Placa bacteriana
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Em odontologia, a placa bacteriana, ou biofilme, também referida como placa dental, é o acúmulo de bactérias da flora / microbiota bucal sobre a superfície dos dentes e que é o fator determinante para que ocorra a cárie e a doença periodontal.
Esse acúmulo é mais intenso nos locais onde a higiene bucal não está sendo feita de maneira adequada.
Dentre os vários tipos de microrganismos presentes na placa, destaca-se o Streptococcus mutans. Este grupo de bactérias é capaz de resistir a um ambiente ácido, comum na boca de quem consome açúcar com muita frequência, o que a favorece em uma competição com as demais bactérias que vivem na placa. O Streptococcus mutans metaboliza o açúcar consumido e produz ácidos que agem na estrutura mineral do dente, destruindo-a e formando cavidades chamadas cáries. A placa bacteriana é um meio biofilme ainda não mineralizado, mas com o decorrer do tempo, do metabolismo microbiano e alguns fatores ligados a gás carbônico, este biofilme se mineraliza aos poucos, tornando-se um cálculo dentário, também chamado de tártaro. Enquanto placa bacteriana, é possível removê-la com uma técnica de escovagem adequada e frequente, mas ao estar mineralizada, somente com instrumentos afiados para removê-la, com as técnicas da tartarectomia.
Prevenção
editarControle mecânico
editarA remoção mecânica da placa pode ser realizada pelo próprio paciente (controle mecânico da placa através do autocuidado) ou pelo dentista (limpeza profissional dos dentes). Sem dúvida alguma, a remoção profissional de placa através de instrumentos rotatórios, escovas de dentes e fita/fio dental, exerce impacto positivo tanto na prevalência como incidência de cárie. Esse efeito pode ser observado quando se escova e usa fio/fita dental sob supervisão.[1] Contudo, o impacto exercido pela remoção mecânica da placa, através do autocuidado na cárie dentária é ainda incerto.
Controle químico
editarO controle químico auxilia no mecânico na remoção e prevenção da placa bacteriana. O flúor é um agente quimioterápico mais utilizado. Estudos comprovam que o uso de fluoretos são como auxiliares em ambos os controles. O flúor podendo ser encontrado nas pastas (profiláticas e dentifrício), verniz, soluções de fluoretos e bochechos. Quando utilizados seja diariamente ou aplicações tópicas realizadas pelo dentista conseguem reduzir significativamente o acumulo da placa bacteriana devendo ser avaliada a necessidade de uma intervenção pelo dentista de acordo com a necessidade de cada paciente. [2]
A clorexidina também auxilia no controle da placa bacteriana, devido as suas propriedades. Foi realizada uma analise sistemática onde avaliou a associação da clorexidena com flúor tendo como resultado que quando utilizados juntos um não anula as propriedades do outro e ambos são eficaz contra a placa bacteriana.[3]
Motivação do paciente
editarA motivação do paciente está diretamente relacionada com o controle da placa bacteriana. Clinicamente, motivar significa ter a colaboração do indivíduo, para que ele execute corretamente a higienização bucal. Com isso, é relevante o cirurgião dentista propor ao paciente métodos interessantes para incentivá-lo a manter a saúde bucal, tanto para atender as suas necessidades, quanto causar um impacto motivacional. [4]
Primeiramente é importante realizar o ensino da escovação dos dentes, e em seguida a mudança de hábitos inadequados. O profissional deve utilizar criatividade, meios, técnicas e materiais adequados com o objetivo de despertar o entusiasmo do paciente, pois caso contrário jamais conseguirá obter sucesso no tratamento. [5]
Para as crianças, há estudos relatando que os processos educativos pode começar com brincadeiras. O uso de jogos educativos associados às técnicas convencionais de educação transforma a informação em divertimento, motivação e reforço de aprendizagem. [4] Segundo alguns autores, os recursos como cartilhas, álbuns seriados e slides, bem como escovação supervisionada, são métodos eficazes de motivação. [6] Além disso, outros métodos também são conhecidos na literatura como a orientação direta somado a recursos audiovisuais resulta em mudança de comportamento dos pacientes, é importante destacar que esse incentivo deve ser uma atitude constante. [7] Os quebra-cabeças, adesivos, fantoches e bonecos, voltados à prevenção, também são considerados relevantes para a mudança de hábitos em saúde. [8]
Portanto a utilização de brinquedos despertam a imaginação infantil, e transformam as informações importantes de higiene bucal em uma linguagem acessível para a criança, permitindo a sua participação e colaboração. [4]
Relação placa bacteriana e cárie
editarA cárie dentária é uma doença de origem multifatorial resultante de uma interação complexa entre fatores genéticos, sociais, bioquímicos e microbianos. [9] É um processo dinâmico que envolve a estrutura dentária, o biofilme microbiano formado em sua superfície, influência salivar, genética e o consumo de carboidrato fermentável (principalmente a sacarose). [10] O biofilme dentário, ou placa bacteriana, é a microbiota oral aderida à superfície dentária. Isso ocorre devido à ligação entre os microrganismos presentes na cavidade bucal e a película salivar composta por proteínas e glicoproteínas que revestem o dente. O biofilme protege as bactérias aderidas, isolando-as da ação quelante da saliva, e a exposição frequente da placa bacteriana com a sacarose resulta na queda do pH, favorecendo o crescimento do metabolismo bacteriano em ambiente ácido e consequentemente, causando desmineralização do esmalte dentário, que é composto quase exclusivamente de mineral (como a hidroxiapatita).[11] A lesão de cárie é resultante do desequilíbrio entre microbiota oral com estilo de vida e dieta. Possibilitando agir nos fatores causais, como também lançar mão dos fatores protetores, promovendo a remineralização e impedindo a progressão da lesão.[12]
Relação placa bacteriana e doença periodontal
editarA doença periodontal é uma patologia inflamatória crónica que consiste na destruição progressiva dos tecidos de suporte do dente quando na presença de placa bacteriana. Devido à sua elevada prevalência mundial, é considerada como um dos principais problemas de saúde pública[13]. A boa higiene, associada a boas práticas alimentares e conscientização do paciente, proporciona a uma condição bucal apropriada para que não ocorra nenhuma doença periodontal.
O biofilme dental é classificando como um agente determinante para a cárie dentária e também para a doença periodontal . A gengivite pode ser entendida como a inflamação dos tecidos gengivais, sendo o estágio inicial das doenças na periodontais, e com sintomas muito específicos, como sangramento gengival, halitose, aumento de volume e gosto desagradável na boca. Caso não tratada, a gengivite pode evoluir para um periodontite, sendo diagnosticada por meio da medição da profundidade de bolsas periodontais[14]; nessa condição ocorre presença de bolsas periodontais profundas, defeitos verticais, envolvimento de furca, mobilidade dental acentuada, perda de dentes, deficiência de rebordo e perda da função mastigatória.[15]
Referências
- ↑ Kock e Cols., 1994
- ↑ Figuero, Elena. «Mechanical and chemical plaque
control in the simultaneous
management of gingivitis and
caries: a systematic review». Grupo de Pesquisa, Universidade
Complutense, Madrid, Espanha; 2
Piracicaba
Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), Piracicaba, Brasil; 3
Faculdade de
Medicina e Odontologia, Universidade Católica de
Louvain, Bruxelas, Bélgica. Journal of Clinical Periodontology line feed character character in
|publicado=
at position 32 (ajuda); line feed character character in|titulo=
at position 31 (ajuda) - ↑ Elkerbout, Ta; Slot, De; Van Loveren, C; Van der Weijden, Ga (fevereiro de 2019). «Will a chlorhexidine-fluoride mouthwash reduce plaque and gingivitis?». International Journal of Dental Hygiene (em inglês) (1): 3–15. doi:10.1111/idh.12329. Consultado em 21 de março de 2021
- ↑ a b c Moraes, Kelly Regina de; Aldrigui, Janaina Merli; Oliveira, Luciana Butini; Rodrigues, Célia Martins Delgado; Wanderley, Marcia Turolla (28 de dezembro de 2011). «Motivação de higiene dental utilizando brinquedos com temas odontológicos». ConScientiae Saúde (4): 723–728. ISSN 1983-9324. doi:10.5585/conssaude.v10i4.2836. Consultado em 24 de fevereiro de 2021
- ↑ Saba Chujfi, Eduardo; Queiroz Silva, Eliana Cristina de; Saba, Maria Elizabete Carneiro de; Sarian, Roberto (1992). «Avaliação dos métodos de motivação/educação em higiene bucal aplicados em adolescentes de 12 a 16 anos de idade». RGO (Porto Alegre): 87–90. Consultado em 24 de fevereiro de 2021
- ↑ Sasso., Garcia, Patricia Petromilli Nordi. Educacao e motivacao. I. Impacto de um programa preventivo com enfase na educacao de habitos de higiene oral. [S.l.: s.n.] OCLC 69908381
- ↑ Couto, José Luiz do; Couto, Rosemary da Silveira; Duarte, Cesário Antonio (1992). «Motivação do paciente: avaliação dos recursos didáticos de motivação utilizados para a prevenção da cárie e doença periodontal». RGO (Porto Alegre): 143–50. Consultado em 24 de fevereiro de 2021
- ↑ MIALHE, Fábio Luiz (1 de setembro de 2009). «Avaliação dos Jogos e Brinquedos com Temas Odontológicos Disponibilizados no Mercado Nacional». Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada (3): 303–308. ISSN 1519-0501. doi:10.4034/1519.0501.2009.0093.0009. Consultado em 24 de fevereiro de 2021
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- ↑ Pitts, Nigel B.; Zero, Domenick T.; Marsh, Phil D.; Ekstrand, Kim; Weintraub, Jane A.; Ramos-Gomez, Francisco; Tagami, Junji; Twetman, Svante; Tsakos, Georgios (25 de maio de 2017). «Dental caries». Nature Reviews Disease Primers (em inglês) (1): 1–16. ISSN 2056-676X. doi:10.1038/nrdp.2017.30. Consultado em 2 de março de 2021
- ↑ Marsh, P. D. (1 de fevereiro de 2003). «Are dental diseases examples of ecological catastrophes?». Microbiology (2): 279–294. ISSN 1350-0872. doi:10.1099/mic.0.26082-0. Consultado em 2 de março de 2021
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