Partido Revolucionário dos Trabalhadores (Brasil)
Partido Revolucionário dos Trabalhadores foi uma organização política clandestina de esquerda criada no final de 1968, a partir de uma dissidência da Ação Popular (AP).[1] O grupo dissidente discordava da orientação maoísta ortodoxa seguida pela direção da AP (luta antifeudal, cerco das cidades pelo campo...) e defendia uma linha diretamente socialista.
Partido Revolucionário dos Trabalhadores | |
---|---|
Fundação | 1969 |
Dissolução | 1971 (2 anos) |
Sede | São Paulo, SP |
Ideologia | Socialismo |
Espectro político | Esquerda |
Política do Brasil Partidos políticos Eleições |
Não deve ser confundido com o "PRT", primeiro nome do partido que viria a se tornar, em meados dos anos 1990, o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), uma dissidência de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
História
editarQuando, em 1967, o maoísmo já caracterizava o caminho que a AP iria seguir, alguns militantes se unificaram em torno de uma oposição que constituiria o futuro PRT. Integravam aquele grupo dois ex-presidentes da UNE (União Nacional dos Estudantes), um ex-sacerdote católico de muita atuação no movimento das Ligas Camponesas no Maranhão e em todo o Nordeste (Padre Alípio) e José Porfírio (reconhecido líder camponês e ex-deputado estadual antes do Golpe de 1964. Encontra-se "desaparecido" desde 1971).
Em 1968 foi apresentado à AP um texto intitulado "Duas Posições", que os inquéritos examinados apontam como tendo sido escrito por "Rolando" (codinome de Vinícius Caldeira Brant, ex-presidente da UNE). O texto continha uma crítica ao documento denominado "Seis pontos", elaborado pela direção da AP,[2] que expressava as influências do pensamento de Mao Tsé-Tung sobre a linha a ser seguida pela organização. Na primeira reunião da RADN (Reunião Ampliada da Direção Nacional), que aconteceu em 1968, o documento "Duas Posições" foi lido para os 30 militantes presentes, mas não chegou a ser discutido. Contudo, após a reunião seguiu-se um ataque fulminante aos defensores daquele documento, que acabaram sendo chamados, pela Direção da AP, de "Grupo Oportunista e Provocador de Rolando" (em alusão ao autor do documento, "Rolando", ou seja, Vinícius Caldeira Brant). A expulsão do grupo viria em breve.[3]
Em 1969, viria a primeira publicação do número único da revista teórica Revolução Proletária. A constituição formal do PRT aconteceu no mês de setembro, numa reunião composta por poucos militantes e na qual foi eleita uma Comissão Executiva Provisória.[3]
Fundado formalmente em janeiro de 1969, o PRT chegou a executar algumas ações armadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, atuando também no Recife, Pernambuco, e nos estados de Minas Gerais e Goiás, até ser desestruturado no começo de 1971, depois de ser duramente atingido pelos órgãos de repressão do regime militar então vigente.
Referências
- ↑ Memória Biblioteca Nacional. STM reduz penas de réus envolvidos na morte de um soldado da PM em S. Paulo . Jornal do Brasil, edição nº 152, 2 de outubro de 1971, p.14
- ↑
Em síntese o "Documento dos Seis Pontos" (v. "Capítulos da História da Ação Popular", 2ª Parte[ligação inativa], por Augusto C. Buonicore).
- definia o pensamento de Mao-Tsetung como a etapa atual do desenvolvimento do marxismo-leninismo;
- caracterizava a sociedade brasileira como semi-feudal e semi-colonial;
- estabelecia o "caráter nacional e democrático" da "revolução brasileira";
- optava pela guerra popular como caminho revolucionário (em oposição ao "foquismo" guevarista, defendido pelos dissidentes);
- colocava a tarefa de reconstruir o partido revolucionário marxista-leninista no Brasil;
- apontava para a integração na produção como meio de transformação ideológica dos militantes da AP.
- ↑ a b Projeto Brasil: Nunca mais. Tomo III. Perfil dos atingidos, pp. 29, 81s. Arquidiocese de São Paulo, 1985.