exército Nacional Líbio reivindica a captura da cidade de El Azizia, assim como Tarhounah, a 90 quilômetros a sudeste de Trípoli, onde a milícia da cidade, a Sétima Brigada, desertou para se juntar ao Exército Nacional Líbio.[61][64][62]

Na noite de 5 de abril, as tropas do Exército Nacional Líbio também entram na cidade de Gasr Ben Ghechir, a menos de 30 quilômetros ao sul de Trípoli.[62][66]

Em 6 de abril, os combates continuam, particularmente nas proximidades de Wadi Al-Rabii e Gasr Ben Ghechir.[67] Ataques aéreos contra as tropas do Exército Nacional Líbio são relatados.[66][67]

Em 7 de abril, o Exército Nacional Líbio respondeu conduzindo bombardeios aéreos na região de Trípoli.[68]

Ver também

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Referências

  1. a b Kirkpatrick, David D. (5 de Novembro de 2019). «Russian Snipers, Missiles and Warplanes Try to Tilt Libyan War» – via NYTimes.com 
  2. a b «Number of Russian mercenaries fighting for Haftar in Libya rises to 1400, report says». 16 de Novembro de 2019 
  3. a b «'Wherever Wagner goes destruction happens': Libya's GNA slams Russian role in conflict». Middle East Eye 
  4. de Waal, Alex (20 de Julho de 2019). «Sudan crisis: The ruthless mercenaries who run the country for gold». BBC News. Cópia arquivada em 21 de Julho de 2019 
  5. «Tobruk MP claims terrorists from Turkey support Tripoli government against Haftar». Uprising Today (em inglês). 6 de Julho de 2019. There are also reports that the Popular Front for the Liberation of Libya, a pro-Jamahiriya resistance organisation led by Saif al-Islam al-Gaddafi, the son of Brotherly Leader Muammar al-Gaddafi who was overthrown and murdered in 2011, is supporting the Tobruk-based forces. 
  6. «Six UAE servicemen killed in Yemen road accident». 13 de setembro de 2019 – via www.reuters.com 
  7. «Libya: UAE Air Force continues attacks in Tripoli». Middle East Monitor. 17 de dezembro de 2019 
  8. «Libya's GNA accuses UAE air force of bombing Mitiga airport». Middle East Monitor. 18 de setembro de 2019 
  9. «Haftar attacking Tripoli with Egyptian, UAE and Saudi arms, Libya General claims». Middle East Monitor. 6 de Abril de 2019 
  10. Silverstein, Richard. «Haftar: Israeli secret aid to Libya's strongman reveals a new friend in Africa». Middle East Eye 
  11. «Libya's Haftar 'provided with Israeli military aid following UAE-mediated meetings with Mossad agents'». The New Arab 
  12. «Libya's Haftar had lengthy meeting with Israeli intelligence officer». Middle East Monitor 
  13. «Libya: Flight data places mysterious planes in Haftar territory». Al Jazeera 
  14. Malsin, Jared; Said, Summer (12 de Abril de 2019). «Saudi Arabia Promised Support to Libyan Warlord in Push to Seize Tripoli» – via www.wsj.com 
  15. Bar'el, Zvi (13 de Abril de 2019). «Analysis From Bouteflika to Bashir, Powers Shift. But the Second Arab Spring Is Far From Breaking Out» – via Haaretz 
  16. Elumami, Ahmed (15 de Abril de 2019). «U.N. Libya envoy says Haftar made coup attempt with advance on Tripoli» – via Reuters 
  17. Taylor, Paul (17 de Abril de 2019). «France's double game in Libya». POLITICO 
  18. «Jordan arming Libya's Haftar with armored vehicles and weapons». 23 de Maio de 2019 
  19. «Benghazi-based Libyan gov't sends first official delegation to Syria». Al Masdar News. 1 de março de 2020 
  20. a b «Haftar forces capture old Tripoli airport after clashes near Libyan capital». Middle East Eye and agencies. 5 de abril de 2019 
  21. a b «Libya's western Air Force strikes Haftar's forces positioned in Mizda, Sooq Al-Khamis». Libyan Express (em inglês). 6 de abril de 2019 
  22. «Fighting flares on outskirts of Tripoli». BBC. 6 de abril de 2019 
  23. «Armed groups from Libya's Misrata are moving to defend Tripoli: residents». Reuters. 4 de abril de 2019 
  24. a b «300 pro-Turkey Syrian rebels sent to Libya to support UN-backed gov't: watchdog - Xinhua | English.news.cn». xinhuanet.com 
  25. «Three Turkish soldiers killed in Libya as Haftar's forces advance on Misrata». Ahval 
  26. [1]
  27. [2]
  28. «Haftar must win over militias to take Tripoli: analysts» 
  29. «In Libya's anti-Haftar bastion, a resolve to fight hardens». 20 de Junho de 2019 – via www.reuters.com 
  30. Jason Burke and Zeinab Mohammed Salih. «Mercenaries flock to Libya raising fears of prolonged war | World news». The Guardian 
  31. Lacher, Wolfram (2019). «Who is fighting whom in Tripoli? How the 2019 civil war is transforming Libya's military landscape» (PDF). Security Assessment in North Africa Briefing Paper. Cópia arquivada (PDF) em 10 de Novembro de 2019 
  32. http://www.syriahr.com/en/?p=154427
  33. UN says fighting over Libya’s Tripoli has killed 121
  34. «Eastern Libya parliament head says forces will push Tripoli campaign». Reuters 
  35. «Khalifa Haftar, Libya's strongest warlord, makes a push for Tripoli». The Economist. 5 de abril de 2019. ISSN 0013-0613 
  36. «Libyan National Army Reaches Tripoli's Outskirt (Map)». South Front. 6 de abril de 2019 
  37. «Libya general tells forces to take capital». BBC (em inglês). 5 de abril de 2019 
  38. «Tripoli: um beco sem saída para marechal Haftar». ANGOP. 15 Abril de 2019 
  39. «Militares do Marechal Haftar desertam para o lado do Governo de tripoli». Jornal de Angola. 25 de Agosto de 2019 
  40. «Jordânia, Turquia e Emirados Árabes Unidos violaram embargo à Líbia». G1. 7 de novembro de 2019 
  41. «Líbia: tropas do general Haftar retiram-se de Tripoli, mas controlam petróleo no leste». RFI. 5 de junho de 2020 
  42. Fielder, Jez (5 de Abril de 2019). «Libya, a country divided: From Gaddafi to Haftar, how did they get here?». Euronews 
  43. a b Les puissants soutiens des deux camps rivaux libyens, ATS, 6 de abril de 2019.
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  60. Libye: le maréchal Haftar ordonne à ses forces d'entrer dans Tripoli, RFI, 4 de abril de 2019.
  61. a b c Maryline Dumas, Tripoli: les tensions se poursuivent, Le Figaro, 6 de abril de 2019.
  62. a b c Libye: la communauté internationale demande à Haftar de stopper son offensive, RFI, 5 de abril de 2019.
  63. a b c d e f Libye: Guterres "profondément inquiet", combats au sud de Tripoli, AFP, 5 de abril de 2019.
  64. a b c d Libye: l’offensive de Khalifa Haftar repoussée à 30 kilomètres de Tripoli, RFI, 5 de abril de 2019.
  65. Libye : Les combats se rapprochent de Tripoli, France 24, 5 de abril de 2019.
  66. a b Libye: l’ONU maintient la date de la conférence nationale, RFI, 6 de abril de 2019.
  67. a b Libye : des combats au sud de Tripoli font craindre un nouvel embrasement, Le Monde com AFP, 6 de abril de 2019.
  68. Libye: premiers bombardements aériens autour de Tripoli, RFI, 7 de abril de 2019.