Outeiro de Gatos
Outeiro de Gatos é uma povoação portuguesa do Município da Mêda que foi sede da extinta Freguesia de Outeiro de Gatos, freguesia que tinha 12,97 km² de área e 347 habitantes (2011), e, por isso, uma densidade populacional de 28,8 hab/km².
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Freguesia portuguesa extinta | ||||
Gentílico | Gatense | |||
Localização | ||||
Localização de Outeiro de Gatos em Portugal Continental | ||||
Mapa de Outeiro de Gatos | ||||
Coordenadas | 40° 57′ 08″ N, 7° 18′ 08″ O | |||
Município primitivo | Meda | |||
História | ||||
Extinção | 28 de janeiro de 2013 | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 12,97 km² | |||
Outras informações | ||||
Orago | Nossa Senhora da Graça |
A Freguesia de Outeiro de Gatos foi extinta (agregada) pela reorganização administrativa de 2012/2013,[1] tendo o seu território sido agregado ao das Freguesias de Mêda e Fonte Longa para criar a União de Freguesias de Mêda, Outeiro de Gatos e Fonte Longa.
Fez parte do extinto concelho de Casteição até 1836.
A freguesia englobava as aldeias de Enxameia e Areola tendo a última termas com excepcional qualidade, mas infelizmente não aproveitadas. A Areola possui ainda uma ponte romana em excelente estado de conservação.
Possui ainda um solar recentemente restaurado que servirá para turismo rural. No seu conjunto existem cinco capelas e uma igreja. A fonte da Nogueira e a fraga dos Gatos de Ouro são dois dos símbolos mais importantes na povoação e da antiga freguesia.
População
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Totais e grupos etários [2] | |||||||||||||||
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1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
Total | 654 | 696 | 659 | 704 | 671 | 695 | 699 | 843 | 708 | 639 | 484 | 476 | 307 | 406 | 347 |
Por idades em 2001 e 2011
0-14 anos | 15-24 anos | 25-64 anos | 65 e + anos |
58 | 50 | 57 | 36 | 203 | 178 | 88 | 83 |
-14% | -37% | -12% | -6% |
Localização
editarA freguesia de Outeiro de Gatos integra o Município da Meda e fica a 3 quilómetros da sede do município.
É uma localidade de agradável aspecto, de campos verdejantes, cobertos de vinhas, olivais e amendoais.
É atravessada pela Estrada Municipal 601, que, partindo da Meda e passando por esta freguesia, se encaminha para o Aveloso, um pouco ao longo da Ribeira Teja, e depois se encaminha para a Prova, daí fazendo ligação com terras dos Municípios de Trancoso e Sernancelhe. O lugar da Areola é uma aldeia desta freguesia.
A Ribeira Teja nasce a norte de Trancoso, atravessa todo o Município da Mêda e, após um percurso de cerca de 45 quilómetros, desagua na margem esquerda do rio Douro, já em terras do Município de Vila Nova de Foz Côa. Entre Outeiro de Gatos e Aveloso, sobre a Ribeira Teja, encontramos esta singela e linda ponte.
Património
editar- Igreja Paroquial de Outeiro de Gatos;
- Capela de São Sebastião;
- Capela da Senhora do Desterro;
- Capela de Santo António.
Clima
editarSegundo a classificação climática de Köppen-Geiger, o Clima de Outeiro de Gatos é Temperado, do Tipo C, verificando-se o Subtipo Cs (Clima temperado com Verão seco) e a variante "a" na generalidade do concelho.Classificação Csa. Clima temperado com Verão quente e seco e inverno rigoroso com queda de neve.
Gastronomia
editar- Grelos à pobre
- Azeitona doce
- Queijo de ovelha
- Chouriças
- Azedas cruas
- Omelete de espargos
- Bacalhau Assado com Batatas a Murro
- Papas laberças
- Migas ripadas
- Migas de alho
- Salada de batatas com azedas
- Sopa de beldroegas
- Sopa de fiolho
- Pão de centeio
- Torresmos da Beira
- Bacalhau Assado com Batatas a Murro
- Filhoses de Natal
- Doce de abóbora com amêndoa
Tradições
editar- RANCHO FOLCLÓRICO
O Rancho Folclórico de Outeiro de Gatos foi criado em 1955 com 30 pares. Como não havia apoios, cada elemento arranjava as suas próprias roupas. Abriam-se baús, pedia-se a avó e à vizinha e cada um apresentava o seu melhor fato.
Faziam-se actuações na aldeia na altura da festa e algumas vezes havia deslocações até à Mêda. Numa dessas participações chegaram a ganhar o 2º Prémio da Lavadeira.
Hoje o rancho só actua na festa da aldeia em Agosto. Juntam-se rapazes e raparigas que, divertidos, dançam e cantam, fazendo o seu melhor, para satisfação de quem ainda aprecia a tradição.
Notas históricas
editarOuteiro de Gatos fazia parte do termo do antigo concelho de Casteição e a sua história, tal como a do lugar dos Chãos, está intimamente relacionada com a sede daquele concelho extinto pela Reforma Setembrista, em 6 de Novembro de 1836.
Em 1527, o censo régio da população registava 6 moradores na "quinta de Outeiro de Gatos".
D. Joaquim de Azevedo, na História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, fidalgo capelão da Casa Real e abade de Cedovim, nos finais do Século XVIII e princípios do Século XIX, assim descreve Outeiro de Gatos: "… no termo de Casteição, dista de Lamego 10 léguas, de Lisboa 59; curato de Nossa Senhora da Graça, que renderá 60$00 réis, apresentado pelo Abade de Casteição; tem capelas de S. Sebastião, Nossa Senhora do Desterro, na quinta de Enxameia; Nossa Senhora do Amparo, na quinta do Desembargador Caetano Saraiva; há nesta freguesia um grande campo do concelho, chamado Tecedeira, que os lavradores por devoção fabricam para o culto divino, e do que produziu um ano se fizeram os dois pequenos, mas bons sinos da igreja; produz a terra muitos gados, castanhas e pão; tem 168 fogos, almas 401."
No final do Século XVII, Outeiro de Gatos estava integrado no concelho de Ranhados, juntamente com a Areola, e a sua população conjunta atingia então os números de 85 fogos e 340 almas, que se elevaram bastante à entrada de 1900, pois, nesse ano, registava o conjunto de Outeiro de Gatos e Areola 193 fogos e 705 almas. Em 1960 a localidade de Outeiro de Gatos contava 398 habitantes, e 318 habitantes vinte anos depois, tendo perdido 15% em duas décadas.
A cultura de cereais, a produção de seda e o pastoreio do gado fizeram prosperar as gentes desta freguesia entre os séculos XVI e XVIII. Em breve a cultura vinícola foi ocupando terras que dantes produziam cereal, aumentando o rendimento dos habitantes. Algumas habitações existentes na localidade mostram o crescimento económico que então se verificou; a Casa dos Pessanhas é um belo exemplar, mas outras casas aqui se encontram, de abastados lavradores.
É do final do Século XVIII a construção da Igreja Matriz, de notória traça barroca. Também nesse período teve vida florescente um convento, de que há ainda alguns vestígios.
O vinho de Outeiro de Gatos tem características peculiares, sendo conhecido como um vinho perfumado. José Augusto Abrunhosa Tavares, um dos ilustres filhos desta localidade, referiu tal característica na sua obra "Um jogo da barra às portas de Almeida", um trabalho notável por quanto nele se consigna de interesse histórico e etnográfico acerca desta região. Referência especial para um outro seu natural, cultor das letras, o Dr. Alfredo Cabral, que dirigiu o jornal "O Educador", foi dirigente superior do Ministério da Educação em Lisboa e publicou alguns livros de poesia, utilizando admiravelmente a redondilha popular.
De realçar ainda que o Hino à Armada Portuguesa foi escrito por um natural de Outeiro de Gatos de nome, António Maria Ramos.
Fontes
editar- Rodrigues, Adriano Vasco. Terras da Meda: Natureza e Cultura. 1983
- Saraiva, Jorge António Lima. Marques, Jorge Trabulo (fotografia). O Concelho de Meda: 1838-1999. Meda: Câmara Municipal de Meda, 1999.
Referências
- ↑ Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes