Piscinas municipais de Mirandela
As piscinas municipais de Mirandela são um edifício desportivo em Mirandela, Trás-os-Montes, Portugal. Foram inauguradas em 2005 pelo então Ministro ministro das Cidades, Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional Dr. José Luís Arnaut. Foram projectadas pelo arquitecto português Filipe Oliveira Dias no ano de 2003.
Características arquitectónicas
editarO edifício foi construído de raiz como equipamento desportivo municipal. Destinado a um desenvolvimento sustentado de apoio ao desporto, à escolaridade e ao lazer. A sua implantação observou a orientação solar tendo em conta as relevantes condições de optimização energética. As linhas rectas do exterior do edifício e a composição dos espaços no seu interior permitem uma distribuição funcional das várias áreas e facilitam a circulação dos utilizadores. As Piscinas possuem características a salientar, tais como:
- Tipologia bivolumétrica. Volumetricamente, o edifício destaca-se pelo articular de dois volumes distintos. O primeiro alberga as piscinas e, como tal, assume a função principal, cuja forma se define quer pelas dimensões requeridas quer pela imagem singular que se obtém pela expressividade adquirida. O segundo caracteriza-se por um monólito que encerra todas as funções de apoio, distribuídas de forma optimizada, permitindo circulações e distribuições claras e directas.
- Distribuição optimizada. No edifício distinguem-se quatro áreas de utilização que se estendem pelo hall de entrada. A primeira é destinada à assistência e acompanhantes e articula-se independentemente de todas as restantes funções, ainda que relacionada visualmente com o tanque de aprendizagem e sequencialmente com a piscina. A segunda área de utilização reúne os vestiários, sanitários e chuveiros. Existem dois balneários e dois vestiários cada (masculino e feminino), com 10 chuveiros e 106 cacifos. Os balneários contam com uma área de 6m por 5m e são exactamente iguais, utilizando rigorosos critérios funcionais. Todos os balneários e vestiários foram concebidos de forma a respeitar os requisitos de segurança e qualidade sanitária, sem barreiras arquitectónicas para permitirem a utilização de portadores de deficiência física. A terceira área destina-se aos formadores, socorristas e técnicos. A sala de monitores localiza-se neste sector de serviços, com ligação directa à nave, permitindo o controlo visual de toda a zona de piscinas. Está também equipada com um sistema de videovigilância que permite aceder a qualquer local do complexo. A sala de prestação de primeiros socorros das piscinas está localizada na charneira dos balneários, adjacente às instalações do monitores. A quarta área, a das piscinas, é uma área destinada ao lazer e ao desporto. Na grande nave, de um lado, estende-se a zona de banhos. Do outro, grandes fachadas envidraçadas permitem tirar partido da zona verde envolvente do edifício e da luz solar.
- Estrutura biarticulada. A estrutura construtiva das piscinas é mista de madeira laminada e betão, tipo arco biarticulado, para vencer um vão de 57 metros sem pilares intermédios. A laminação de madeira consiste basicamente na sobreposição por colagem, de tábuas aplainadas com a mesma espessura e largura e comprimentos variados, comprimento esse obtido por união topo a topo com junta digital de entalhes múltiplos também colada. A disposição das lâminas realiza-se sempre de forma a que as fibras se disponham paralelamente e, conforme o molde de prensagem seja recto ou curvo assim se podem obter vigas rectas ou arcos. Pelo facto de a fabricação das peças finais ser o resultado da junção aleatória de múltiplas tábuas individuais o resultado final é um produto mais homogéneo e resistente que a madeira maciça. Uma outra característica interessante é que, contrariamente ao senso comum, uma estrutura de madeira correctamente dimensionada apresenta uma segurança em caso de incêndio incomparavelmente superior à mesma estrutura executada em betão ou aço, uma vez que a madeira, embora combustível, tem uma velocidade de combustão perfeitamente determinada e lenta, e não sofre perdas sensíveis das suas características mecânicas sob a acção da temperatura. Inversamente, quer o betão, quer o aço, sob a acção de elevadas temperaturas sofrem enormes dilatações que originam rapidamente a ruína da estrutura.
- Duas piscinas. O complexo de Mirandela é constituído por duas piscinas de água aquecida: o tanque principal, com 25m por 12,5m, apresenta uma profundidade de 2m e tem 6 pistas e o tanque de aprendizagem, com 12,5m por 6m, conta com uma profundidade de 1,30m. Esta zona tem ainda como valência de apoio um armazém para guardar o material usado na escola de natação e do pessoal de limpeza e manutenção, com ligação directa à zona de cais.
- Investigação. A investigação e o estudo que precederam o projecto demorou seis meses. Foram feitas visitas a piscinas de Lazer e competição, em Espanha, em França, e em Portugal.
- Acústica. A optimização das condições acústicas na nave, nomeadamente o controlo da reverberação e da inteligibilidade, é conseguida através da geometria do tecto.
Artigos relacionados
editarBibliografia
editar- mapa de arquitectura de Mirandela (?)
- Dias, Filipe Oliveira; 15 Anos de Obra pública; Porto: Editora Campo das Letras, ISBN 972610879-9
- Fraga, Suzana; “Piscinas Municipais de Mirandela – Modernidade e Simplicidade Arquitectónica”; Portugal: Editora Piscinas XXI