Partido Socialista dos Operários e Camponeses (Rússia)

O Partido Socialista dos Operários e Camponeses (em russo: Rabochaia-krestianskaia sotsialisticheskaia partiia, RKSP)[3] foi um partido oposicionista russo criado em 1921 pelo antigo marinheiro e ex-bolchevique Vasilii Lukich Paniushkin.[4]

Partido Socialista dos Operários e Camponeses
Rabochaia-krestianskaia sotsialisticheskaia partiia
Fundador Vasilii L. Paniushkin
Fundação abril de 1921[1]
Dissolução junho de 1921[1]
Sede Moscovo
Ideologia Comunismo[1]
Espetro político Esquerda
Publicação Nabat[2]
Membros (1921) 200-300[1]
País República Socialista Federativa Soviética da RússiaRússia Soviética

Origem

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Em 1920 Paniushkin foi um dos organizadores de um grupo oposicionista dentro da estrutura do Partido Comunista em Moscovo, que em outubro desse ano tomou o controlo da comissão municipal de Bauman, e em novembro ficou a poucos votos de derrotar a lista apoiada por Lenine para a comissão regional de Moscovo.[5] A facção de Paniushkin contestava o que considerava ser a corrupção no aparelho do partido e considerava que a raiz do problema era a influência dos militantes oriundos da classe média, que deveria ser contrabalançada pelos operários da indústria (onde o grupo tinha mais apoiantes era nas fábricas de armamento).[6] Ainda que sendo genericamente considerados como parte da Oposição Operária, as sua ligações reais com essa tendência eram vagas e informais.[7]

Paniushkin foi também crítico da introdução da Nova Política Económica (NEP), que segundo ele restauraria o poder da burguesia, e em março de 1921 acusou as medidas governamentais sobre imposto em espécie e liberalização do comércio de favorecerem os capitalistas e os proprietários. Pouco depois deixou o Partido Comunista.[1]

O Partido Socialista dos Operários e Camponeses

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Em abril de 1921[1] (a data exata é incerta, com outras fontes indicando que o partido já existiria no final de 1920),[8] após abandonar o Partido Comunista, Paniushkin criou o Partido Socialista dos Operários e Camponeses,[4] que recruta cerca de 200 militantes e mantêm uma sede em Moscovo, tendo algum apoio entre os dissidentes comunistas dos munícipios de Bauman e Gorodskai[1] e entre os trabalhadores dos elétricos (que tinham entrado em greve em 1920).[8]

Nas eleições de abril de 1921, Paniushkin é eleito para o soviete de Moscovo, e o RKSP dirige um apelo ao soviete considerando que os sovietes tinham perdido o poder real, que estaria nas mãos dos orgãos executivos e do Partido Comunista, e que seria preciso voltar ao espírito de 1917, e também propondo que o presidente do soviete e do seu comité executivo fossem pessoas diferentes.[3] A 31 de maio, Paniushkin, junto com outros dois delegados, propôe que os delegados ao soviete não possam ser presos sem aprovação do plenário do soviete, mas a proposta é alterada pela maioria bolchevique, no sentido de ser apenas necessária autorização após a prisão.[9]

A 7 de junho, a pretexto que planeariam roubar equipamento de impressão, a sede do RKSP é fechada pela polícia e muitos dos seus militantes são presos (como Paniushkin) ou exilados,[1] levando na prática ao fim do partido.[8]

Paniushkin foi libertado no final de 1921 e regressou ao Partido Comunista.[4]

Ideias

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O RKSP defendia o reforço do poder dos sovietes (o seu principal slogan era "O poder aos sovietes, não aos partidos"),[8] e, na economia, que os cargos dirigentes fossem nomeados pelos sindicatos, podendo ser destituídos por estes a todo o momento (assemelhando-se ao programa da Oposição Operária).[1] No seu apelo ao soviete de Moscovo, defendia direitos políticos para todos os grupos não-bolcheviques que fossem a favor dos sovietes e "não tivessem traído a classe operária" (o que presumivelmente incluiria os Socialistas Revolucionários de Esquerda, os anarquistas, os dissidentes dos bolcheviques - como o próprio RKSP - e a ala esquerda dos mencheviques), e restrições ao uso da pena de morte.[3]

O RKSP e Paniushkin eram acusados (nomedamente pelo orgão bolchevique Pravda) de usar uma retórica anti-semita[8][2] e de agitar "a bandeira de Kronstadt".[2]

Referências

  1. a b c d e f g h i Pirani 2008, p. 118
  2. a b c Rees, E. A. (2004). Political Thought From Machiavelli to Stalin. Revolutionary Machiavellism (em inglês). [S.l.]: Springer. p. 122. ISBN 9780230505001. Consultado em 8 de janeiro de 2018 
  3. a b c Pirani 2008, p. 105
  4. a b c Pirani 2008, p. 249
  5. Pirani 2008, p. 167
  6. Pirani 2008, pp. 61-62
  7. Pirani 2008, p. 65
  8. a b c d e Aves, Jonathan (1996). Workers Against Lenin. Labour Protest and the Bolshevik Dictatorship. Col: International library of Historical Studies, 6 (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 179. ISBN 9781860640674 
  9. Pirani 2008, p. 104

Bibliografia

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