Pérdicas
Pérdicas (ca. 356 a.C. — 321 a.C.) foi um dos generais de Alexandre Magno, que se tornou regente do império em 323 a.C..
Pérdicas | |
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Nascimento | 365 a.C. Orestis |
Morte | 321 a.C. Egito |
Cidadania | Macedónia Antiga |
Irmão(ã)(s) | Atalanta (irmã de Pérdicas), Alcetas |
Ocupação | político, militar, comandante militar |
Família
editarO nome do seu pai era Orontes.[1]
Ele tinha um irmão chamado Alcetas,[2][3] e uma irmã chamada Atalanta, que foi casada com Átalo.[3]
Campanhas de Alexandre
editarNas campanhas asiáticas de Alexandre ocupou um importante lugar, tendo sido comandante da cavalaria.[4] Em 330 a.C. foi feito membro da guarda pessoal de Alexandre.
Após a partida de Crátero para a Europa e a morte de Hefestião, tornou-se a segunda figura da hierarquia depois de Alexandre (quiliarca). Durante a campanha de Alexandre na Índia, assumiu o lugar de Hefestião, enquanto Eumenes recebeu o comando da cavalaria.[4]
Regente do Império
editarApós a morte de Alexandre, houve uma disputa entre a cavalaria e a infantaria; os líderes da cavalaria eram Pérdicas, Leonato, filho de Antes, Ptolemeu, filho de Lago, Lisímaco, filho de Agátocles, Arístono, filho de Piseu, Pitão, filho de Crateuas, Seleuco, filho de Antíoco e Eumenes de Cardia, e o líder da infantaria era Meleagro.[1] Um compromisso foi assumido entre a infantaria, que já havia escolhido um rei, e a cavalaria, de forma que Antípatro seria o comandante das forças na Europa, Crátero cuidaria do reino de Filipe Arrideu e Pérdicas seria o quiliarca das forças que antes estavam sob o comando de Hefestião, sendo o regente do império, com Meleagro como seu tenente.[5]
Tornou-se apoiante da facção que pretendia fazer de Alexandre IV, filho de Alexandre e Roxana nascido em Agosto de 323 a.C., governante do império.
Esta posição não era bem vista por alguns sectores do exército, uma vez que a criança seria meia-persa, tendo sido alcançada outra solução, nos termos da qual Pérdicas foi confirmado como regente do império e protector de Filipe Arrideu (meio-irmão de Alexandre que sofria de problemas mentais), e de Alexandre IV.
Pérdicas, sob o pretexto de renovar o exército, executou os líderes da revolta na presença de Filipe Arrideu, como se este tivesse ordenado; logo em seguida Meleagro foi assassinado.[6] Depois disso, todos passaram a desconfiar de Pérdicas, e ele também passou a suspeitar de todos.[7]
Pérdicas, quando se tornou o regente do império de Alexandre, distribuiu as satrapias entre os diversos generais, como se Filipe Arrideu tivesse ordenado, [7] e enviou Eumenes para organizar a Armênia, que estava em confusão por causa de Neoptólemo.[8] Pérdicas derrotou Ariarates I da Capadócia, o capturou e o enforcou, instalando Eumenes como rei.[9]
Comprometeu-se a casar com Niceia, um filha de Antípatro (outro dos generais de Alexandre), que pretendia com este acto consolidar as relações de amizade.[10] Pérdicas havia requisitado a mão de Niceia,[10]porque ele queria agir em harmonia com Antípatro, mas depois que ele ganhou o controle do exército e se tornou guardião dos reis [Nota 1] seus cálculos mudaram,[11] e Pérdicas passou a planejar se tornar rei, e casando com Cleópatra, uma irmã de Alexandre Magno, ele poderia conseguir isso.[12] No momento, porém, Pérdicas se casou com Niceia, porque Antígono Monoftalmo, amigo de Antípatro, desconfiava dos seus planos, e Pérdicas não queria que Antípatro se tornasse hostil.[12]
Pérdicas e seu irmão Alcetas assassinaram Cinane, poucos dias após o casamento de Pérdicas com Niceia.[2] Após a morte de Alexandre, quando Pérdicas era o regente do império de Alexandre [carece de fontes] e planejava se casar com Niceia, filha de Antípatro, ou com Cleópatra, filha de Olímpia,[2] Cinane trouxe sua filha Adea, mais tarde chamada Eurídice, para que ela se casasse com Filipe Arrideu,[13] mas Pérdicas e seu irmão Alcetas assassinaram Cinane, poucos dias após o casamento de Pérdicas com Niceia.[2] Houve tanta indignação na Macedônia pela morte de Cinane que o casamento acabou sendo feito, inclusive com a influência de Pérdicas.[13] O assassinato de Cinane serviu para que Antígono Monoftalmo, refugiado na Macedônia, junto de Antípatro e Crátero, se revoltassem contra Pérdicas.[13]
Em 322 a.C. Pérdicas conquistou a Capadócia, mas foi contestado por Antípatro e por Crátero. Alexandre, o Grande havia ignorado a Capadócia, pois estava mais preocupado em combater Dario III, assim Ariarates I conseguiu passar um bom tempo como rei da Capadócia.[14] Neste período, Ariarates juntou uma grande quantidade de dinheiro, montando um grande exército com tropas nativas e mercenários, no total de 30000 soldados de infantaria e 15000 cavaleiros.[15] Pérdicas, porém, o derrotou, matando 4000 e capturando 5000, incluse o próprio Ariarates.[15] Pérdicas torturou e matou por empalamento Ariarates e vários de seus parentes, colocando Eumenes de Cardia como sátrapa da Capadócia.[16]
Quando Crátero e Antípatro, após haverem derrotado a rebelião dos gregos,[Nota 2] se dirigiram à Ásia para lutar contra Pérdicas, este indicou Eumenes comandante das forças da Capadócia e Armênia,[17] e mandou que Alcetas e Neoptólemo obedecessem a Eumenes.[18]
Morte
editarQuando Ptolemeu I Sóter tornou-se sátrapa do Egito,[carece de fontes] assassinou o sátrapa anterior,[Nota 3] o grego Cleómenes de Náucratis, um amigo de Pérdicas.[19] Em 321 a.C., Pérdicas invadiu o Egipto, onde Ptolemeu I pretendia formar um reino independente. As suas tropas foram subornadas por Ptolemeu, acabando por fugir,[carece de fontes] enquanto que Perdicas foi assassinado por alguns oficiais.[19]
Após sua morte, os macedônios sentenciaram à morte Eumenes da Cardia, além de cinquenta outros aliados, inclusive seu irmão Alcetas.[3] Sua irmã Atalanta foi assassinada,[3] e seu cunhado Átalo, comandante da frota, retirou-se para Tiro, obteve a rendição da cidade de um macedônio chamado Arquelau e recebeu, na cidade, os amigos de Pérdicas que queriam refúgio.[20] Eumenes, Alcetas e Átalo continuaram a resistir por algum tempo.
Curiosidades
editarPérdicas, que se converteu no regente de Macedônia após a morte de Alexandre o Grande em 323 a.C. fez com que na cidade de Babilônia os amotinados da facção de Meleagro fossem atirados sob os elefantes para serem esmagados - método de execução conhecido como esmagamento por elefante.[21]
Bibliografia
editar- Austin, M.M. (1981). The Hellenistic World from Alexander to the Roman Conquest: A Selection of Ancient Sources in Translation. Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-29666-3.
- Anson, Edward M (Summer 1986). "Diodorus and the Date of Triparadeisus". The American Journal of Philogy 107 (2): 208–217. doi:10.2307/294603.
Ligações externas
editar- Perdiccas article by Jona Lendering on Livius: Articles in Ancient History
- Perdiccas entry in historical sourcebook by Mahlon H. Smith
Notas e referências
Notas
- ↑ Os reis do império eram incapazes: Filipe Arrideu, meio-irmão de Alexandre, tinha problemas mentais, e Alexandre IV da Macedónia, filho de Alexandre, tinha acabado de nascer
- ↑ Esta revolta foi a Guerra Lamiaca; Leóstenes e Antífilo eram os comandantes gregos
- ↑ Segundo Arriano, Cleômenes não foi sátrapa de todo o Egito, pois Alexandre vira a força do Egito e decidiu dividir o Egito entre vários homens, para não confiar o país a um homem só.
Referências
- ↑ a b Arriano, Eventos após Alexandre, 2, citado em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio [em linha]
- ↑ a b c d Arriano, Eventos após Alexandre, 20-21, citado em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio
- ↑ a b c d Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XVIII, 37.2 [ael/fr][en]
- ↑ a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Eumenes, 1.2
- ↑ Arriano, Eventos após Alexandre, 3, citado em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio
- ↑ Arriano, Eventos após Alexandre, 4, citado em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio
- ↑ a b Arriano, Eventos após Alexandre, 5, citado em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Eumenes, 4.1
- ↑ Arriano, Eventos após Alexandre, 11, citado em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio
- ↑ a b Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XVIII, 23.1
- ↑ Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XVIII, 23.2
- ↑ a b Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XVIII, 23.3
- ↑ a b c Arriano, Eventos após Alexandre, 22-23, citado em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio
- ↑ Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XVIII, 16.1
- ↑ a b Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XVIII, 16.2
- ↑ Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XVIII, 16.3
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Eumenes, 5.1
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Eumenes, 5.2
- ↑ a b Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 1.6.3
- ↑ Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro XVIII, 37.3 [ael/fr][en]
- ↑ Robin Lane Fox, Alexander the Great, p. 474. (Penguin, 2004)