Campanha dácia de Domiciano
Campanha dácia de Domiciano foi um conflito entre o Império Romano e o Reino da Dácia, que havia invadido a província da Mésia. A guerra aconteceu durante o reinado do imperador Domiciano entre 86 e 88.
Campanha dácia de Domiciano | |||
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Guerras Dácias | |||
Mapa da Fronteira da Dácia. Em azul, as ações antes da Campanha dácia de Trajano no século II. | |||
Data | 86 – 88 | ||
Local | Mésia, Dácia | ||
Desfecho | Inconclusivo; tratado de paz entre romanos e dácios | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Baixas | |||
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Invasão Dácia (86)
editarNo final de 85 ou, mais provavelmente, início de 86,[1] o rei dácio Duras ordenou que seus exércitos atacassem a província romana da Mésia, ao sul do Danúbio. Suas forças eram lideradas por Diurpaneu, geralmente citado como sendo a mesma pessoa que seria depois conhecida como Decébalo e reinaria a Dácia, embora esta hipótese tenha origens obscuras e problemáticas.[2] Aparentemente os romanos foram pegos de surpresa, pois o governador Ópio Sabino e uma legião, possivelmente a V Alaudae, foram aniquilados.[1]
Depois da agressão, o imperador Domiciano, acompanhado por Cornélio Fusco, prefeito da Guarda Pretoriana, foram para a Mésia, reorganizaram a província em Mésia Inferior e Mésia Superior, e começaram a planejar a campanha na Dácia. Para substituir a legião perdida e reforçar o exército romano na região, a IIII Flavia, da Dalmácia, e duas outras legiões, a I Adiutrix e a II Adiutrix, das províncias ocidentais, foram ao encontro do imperador. A região de Sirmio foi anexada à Mésia Superior para permitir uma base única de operações para a ameaçada Fronteira da Dácia (em latim: Limes dacicus).[1]
Os historiadores não chegaram a um consenso sobre o o que aconteceu em seguida. A. Mócsy sugere que, depois de entregar o comando a Fusco, que expulsou os invasores da província, Domiciano voltou para Roma.[3] Segundo E. T. Salmon e M. Bunson, porém, Domiciano teria liderado pessoalmente as operações e teria voltado para Roma depois para celebrar um triunfo duplo.[4][5]
Derrota de Cornélio Fusco
editarAinda em 86, animado pelo sucesso inicial, Fusco cruzou o Danúbio e invadiu a Dácia. Porém, seu exército foi emboscado e destruído; Fusco morreu nesta batalha[3] Segundo E.T. Salmon e outros historiadores, esta teria sido a batalha na qual a V Alaudae foi aniquilada.[6] Seja como for, foi depois da Campanha dácia de Domiciano que ela desapareceu dos registros.[4] Esta batalha é conhecida como Primeira Batalha de Tapas (em latim: Tapae).
Depois desta vitória, Diurpaneu teria recebido o nome de Decébalo ("forte como dez selvagens").[7]
Paz
editarDepois desta batalha, o curso dos eventos é incerto e não foi ainda possível realizar uma reconstrução cronológica satisfatória. Suetônio menciona que houve "diversas batalhas com resultados variados" contra os dácios.[8] Lúcio Antônio Saturnino, comandante do exército na fronteira da Germânia, se revoltou[5] e jáziges, marcomanos e quados se recusaram a fornecer tropas para a campanha de Domiciano, que assassinou seus emissários e os atacou antes de partir para a fronteira do Reno. Ele foi forçado a retornar para a Panônia depois de uma derrota romana. Todos estes problemas simultâneos interromperam a campanha na Dácia e Decébalo, já rei dos dácios, propôs a paz, enviando seu irmão, Diegis, como seu representante plenipotenciário.[9] Sob os termos do tratado, Decébalo devolveu os prisioneiros de guerra que havia feito e recebeu emprestado alguns engenheiros romanos, que o ajudaram a construir fortificações defensivas. Os romanos ficaram obrigados a pagar um subsídio anual de 8 milhões de sestércios[10] e Decébalo foi reconhecido como rei cliente de Roma.[11]
Consequências
editarPelo resto do reinado de Domiciano, a Dácia permaneceu como um reino cliente relativamente pacífico, mas Decébalo utilizou o dinheiro romano para reforçar suas defesas.[12] Domiciano provavelmente desejava reiniciar a guerra e reforçou a Mésia Superior com mais duas alas da cavalaria vindas da Síria e com pelo menos cinco coortes da Panônia. Trajano continuou a política de Domiciano e acrescentou mais duas unidades auxiliares à região e aproveitou-se destas tropas em sua própria campanha contra os dácios[13][14]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c Mócsy (1974), p82.
- ↑ Bury (1893), p407.
- ↑ a b Mócsy (1974), p83.
- ↑ a b Salmon (1944), p248.
- ↑ a b Bunson (1994), p181.
- ↑ Jones (1992), p141.
- ↑ Grumeza (2009), pp 163-164
- ↑ Suetônio. «Os Doze Césares» 🔗 (em inglês)
- ↑ Mócsy (1994), p84.
- ↑ Jones (1992), p150.
- ↑ Salmon (1944), p249.
- ↑ Salmon, Edward Togo (1936). «Trajan's Conquest of Dacia». Johns Hopkins University Press. Transactions and Proceedings of the American Philological Association (em inglês). 67: 83–105. JSTOR 283229. doi:10.2307/283229
- ↑ Knight, D. J. (1991). «The Movements of the Auxilia from Augustus to Hadrian». Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik (em inglês). 85: 189–208
- ↑ Matei-Popescu, Florian (2006–2007). «The Auxiliary Units from Moesia Superior in Domitian's Time and the Problem of CIL XVI 41». Ephemeris Napocensis (em inglês). 16-17: 31–48
Bibliografia
editar- Bunson, Matthew (1994), Encyclopedia Of The Roman Empire, Infobase Publishing, 2002 (em inglês)
- Bury, J. B. (1893), A History of the Roman Empire from its Foundation (em inglês)
- Grumeza, Ion (2009), Dacia: Land Of Transylvania, Cornerstone Of Ancient Eastern Europe, University Press of America, 2009 (em inglês)
- Jones, Brian W. (1992), The Emperor Domitian, Routledge. (em inglês)
- Mócsy, András (1974) Pannonia and Upper Moesia, Routledge, 1974
- Salmon, E. T. (1944), A History of the Roman World from 30 B.C. to A.D. 138, Routledge, 1990
- Griffin, Miriam (2000). «The Flavians». The Cambridge Ancient History. XI 2 ed. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 1–83
- Jones, Brian W. (1992). The Emperor Domitian. [S.l.]: Routledge
- MacKendrick, Paul Lachlan (1975). The Dacian Stones Speak. [S.l.]: The University of North Carolina Press
- Mattern, Susan P. (1999). Rome and the Enemy: Imperial Strategy in the Principate. [S.l.]: University of California Press