Progressista exceto pela Palestina

Progressista exceto pela Palestina (também conhecido como PEP) é uma expressão que se refere a indivíduos ou organizações que se descrevem politicamente como progressistas, liberais ou de esquerda, mas que não expressam sentimentos pró-palestinos ou não comentam sobre o conflito israelense-palestino. Os defensores dos direitos palestinos consideram o PEP um tipo de hipocrisia política e um exemplo de antipalestinismo, enquanto os críticos da expressão a consideram uma difamação contra Israel ou contra a esquerda pró-Israel.

Contexto

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A jornalista norte-americana Ruqaiyah Zarook afirma que, embora o uso da expressão seja recente, o fenômeno pode existe há décadas, de acordo com registros dos críticos de sionistas de esquerda. Ela cita os esquerdistas franceses Jean-Paul Sartre e Michel Foucault como os primeiros exemplos do fenômeno PEP, observando sua falta de simpatia pública pelos palestinos; e o acadêmico palestino Edward Said como um dos primeiros críticos do silêncio de Sartre sobre a Palestina.[1] Zarook lista vários políticos progressistas norte-americanos como exemplos de PEP: Ayanna Pressley e Ro Khanna por serem anti-BDS ao votarem contra a Resolução 246 da Câmara, Alexandria Ocasio-Cortez por ser insuficientemente pró-Palestina, Tulsi Gabbard por ficar em silêncio sobre o bombardeio de Gaza por Israel, Beto O'Rourke por ser muito pró-Israel e Kamala Harris por insistir que Israel cumpre os padrões internacionais de direitos humanos.[1]

Em setembro de 2022, a congressista Rashida Tlaib, que é filha de imigrantes palestinos, escreveu em um fórum online: "Quero que todos saibam que, entre os progressistas, ficou claro que não é possível alegar ter valores progressistas e, ainda assim, apoiar o governo de apartheid de Israel. Continuaremos a resistir e a não aceitar que vocês sejam progressistas, exceto em relação à Palestina". Vários políticos democratas e líderes judeus criticaram a posição, alguns deles descrevendo o comentário como antissemita.[2]

Respostas

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Philip Mendes, professor da Universidade Monash, criticou a frase como sendo uma palavra da moda e uma piada que demoniza o Estado de Israel.[3] Andrew E. Harrod, escrevendo para o jornal The Detroit Jewish News, rejeitou o termo como "propaganda anti-Israel" e "ódio a Israel" que está enraizado em mentiras sobre o estado israelense.[4]

David Bernstein, no The Washington Post, afirmou que o PEP se tornou um teste decisivo para a correção política de esquerda, dizendo que os sionistas de esquerda são forçados a escolher entre seu esquerdismo e seu sionismo e que os sionistas judeus de esquerda em particular podem enfrentar acusações de que seu apoio ao sionismo é tribal.[5]

Referências

  1. a b Zarook, Ruqaiyah (9 de junho de 2021). «Jean-Paul Sartre and the Problem of Being "Progressive Except for Palestine"». Current Affairs. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  2. Kampeas, Ron (21 de setembro de 2022). «Rashida Tlaib says progressives cannot support Israel's government, sparking sharp criticism from fellow Democrats». Jewish Telegraphic Agency. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  3. Mendes, Philip (Novembro de 2021). «The jibe 'Progressive except for Palestine (PEP)' is a cynical political strategy to exclude moderate progressives from debates on resolving the Israeli-Palestine conflict». Fathom Journal. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  4. E. Harrod, Andrew (24 de março de 2021). «Commentary: 'Progressive Except for Palestine'». Detroit Jewish News. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  5. Bernstein, David (22 de agosto de 2014). «Two reasons the 'I can't be a Zionist because I'm a liberal' meme is false». Washington Post. Consultado em 18 de outubro de 2022 

Ver também

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