Renina
A renina ou angiotensinogenase é uma enzima circulante liberada pelas células justaglomerulares dos rins em resposta a uma série de estímulos fisiológicos e provoca a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona.
Esta enzima promove a retirada de um fragmento de dez aminoácidos a partir do angiotensinogênio, fragmento este chamado angiotensina I.
Sinonímia
editar- EC 3.4.23.15 (NC-IUBMB)
- Enzima formadora da angiotensina.
Fisiologia
editarA Renina é uma enzima que regula a entrada e saída de sangue no Glomérulo com aumento ou diminuição da pressão arterial. Na entrada do Glomérulo há um conjunto de células denominado Mácula Densa, as quais são sensíveis ao sódio; quando há diminuição de água no sangue, associada a diminuição da pressão arterial, a mácula densa percebe estimula as células justaglomerulares a libertar Renina, a qual fará vasoconstrição, aumentando assim a pressão arterial e diminuindo a filtração dentro do glomérulo.
Síntese, Armazenagem e Liberação
editarA renina é sintetizada, armazenada e liberada nas células justaglomerulares. O gene da renina humana tem dez exons e nove introns. O RNAm da renina é inicialmente transcrito em uma proteína com quatrocentos e quatro aminoácidos chamada Pré-pró-renina. É uma forma protéica intermediária, transportada através do retículo endoplasmático rugoso. O passo seguinte na síntese da renina é uma celula de sorvete ácido clivagem de um fragmento peptídeo com vinte e três aminoácidos, a fração “Pré”. A proteína resultante é a Pró-renina. É armazenada em lisossomos. Quando da formação da renina propriamente dita, ocorre a clivagem de um fragmento com quarenta e três aminoácidos, a fração “Pró”. Supõe-se ser este passo catalisado pela enzima Catepsina B. Ocorrendo o estímulo para a liberação da renina, os grânulos de estocagem migram em direção a membrana plasmática, onde são liberados por processo de exocitose. Existe uma liberação basal ou constitutiva de renina. A liberação de renina ocorre na luz vascular e possivelmente no interstício renal.[1]
Fatores regulatórios da liberação de renina
editarSão fatores regulatórios clássicos da liberação da renina o mecanismo barorreceptor renal, a mácula densa e a inervação simpática renal. Além destes, há outros fatores humorais envolvidos.[1]
- Barorreceptor renal - É um receptor vascular intrarenal, localizado na arteríola aferente, que é ativado pela redução de pressão de perfusão renal. Possivelmente é o mais poderoso fator de regulação da liberação da renina.
- Mácula densa - É uma placa de células modificadas no túbulo contorcido distal do néfron, logo após o final da alça de Henle, adjacente aos demais componentes do aparelho justaglomerular (Arteríola aferente, células justaglomerulares e Mesângio extraglomerular). A mácula densa responde a diminuição da concentração de NaCl no líquido intratubular com a indução da Ciclooxigenase 2 (COX2) e da Óxido nítrico sintetase 1 (NOX1).
- A COX2 produz Prostaglandina E2 (PGE2).
- A PGE2 atuará sobre a célula justaglomerular ativando a Adenilciclase.
- A Adenilciclase aumenta a produção de Adenosina monofosfato cíclica (AMPc).
- A AMPc estimula a liberação de renina.
- A NOS1 produz Óxido nítrico (NO) e Guanosina monofosfato cíclica (GMPc).
- A GMPc inibe a Fosfodiesterase 3 (PD3) da célula justaglomerular.
- A inibição da PD3 diminui a degradação da Adenosina monofosfato cíclica (AMPc).
- O aumento da concentração de AMPc estimula a liberação da renina.
- A COX2 produz Prostaglandina E2 (PGE2).
- Nervos simpáticos - As células justaglomerulares recebem inervação simpática direta. A alça de estimulação simpática se faz através de ativação dos receptores beta adrenérgicos. Estes receptores estimulam a Adeniciclase. Como visto acima, o estímulo desta enzima promove liberação de renina. A ativação simpática é complexa, envolvendo a integração de estímulos aferentes provindos de Mecanorreceptores cardíacos, Pressorreceptores aórticos e carotídeos, Quimiorreceptores e de fibras vagais aferentes. Existem numerosas vias de integração no encéfalo e a via final de estímulo se dá pelos nervos simpáticos renais. A secreção medida pelo sistema simpático providencia uma resposta aguda de liberação de renina a estímulos como estresse e mudanças posturais.
- Fatores humorais - O estímulo primário intracelular como segundo mensageiro é a Adenosina monofosfato cíclica (AMPc). A ativação e a inibição da Adenilciclase é alvo de vários fatores, como produtos da cascata do ácido araquidônico, angiotensina II, endotelina, peptídeo natriurético atrial. Conforme a resultante da variação da concentração da AMPc, o conjunto destes fatores pode promover maior ou menor liberação de renina na circulação.
Bloqueio Farmacológico
editarO sítio ativo da renina pode ser bloqueado através de medicamentos da classe dos Inibidores diretos da renina. Várias moléculas se encontram em diferentes fases de estudos clínico e pré-clinico, sendo que o Alisquireno (Brasil) ou Aliscireno (Portugal) já se encontra disponível para uso rotineiro. É basicamente um medicamento anti-hipertensivo.
Referências
- ↑ a b Beierwaltes, W. H. (2007). «Prorenin and renin». In: Izzo Jr., Joseph L.; Black, Henry R. Hypertension Primer:The essentials of high blood pressure. Wolters Kluwers Health - Lippincott Willians & Wilkins Fourth ed. Philadelphia: [s.n.] pp. 44–46. ISBN 9780781782050
Ligações externas
editarEuropean Bioinformatics Institute[ligação inativa] (Em inglês).