Povos zapotecas

Grupo étnico
 Nota: Este artigo é sobre grupo étnico atual. Se procura pela civilização pré-hispânica que ergueram, veja Civilização zapoteca. Se procura pela língua zapotecana falada por eles, veja Língua zapoteca.

Os zapotecas são um povo nativo do sul do México que, a partir do século IV, ocupou a região do México situada entre o istmo de Tehuantepec e Acapulco, fixando-se posteriormente em Oaxaca. Actualmente as línguas zapotecas constituem uma família de 15 línguas diferentes que se encontram em perigo de cair em desuso. Na época pré-colombiana foram uma das mais importantes civilizações mesoamericanas.

Zapotecas
Binni záa
Muxes zapotecas posam para foto (2016)
Localização da civilização zapoteca pré-hispânica
População total

c. 500 000[a]

Regiões com população significativa
 México 474 298 [1]
       Oaxaca 459 169
       Veracruz 11 616
       Sinaloa 3 402
       Baixa Califórnia 485
 Estados Unidos 19 600 [b]
       Califórnia 15 900
       Oregon 1 800
       Texas 1 400
       Carolina do Norte 500
Línguas
Línguas zapotecas, espanhol, inglês
Religiões
Catolicismo romano sincrético com elementos tradicionais
Grupos étnicos relacionados
Mixtecos, chatinos

História

editar

Origens

editar

Pouco se sabe sobre a origem dos zapotecas. Ao contrário da maioria dos povos indígenas da Mesoamérica, os zapotecas não tinham nenhuma tradição ou lenda sobre a sua migração, exceptuando a crença de que nasceram directamente das rochas, árvores e jaguares.

As provas arqueológicas indicam que esta cultura terá aparecido há cerca de 2500 anos. Cerca do ano 800 a.C., durante o período pré-clássico, os zapotecas estabeleceram-se nos vales centrais do actual estado de Oaxaca. Assim, enquanto Teotihuacan florescia no centro do México e as cidades maias no sudeste, Monte Albán, centro cerimonial construído no alto de uma colina, era a cidade mais importante da região de Oaxaca.

Os primeiros zapotecas eram sedentários, vivendo em povoados agrícolas. Adoravam um conjunto de deuses dos quais se destaca o deus da chuva, Cocijo, representado por um símbolo da fertilidade que combinava os símbolos da terra-jaguar e do céu-serpente, símbolos comuns nas culturas mesoamericanas. Os rituais religiosos, que por vezes incluíam sacrifícios humanos, eram regulados por uma hierarquia sacerdotal. Os zapotecas adoravam os seus antepassados e, crendo num mundo paradisíaco, desenvolveram o culto dos mortos. Um dos seus grandes centros religiosos era Mitla. A magnífica cidade de Monte Albán foi sede de uma civilização bastante desenvolvida, possivelmente há mais de 2000 anos.

Desenvolvimento cultural

editar

São muitos e variados os achados arqueológicos na antiga cidade de Monte Albán; edifícios, estádios de jogo da bola, túmulos magníficos e mercadorias valiosas, incluindo joalharia em ouro finamente trabalhada. Monte Albán foi a primeira grande cidade do hemisfério ocidental e centro de um estado zapoteca que dominou grande parte do que é hoje o estado de Oaxaca.

Os zapotecas desenvolveram uma agricultura muito variada e para ter boas colheitas rendiam culto ao sol, à chuva, à terra e ao milho.

As mulheres e os homens do povo, que viviam nas aldeias, estavam obrigados a entregar como tributo milho, perus, mel e feijão. Para além de agricultores os zapotecas destacaram-se como tecelões e oleiros. São famosas as urnas funerárias zapotecas, vasilhas de barro colocadas sobre os túmulos. Os zapotecas, juntamente com os maias, foram um dos povos mesoamericanos que desenvolveu um completo sistema de escrita. Através de hieróglifos e outros símbolos gravados em pedra ou pintados nos edifícios e túmulos, combinaram a representação de ideias e sons.

Decadência

editar

Monte Albán dominou os vales até finais do período clássico e, como outras cidades mesoamericanas, perdeu o seu esplendor entre os anos 700 e 1200. No entanto, a cultura zapoteca permaneceria nos vales de Oaxaca, Tabasco e Veracruz.

Vindos do norte, os mixtecas tomaram o lugar dos zapotecas em Monte Albán e Tikal e mais tarde em Mitla. Em meados do século XV, os zapotecas e os mixtecas lutaram para evitar o controlo dos astecas sobre as rotas comerciais em direcção a Chiapas, Veracruz e Guatemala. Sob o comando do rei Cosijoeza, os zapotecas aguentaram um longo sítio na montanha rochosa de Giengola, mantendo o controlo sobre Tehuantepec bem como a autonomia política, através de uma aliança com os astecas até à chegada dos espanhóis.

Actualidade

editar
 
Benito Juárez (1806-1872).

Actualmente, os zapotecas dividem-se em dois grupos principais; o maior situa-se nos vales a sul da serra de Oaxaca e outro no sul do Istmo de Tehuantepec; existem ainda pequenos povoados em Veracruz, Guerrero e Chiapas. Todos juntos estes grupos totalizam cerca de 400 000 pessoas. Apesar de convertidos ao catolicismo, sobrevivem ainda algumas das suas práticas ancestrais, como o enterro dos mortos com dinheiro. Do ponto de vista linguístico o zapoteca, faz parte da família de línguas de Oaxaca, estando entre as línguas indígenas do México com maior número de falantes.

O zapoteca mais famoso da era moderna foi o antigo presidente do México Benito Juárez.

Ligações externas

editar

Notas e referências

Notas

  1. O somatório dos dados de 2019 do Sistema de Información Cultural dos dados de populações mexicanas com a estimativa 2023 para as populações estadunidenses de Joshua Project é de 493 898
  2. Somatório de cada subgrupo dentro do cluster no mapeamento de Joshua Project[2]

Referências

  1. «Zapotecos (del Itsmo, Valles centrales y Sierra Norte)». Secretaría de Cultura/Sistema de Información Cultural (em espanhol). Consultado em 8 de março de 2023 
  2. «Zapoteco People Cluster | Joshua Project». joshuaproject.net. Consultado em 8 de março de 2023 
 
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Povos zapotecas
  • H. Augur, Zapotec (1954);
  • M. Kearney, The Winds of Ixtepeji (1972);
  • B. Chinas, The Isthmus Zapotecs (1973).