Remdesivir

composto químico
Estrutura química de Remdesivir
Remdesivir
Aviso médico
Nome IUPAC (sistemática)
?
Identificadores
CAS 1809249-37-3
ATC Nenhum
PubChem 121304016
DrugBank DB14761
Informação química
Fórmula molecular C27H35N6O8P
Massa molar 602.585 g·mol−1
SMILES CCC(COC(=O)[C@@H](NP(=O)(Oc1ccccc1)OC[C@H]1O[C@@]([C@@H]([C@@H]1O)O)(C#N)c1ccc2n1ncnc2N)C)CC
Farmacocinética
Biodisponibilidade ?
Metabolismo hepático
Meia-vida ?
Excreção ?
Considerações terapêuticas
Administração Intravenosa
DL50 ?

Remdesivir é um antiviral desenvolvido pela companhia biofarmacêutica Gilead Sciences.[1]

O medicamento, da Gilead ,foi desenvolvido para o tratamento da ébola e o vírus de Marburg, mas se mostrou ineficaz para essas infecções virais.[1]

Durante a pandemia de COVID-19 em 2020, o remdesivir foi aprovado ou autorizado o uso de forma condicional para o tratamento da COVID-19 em cerca de 50 países.[2]

Tratamento para a COVID-19

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Aprovação nos Estados Unidos

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Em 2020, o remdesivir começou a ser testado nos Estados Unidos (EU) de forma experimental para o tratamento da covid-19, tendo sido autorizado pela Food and Drug Administration (FDA) em outubro para pacientes pacientes adultos e pediátricos com 12 anos de idade ou mais e pesando pelo menos 40 kg que estivesse hospitalizados em estado grave pela doença.[3][4]

"A aprovação do Veklury [nome comercial nos EU) foi apoiada pela análise da agência de dados de três ensaios clínicos randomizados e controlados que incluíram pacientes hospitalizados com covid-19 leve a grave", anunciou a FDA.

Aprovação no Brasil

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Em 12 de março de 2021, a Anvisa aprovou o uso do medicamento para tratar pessoas que tivessem pneumonia causada pela covid-19, pois, segundo a Agência, ele "impede a replicação do vírus no organismo, diminuindo o processo de infecção".[5][6]

Sua administração é por via intravenosa/injeção.[5]

Ele foi o primeiro tratamento para covid a receber a aprovação da FDA.[4]

Efeitos adversos

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No tratamento para covid-19, os estudos mostraram insuficiência respiratória, biomarcadores sanguíneos que causam danos aos órgaos, incluindo baixos níveis de alumínio, hipocalemia, baixa contagem de células vermelhas, redução do número de plaquetas - que amenizam com a coagulação -, e coloração amarelada da pele. Outros estudos apontaram efeitos colaterais como problemas gastrointestinais, níveis elevados de transaminase (enzimas no fígado), e reações alérgicas.[7]

Outros possíveis efeitos adversos do remdesivir incluem:

  • Aparição de reações alérgicas após a aplicação do remdesivir.[8] Sinais e sintomas típicos de alergia podem incluir: baixa pressão sanguínea, nausea, vômitos, suor, e tremores.[8]
  • Aumento anormal de enzimas no fígado, vistos nos exames de sangue.[8] Os níveis aumentados ficaram evidentes rapidamente nos pacientes que foram tratados com remdesivir, o que pode incluir sinais de inflamação, ou danos nas células do fígado.[8]

A aprovar o medicamento no Brasil, a Anvisa anunciou que "durante os estudos clínicos do produto no Brasil, não foram registrados eventos adversos graves com os voluntários".[5]

Desenvolvimento

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O Remdesivir foi criado e desenvolvido pela Gilead Sciences, sob a direção do cientista Tomáš Cihlář,[9] como parte da pesquisa da Gilead no desenvolvimento de um programa de tratamento para a ébola e o vírus de Marburg. Posteriormente, a Gilead Sciences descobriu que o remdesivir tinha atividade antiviral in-vitro contra vários filovirus, classes específicas de pneumovirus, paramixovírus, e os vírus da família coronavírus.[10][11]

Ébola

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Em Outubro de 2015, o United States Army Medical Research Institute of Infectious Diseases (USAMRIID) fez o anúncio de estudos pré-clínicos que mostraram que o remdesivir conseguiu bloquear o vírus causador da ébola na espécime macaco-rhesus. Travis Warren, que tem sido o investigador principal da USAMRIID desde 2007, disse que "o trabalho tem sido uma colaboração contínua entre a USAMRIID e a Gilead Sciences".[12] A "perspectiva inicial" da "Gilead Sciences compôs toda uma livraria para encontrar moléculas anti-virais", e os experimentos foram realizados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Como resultado desse trabalho, o remdesivir foi recomendado para "continuar em desenvolvimento como um potencial tratamento".[10]

Remdesivir foi rapidamente encaminhado para os experimentos clínicos devido ao surto de ebola na África Ocidental de 2013-2016, sendo utilizado em pessoas com a doença. Os resultados preliminares se demonstraram promissores; foi usado também em casos emergenciais durante o surto de ébola em Kivu, juntamente com outros ensaios clínicos, até Agosto de 2019, quando as autoridades de saúde locais anunciaram que o remdesivir era muito menos efetivo que os tratamentos por anticorpo monoclonal, tal como o mAb114 e REGN-EB3. Ainda sim, os ensaios determinaram que a droga possui um perfil seguro.[10][13][14][15][16][17][18][19]

COVID-19

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Desde Abril de 2020, o remdesivir vinha sendo visto como a droga mais promissora para o tratamento da COVID-19[20] e foi incluída entre os quatro tratamentos em estudo da realização internacional Solidarity Trial, e dos estudos clínicos Europeus. A FDA declarou em 1 de Maio de 2020 que é "plausível acreditar" que os efeitos benéficos do remdesivir superam seus conhecidos efeitos colaterais - em casos específicos de pessoas hospitalizadas em estágio grave de COVID-19.[3]

Em 29 de Abril de 2020, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas anunciou que o remdesivir se mostrou mais eficaz que o placebo, reduzindo o tempo de recuperação em pacientes hospitalizados com um caso grave de COVID-19 com comprometimento dos pulmões.[21] Relatórios anteriores de um estudo clínico randomizado controlado tinha sido publicado antes com erros, e antes da revisão por pares; ela não havia apresentado a eficácia. A Gilead Sciences declarou que em virtude ao pouco interesse, o estudo teve que ser interrompido, ainda mais após um pesquisador não associado declarou que se houvesse algum benefício, o benefício da droga seria pequeno.[22]

Já em Janeiro de 2020, a Gilead começou a testar o remdesivir contra o SARS-CoV-2, garantindo que a droga já havia demonstrado sua eficácia contra a síndrome respiratória aguda grave (SARS), e a síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS) em ensaios com animais.[23][24][25] Em 21 de Janeiro de 2020, o Instituto de Virologia de Wuhan se inscreveu para fazer o uso "patente" da droga, para o tratamento de COVID-19.[26]

Em um ensaio na China realizado entre Fevereiro-Março de 2020, o remdesivir não se demonstrou eficaz na redução do tempo dos pacientes, nem na taxa de letalidade, além de ter causado uma série de efeitos adversos, obrigando os pesquisadores a interromperem com o estudo.[27]

Em Março de 2020, um novo estudo do remdesivir no macaco-rhesus, demonstrou que a droga evita a progressão da doença.[28][29] Em 18 de Março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que trataria de um grupo de pacientes com o remdesivir.[30][31] Outros estudos clínicos estão sendo planejados.[32][33][34][35][36][37][38][39][40][41] O pedido de patente para Veklury afirma que além de 100 mg do ativo remdesivir, 3 ou 6 g de quantidade de sulfobutiléter-beta-ciclodextrina Captisol produzido por Ligand Pharmaceuticals (San Diego, EUA) e Dexolve da CycloLab Cyclodextrin R&D Laboratory Ltd. (Budapeste, Hungria) foram usados como agente solubilizante.[42]

Referências

  1. a b Scavone C, Brusco S, Bertini M, Sportiello L, Rafaniello C, Zoccoli A, et al. (Abril de 2020). «Current pharmacological treatments for COVID-19: what's next? (Em inglês)». British Journal of Pharmacology. PMID 32329520. doi:10.1111/bph.15072 
  2. «U.S. Food and Drug Administration Approves Gilead's Antiviral Veklury (remdesivir) for Treatment of COVID-19». Gilead Sciences, Inc. 22 de outubro de 2020. Consultado em 23 de outubro de 2020 
  3. a b «Remdesivir EUA Letter of Authorization» (PDF). U.S. Food and Drug Administration (FDA). 1 de Maio de 2020 
  4. a b Commissioner, Office of the (22 de outubro de 2020). «FDA Approves First Treatment for COVID-19». FDA (em inglês). Consultado em 12 de março de 2021 
  5. a b c «Anvisa aprova registro da vacina da Fiocruz/AstraZeneca e de medicamento contra o coronavírus». Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Consultado em 12 de março de 2021 
  6. «Remdesivir: Anvisa aprova uso por pacientes com Covid-19». CNN Brasil. Consultado em 12 de março de 2021 
  7. Mehta N, Mazer-Amirshahi M, Alkindi N (Abril de 2020). «Pharmacotherapy in COVID-19; A narrative review for emergency providers (Em inglês)». The American Journal of Emergency Medicine: S0735-6757(20)30263-1. PMC 7158837 . PMID 32336586. doi:10.1016/j.ajem.2020.04.035 
  8. a b c d «Frequently Asked Questions on the Emergency Use Authorization for Remdesivir for Certain Hospitalized COVID‐19 Patients (Em inglês)» (PDF). U.S. Food and Drug Administration (FDA). 1 de Maio de 2020. Consultado em 1 de Maio de 2020    Este artigo incorpora texto desta fonte, que está no domínio público.
  9. Czech News Agency, "Did Czech scientists create the cure for coronavirus?", Aktuálně.cz, 5 de Fevereiro de 2020.
  10. a b c Warren TK, Jordan R, Lo MK, Ray AS, Mackman RL, Soloveva V, et al. (Março de 2016). «Therapeutic efficacy of the small molecule GS-5734 against Ebola virus in rhesus monkeys (Em inglês)». Nature. 531 (7594): 381–5. Bibcode:2016Natur.531..381W. PMC 5551389 . PMID 26934220. doi:10.1038/nature17180 
  11. Lo MK, Jordan R, Arvey A, Sudhamsu J, Shrivastava-Ranjan P, Hotard AL, et al. (Março de 2017). «GS-5734 and its parent nucleoside analog inhibit Filo-, Pneumo-, and Paramyxoviruses (Em inglês)». Scientific Reports. 7. 43395 páginas. Bibcode:2017NatSR...743395L. PMC 5338263 . PMID 28262699. doi:10.1038/srep43395 
  12. Antiviral Compound Provides Full Protection from Ebola Virus in Nonhuman Primates (Em inglês) (PDF). United States Army Medical Research Institute of Infectious Diseases (USAMRIID) (Relatório). San Diego, California. 9 de Outubro de 2015. Consultado em 15 de Março de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 15 de Março de 2020 
  13. Preidt R (29 de Junho de 2017). «Experimental Drug Shows Promise Against Dangerous Viruses: Medicine worked in lab tests against germs that cause SARS and MERS infections (Em inglês)». Cópia arquivada em 28 de Julho de 2017 
  14. Cihlar T (20 de Outubro de 2015). «Discovery and Development of GS-5734, a Novel Nucleotide Prodrug with Broad Spectrum Anti-Filovirus Activity». FANG-WHO Workshop. Fort Detrick, MD: Gilead Sciences. [ligação inativa] 
  15. Warren T, Jordan R, Lo M, Soloveva V, Ray A, Bannister R, et al. (2015). «Nucleotide Prodrug GS-5734 Is a Broad-Spectrum Filovirus Inhibitor That Provides Complete Therapeutic Protection Against the Development of Ebola Virus Disease (EVD) in Infected Non-human Primates». Open Forum Infectious Diseases. 2 (suppl 1): LB–2. doi:10.1093/ofid/ofv130.02 
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  42. «Espacenet - Bibliographic data». worldwide.espacenet.com. Consultado em 25 de setembro de 2020 

Ligações externas

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  • «Remdesivir». Drug Information Portal. U.S. National Library of Medicine