A pesca milagrosa é a forma como nos referimos a um de dois eventos da vida de Jesus nos Evangelhos. Os milagres ocorreram com anos de diferença entre si, mas em ambos os casos os apóstolos estão tentando pescar sem sucesso no Mar da Galileia quando Jesus pede-lhes que tentem uma vez mais lançar as redes, ao que eles são recompensados com uma grande quantidade de peixes.

Dois Milagres
James Tissot
James Tissot (entre 1886 e 1894), atualmente no Brooklyn Museum, em Nova Iorque.
A pintura de James Tissot (no alto) mostra Jesus no barco e representa o primeiro milagre, enquanto que a segunda, de Sebastiano Ricci (embaixo), mostra o segundo, com Jesus na margem e Pedro, na água indo ao encontro d'Ele.
Peter Paul Rubens (1610), Museu Wallraf-Richartz, Köln (Alemanha).

Visão geral

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No Evangelho de Lucas (Lucas 5:1–11), a primeira ocorrência da pesca milagrosa ocorre logo no começo do ministério de Jesus e, como resultado, Pedro, Tiago e João, estes dois últimos, filhos de Zebedeu, se juntam a Jesus e passam a segui-lo como seus discípulos.[1][2][3]

A segunda pesca milagrosa, que também é conhecida como pesca dos 153 peixes, lembra a primeira. Ela acontece no último capítulo do Evangelho de João (João 21:1–14) e acontece depois da ressurreição de Jesus.[4][5][6][7]

Na arte cristã, os dois milagres se distinguem pelo fato de que, no primeiro, Jesus aparece sentado no barco com Pedro, enquanto que no segundo, ele está de pé na margem.

Primeira pesca milagrosa

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De acordo com o Evangelho de Lucas, no dia deste milagre Jesus estava pregando no Lago Genesaré (Mar da Galileia) quando ele viu dois barcos próximos da margem. Ele entrou no barco pertencente a Simão (Pedro) e, afastando-se um pouco da margem, ele se sentou e passou a pregar para o povo a partir do barco. Em seguida, ele disse a Pedro: «Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para a pesca.» (Lucas 5:4), ao que Pedro respondeu: «Senhor, tendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; porém sobre a tua palavra lançarei as redes.» (Lucas 5:5)

Assim que o fizeram, "apanharam uma grande quantidade de peixe; e as redes rompiam-se.", sendo necessária a ajuda de um outro barco. Quando Pedro viu a quantidade de peixes que apanharam, suficiente para encher os dois barcos a ponto de quase afundá-los, ele caiu aos pés de Jesus e disse "Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador", ao que Jesus respondeu: "Não temas; de ora em diante serás pescador de homens.". Após o evento, além de Pedro, Tiago e João abandonaram tudo e passaram a seguir Jesus.

Segunda pesca milagrosa

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De acordo com o Evangelho de João, sete discípulos - Pedro, Tomé Dídimo, Natanael, os filhos de Zebedeu (Tiago e João) e dois outros - decidiram ir pescar na noite seguinte à ressurreição de Jesus, sem sucesso nenhum. No alvorecer do dia seguinte, Jesus (que eles não reconheceram) os chamou a partir da margem: «Moços, apanhastes algum peixe?» (João 21:5). Quando eles reponderam que não (a questão, em grego, usa uma partícula para a qual se espera uma resposta negativa),[8][9] Jesus respondeu: "Lançai a rede à direita da barca, e achareis.", o que eles fizeram e "já não podiam puxá-la por causa do grande número de peixes."

Percebendo então a identidade do estranho, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: "É o Senhor!", o que fez com que Simão Pedro pulasse na água para ir ao seu encontro (uma cena retratada com frequência na arte cristã), enquanto que os demais discípulos o seguiram no barco, rebocando a rede, que se mostrou «cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes» (João 21:11). Jesus então assou e comeu alguns deles com os discípulos.

Esta passagem tem sido tradicionalmente parte do lecionário seguinte à Páscoa e sermões sobre ela foram compostos por Agostinho de Hipona[10] e João Crisóstomo,[11] entre outros.

153 peixes

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A precisão a respeito do número de peixes (153) tem sido há muito considerada e diversos autores argumentaram que este número teria um significado mais profundo, com diversas teorias conflitantes entre si tentando explicá-la. Discutindo algumas dessas teorias, o teólogo D. A. Carson sugere que "Se o evangelista tivesse algum simbolismo em mente ligado ao número 153, ele o escondeu bem",[12] enquanto que outros acadêmicos notam que "nenhuma das explicações simbólicas para os 153 peixes em João 21:11 recebeu até o momento amplo apoio".[13]

Referências a aspectos do milagre ou à ideia geral dos "pescadores de homens" podem ser encontradas através do uso do número 153. Como exemplo, a St Paul's School, em Londres, foi fundada em 1512 por John Colet para ensinar os filhos de 153 homens pobres.[14]

Galeria

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Ver também

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Referências

  1. John Clowes, The Miracles of Jesus Christ published by J. Gleave, Manchester, UK, 1817, page 214, available on Google books
  2. The Gospel of Luke by Timothy Johnson, Daniel J. Harrington, 1992 ISBN 0814658059 page 89
  3. The Gospel of Luke, by Joel B. Green 1997 ISBN 0802823157 page 230
  4. Lockyer, Herbert, 1988 All the Miracles of the Bible ISBN 0310281016 page 248
  5. The Gospel of John by Francis J. Moloney, Daniel J. Harrington, 1998 ISBN 0814658067 page 549
  6. The Gospel of John by Frederick Fyvie Bruce, 1994 ISBN 0802808832 page 400
  7. Reading the Gospel of John by Kevin Quast 1991 ISBN 0809132974 page 142
  8. J.W. Wenham, The Elements of New Testament Greek, Cambridge University Press, 1965, p. 75.
  9. Boyce W. Blackwelder, Light from the Greek New Testament, Baker Book House, 1976, p. 120, ISBN 0801006627.
  10. John E. Rotelle (ed) and Edmund Hill (tr), The works of Saint Augustine: A Translation for the 21st Century, Part 3, Volume 7 (Sermons: On the Liturgical Seasons), ISBN 1565480597.
  11. Chrysostom, Homily 87 on the Gospel of John.
  12. D. A. Carson, The Gospel According to John (Pillar Commentaries Series), Wm. B. Eerdmans Publishing, 1991, p. 673, ISBN 085111749X.
  13. Leland Ryken, Jim Wilhoit, Tremper Longman, Colin Duriez, Douglas Penney, and Daniel G. Reid, Dictionary of Biblical Imagery (Fish), InterVarsity Press, 1998, p. 290, ISBN 0830814515.
  14. Peter Cunningham, Modern London; or, London as it is, 1851, p. 193.
 
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