Relatório Link
A neutralidade deste artigo foi questionada. |
Relatório Link foi o nome dado pela imprensa brasileira da época a uma série de quatro cartas, três delas de 1960 e a quarta delas de 1961, que foram escritas pelo geólogo americano Walter K. Link. Como alto funcionário da Petrobrás, contratado pelo então presidente da Petrobrás general Juracy Magalhães, o geólogo americano fez uma série de pesquisas e considerações sobre geologia do petróleo no Brasil.[1] Houve atritos com o presidente Juscelino e com Janary Nunes, presidente da Petrobras. Essas autoridades brasileiras queriam investir na Amazônia como região petrolífera, o que o geólogo desaconselhava comparando os altos gastos de prospecção com o tamanho insuficiente da empresa. Recomendava o aumento dos investimentos na Bahia e em Sergipe, incluindo a plataforma continental. Depois de deixar o Brasil sob críticas, foi redimido por Jesus Soares Pereira e deu entrevista a Lucas Mendes, quando fez questão de enfatizar que suas sondagens limitaram-se à terra, sendo que a pesquisa marítima estava ainda no início, começando a ser utilizada no Golfo do México. Em relação às pesquisas submarinas, estivera na boca do Rio Paraíba e não considerara o material coletado promissor. Sugeriu pesquisas em Abrolhos, mas não sabia se havia sido atendido [2].
Conselhos do geólogo americano em 1960 e 1961
editar- As bacias terrestres brasileiras paleozoicas como Marajó, Acre, Baixo Amazonas, Médio Amazonas, Paraná e Parnaíba não tinham possibilidades petrolíferas mostradas. Elas deviam ser descartadas para novas perfurações, pelo menos por algum tempo.
- O mar, e não a terra, é que seria a nova fonte de petróleo e gás natural do Brasil, no futuro.
- A Petrobrás devia investir na prospecção e produção no exterior, desde que houvesse boas condições políticas e geológicas.
- A bacia terrestre de Sergipe devia ser prospectada nos anos seguintes de 1961 em diante(2).
- Dentre todas as bacias paleozoicas brasileiras, apenas a bacia do Alto Amazonas devia ser prospectada com mais afinco, após aperfeiçoamentos na geofísica. Esta tinha mostrado uma única camada de rochas geradoras de petróleo(3).
Críticas ao relatório Link
editarA imprensa, principalmente a de esquerda da época(1), criticou com as palavras mais duras, as conclusões do iminente geólogo americano Walter Link(1). Disseram que ele era um espião americano(1)(2) e coisas do gênero. A imprensa da época, inclusive, criou o termo "linkista" para designar quem seguisse as idéias de Walter Link sobre o petróleo no Brasil.
Efeitos destas críticas
editarDe 1961 a 1964, a Petrobrás foi colocada a fazer inúmeras perfurações, em áreas que Mr. Link havia colocado como não apropriadas, para novas perfurações(2). Numa época em que um carro novo barato custava menos de US$1 mil e o Brasil produzia menos de 150 mil veículos por ano, a Petrobrás gastou centenas de milhões de dólares em perfurações que nunca produziram petróleo comercial; eram mais para agradar à mídia. Com o Brasil falido e em terrível crise cambial, o regime militar adotou as providências de Mr. Link, a partir de 1964. As perfurações marítimas, que Link pedira antes de 1961, só começaram em 1968. Logo no segundo poço perfurado no mar, o petróleo apareceu(1). Entre março de 1960 e março 1964, a produção de petróleo do Brasil caiu, e, entre março de 1964 e 1969, esta produção mais que dobrou.
O relatório Link, quase 50 anos depois
editarPassados quase 50 anos e muitas perfurações depois, o relatório Link mostrou-se correto{1){2), em todas as suas conclusões:
1-As bacias de Marajó, Acre, Baixo Amazonas, Médio Amazonas, Parnaíba e Paraná nunca tiveram uma só descoberta comercial de petróleo. Entre 1960 e 1964, pressionada por políticos ditos de esquerda(1),(2) e a imprensa(1),(2), a Petrobrás fez centenas de perfurações nestas bacias sedimentares terrestres(1)(2). E nada que tenha a ver com petróleo ou gás natural foi encontrado nelas(1)(2). Sob Paulo Maluf, a Paulipetro fez dúzias de perfurações na bacia do Paraná. Nenhuma descoberta. Em 1988, o então presidente José Sarney foi para a televisão anunciar grandes descobertas de petróleo na ilha de Marajó. Nenhuma gota deste petróleo jamais apareceu. O que mais a imprensa da época criticou nas cartas de Link foi a conclusão de que as bacias paleosóicas brasileiras eram desanimadoras para prospecção de petróleo e gás natural, conclusão esta que se mostrou corretíssima(1)(2).
2-Em 1968,a Petrobrás resolveu{1) aplicar o conselho dado pelo americano Link e iniciar as perfurações no mar. Logo na segunda tentativa encontrou-se petróleo na costa de Sergipe(1). Em 1981, havia mais produção de petróleo brasileiro no mar, que em terra. Hoje mais de 85% da produção e mais de 95% das reservas brasileiras de petróleo são marítimas.
3-Os investimentos de petróleo no exterior da Petrobrás hoje, produzem mais que todos os poços terrestres do Brasil juntos.
4-Seguindo os ensinamento de Link, a Petrobrás descobriu, em 1963, o primeiro campo gigante do Brasil; exatamente em Sergipe. Era o campo de Carmópolis.
5-Em 1978, com a geofísica melhor, a Petrobrás achou petróleo na bacia do Alto Amazonas. Hoje esta é a área terrestre de maior produção de petróleo e gás natural do Brasil. Ainda assim, nem 5% do petróleo brasileiro vem desta bacia, que é a única bacia paleosóica do Brasil que produz ou já produziu petróleo comercialmente.
Relatório Link versus o petróleo do Brasil hoje
editarO núcleo do Relatório Link foi o dito de que as bacias sedimentares paleosóicas brasileiras, gigantes que eram e são, não eram boas possibilidades para se perfurar em busca de petróleo. Apenas a bacia do Alto Solimões ganhou um "C", por conta de uma pequena zona de rochas geradoras. Todas as outras ganharam a classificação "D", sendo consideradas de pouco interesse exploratório. Vamos ver quantas descobertas comerciais de petróleo foram feitas em todas estas bacias, desde então e por sinal, em todos os tempos:
A-Marajó >Zero. B-Baixo Amazonas > Zero. C-Acre >Zero. D-Parnaíba ou Maranhão > Zero. E-Barreirinhas > Zero. F-Paraná > Zero. G-Médio Amazonas > Zero.
Pelos dados, nota-se o acerto dos sábios conselhos de Link. Então presidente da Petrobrás, o general Juracy Magalhães fez uma série de elogios ao geólogo americano Walter K. Link(1).
Referências
- ↑ «Exploração do pré-sal». Diário do Nordeste. 24 de outubro de 2013. Consultado em 25 de dezembro de 2022
- ↑ Cotta, Pery - O Petróleo é nosso? - Guavira Editores - Rio de Janeiro - 1975 - pgs. 128-130
- Outros
- (1)Livro "O último Tenente".Autor:Juracy Magalhães. Editora Record.
- (2)Livro "Um Híbrido Fértil". Autor:Jarbas Passarinho.