Polyporales é uma ordem de fungos do filo Basidiomycota. Esta ordem inclui alguns poliporos (mas não todos) bem como muitos fungos corticioides e alguns agáricos (sobretudo do género Lentinus). As espécies desta ordem são saprófitas, na sua maioria fungos lignolíticos. As espécies com relevância económica incluem vários patógenos de espécies florestais e ornamentais e umas quantas espécies que causam danos por apodrecerem madeira estrutural. Algumas espécies de Polyporales são cultivadas e comercializadas para consumo humano ou para uso na medicina tradicional chinesa.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPolyporales
Classificação científica
Reino: Fungi
Filo: Basidiomycota
Classe: Agaricomycetes
Ordem: Polyporales
Gäum. (1926)
Famílias
Sinónimos[4]
  • Aphyllophorales Rea[2]
  • Coriolales Jülich (1981)
  • Fomitopsidales Jülich (1981)
  • Ganodermatales Jülich (1981)
  • Grifolales Jülich (1981)
  • Perenniporiales Jülich (1981)
  • Phaeolales Jülich (1981)
  • Poriales Locquin (1981)
  • Trametales Boidin, Mugnier & Canales (1998)[3]

Taxonomia

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História

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Esta ordem foi originalmente proposta em 1926 pelo micologista alemão Ernst Albert Gäumann para acomodar espécies do filo Basidiomycota que produzem basidiocarpos que têm um modo de desenvolvimento gimnocárpico (formam a superfície portadora de esporos externamente). Como tal, a ordem incluía dez famílias, Brachybasidiaceae, Corticiaceae, Clavariaceae, Cyphellaceae, Dictyolaceae, Fistulinaceae, Polyporaceae, Radulaceae, Tulasnellaceae, e Vuilleminiaceae, representada uma mistura de fungos poroides, corticioides, cifeloides e clavarioides.[5]

A ordem não foi adoptada por muitos dos contemporâneos de Gäumann, a maioria dos micologistas e trabalhos de referência preferiam usar uma ordem artificial e mais abrangente, Aphyllophorales, para os poliporos e outros fungos não lamelados. Quando se fez uma tentativa de de introdução de uma classificação dos fungos mais natural baseada na morfologia nas décadas de 1980 e 1990, esta ordem foi uma vez mais esquecida. Um trabalho de referência de 1995 colocava a maioria dos poliporos e fungos corticioides em Ganodermatales, Poriales, e Stereales.[6]

Situação actual

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Pesquisas moleculares, baseadas na análise cladística de sequências de ADN, ressuscitaram e redefiniram Polyporales (também conhecida como clade poliporoide).[7][8][9][10] Muito embora ainda estejam por resolver os limites exactos da ordem e das famílias que a constituem, o grupo nuclear dos poliporos mantém-se na família Polyporaceae, com espécies adicionais em Fomitopsidaceae e Meripilaceae. Inclui também poliporos em Ganodermataceae, antes classificados numa ordem separada, Ganodermatales, com base na morfologia distinta dos seus basidiósporos. Os fungos corticioides de Cystostereaceae, Meruliaceae, Phanerochaetaceae, e Xenasmataceae estão também incluídos, bem como os fungos "couve-flor" de Sparassidaceae.[11] A família Steccherinaceae foi redefinida em 2012 para conter a maioria das espécies dos géneros poroides e hidnoides Antrodiella, Junghuhnia, e Steccherinum, bem como membros de outros 12 géneros hidnoides e poroides tradicionalmente incluídos nas famílias Phanerochaetaceae, Polyporaceae, e Meruliaceae.[12] Foram adicionados vários géneros novos a Steccherinaceae em 2016.[13]

Habitat e distribuição

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Trata-se de uma ordem cosmopolita e contém cerca de 1800 espécies de fungos.[9] Todas as espécies de Polyporales são saprófitas, na sua maioria decompositores de madeira, pelo que são tipicamente encontrados em árvores vivas ou moribundas ou em madeira morta. As espécies de Polyporales causadoras de podridão branca são degradadores eficientes do polímero lenhina, e são um componente importante do ciclo do carbono.[10]

Importância económica

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Muitos dos fungos decompositores de madeira dos géneros Fomes, Fomitopsis e Ganoderma são patogénicos, afectando raízes e partes baixas do tronco de árvores vivas provocando perdas em plantaçõs silvícolas. Algumas espécies, como o fungo das minas Fibroporia vaillantii, pode apodrecer e danificar madeira estrutural.[14] Algumas espécies de Polyporales, notavelmente Ganoderma lucidum (ling-zhi), Grifola frondosa (maitake),[15] Taiwanofungus camphoratus (niú zhāng zhī),[16] e Trametes versicolor (yun-zhi),[17] são cultivados comercialmente e usados na medicina tradicional chinesa.

Géneros Incertae sedis

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Existem vários géneros classificados em Polyporales que, por razões várias, não foram classificados em nenhuma família específica. Alguns são pouco conhecidos e/ou não foram incluídos nos estudos de ADN filogenéticos, ou se o foram, não se demonstrou claramente a sua afinidade com qualquer das famílias já nomeadas (em alguns casos haverá que criar uma nova família e não tanto esclarecer a sua posição taxonómica). Entre eles incluem-se:

Referências

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  1. Zhao CL, Cui BK, Song J, Dai YC (agosto de 2014). «Fragiliporiaceae, a new family of Polyporales (Basidiomycota)». Fungal Diversity. doi:10.1007/s13225-014-0299-0 
  2. Rea, Carleton (1922). British Basidiomycetae: A Handbook to the Larger British Fungi. Cambridge, UK: Cambridge University Press. p. 574 
  3. Boidin, J.; Mugnier, J.; Canales, R. (1998). «Taxonomie moleculaire des Aphyllophorales». Mycotaxon (em francês). 66: 445–491 (see p. 487) 
  4. «Trametales Boidin». MycoBank. International Mycological Association. Consultado em 16 de outubro de 2016 
  5. Gäumann, E. (1926). Vergleichende Morphologie der Pilze. Jena: Gustav Fischer 
  6. Hawksworth DL, Kirk PM, Sutton BC, Pegler DN. (eds) (1995). Dictionary of the Fungi. 8th Ed. Wallingford, Oxford: CABI. ISBN 0-85198-885-7 
  7. Hibbett DS. (2006). «A phylogenetic overview of the Agaricomycotina». Mycologia. 98: 917–925. doi:10.3852/mycologia.98.6.917  http://www1.univap.br/drauzio/index_arquivos/Myco09.pdf Arquivado em 6 de julho de 2011, no Wayback Machine.
  8. Binder M, et al. (2005). «The phylogenetic distribution of resupinate forms across the major clades of mushroom-forming fungi (Homobasidiomycetes)». Systematics and Biodiversity'. 3: 113–157. doi:10.1017/s1477200005001623 
  9. a b Sjökvist E, Larsson E, Larsson KH (2009). «A multi-locus phylogeny of the Polyporales (abstract)». Abstract Book, Botany & Mycology, Snowbird, Utah, July 25–29, 2009  http://swepub.kb.se/bib/swepub:oai:services.scigloo.org:112581?tab2=abs&language=en Arquivado em 17 de agosto de 2016, no Wayback Machine.
  10. a b Binder, Manfred; Justo, Alfredo; Riley, Robert; Salamov, Asaf; Lopez-Giraldez, Francesc; Sjökvist, Elisabet; Copeland, Alex; Foster, Brian; Sun, Hui; Larsson, Ellen; Larsson, Karl-Henrik; Townsend, Jeffrey; Grigoriev, Igor V.; Hibbett, David S. (2013). «Phylogenetic and phylogenomic overview of the Polyporales». Mycologia. 105 (6): 1350–1373. PMID 23935031. doi:10.3852/13-003 
  11. http://www.indexfungorum.org/Names/Names.asp
  12. Miettinen, Otto; Larsson, Ellen; Sjökvist, Elisabet; Larsson, Karl-Henrik (2012). «Comprehensive taxon sampling reveals unaccounted diversity and morphological plasticity in a group of dimitic polypores (Polyporales, Basidiomycota)» (PDF). Cladistics. 28: 251–270. doi:10.1111/j.1096-0031.2011.00380.x 
  13. Miettinen, Otto; Ryvarden, Leif (2016). «Polypore genera Antella, Austeria, Butyrea, Citripora, Metuloidea and Trulla (Steccherinaceae, Polyporales)». Annales Botanici Fennici. 53 (3–4): 157–172. doi:10.5735/085.053.0403 
  14. Reinprecht, Ladislav (2016). Wood Deterioration, Protection and Maintenance. [S.l.]: Wiley. p. 147. ISBN 978-1-119-10651-7 
  15. Ulbricht, C.; Weissner, W.; Basch, E.; Giese, N.; Hammerness, P.; Rusie-Seamon, E.; Varghese, M.; Woods, J. (2009). «Maitake mushroom (Grifola frondosa): systematic review by the natural standard research collaboration». J Soc Integr Oncol. 7 (2): 66–72. PMID 19476741 
  16. Lee, Kuo-Hsiung; Morris-Natschke, Susan L.; Yang, Xiaoming; Huang, Rong; Zhou, Ting; Wu, Shou-Fan; Shi, Qian; Itokawa, Hideji (2012). «Recent progress of research on medicinal mushrooms, foods, and other herbal products used in traditional Chinese medicine». Journal of Traditional and Complementary Medicine. 2 (2): 84–95. PMC 3942920 . PMID 24716120 
  17. Slaven, Zjalic; Adele, Fabbri Anna; Alessandra, Ricelli; Corrado, Fanelli; Massimo, Reverberi (2008). «Medicinal mushrooms». In: Ray, Ramesh C.; Ward, Owen P. Microbial Biotechnology in Horticulture. [S.l.]: CRC Press. p. 308. ISBN 978-1-57808-520-0 
  18. Hjortstam K, Ryvarden L (2005). «New taxa and new combinations in tropical corticioid fungi, (Basidiomycotina, Aphyllophorales)». 20: 33–41 
  19. Jülich W. (1980). «Notulae et novitates Muluenses». Botanical Journal of the Linnean Society. 81: 43–6. doi:10.1111/j.1095-8339.1980.tb00940.x 
  20. Hjortstam K, Ryvarden L (2004). «Some new tropical genera and species of corticioid fungi (Basidiomycotina, Aphyllophorales)». Synopsis Fungorum. 18: 20–32 
  21. Ryvarden L. (1987). «New and noteworthy polypores from tropical America». Mycotaxon. 28 (2): 525–41 (see p. 532) 
  22. a b Miettinen, O.; Rajchenberg, M. (2012). «Obba and Sebipora, new polypore genera related to Cinereomyces and Gelatoporia (Polyporales, Basidiomycota)». Mycological Progress. 11 (1): 131–147. doi:10.1007/s11557-010-0736-8 
  23. Dhingra, G.S.; Singh, Avneet P. (2008). «Validation of Repetobasidiopsis and Trimitiella (Basidiomycetes)». Mycotaxon. 105: 421–422 
  24. Wu SH, Yu ZH, Dai YC, Chen CT, Su CH, Chen LC, Hsu WC, Hwang GY (2004). «Taiwanofungus, a polypore new genus». Fungal Science (em chinês). 19 (3–4): 109–16 
 
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