Proteu (satélite)
Proteu, também conhecido como Netuno VIII, é o segundo maior satélite natural de Netuno. Descoberto pela sonda Voyager 2 em 1989, tomou o nome de Proteu, o deus do mar que mudava de forma na mitologia grega. Proteu orbita Netuno em uma órbita prógrada quase equatorial e quase circular a uma distância de cerca de 117 500 km do planeta.
Proteu | |
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Satélite Netuno VIII | |
Fotografia da sonda Voyager 2 (1989). | |
Características orbitais [1] | |
Semieixo maior | 117 647 ± 1 km |
Periastro | 117 584 ± 10 km |
Apoastro | 117 709 ± 10 km |
Excentricidade | 0,00053 ± 0,00009 |
Período orbital | 1,12231 d (0,003073 a) |
Velocidade orbital média | 7,623 km/s |
Inclinação | 0,524° (com equador de Netuno) ° |
Características físicas | |
Dimensões | 424 × 390 × 396 km[2] |
Diâmetro médio | 420 ± 14 km[3] |
Área da superfície | 2,195 × 1012 km² |
Volume | (3,4 ± 0,4) × 107[2] km³ |
Massa | 4,4 × 1019[2] kg |
Densidade média | (estimada) 1,3[3] g/cm³ |
Gravidade superficial | 0,07 m/s2 |
Período de rotação | rotação sincronizada[2] |
Velocidade de escape | 0,17 km/s |
Inclinação axial | zero[2] |
Albedo | 0,096[3][4] |
Temperatura | média: -222 ºC |
Magnitude aparente | 19,7[3] |
Apesar de ser um corpo predominantemente de gelo com mais de 400 km de diâmetro, Proteu apresenta grandes desvios da forma elipsoide. É a maior lua não-esférica do Sistema Solar.[5] Possui forma mais parecida com um poliedro irregular com várias partes levemente côncavas e relevo de até 20 km de altura. Sua superfície é escura, de cor neutra e possui muitas crateras. A maior cratera é Faros, com mais de 230 km de diâmetro. Existem ainda várias escarpas, sulcos e vales relacionados a grandes crateras.
Descoberta e órbita
editarProteu foi descoberto a partir de imagens tiradas pela sonda Voyager 2 dois meses antes de seu sobrevoo em Netuno em agosto de 1989. Recebeu a designação provisória S/1989 N 1.[6] Stephen P. Synnott e Bradford A. Smith anunciaram sua descoberta em 7 de julho de 1989, na Circular IAU 4806, falando em "17 imagens tiradas ao longo de 21 dias", o que dá uma data de descoberta algum tempo antes de 16 de junho.[7]
Em 16 setembro de 1991 S/1989 N 1 recebeu o nome Proteu,[8] uma deidade marinha que muda de forma na mitologia grega.
Proteu orbita Netuno a uma distância de aproximadamente 4,75 vezes o raio equatorial do planeta (117 647 km) com um período orbital de 1,12231 dias. Sua órbita é praticamente circular e está inclinada em cerca de 0,5° em relação ao equador do planeta.[1] Proteu possui órbita prógrada e é o maior dos satélites regulares de Netuno. Sua rotação é sincronizada com o movimento orbital, o que significa que uma face sempre está voltada ao planeta.[2]
Características físicas
editarProteu é a segunda maior lua de Netuno, menor apenas que Tritão. Tem cerca de 420 quilômetros de diâmetro, sendo maior que Nereida, a segunda lua a ser descoberta. Não foi descoberto por telescópios na Terra porque está perto demais de Netuno para ser distinguido no brilho intenso de luz solar refletida.[6] A superfície de Proteu é bastante escura — seu albedo geométrico é próximo de 10%. A cor de sua superfície é neutra porque a refletividade não muda consideravelmente com com o comprimento de onda de violeta a verde.[6] No infravermelho próximo parte do espectro torna-se menos reflexiva perto de 2 μm, indicando possível presença de compostos orgânicos complexos como hidrocarbonetos ou cianetos. Esses compostos podem ser responsáveis pelo baixo albedo das luas internas de Netuno. Apesar de acreditar-se que Proteu contém quantidades significativas de gelo de água, ele não foi detectado espectroscopicamente na superfície.[9]
O formato de Proteu é próximo de uma esfera de raio 210 km, mas possui grandes desvios da forma esférica — de até 20 km; acredita-se que tenha o tamanho máximo que um corpo de sua densidade possa ter sem ser forçado para uma forma esférica devido à sua própria gravidade.[10] A lua de Saturno Mimas possui forma elipsoidal apesar de ter menor massa que Proteu, talvez por causa de temperatura maior perto de Saturno ou aquecimento por marés.[10] Proteu é levemente alongado na direção de Netuno, embora sua forma seja mais próxima de um poliedro irregular do que de um elipsoide. A superfície de Proteu apresenta várias formações planas eu levemente côncavas medindo de 150 a 200 km em diâmetro, que provavelmente são crateras de impacto degradadas.[2]
Proteu é coberto de crateras, não mostrando nenhum sinal de modificação geológica.[6] A maior cratera, Faros, tem um diâmetro entre 230 e 260 km[10] e profundidade de cerca de 10–15 km.[2] Ela possui uma estrutura em forma de cúpula em seu centro com alguns quilômetros de altura.[2] Faros é a única formação superficial nomeada nesta lua: o nome vem do grego e se refere à ilha onde Proteus reinava.[11] O impacto que gerou Faros deve ter quase causado a ruptura da lua; é possível que a lua Hipocampo seja formada por detritos dessa colisão.[12] Além de Faros existem várias outras crateras com 50–100 km de diâmetro e muitas outras com menos de 50 km de diâmetro.[2]
Outros acidentes geográficos achados em Proteus incluem formações linares como escarpas, vales e sulcos. O mais proeminente corre paralelo ao equador até o oeste de Faros. Essas formações provavelmente foram formadas pelos impactos gigantes que formaram Faros e outras grandes crateras ou como resultado de forças de maré de Netuno.[2][10]
Origem
editarProteu, como os outros satélites internos de Netuno, provavelmente não é um dos corpos originais que se formaram junto com o planeta, sendo provavelmente resultado da acreção dos detritos originados da captura de Tritão. A órbita de Tritão durante a captura seria muito excêntrica, e teria causado perturbações nas órbitas dos satélites internos originais de Netuno, causando colisões que os reduziriam a um disco de detritos.[13] Apenas após a estabilização da órbita de Tritão que alguns dos detritos puderam passar por acreção formando as luas atuais.[14]
Descoberta
editarProteus foi descoberto em 1989 pela espaçonave Voyager 2. Isso é incomum, pois uma lua menor, Nereida, foi descoberta 33 anos antes usando um telescópio baseado na Terra. Proteu provavelmente foi esquecido porque é muito escuro e a distância entre a Terra e Netuno é muito grande.
Visão geral
editarProteu é uma das maiores luas conhecidas de Netuno, embora não seja tão grande quanto Tritão. A lua tem uma forma estranha de caixa e se tivesse apenas um pouco mais de massa seria capaz de se transformar em uma esfera. Proteus orbita Netuno a cada 27 horas.
Proteus tem formato irregular e muitas crateras, mas não mostra sinais de modificação geológica. Circulando o planeta na mesma direção em que Netuno gira, Proteu permanece próximo ao plano equatorial de Netuno. Proteus é um dos objetos mais escuros de nosso sistema solar. Como a lua Phoebe de Saturno, Proteu reflete apenas 6% da luz do sol que o atinge.
Ver também
editarReferências
- ↑ a b Jacobson, R. A.; Owen, W. M., Jr (setembro de 2004). «The Orbits of the Inner Neptunian Satellites from Voyager, Earth-based, and Hubble Space Telescope Observations». The Astronomical Journal. 128 (3). pp. 1412–1417. Bibcode:2004AJ....128.1412J. doi:10.1086/423037
- ↑ a b c d e f g h i j k Stooke, Philip J (janeiro de 1994). «The surfaces of Larissa and Proteus». Earth, Moon, and Planets. 65 (1). pp. 31–54. Bibcode:1994EM&P...65...31S. doi:10.1007/BF00572198
- ↑ a b c d «Planetary Satellite Physical Parameters». Jet Propulsion Laboratory. 19 de fevereiro de 2015. Consultado em 14 de novembro de 2015
- ↑ Karkoschka, Erich (abril de 2003). «Sizes, shapes, and albedos of the inner satellites of Neptune». Icarus. 162 (2). pp. 400–407. Bibcode:2003Icar..162..400K. doi:10.1016/S0019-1035(03)00002-2
- ↑ «25 curiosidades sobre as luas do Sistema Solar». super.abril.com.br/
- ↑ a b c d Smith, B. A.; et al. (dezembro de 1989). «Voyager 2 at Neptune: Imaging Science Results». Science. 246. pp. 1422–1449. Bibcode:1989Sci...246.1422S. doi:10.1126/science.246.4936.1422
- ↑ Green, Daniel W. E (7 de julho de 1989). «Circular No. 4806». IUA Central Bureau for Astronomical Telegrams. Consultado em 15 de novembro de 2015
- ↑ Marsden, Brian G (16 de setembro de 1991). «Circular No. 5347». IUA Central Bureau for Astronomical Telegrams. Consultado em 15 de novembro de 2015
- ↑ Dumas, Christophe; Smith, Bradford A.; Terrile, Richard J (agosto de 2003). «Hubble Space Telescope NICMOS Multiband Photometry of Proteus and Puck». The Astronomical Journal. 126 (2). pp. 1080–1085. Bibcode:2003AJ....126.1080D. doi:10.1086/375909
- ↑ a b c d Croft, Steven K (outubro de 1992). «Proteus - Geology, shape, and catastrophic destruction». Icarus. 99 (2). pp. 402–419. Bibcode:1992Icar...99..402C. doi:10.1016/0019-1035(92)90156-2
- ↑ «Proteus: Pharos». Gazetteer of Planetary Nomenclature. USGS Astrogeology. Consultado em 4 de junho de 2010
- ↑ Showalter, M. R.; de Pater, I.; Lissauer, J. J.; French, R. S. (fevereiro de 2019). «The seventh inner moon of Neptune» (PDF). Nature. 566: 350–353. doi:10.1038/s41586-019-0909-9
- ↑ Goldreich, P.; Murray, N.; Longaretti, P. Y.; Banfield, D. (agosto de 1989). «Neptune's story». Science. 245. pp. 500–504. Bibcode:1989Sci...245..500G. doi:10.1126/science.245.4917.500
- ↑ Banfield, Don; Murray, Norm (outubro de 1992). «A dynamical history of the inner Neptunian satellites». Icarus. 99 (2). pp. 390–401. Bibcode:1992Icar...99..390B. doi:10.1016/0019-1035(92)90155-Z