Patrícia Pará Yxapy

Patrícia Ferreira Pará Yxapy (26 de Outubro de 1985) é professora e cineasta indígena brasileira, nascida na vila de Kunhã Piru, município de Missiones, Argentina. Desde 2000, mora em Koenju, aldeia a 30km da cidade de São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul. Participou de mostras e festivais de cinema no Brasil e no mundo, como o American Native Film Festival, o forumdoc.bh, Lugar do Real, Berlinale, FINCAR, entre outros.[1][2]

Patrícia Pará Yxapy
Nascimento 1985

Carreira

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Formada pelo projeto Video nas Aldeias (VnA), em 2007, Patrícia Ferreira Pará Yxapy co-fundou o Coletivo Mbyá-Guarani de Cinema, dedicado à produção de vídeos e artes visuais focados na cultura guarani.[3][4] O Videos nas Adeias foi criado em 1987 e é um projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil. [5]

Seu fazer cinema é formado por uma relação de espiritualidade com a terra, o Eu e a comunidade. Baseia-se no "olhar indígena", que é um olhar compartilhado, baseado em uma imagem política e auto-representada do Eu. [6]

Em 2014 e 2015, Patrícia trabalhou em conjunto com cineastas indígenas inuit em uma residência artística no Canadá. Juntamente com Ariel Duarte Ortega, em 2011, ela co-dirigiu o premiado filme Bicicletas de Nhanderu, uma visão do cotidiano dos Mbya-Guarani da Vila de Koenju, no sul do Brasil. Em 2018 codirigiu o média-metragem TEKO HAXY - ser imperfeita com a artista e cineasta Sophia Pinheiro, um encontro íntimo entre duas mulheres que se filmam. O documentário experimental é a relação das duas artistas, diante da consciência da imperfeição do ser entram em conflitos e se criam material e espiritualmente. Nesse processo, se descobrem iguais e diferentes na justeza de suas imagens.

Participou da exposição Carta de uma mulher guarani em busca da terra sem mal em 2020,[7] com curadoria da cineasta e artista plástica Anna Azevedo, da SAVVY Contemporary dentro da Forum Expanded programação da Berlinale 2020, apresentando uma coleção de obras recentes.[8] No centro da temática, está a representação de uma jornada audiovisual que segue o jeguatá, uma prática ancestral da cultura mbya-guarani, que significa “caminhar” em sua língua original, e está enraizada na dimensão mítica da prática de visitar parentes, trocar sementes e matérias-primas para fazer artesanato ou até procurar novos territórios para construir suas aldeias. O projeto está documentado no diário de viagem das artistas, Jeguatá: Caderno de Viagem, onde a artista busca uma “Terra Sem Mal”.[9]

"As relações entre Jeguatá e nossa produção audiovisual nos surpreenderam bastante durante o processo. Durante a parte de escuta deste trabalho, além de eventos recentes, nos contaram muitas histórias, então nos concentramos em ouvir para entender melhor a narrativa que gostaríamos de estabelecer (...) Foi também uma experiência nova abordar um assunto profundo e espiritual para pessoas não indígenas. Um desafio de coexistência, de buscar esse significado da jornada sagrada através dessa interação." (Patrícia Ferreira Para Xyapy) [10]

O caderno segue uma jornada que começou em janeiro de 2017, viajando de vila em vila, principalmente de carro, e durou cerca de 15 dias. No período, os artistas Ana Carvalho e Fernando Ancil e o cineasta indígena Ariel Duarte Ortega, assim como Patrícia Ferreira Pará Yxapy, visitaram as regiões de Koenju a Pindó Poty, na Argentina.[11] Mais do que uma mera documentação on-line, o projeto Jeguatá pode ser visto como uma instalação, na qual não existe menu tradicional, mas um índice que se refere à uma tabela de sonhos e a outras associações que apontam para documentos, fotos e vídeos.

Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, realizou a obra-processo Nhemongueta Kunhã Mbaraete , comissionada pelo Instituto Moreira Salles, com 16 vídeo-cartas trocadas entre as cineastas Michele Kaiowá (cineasta), Graciela Guarani (cineasta e produtora cultural) e Sophia Pinheiro (artista visual, professora e pesquisadora), sob a perspectiva afetiva, etnofilosófica e crítica perante o processo de isolamento social e ao universo que as permeou durante a pandemia.

Filmografia

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  • As Bicicletas de Nhanderu (2011) [12] [13]
  • Desterro Guarani (2011)
  • TAVA, uma casa de pedra (2012)
  • Mbya Mirim (2013)
  • No caminho com Mario (2014)
  • Teko Haxy - ser imperfeita (2018)
  • Nhemongueta Kunhã Mbaraete (2020)[14]

Prêmios

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  • 2015 - Melhor Curta Metragem do Júri Oficial e Menção Honrosa do Júri Jovem do Festival de Documentários de Cachoeira (CachoeiraDoc), realizado no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia ( UFRB), na cidade de Cachoeira (BA), para o filme No caminho com Mario.
  • 2012 - Menção Honrosa do IX Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), realizado na cidade de Goiás (GO), pelo filme Desterro Guarani.
  • 2011 - Prêmio Cora Coralina de melhor longa-metragem do XIII Fica, dirigido na cidade de Goiás (GO) pelo filme Bicicletas de Nhanderu.
  • 2011 - Prêmio de melhor longa/mídia do III CachoeiraDoc, dirigido pelo Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na cidade de Cachoeira (BA), pelo filme Bicicletas de Nhanderu.
  • 2011 - Menção Honrosa do Forumdoc. Exposição Competitiva Nacional de BH para o filme Bicicletas de Nhanderu.

Referências

  1. «Ana Carvalho, Ariel Kuaray Ortega, Fernando Ancil, Patrícia Para Yxapy». 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil. 2019. Consultado em 17 de maio de 2020 
  2. «Letter from a Guarani Woman in Search of the Land Without Evil». www.berlinale.de (em inglês). Consultado em 18 de maio de 2020 
  3. «Video nas Aldeias». official website. Consultado em 17 de maio de 2020 
  4. Graham. «Three Decades of Amazonian Filmmaking: A Retrospective Celebrating the Political and Cultural Activism of Video Nas Aldeias». Anthropology Now. 6: 86–91. doi:10.1080/19492901.2013.11728422 – via JSTOR 
  5. «Vídeo nas Aldeias». Lugar do Real. Consultado em 17 de maio de 2020 
  6. Pinheiro, Sophia Ferreira (2017). A imagem como arma: a trajetória da cineasta indígena Patrícia Ferreira Pará Yxapy. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia. City of Goiás: [s.n.] 
  7. «Exhibition Handout - Letter from a Guarani Women» (PDF). SAVVY Contemporary. 2020. Consultado em 17 de maio de 2020 
  8. «Arsenal: Patrícia Ferreira Pará Yxapy». Arsenal – Institut für Film und Videokunst e.V. (em inglês). Consultado em 20 de março de 2020 
  9. «Jeguatá - caderno de viagem». Consultado em 17 de maio de 2020 
  10. «Letter from a Guarani Woman in Search of the Land Without Evil». S A V V Y Contemporary (em inglês). Consultado em 20 de março de 2020 
  11. «A cultura da caminhada Mbya-Guarani em foto, vídeo e outros documentos». Itaú Cultural. Consultado em 20 de março de 2020 
  12. «Trailer Bicicletas de Nhanderu». Vimeo. Consultado em 17 de maio de 2020 
  13. «Bicicletas de Nhanderu». youtube. Consultado em 17 de maio de 2020 
  14. «Programa Convida: Micheli Kaiowá, Graciela Guarani, Patricia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro | IMS Quarentena». Instituto Moreira Salles. Consultado em 18 de agosto de 2020