Operação Pilar Defensivo

Operação de ataque israelita na Faixa de Gaza
(Redirecionado de Operação Coluna de Nuvem)

Operação Pilar Defensivo, também conhecida como Operação Coluna de Nuvem[16] (em hebraico: sעמוד ענן‎, transl. ʿAmúd ʿAnán; literalmente, "Coluna de Nuvem"[17][18]) foi uma operação de ataque à Faixa de Gaza, realizada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) entre 14 e 21 de novembro de 2012.

Operação Pilar Defensivo
ou
Coluna de Nuvem
Conflito israelo-palestino

Um míssil disparado pelo sistema de defesa antiaéreo Cúpula de Ferro interceptando um foguete palestino disparado contra uma cidade israelense.
Data 14 - 21 de novembro de 2012[1]
Local Faixa de Gaza - Distrito sul de Israel
Casus belli Resposta ao lançamento de foguetes pelos palestinos sobre território de Israel.
Desfecho Cessar-fogo declarado, ambos os lados consideraram-se vitoriosos.[2][3] De acordo com Israel, a operação "impôs severos danos à capacidade do Hamas de lançar mísseis contra o estado judaico."[4]
Beligerantes
 Israel Hamas
JIP[5]
FPLP[6]
CRP[7]
Comandantes
Israel Benjamin Netanyahu
Israel Ehud Barak
Israel Benny Gantz
Ismail Haniya
Ahmed Jabari  
Baixas
2 soldados mortos[8]
20 soldados feridos[9]

4 civis mortos[8]
240 feridos[10]
Segundo os palestinos:
55 milicianos mortos[11]
1 policial morto[12]
~29 milicianos feridos[13]
102 civis mortos[11]

Segundo Israel:
120 milicianos mortos[14]
57 civis mortos

66 civis mortos (segundo a Anistia Internacional)[15]

O conflito

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O início dos combates foi marcado pelo assassinato seletivo de Ahmed Jabari, chefe do braço militar do Hamas em Gaza.[19][20][21]

Para Israel, o casus belli é constituído pelo lançamento de mais de 700 foguetes de médio e longo alcance contra o território israelense, desde o início do ano, e mais de 120 em dois dias consecutivos, pelo Hamas, pela Jihad islâmica e pelos Comitês de Resistência Popular da Faixa de Gaza.[22] Essas hostilidades se inscrevem no contexto dos confrontos entre Israel e a Faixa de Gaza, desde o início de 2012. De acordo com o governo israelense, três eventos justificaram a operação:[23]

  • o lançamento de pelo menos 100 foguetes contra o sul de Israel em um período de 24 horas;[24]
  • um ataque, por parte de milicianos vindos de Gaza, contra um veículo militar israelense dentro das fronteiras do país;[25]
  • a explosão de um túnel perto de onde soldados israelenses estavam, dentro das fronteiras do Estado judaico.[26]

Os objetivos declarados da operação foram:

  • interromper os contínuos e indiscriminados ataques de foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza contra o sul de Israel, que resultaram na morte de três civis israelenses e vários feridos, além da destruição de patrimônio;[27][28]
  • minar a capacidade das organizações militantes palestinas.[19]

Já os representantes do Hamas (partido político que governa a Faixa de Gaza) negam que tenham sido a parte agressora e culparam Israel pela violência, afirmando que as ações das forças israelenses haviam causado várias mortes de civis em Gaza nos primeiros dias da operação.[29][30][31] Lembraram também que, em 5 de novembro, um rapaz palestino que sofria de problemas mentais foi assassinado enquanto rastejava em direção à cerca que separa Israel e a Faixa de Gaza.[32] Também afirmaram seu direito de defender seus cidadãos contra o bloqueio da Faixa de Gaza por Israel e contra a ocupação israelense da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. O responsável pela circulação na fronteira do governo da Faixa de Gaza, Ghazi Hamad, insistiu que a agressão não partiu dos palestinos. "Nós continuamos dizendo que somos as vítimas da ocupação e nós é que somos o alvo." Disse também que o Hamas tem o direito de defender seu povo e, portanto, responderia aos ataques de Israel: "Se Gaza não estiver segura, as suas cidades [de Israel] tampouco estarão seguras".[29][30][31]

As forças israelenses informaram ter atingido mais de 1,5 mil alvos militares na Faixa de Gaza, incluindo plataformas de lançamento de foguetes, túneis usados para contrabando, centros de comando, locais de fabricação e estocagem de armamentos.[33]

Segundo os palestinos, foram atingidas residências de civis.[34] Funcionários dos serviços de saúde de Gaza informaram que, até 23 de novembro, 167 palestinos tinham sido mortos no conflito.[35]

Oito palestinos haviam sido sumariamente executados pelo braço militar do Hamas, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam por suposta colaboração com Israel.[36][37]

As Brigadas Izz ad-Din al-Qassam emitiram um comunicado, declarando que "a ocupação [israelense] abriu as portas do inferno".[29][30][31][38] "Israel declarou guerra a Gaza e terá que assumir a responsabilidade pelas consequências", declarou a Jihad Islâmica Palestina.[39]

Cerca de sete dias após o começo das hostilidades, ambos os lados chegaram a um cessar-fogo, em 21 de novembro.[40]

As Forças de Defesa de Israel lançaram mais de 1,5 mil ataques[41] pelo ar, terra e mar contra alvos da Faixa de Gaza durante a operação,[42] mirando plataformas de lançamento de mísseis palestinos, depósitos de munição e armas, militantes, campos, prédios do governo e casas de guerrilheiros.[43][44] De acordo com grupos que atuam na região, mais de 160 palestinos e 6 israelenses morreram durante os 7 dias do conflito.[11][12]

Durante a operação, a Jihad Islâmica da Palestina e as chamadas brigadas Izz ad-Din al-Qassam intensificaram seus ataques contra o território de Israel.[45] Os grupos militantes teriam disparado, pelo menos, 1456 foguetes na direção do país vizinho nas regiões de Rishon LeZion, Bersebá, Asdode, Ascalão e outros centros populacionais; a capital política e financeira de Israel, Telavive, também foi atingida, pela primeira vez desde a Guerra do Golfo em 1991, e disparos de mísseis e morteiros também atingiram a cidade de Jerusalém.[46] Segundo informações das Forças de Defesa de Israel, pelo menos 409 foguetes palestinos foram interceptados no ar e outros 142 não chegaram no alvo, caindo antes ainda em Gaza.[41] Uma bomba também explodiu em um ônibus de Telavive, ferindo mais de 20 civis.[47] O Hamas não assumiu a autoria do ataque mas elogiou o atentado.[47]

Os Estados Unidos, o Reino Unido, a União Europeia e outras potências ocidentais apoiaram o "direito de Israel a autodefesa", condenando o lançamento de foguetes palestinos contra o país vizinho.[48][49][50] Irã, Egito, Turquia e alguns países árabes condenaram as operações militares de Israel, as chamando de "bárbaras" e "criminosas".[51][52][53][54] O Brasil, falando em nome do Mercosul, condenou a violência perpetrada por ambos os lados.[55] Ao mesmo tempo que o governo brasileiro condenou os lançamentos de foguetes palestinos contra Israel, eles também chamaram a resposta destes aos ataques de "desproporcional".[55]

Em 21 de novembro de 2012, um cessar-fogo, mediado pelo Egito, foi oficialmente declarado pelo Hamas e por Israel.[56][57] Ambos os lados declararam-se vitoriosos nos combates.[58]

De acordo com estimativas do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em 26 de novembro, 224 israelenses e 1 269 palestinos haviam sido feridos durante a operação.[59]

Segundo o pacifista israelense Uri Avnery, foi o tão criticado Relatório Goldstone, sobre a matança operada durante a guerra de Gaza de 2008-2009, que impediu Israel de invadir a Faixa de Gaza por terra, desta vez. Durante entrevista a Robert Fisk, Avnery declarou: "Goldstone pode orgulhar-se do que fez – ele realmente salvou muitas vidas".[60]

Galeria

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Ver também

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Referências

  1. «Israel-Hamas ceasefire comes into effect in Gaza». BBC. Consultado em 22 de novembro de 2012 
  2. Londoño, Ernesto; Birnbaum, Michael. «After Israel, Hamas reach Gaza cease-fire, both sides claim victory». The Washington Post. Consultado em 22 de novembro de 2012 
  3. Ahren, Raphael. «Israel says it 'fulfilled all its goals,' while Hamas hails an 'exceptional victory'». The Times of Israel. Consultado em 21 de novembro de 2012 
  4. Lyon, Alistair (ed.). «Israel's battle damage report says Hamas crippled». Jewish Journal. Reuters. Consultado em 22 de novembro de 2012 
  5. «IDF believes Hamas, Islamic Jihad will honor cease-fire» 
  6. «PFLP says fighters will continue to strike Israel». Ma'an News Agency. 17 de Novembro de 2012. Consultado em 17 de Novembro de 2012 
  7. «Fars News Agency :: Occupied Quds City Targeted by Palestinian Missile». Consultado em 23 de novembro de 2012. Arquivado do original em 16 de dezembro de 2012 
  8. a b «Second Israeli killed by rocket fire from Gaza». Consultado em 20 de novembro de 2012 
  9. «Israel air raids kill 10, destroy Hamas headquarters in Gaza». Times of India. 17 de novembro de 2012 
  10. «IDF soldier, civilian killed as over 140 rockets hit Israel». Jpost. 20 de novembro de 2012 
  11. a b c The Associated Press. «Israel Gaza Attacks Intensify Despite Truce Talks». Huffington Post. Consultado em 21 de novembro de 2012 
  12. a b «Israeli strikes kill 23 in bloodiest day for Gaza». Thenews.com.pk. 13 de novembro de 2012. Consultado em 21 de novembro de 2012 
  13. «Israeli Offensive on Gaza Ongoing for 8th Consecutive Day and Military Operations Escalate:». Pchrgaza.org. Consultado em 21 de novembro de 2012. Arquivado do original em 29 de novembro de 2012 
  14. «Death toll over 100 in Israel's Gaza offensive». Business-standard.com. Consultado em 20 de novembro de 2012 
  15. «Israel/Gaza conflict: UN must impose arms embargo, send international monitors immediately». Amnestyusa.org. Consultado em 22 de novembro de 2012 
  16. Tradução a partir da denominação oficial em inglês, embora a tradução, a partir do hebraico, seja efetivamente "coluna de nuvem". O Jerusalem Post explica a origem bíblica da expressão "coluna de nuvem". Trata-se de uma referência bíblica à divina nuvem que protegeu o povo judeu durante a travessia do deserto do Sinai, quando deixou o Egito. (Êxodo 13, 21-22) e a decisão das Forças de Defesa de Israel de adotar uma denominação diferente, em inglês. Ver (em inglês)«Editor's Notes: Israel's Pillar of Defense». Jerusalem Post. 15 de novembro de 2012 .
  17. «Chief of Staff Declares 'Operation Pillar of Cloud'». Arutz Sheva. 14 de novembro de 2012 
  18. «Israel Launches "Pillar of Defense" Operation in Gaza, "Decapitation Wave" Against Hamas Terror Leadership». Algemeiner. 14 de novembro de 2012. Consultado em 14 de novembro de 2012 
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  20. «Day 2: 300+ Rockets Fired at Israel Since Start of Operation Pillar of Defense» (live updates). Algemeiner. 15 de novembro de 2012 
  21. Kalman, Matthew. «Massed Israeli troops poised for invasion of Gaza». The Independent. UK. Consultado em 15 de novembro de 2012 
  22. «Declaração de Ehud Barak»  de 15 de novembro de 2012 (em francês)
  23. «Operation Pillar of Defense - Selected statements». Mfa.gov.il. Consultado em 20 de novembro de 2012 
  24. «Gaza groups pound Israel with over 100 rockets». The Jersualem Post. 21 de novembro de 2012 
  25. «Gaza border: Anti-tank missile hit IDF jeep». LiveLeak.com. Consultado em 21 de novembro de 2012 
  26. «Israel: Tunnel Explodes on Gaza Border - ABC News». Abcnews.go.com. Consultado em 20 de novembro de 2012 
  27. Stephanie Nebehay (20 de novembro de 2012). «UN rights boss, Red Cross urge Israel, Hamas to spare civilians». Reuters 
  28. Al-Mughrabi, Nidal (16 de novembro de 2012). «Jerusalem and Tel Aviv under rocket fire, Netanyahu warns Gaza». Chicago Tribune 
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  36. «Mistaken Lull, Simple Errand, Death in Gaza»  New York Times, 16 de novembro de 2012.
  37. «LIVE BLOG: OPERATION PILLAR OF DEFENSE, DAY 7, PART 2»  Times of Israel, 20 de novembro de 2012.
  38. [1]
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  58. Kalman, Matthew; Sengupta, Kim. «Fragile truce deal hailed as a victory on both sides». The Independent. Consultado em 22 de novembro de 2012 
  59. «Escalation in Hostilities, Gaza and southern Israel» (PDF). Situation Report. United Nations Office for the Coordination of Humanitarian Affairs. 26 de novembro de 2012. Consultado em 28 de novembro de 2012. Arquivado do original (PDF) em 22 de dezembro de 2012 
  60. «One of Israel's great leftist warriors wants peace with Hamas and Gaza - but does the Knesset?»  Por Robert Fisk. The Independent, 23 de novembro de 2012. Para a tradução da matéria em português, ver Fúria e humor de um pacifista israelense. Outras Palavras, 28 de novembro de 2012.

Ligações externas

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