Palíndromo

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Palíndromo é uma palavra, frase ou número que permanece igual quando lida de trás para diante. Por extensão, palíndromo é qualquer série de elementos com simetria linear, ou seja, que apresenta a mesma sequência de unidades nos dois sentidos.[1]

O Quadrado Sator é um dos exemplos mais conhecidos de palíndromos.

A palavra "palíndromo" vem do grego palin (πάλιν, "para trás, novamente") + dromos (δρόμος, "caminho, rua") - que corre em sentido inverso.[2] Mas o termo foi cunhado em inglês (palindrome), no século XVII, e os primeiros a utilizá-lo foram os escritores Henry Peacham.[3] e Ben Jonson [4]

Palavras palíndromas

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Uma palavra palíndroma é aquela cuja sequência de letras é simétrica, permitindo uma leitura idêntica da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda: ovo, osso, reler, anilina.

Em geral, para identificar a palindromia, desconsideram-se os acentos e sinais gráficos, e por isso palavras como afã, aérea e somávamos também são consideradas palíndromos.

Além disso, também não é levada em conta a diferença entre maiúsculas e minúsculas, o que faz que com nomes próprios como Ana, Otto, Natan e Neuquén sejam palíndromos.

Malba Tahan, provavelmente o primeiro autor a escrever sobre o tema em português, listou 231 palavras palíndromas em língua portuguesa em seu livro "Matemática recreativa".[5]

Palíndromos silábicos e vocabulares

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Se, em vez da letra, considerarmos a sílaba como unidade, podemos obter palíndromos silábicos: coco, danada, cararaca, acidência.

Outra possibilidade é considerar como unidade a palavra, e então teremos palíndromos vocabulares como "Um por todos e todos por um".

Frases palíndromas

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Mas a forma mais conhecida de palíndromo é a frase simétrica, considerando como unidade a letra, e desconsiderando acentos, diacríticos (til, cedilha), sinais de pontuação e espaços entre as palavras. Nesta acepção, o palíndromo se tornou um popular jogo de palavras, um quebra-cabeças e até uma forma de expressão.

O palíndromo mais antigo conhecido em língua portuguesa é "Roma me tem amor", mencionado como único exemplo no verbete palíndromo do primeiro dicionário da língua portuguesa, de Antônio Morais da Silva, em 1789.[6]

O escritor Eno Teodoro Wanke, em seu "O livro dos palíndromos",[7] listou 3652 frases palíndromas de sua autoria.

Em 2024, o músico Manu Lafer lançou o livro infantil "A Cara Rajada da Jararaca", baseada em sua composição homônima na qual todos os versos são palíndromos. A obra concorreu ao Prêmio Jabuti na categoria infanto-juvenil.[8]

Um pouco antes, o pioneiro palindromista brasileiro Rômulo Marinho propôs classificar os palíndromos em três categorias, de acordo com a qualidade do texto:[9]

  • Expliciti — trazem sempre uma mensagem direta, clara e inteligível, como "Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos” (palíndromo de autoria anônima, provavelmente o mais conhecido em língua portuguesa).
  • Interpretabili — têm coerência, mas requerem esforço intelectual do leitor para serem entendidos, como "A Rita, sobre vovô, verbos atira."
  • Insensati — cuidam apenas de juntar letras ou palavras sem se preocupar com o sentido, como "Olé! Maracujá, caju, caramelo."

As frases formando um palíndromo também são chamadas de anacíclicas, do grego anakúklein, significando que volta em sentido inverso, que refaz inversamente o ciclo.

Escrever literatura em palíndromos é um exemplo de escrita constrangida.

Números palíndromos

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Um número palíndromo, como 303, 1991 ou 123454321, é também chamado de capicua, do catalão cap i cua ("cabeça e rabo").

Em Matemática recreativa, estudam-se propriedades de determinados números relacionados a palíndromos, como por exemplo os primos palíndromos (191, 313, etc.) e os números de Lychrel, que, ao contrário da maioria dos números inteiros, não podem ser transformados em palíndromos através de um processo iterativo de soma com os dígitos invertidos.

Datas palíndromas

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Uma data é considerada palíndroma quando sua sequência de dígitos é simétrica, desconsiderados os espaços e sinais separadores. Ainda assim, é preciso levar a conta o sistema de notação utilizado.

O dia 10 de fevereiro de 2001, por exemplo, é um palíndromo no sistema de notação de datas mais usado no Brasil (10/02/2001), mas não no sistema estadunidense (02-10, 2001) nem no europeu (2001-02-10). 2 de janeiro de 2010 seria palíndromo apenas no sistema estadunidense (01-02, 2010), enquanto que 2 de dezembro de 2021 só é palíndromo na notação europeia (2021-12-02). Mas uma data como 2 de fevereiro de 2020 é palíndroma nas três notações: 02/02/2020; 02-02, 2020; 2020-02-02.

Já numa notação simplificada, que utilize apenas dois dígitos para o ano e um para os meses até setembro, a quantidade de datas palíndromas aumenta muito. Em 2021, por exemplo, os dias 12, de janeiro a setembro, seriam palíndromos: 12/1/21, 12/2/21, 12/3/21, etc.

Sequências palindrômicas naturais

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Em genética molecular, existem estudos sobre sequências de DNA palindrômicas, inclusive sobre a possibilidade de elas aumentarem a tendência a determinadas doenças.[10]

 
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Referências

  1. «Dicionário Priberam». Consultado em 15 de maio de 2021 
  2. HOUAISS, Antônio: Dicionário da Língua Portuguesa.
  3. PEACHAM, Henry: "The truth of our times", 1638, p. 123.
  4. JONSON, Ben: "Underwood", 1640, poema nº 43, "An execration upon Vulcan".
  5. TAHAN, Malba: "Matemática recreativa, 1º volume", ed. Saraiva, 1963, capítulo "A palindromia e seus segredos".
  6. MORAIS da Silva, Antônio: "Dicionário da língua portuguesa", Lisboa, 1789.
  7. WANKE, Eno Teodoro: "O livro dos palíndromos", ed. Plaquette, 1995.
  8. Jr., Amaury (5 de julho de 2024). «Livro infanto-juvenil lançado por Manu Lafer concorre ao Prêmio Jabuti 2024». UOL Splash. Consultado em 2 de dezembro de 2024 
  9. MARINHO, Rômulo: "Tucano na CUT", ed. LGE, 1988.
  10. «Pesquisadores descobrem ligação entre palíndromos de DNA e doenças». Consultado em 15 de maio de 2021