Protestos de dezembro de 2016 na República Democrática do Congo
Os protestos de dezembro de 2016 na República Democrática do Congo começaram quando o presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, anunciou que não deixaria o cargo apesar do fim de seu mandato constitucional. Manifestações eclodiram posteriormente em todo o país, que nunca teve uma transferência pacífica de poder desde que conquistou a independência em 1960. Os protestos foram recebidos com o bloqueio das redes sociais pelo governo e violência das forças de segurança que deixaram dezenas de mortos. Os governos estrangeiros condenaram os ataques contra os manifestantes.
Protestos de dezembro de 2016 na República Democrática do Congo | |||||||||||||
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Ruas de Quinxassa durante os protestos | |||||||||||||
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Participantes do conflito | |||||||||||||
Oposição:
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Governo: | ||||||||||||
Líderes | |||||||||||||
Liderança não centralizada | Joseph Kabila (Presidente do Congo) Nzanga Mobutu Antoine Gizenga Pierre Syakasighe André-Philippe Futa Olivier Kamitatu Etsu | ||||||||||||
Feridos: dezenas
Mortes: 40[3] Detenções: 460[3] |
Contexto
editarEventos
editarEm 14 de dezembro, 42 pessoas foram presas em Goma, de acordo com a Human Rights Watch.[4] Enquanto isso, um protesto anti-Kabila foi realizado do lado de fora da Universidade de Quinxassa.[4]
Em 20 de dezembro, as forças de segurança mataram dezenove civis em Quinxassa, seis civis em Boma, quatro civis em Matadi e cinco civis em Lubumbashi.[1] Os manifestantes seguraram cartões vermelhos [5] e assopravam apitos significando o fim do mandato de Kabila e desejo de que ele deixasse o poder.[6] Os manifestantes em Quinxassa foram atacados pelas forças de segurança com gás lacrimogêneo, canhões de água e munição real.[5] Segundo as Nações Unidas, pelo menos 113 pessoas foram presas entre os dias 17 e 19.[7]
Em 21 de dezembro, protestos na segunda maior cidade do país, Lubumbashi, deixaram dez manifestantes mortos e 47 feridos, segundo uma ONG local.[8] Outros protestos em cidades de todo o país deixaram um total de pelo menos 26 mortos durante o dia, de acordo com a Human Rights Watch, que disse que militares e policiais foram mobilizados em Lubumbashi e Quinxassa.[7] O governo relatou apenas nove mortes,[7] enquanto afirmava que a polícia havia prendido 275 pessoas.[8]
Resultado
editarA Igreja Católica na República Democrática do Congo mediou as negociações entre membros da oposição política do país e o governo.[8][9]
Em 23 de dezembro, foi proposto um acordo entre o principal grupo de oposição e o governo liderado por Kabila, segundo o qual este último concordou em não alterar a constituição e deixar o cargo antes do final de 2017.[2] Sob o compromisso, o líder da oposição Étienne Tshisekedi supervisionaria a implementação do acordo e o primeiro-ministro do país seria nomeado pela oposição.[2]
No final de janeiro, a Conferência dos Bispos Católicos do Congo (CENCO) anunciou que o acordo de 31 de dezembro estava em risco de colapso, já que o regime de Kabila e a oposição discordavam sobre as nomeações para o conselho de monitoramento eleitoral e cargos ministeriais.[10]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b «Congo Violence (Map)». Thompson Reuters (em inglês). 22 de dezembro de 2016. Cópia arquivada em 23 de dezembro de 2016
- ↑ a b c «Opposition says Congo politicians agree Kabila transition deal». Reuters (em inglês). 23 de dezembro de 2016
- ↑ a b «Congo forces killed 40, arrested 460 in Kabila protests - U.N». Reuters. 23 de dezembro de 2016
- ↑ a b Burke, Jason (19 de dezembro de 2016). «Congo on a knife-edge as opposition leader calls for Kabila to step down». The Guardian
- ↑ a b «Protests erupt in Kinshasa as Kabila's mandate expires». CCTV Africa (em inglês). 20 de dezembro de 2016
- ↑ «At least 20 killed in Congo protests - BBC News». BBC News (em inglês). 21 de dezembro de 2016
- ↑ a b c «Congo A 'Powder Keg' As Security Forces Crack Down On Whistling Demonstrators». NPR. 21 de dezembro de 2016
- ↑ a b c Almost 300 arrested as anti-president protests subside in Congo, Reuters, 21 de dezembro de 2016.
- ↑ Burke, Jason (20 de dezembro de 2016). «'20 dead' in DRC protests after president's term expires». The Guardian
- ↑ «Congo's Catholic church warns Kabila deal risks falling apart». Reuters (em inglês). 23 de janeiro de 2017