Pedro da Cunha Albuquerque Lopes
Pedro da Cunha Albuquerque Lopes (Passo de Camaragibe, Alagoas, 20 de novembro de 1910 - Itaquaquecetuba, São Paulo, 24 de outubro de 1978), conhecido como Dr. Pedro, foi médico, além de vereador, presidente da Câmara Municipal e prefeito de Itaquaquecetuba, exercidos pelo extinto partido da Aliança Renovadora Nacional.[1]
Pedro da Cunha Albuquerque Lopes | |
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O governador Laudo Natel e o prefeito Pedro da Cunha Albuquerque Lopes, 1974. | |
Vereador de Itaquaquecetuba | |
Período | 1 de janeiro de 1970 até 31 de janeiro de 1973 |
6º Prefeito de Itaquaquecetuba | |
Período | 1 de fevereiro de 1973 até 31 de janeiro de 1977 |
Antecessor(a) | Benedito Rizzo |
Sucessor(a) | Benedito Barbosa de Moraes |
Dados pessoais | |
Nascimento | 20 de novembro de 1910 Passo de Camaragibe, Alagoas |
Morte | 24 de outubro de 1978 (67 anos) Itaquaquecetuba, São Paulo |
Primeira-dama | Eli de Carvalho Lopes |
Partido | ARENA |
Profissão | Médico |
Biografia
editarFilho do casal Porphirio Lopes Ferreira Filho e Ana Albuquerque Lopes, Pedro, conhecido médico na cidade, iniciou sua vida política em 1969 como vereador na cidade de Itaquaquecetuba, assim, abriram-se as possibilidades deste ser prefeito no mesmo local, apesar de mesmo com uma passagem breve na política, contribuiu de forma crucial para o desenvolvimento da cidade por meio da atração de indústrias, que trouxe benefícios e desvantagens ao local. Quanto a sua vida pessoal, Pedro casou com Eli de Carvalho Lopes, de cujo matrimônio gerou quatro filhos.
Política e contribuições
editarPedro da Cunha Albuquerque Lopes iniciou sua carreira política como vereador eleito em 1969, no período 1970-1973, especificamente na 5ª legislatura da Câmara Municipal de Itaquaquecetuba, eleito indiretamente para as seis cadeiras das nove reservadas à ARENA, sendo presidente do poder legislativo da cidade em 1970.[2][3][4]
Já em 1972, Pedro elege-se para prefeito ainda vereador, cujo resultado da eleição pela ARENA com 1.725 votos, sendo a maior realização que executou durante o cargo foi o incentivo às indústrias, porém, teve que enfrentar as questões das terras indígenas, devolutas, sem um estabelecimento legal como documentos que comprovassem o uso da terra, pelo fato de que a cidade originalmente foi fundada sob um aldeamento, no qual era necessário desapropriar antes de trazer as empresas.[5][6]
A necessidade de atrair um centro industrial, em bairros como o Quinta da Boa Vista, deve-se à necessidade de que a população crescente na cidade precisava de empregos, além de que esta até então tinha suas principais atividades econômicas a produção de olarias, exploração de areia e madeira, tanto que no princípio, estas atividades eram escoadas em batelões para o Rio Tietê, porque não havia estradas secundárias, exceto a SP-66 (Velha São Paulo-Rio) na década de 1930. Além disso, devido à burocracia e problemas jurídicos, as indústrias enfrentam registros de documentação definitiva, além da falta de infraestrutura existente no local, amenizada com a rotatória da Quinta da Boa Vista e a construção da sede do Corpo de Bombeiros.[7]
No princípio do centro industrial, mesmo com as isenções fiscais, não trouxe muita atratividade ao lugar, pelo fato de que Itaquaquecetuba ainda não tinha autoestradas existentes para atender o grande fluxo de automóveis e sobretudo, de caminhões para melhorar a logística, tanto que existiam apenas as rodovias regionais como a SP-66 e a SP-56, sem ligação direta e rápida a grandes centros urbanos, como São Paulo. No entanto, a situação começou a mudar com a inauguração da SP-70, originalmente denominada Rodovia dos Trabalhadores, hoje Rodovia Ayrton Senna da Silva, pelas empresas, principalmente de São Paulo, migrarem devido ao fácil acesso à mesma, por causa de incentivos através da doação de terrenos por meio da Prefeitura.[8]
Com a abertura do Rodoanel Mário Covas Eixo Leste, em 2014, a cidade com o centro industrial poderá ampliar seu horizonte comercial e industrial com a logística construída desde os anos 70, além do terminal intermodal da Júlio Simões Logística que possibilitará a transferência de mercadorias e cargas para a cidade, que atrairão transportadoras.
Controvérsias
editarPor outro lado, a cidade passou a ser vulnerável de empresas que executassem atividades comerciais de serviços irregulares, como a "Melhoramentos Itaquá S/C", acusada de realizar grilagem de terras, desapropriações e corretagens fantasmas por autoridades políticas, pelo fato de que a mesma foi a principal apontada no tumultuamento da eleição municipal da cidade em 1976, caso os candidatos a prefeito e a vereador não realizassem seus interesses, sendo o principal alvo Benedito Rizzo, ex-prefeito pela ARENA e candidato àquele ano pelo MDB, gerando ameaças físicas e publicações falsas e apócrifas do presidente da Câmara, Ludovico Feijó da Silva, em que dizia a sua renúncia em meio destas por uma carta, sendo que o próprio disse que quando escrita, estava inconsciente devido a um acidente de carro.[9][10]
Apesar dos benefícios a curto e longo prazos para a economia da cidade, as irregularidades na gestão de Pedro desdobraram-se com a administração seguinte de Benedito Barbosa de Moraes (MDB), porque este acusou-o de fazer uma "indústria de desapropriações" na cidade de terrenos públicos cedidos pelo prefeito por meio de concorrências forjadas, a qual levou o descontentamento de agricultores locais e a uma acusação considerada injusta pelo mandatário naquele período à Prefeitura, tanto que suspeitou-se de uma manobra bem executada para tirá-lo da cena política pelo voto dos vereadores.
As consequências das ações ilícitas de Pedro deram margens à prática de grilagem de terras e loteamentos clandestinos, feitos na maioria das cidades da Grande São Paulo, vendidos a preço baixo para aqueles que queriam morar na cidade, intermediados pela empresa "Melhoramentos de Itaquá S/C", na qual realizava trabalhos de engenharia nestes terrenos cedidos para a criação de glebas. Porém, isto trouxe com a atração das indústrias, uma explosão demográfica na cidade alinhada ao êxodo rural, antes agrícola e com tecido urbano minúsculo, com cerca de 11.456 habitantes, em 1960, para 29.279 habitantes em 1970 e após a criação do centro industrial, 73.608 habitantes em 1980, cuja pior face deste crescimento, como na maioria das cidades satélites às grandes capitais, a ocupação desordenada e a falta de infraestrutura básica, como água, luz, esgoto e pavimentação, porque mesmo com as indústrias existentes, a cidade praticava a política de baixos impostos, o que fazia esta não dar retorno à máquina pública, que não poderia preencher a necessidade da nova população, tanto que o jornal Folha de S.Paulo, em 1981, mostrou a falta de planejamento encontrada na cidade para atender o aumento excessivo da demanda populacional, como indicava bairros ainda rarefeitos e sem ainda apresentar serviços necessários, a precariedade destes elementos foram amenizadas apenas na década de 2000.[11][12][13]
As isenções fiscais do centro industrial da cidade deram fôlego à economia da cidade entre os anos que esteve em vigor, porém, como até os finais da década de 1990 a cidade dependia excessivamente da indústria, o modelo esgotou em 2000, com a crise econômica no Brasil naquele período, além do êxodo industrial em São Paulo, em busca de novas áreas mais baratas, o que gerou a queda do PIB da cidade em relação ao ano anterior, algo que só se recuperaria plenamente com o aquecimento da atividade comercial da cidade a partir da primeira década de 2000.[14]
Referências
- ↑ «Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de São Paulo (DOSP)». JusBrasil. 8 de novembro de 1976. p. 95. Consultado em 23 de janeiro de 2016
- ↑ «ARENA vence em todos os Estados; MDB só em Goiás». Acervo Folha. 3 de dezembro de 1969. p. 5. Consultado em 23 de janeiro de 2016
- ↑ «5ª Legislatura». Câmara Municipal de Itaquaquecetuba. Consultado em 23 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 30 de janeiro de 2016
- ↑ «Galeria de Presidentes». Câmara Municipal de Itaquaquecetuba. Consultado em 23 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 18 de maio de 2015
- ↑ «Primeiros resultados finais de cidades do Interior». Acervo Folha. 17 de novembro de 1972. p. 5. Consultado em 23 de janeiro de 2016
- ↑ «Itaquá: do tempo das olarias a um dos maiores centros empresariais da Grande São Paulo». FEMPI. 4 de maio de 2012. Consultado em 23 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 29 de janeiro de 2016
- ↑ «Fempi: 11 anos na luta pelo desenvolvimento de Itaquá». FEMPI. 7 de novembro de 2013. Consultado em 23 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 29 de janeiro de 2016
- ↑ «Plásticos Rode: empresa completa 50 anos com planos para ampliar produção». FEMPI. 9 de março de 2012. Consultado em 23 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 29 de janeiro de 2016
- ↑ «No Interior, atritos». Acervo Folha. 12 de novembro de 1976. p. 1. Consultado em 23 de janeiro de 2016
- ↑ «Clima de tensão precede o pleito em Itaquaquecetuba». Acervo Folha. 12 de novembro de 1976. p. 6. Consultado em 23 de janeiro de 2016
- ↑ «Falta de planejamento afeta Itaquaquecetuba». Acervo Folha. 27 de maio de 1981. p. 21. Consultado em 4 de janeiro de 2016
- ↑ «Prefeito de Itaquaquecetuba se defende denunciando corrupção». Acervo Folha. 26 de maio de 1977. p. 6. Consultado em 4 de janeiro de 2016
- ↑ «Câmara pode cassar prefeito». Acervo Folha. 23 de maio de 1977. p. 4. Consultado em 4 de janeiro de 2016
- ↑ «Produto Interno dos Municípios 1999-2002» (PDF). IBGE. 2005. Consultado em 23 de janeiro de 2016. Arquivado do original (PDF) em 31 de janeiro de 2016
Precedido por Benedito Rizzo |
Prefeito de Itaquaquecetuba 1973 - 1977 |
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