Pera de Satanás
Este artigo não cita fontes confiáveis. (Fernandes, E.; Junior, J. Santos - "Galeria dos Criminosos Célebres em Portugal: história da criminologia contemporânea sob o ponto de vista"; Editora António Palhares, Lisboa; 1896) |
Pêra de Satanás é o nome por que ficaram célebres os selos falsos de 25 reis, da emissão de D. Luís (frente), fabricados por Alfredo Alves Mendes (c.1841-c.1890). Foram os únicos falsos postais portugueses que deram problemas tanto aos correios, como às autoridades policiais de então.
História
editarQuando as emissões de relevo, impressas por um processo sofisticado e muito difícil de falsificar, mas de custo elevado de produção, foram abandonadas por razões económicas.
Passou assim a utilizar-se quase exclusivamente, na produção de selos postais, a impressão tipográfica dos selos.
Em Portugal seria no ano de 1876 que seria produzido e distribuído o primeiro selo tipografado de 2.5 Réis. Mais tarde, em 1880, saiu a primeira emissão base estampada, D. Luís, de perfil. Poupava-se assim em custos, mas aumentava-se substancialmente o risco de imitações causadoras de potenciais graves prejuízos para os cofres públicos.
Foi o que veio a acontecer no ano de 1886, pela mão de Alfredo Alves Mendes, conhecido no meio criminal por Pêra de Satanás. Com ajuda de um jovem tipógrafo de 17 anos, empregado da Casa da Moeda e que conhecera na prisão, consegue acesso aos cunhos oficiais de 25 Reis e de 500 reis utilizados nesta instituição para a impressão dos selos correntes da emissão de D. Luís, de frente. Começou assim a produzir clandestinamente os selos de 25 réis desta emissão.
Os selos eram vendidos a firmas e as estabelecimentos a um preço inferior ao facial, usando como desculpa que haviam sido recebidos como meio de pagamento de uma pessoa em África, e que havia necessidade de os liquidar o mais rapidamente possível. O estratagema parece ter resultado, pois logo começaram a aparecer nos Correios cartas franqueadas com estes selos.
Neste entretanto deu-se pela falta de cunhos roubados na Casa da Moeda. Alertados os Correios, o seu Director-Geral, Sr. Guilhermino Augusto de Barros (Peso da Régua, 17 de Novembro de 1828 — Lisboa, 16 de Abril de 1900), apresentou o caso à polícia. Quando foi preso, foram encontrados na sua posse cerca de 139.000 selos prontos a usar, para além daqueles já estavam em circulação.
Diferenças em relação aos originais
editarOs selos falsificados são relativamente simples de distinguir dos selos oficiais devido à sua coloração mais clara que os originais, devido às diferenças de qualidade das imagens e, acima de tudo, dedico ao denteado muito irregular que, nalguns casos. parece ter sido efectuado com recurso a uma máquina de costura de pedal.
Bibliografia
editarFernandes, E.; Junior, J. Santos - "Galeria dos Criminosos Célebres em Portugal: história da criminologia contemporânea sob o ponto de vista"; Editora António Palhares, Lisboa; 1896. (espólio The Carvalho de Sousa Collections - Lisbon - Portugal).