Vaqueiro

termo que designa no Brasil a pessoa responsável por cuidar de gado bovino, de modo análogo à concepção americana do cowboy
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Vaqueiro (em castelhano: vaquero) ou peão (em castelhano: peón) é um pastor de gado montado a cavalo de uma tradição que tem suas raízes na Península Ibérica e extensivamente desenvolvido no México a partir de uma metodologia trazida da Espanha para a América Latina. O vaqueiro tornou-se a base do cowboy estadunidense. Os vaqueiros das Américas eram os cavaleiros e pastores de gado da Nova Espanha.[1]

Vaqueiros, c. 1830

O peão (peón), no sul da América do Sul, é o assalariado livre das estâncias. É uma categoria étnico-social inicialmente constituída sobretudo por descendentes ou mestiços de charruas e guaranis que perambulavam nos pampas argentinos, uruguaios e rio-grandenses, e que empregavam-se, eventualmente, para trabalhar nas lides com o gado.[2]

Etimologia

A palavra vaqueiro deriva da palavra vaca, que por sua vez vem da palavra latina vacca.[3][4]

História

 
"Rancheros". Mexico, Aztec, Spanish and Republican, Vol. 2. 1852

As origens da tradição vaquero vêm da Espanha, começando com o sistema de haciendas da Espanha medieval. Esse estilo de pecuária se espalhou por grande parte da Península Ibérica e mais tarde foi importado para as Américas. Ambas as regiões possuíam um clima seco com grama esparsa e, portanto, grandes rebanhos de gado requeriam grandes quantidades de terra para obter forragem suficiente. A necessidade de percorrer distâncias maiores do que uma pessoa a pé poderia fazer deu origem ao desenvolvimento do vaqueiro montado a cavalo. Durante o século XVI, os conquistadores e outros colonos espanhóis trouxeram suas tradições de criação de gado, bem como cavalos e gado domesticado para as Américas, começando com sua chegada ao que hoje é o México e a Flórida.[5]

Brasil

Nordeste

 
Vaqueiro nordestino, em Pernambuco.

No Nordeste do Brasil, a criação de gado chega no governo de Tomé de Sousa durante o período colonial, primeiramente em Salvador, na Bahia. Até o século XVII o gado era criados dentro dos próprios engenhos de cana de açúcar, mas a pecuária extensiva logo se desenvolveu e o gado criado solto começou a se multiplicar e a destruir s plantações de cana-de-açúcar, o que faz com que a coroa portuguesa decida no século XVIII a proibir a criação de gado a menos de 70 quilômetros do litoral. A partir da imposição dessa legislação que o processo de interiorização do gado começa a tomar forma rumo ao Agreste e Sertão nordestino, o que culmina na criação de fazendas administradas por vaqueiro, que geralmente eram índios e mestiços.[6]

Sul

 
Gaucho argentino fotografado no Peru em 1868

Um gaúcho é um cavaleiro habilidoso, reputado por ser corajoso e indisciplinado. A figura do gaúcho é um símbolo popular da Argentina, Paraguai,[7] Uruguai, Rio Grande do Sul no Brasil, parte sul da Bolívia,[8] e sul da Patagônia chilena.[9] Os gaúchos se tornaram muito admirados e renomados em lendas, folclore e literatura e se tornaram uma parte importante de sua tradição cultural regional. Começando no final do século XIX, após o apogeu dos gaúchos, eles foram celebrados por escritores sul-americanos.

De acordo com o Diccionario de la lengua española, em seu sentido histórico, um gaúcho era um "mestiço que, nos séculos XVIII e XIX, habitou a Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul no Brasil, e era um cavaleiro migratório e adepto do trabalho com gado".[10] Na Argentina e no Uruguai hoje, gaúcho pode se referir a qualquer "pessoa do campo, experiente na pecuária tradicional".[10] Como os gaúchos históricos tinham fama de serem corajosos, embora indisciplinados, a palavra também é aplicada metaforicamente para significar "nobre, corajoso e generoso", mas também "alguém que é hábil em truques sutis, astuto".[10] Em português, a palavra gaúcho significa "um habitante das planícies do Rio Grande do Sul ou dos pampas da Argentina de ascendência europeia e indígena americana que se dedica a laçar e criar gado e cavalos"; gaúcho também adquiriu um significado metonímico no Brasil, significando qualquer pessoa, mesmo morador urbano, que seja cidadão do estado do Rio Grande do Sul.[11][12]

Ver também

Referências

  1. Clayton 2001, pp. 10-11.
  2. Correio da Cidadania - por Mário Maestri, em 26 de março de 2007
  3. Buckaroo Merriam-Webster.com Dictionary
  4. «Diccionario de la Lengua Española, Vigésima segunda edición» (em espanhol). Real Academia Española. Consultado em 20 de junho de 2019. Dictionary of the Spanish language, twenty-second edition  s.v. vaca
  5. Vernam p. 190.
  6. Leia Já, ed. (2016). «Vaqueiros: a luta e a lei». Consultado em 26 de setembro de 2022 
  7. «Folklore Paraguayo» [Paraguayan Folklore]. Ministerio de Relaciones Exteriores del Paraguay (em espanhol). 22 de agosto de 2022. Consultado em 17 de julho de 2024 
  8. Tribuno, El. «El Tribuno». El Tribuno 
  9. Fuller 2014; Holmes, "Nomad Cowboys"; Slatta 1990, p. 31.
  10. a b c DLE, "gaucho, gaucha".
  11. Dicionário Online Priberam de Português, "gaúcho".
  12. Oliven 2000, p. 129.

Bibliografia

Ligações externas

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