Phonk

gênero musical
 Nota: Não confundir com funk, nem com funk carioca, nem com folk.

Phonk (fonc, fonkescutar) é um subgênero do hip hop e do trap inspirado diretamente no Memphis rap dos anos 90. Principalmente presente na plataforma SoundCloud, a música é caracterizada por vocais de fitas antigas de Memphis rap e samples de hip hop do início dos anos 1990, muitas vezes combinando-os com elementos de jazz e funk. O gênero emprega técnicas de distorção como "chopped and screwed" para criar um som mais obscuro.

Phonk
Origens estilísticas
Contexto cultural Década de 2000
Sul dos Estados Unidos, especialmente Houston e Memphis
Instrumentos típicos
Subgêneros
Drift phonk
Jazz-Phonk
Gêneros de fusão
G-Phonk
Outros tópicos

Inicialmente desenvolvido nos anos 2000 no sul dos Estados Unidos, principalmente em Houston e Memphis, os primeiros pioneiros do gênero incluem DJ Screw, X-Raided, DJ Spanish Fly, DJ Squeeky e o coletivo Three 6 Mafia. No final dos anos 2010, por meio de plataformas de streaming como SoundCloud, o gênero desenvolveu mais ênfase no jazz e no hip hop clássico.

Popularizado pelo TikTok e pela comunidade de drift nas mídias sociais, o "drift phonk" é um subgênero do phonk que surgiu na Rússia; suas principais características são o uso de cowbells, acapellas de gangsta rap e graves. É geralmente usado em vídeos lo-fi mostrando carros de drifting.

História

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Phonk se inspirou nas raízes do trap no sul dos Estados Unidos em meados da década de 1990.[1] Artistas ou grupos musicais como DJ Screw, X-Raided, DJ Spanish Fly,[2] DJ Squeeky,[3] e o coletivo Three 6 Mafia ajudaram a criar as bases para o gênero surgir muitos anos depois, com o chopped and screwed de Houston visto como o precursor do gênero.[1] Enquanto phonk havia desaparecido no final dos anos 2000, viu um ressurgimento no início de 2010[4] graças a artistas como SpaceGhostPurrp.[5]

A palavra "phonk" foi popularizada por SpaceGhostPurrp,[6] que lançou faixas como "Pheel Tha Phonk", "Bringin' Tha Phonk" e "Keep Bringin' Tha Phonk".[7][8] Em uma entrevista, ele explicou que "phonk é gíria para funk", em referência ao gênero musical G-funk.[9] Canais do YouTube, como Ryan Celsius, Sad Soundcloud e Trillphonk,[10] também ajudaram a popularizar o gênero. Os produtores de phonk continuaram a empurrar o som para o underground antes que o gênero ganhasse força real em meados dos anos 2010.[1]

No final de 2017, o phonk havia se afastado de "som sombrio, obscuro e orientado ao Memphis", incorporando vocais mais modernos, com elementos de jazz e hip hop clássico.[1] Este gênero de phonk foi descrito como "phonk raro" por Celsius, caracterizado por "um som de trap mais limpo, quase mainstream".[11] Entre 2016 e 2018, phonk foi um dos gêneros mais ouvidos no SoundCloud, com a hashtag #phonk entre as mais populares a cada ano.[12][13][14]

Em maio de 2021, após o aumento da popularidade do gênero na Rússia,[15] o Spotify lançou sua playlist de phonk oficial com curadoria.[16]

Características

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Inspirado diretamente no Memphis rap dos anos 1990, o phonk é caracterizado por antigos vocais de Memphis rap e samples do hip hop do início dos anos 1990.[17] Estes são frequentemente combinados com samples de jazz e funk.[1] É principalmente usada a técnica chopped and screwed, a fim de criar um som mais obscuro.[1][17]

Uma peculiaridade do phonk é o fato de não estar ancorado em uma “scene” regional:[1][17] isso está atrelado à própria natureza do SoundCloud como plataforma online, que destaca subgêneros derivados do hip hop e do pop experimental.[2][18] Outros artistas notáveis associados ao "phonk new-age" incluem DJ Smokey,[19] DJ Yung Vamp,[20] Soudiere,[21] e Mythic.[2][7]

Ao lado de seu aspecto musical, o phonk é caracterizado por uma estética distinta, que incorpora imagens de desenhos animados como fanarts dos Simpsons.[22][23][24] Artistas de phonk costumam usar gráficos no estilo Pen & Pixel [en] para seus EPs e álbuns.[23]

Subgêneros

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"Drift phonk", um subgênero do phonk, surgiu no final dos anos 2010 na Rússia.[25][26] Caracteriza-se pelo uso de graves agudos, cowbells e sons distorcidos,[11] tornando as letras dos samples muitas vezes irreconhecíveis.[26] O tempo das faixas de drift phonk também é alto.[5] Vídeos de drift phonk geralmente usam clipes de carros de drifting e de corridas de rua,[26] o que o torna popular na cultura online do automobilismo.[5][27] O gênero rapidamente ganhou força através do aplicativo TikTok em 2020.[26] A maioria dos produtores proeminentes de drift phonk vem da Rússia e da Europa, tais eles DVRST e o dinamarquês PlayaPhonk.[26]

O "phonk brasileiro" combina ritmos do funk brasileiro com as batidas sombrias e atmosféricas do rap de Memphis, criando uma paisagem sonora única, ganhando seguidores dedicados local e internacionalmente. Essa fusão recebeu popularidade significativa, principalmente em plataformas como o TikTok, onde se tornou uma sensação viral. A ascensão do gênero pode ser atribuída ao seu som enérgico e agressivo, que combina batidas eletrônicas e repetitivas com vocais em português brasileiro.[28] Por exemplo, MC Bin Laden lançou o EP "Brazilian Phonk" em colaboração com os Dragon Boys, que rapidamente subiu nas paradas musicais.[29] Apesar do nome, o phonk brasileiro se originou na Escandinávia e popularizado por produtores estrangeiros, como Slowboy, norueguês que misturou phonk com mandelão funk, Ariis,[30] da Espanha, e Kordhell.[31] Muitas vezes é descrito como a versão gringa do funk brasileiro.[32]

Referências

  1. a b c d e f g Anand, Aashna (13 de abril de 2020). «The Evolution of Soundcloud's Popular New Genre: Phonk». Lucid Monday (em inglês). Consultado em 14 de abril de 2020. Arquivado do original em 16 de janeiro de 2022 
  2. a b c Albors, Maxime (2 de novembro de 2017). «Lowpocus nous explique pourquoi le phonk est en train de ressusciter». Vice (em francês). Consultado em 14 de abril de 2020 
  3. Luján, David (20 de janeiro de 2022). «Rap y terror: una introducción al horrorcore en 11 canciones». Shock (em espanhol). Consultado em 21 de março de 2022 
  4. «What the Phonk». coeo (em inglês). Consultado em 23 de outubro de 2021 [ligação inativa] 
  5. a b c Calamel Duprey, Charlotte (24 de janeiro de 2022). «Qu'est-ce que le "drift phonk", ce phénomène internet qui mêle hip-hop, ados russes et street racing» [What is "drift phonk", this internet phenomenon that mixes hip-hop, Russian teens and street racing]. Trax Magazine (em francês). Consultado em 19 de março de 2022 
  6. Houghton, Edwin (31 de agosto de 2012). «The Okayplayer Interview: SpaceGhostPurrp Reveals The Mysteries of Phonk». Okayplayer (em inglês). Consultado em 23 de outubro de 2021 [ligação inativa] 
  7. a b «La vaportrap s'impose en bande son des Internets». SURL (em francês). 26 de outubro de 2017. Consultado em 14 de abril de 2020 
  8. Bassil, Ryan (13 de fevereiro de 2017). «Please, Kids. Help Us: What Is "Phonk"?». Vice (em inglês). Consultado em 14 de abril de 2020 
  9. Saxelby, Ruth (30 de março de 2012). «Back to the funking phuture». the Guardian (em inglês). Consultado em 21 de março de 2022 
  10. Broc, David (1 de março de 2017). «'Phonk', o som futurista do hip hop, faz sucesso na Internet». EL PAÍS. Consultado em 14 de abril de 2020 
  11. a b Leight, Elias (29 de abril de 2021). «Russian Producers Obsessed With Three 6 Mafia Can't Stop Going Viral». Rolling Stone (em inglês). Consultado em 28 de agosto de 2021 [ligação inativa] 
  12. «SoundCloud » A Throwback to 2016». blog.soundcloud.com. Consultado em 28 de maio de 2020 
  13. «SoundCloud » The 2017 SoundCloud Playback». blog.soundcloud.com. Consultado em 28 de maio de 2020 
  14. «SoundCloud » The 2018 SoundCloud Playback». blog.soundcloud.com. Consultado em 28 de maio de 2020 
  15. «Музыкальные итоги 2021 в Spotify: что слушали геймеры?» [Spotify Music Results 2021: What Have Gamers Been Listening to?]. vc.ru (em russo). Spotify. 10 de dezembro de 2021. Consultado em 3 de fevereiro de 2022 
  16. «Сегодня в карточках рассказываем о наследнике мемфис-рэпа — фонке.» [Today in the cards we talk about the heir of Memphis rap — Phonk.]. Facebook (em russo). Spotify. 12 de maio de 2021. Consultado em 3 de fevereiro de 2022 
  17. a b c Haynes, Gavin (27 de janeiro de 2017). «What the phonk? The genre that's gripping Generation Z». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 14 de abril de 2020 
  18. Broc, David (2 de março de 2017). «El 'phonk', el sonido futurista del 'hip hop', triunfa en Internet». El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 14 de abril de 2020 
  19. «Nostalgická jízda jménem phonk. Lo-fi, špína & přetočené beaty z kazet». Radio Wave (em checo). 15 de janeiro de 2022. Consultado em 21 de março de 2022 
  20. «DJ Yung Vamp». StuckMagazine (em inglês). 2 de novembro de 2020. Consultado em 2 de novembro de 2020 
  21. Guillard, Eloïse (25 de junho de 2021). «5 artistes à découvrir dès maintenant!». BLOW ENTERTAINMENT (em francês). Consultado em 21 de março de 2022 
  22. Prévost, Clarisse (21 de janeiro de 2021). «Soudiere aka young Pirelli unveils a phonk mixtape ☁️». Source Radio (em inglês). Consultado em 21 de março de 2022 
  23. a b O'Flaherty, Aidan (31 de outubro de 2020). «Phonk, Fonk, Funk, and France?». WECB (em inglês). Consultado em 20 de outubro de 2021 [ligação inativa] 
  24. Mackenzie, Mica (13 de agosto de 2019). «Explore the New Music that's Lingering in the Underground Music Scene- Are You On the Future Funk Wave?». THE QUIET NONSENSE. Consultado em 9 de novembro de 2021 [ligação inativa] 
  25. Лейзаренко, Даша (23 de dezembro de 2021). «Дрифт, тачки, мемы и тикток: фонк — один из жанров года. Российские музыканты сделали его популярным во всём интернете — Интернет на TJ». TJ. Consultado em 3 de fevereiro de 2022 
  26. a b c d e Bola, David (30 de abril de 2021). «Il faut que l'on vous parle du Drift Phonk». Radio Nova (em francês). Consultado em 17 de agosto de 2021 [ligação inativa] 
  27. «Synthwave car culture: A new wave of automotive enthusiasts». Hagerty Media (em inglês). 1 de maio de 2020. Consultado em 10 de maio de 2021 
  28. Syckle, Katie Van (9 de dezembro de 2023). «Inside the Parties of Art Basel Miami Beach.». The New York Times (Digital Edition) (em inglês): NA–NA. Consultado em 25 de novembro de 2024 
  29. «De Mc Bin Laden a Bibi Babydoll, quem são os artistas do Phonk, gênero musical brasileiro mais ouvido no exterior em 2023». O Globo. 16 de janeiro de 2024. Consultado em 25 de novembro de 2024 
  30. Redação (12 de dezembro de 2023). «Retrospectiva Spotify 2023: Os artistas, as músicas e os gêneros brasileiros mais escutados no exterior». Rolling Stone Brasil. Consultado em 25 de novembro de 2024 
  31. «Quem são os artistas brasileiros mais ouvidos pelos estrangeiros em 2023 no Spotify?». www.bol.uol.com.br. Consultado em 25 de novembro de 2024 
  32. Correia, Ludmilla (3 de outubro de 2023). «Brazilian phonk: conheça a variação gringa do funk que é viral no Tik Tok - Billboard Brasil». billboard.com.br. Consultado em 25 de novembro de 2024