Resultados do Carnaval do Rio de Janeiro em 1933
Nesta página está listado o resultado das disputas de escolas de samba, ranchos carnavalescos e sociedades carnavalescas do carnaval do Rio de Janeiro do ano de 1933. A segunda edição dos desfiles das escolas de samba foi realizada entre a noite de 26 de fevereiro de 1933 e a madrugada do dia seguinte. Com a extinção do noticiário Mundo Sportivo, o Jornal O Globo assumiu a organização do concurso.[1][2]
A Estação Primeira de Mangueira foi bicampeã do carnaval desfilando o enredo "Uma Segunda-feira do Bonfim, na Ribeira", que algumas fontes também registram como "Uma Segunda-feira do Bonfim da Bahia".[3] O desfile, sobre a Bahia, estava sob a responsabilidade de Pedro Palheta, que se aborreceu durante os preparativos para o carnaval, passando a função para Maçu da Mangueira.[4] Azul e Branco do Salgueiro foi a vice-campeã.[5][6]
Terceira colocada, a Unidos da Tijuca apresentou três sambas de tema igual ao seu enredo. Alguns especialistas tratam como o primeiro samba-enredo da história, enquanto outros defendem que a atitude da escola não foi intencional, não sendo seguida pelas demais agremiações nem pela própria Tijuca nos anos seguintes.[7][8] Recreio das Flores foi o campeão dos ranchos.[9] O Clube dos Democráticos conquistou o título do concurso das grandes sociedades.[10]
Escolas de samba
editarA segunda edição do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro teve início às 20 horas e 40 minutos do domingo, dia 26 de fevereiro de 1933, e foi finalizado aos 30 minutos do dia seguinte. O local de apresentação foi na Praça Onze. Segundo a imprensa, cerca de 40 mil pessoas acompanharam o desfile. Com a extinção do noticiário Mundo Sportivo, o Jornal O Globo assumiu a organização do concurso. Cada escola teve que cantar três sambas inéditos e apresentar baianas. O uso de instrumentos de sopro foi proibido.[1][11][12][13]
Ordem dos desfiles |
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Quesitos e julgadores
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As escolas foram avaliadas em cinco quesitos:[14][1]
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A comissão julgadora foi formada por:
Os julgadores Pilar Drumond e Roberto Lobo não compareceram ao evento. Os jurados ficaram instalados em um coreto.[12][15] |
Classificação
editarAssim como no ano anterior, apenas as cinco primeiras colocações foram divulgadas. A Estação Primeira de Mangueira foi bicampeã do carnaval carioca. A escola desfilou com o enredo "Uma Segunda-feira do Bonfim, na Ribeira". Algumas fontes registram como "Uma Segunda-feira do Bonfim da Bahia".[3] O enredo, sobre a Bahia, estava sob a responsabilidade de Pedro Palheta, que se aborreceu durante os preparativos para o carnaval, passando a função para Maçu da Mangueira.[4] Azul e Branco do Salgueiro ficou com o vice-campeonato. Terceira colocada, a Unidos da Tijuca chamou atenção por apresentar três sambas de acordo com o tema do enredo (justamente sobre o gênero samba). Alguns especialistas tratam como o primeiro samba-enredo da história, enquanto outros defendem que a atitude da Tijuca não deu início ao processo que levou as demais escolas apresentarem sambas de acordo com o enredo.[7][8][16] De Mim Ninguém Se Lembra, que teve a participação de Heitor dos Prazeres, obteve o quarto lugar, empatada com a Vai Como Pode. A futura Portela apresentou o enredo "Voando para a Glória", que algumas fontes registram como "O Carnaval da Vitória", título de um dos sambas cantados pela escola no desfile.[17]
Legenda: Campeã * Sem informação disponível |
Col. | Escola | Enredo | Carnavalesco(a) |
---|---|---|---|
1 | Estação Primeira de Mangueira | Uma Segunda-feira do Bonfim, na Ribeira | Pedro Palheta e Maçu da Mangueira |
2 | Azul e Branco do Salgueiro | Uma Noite na Bahia | * |
3 | Unidos da Tijuca | O Mundo do Samba | * |
4 | De Mim Ninguém Se Lembra | Convidados pela Fama | * |
Vai Como Pode (Portela) | Voando para a Glória ou O Carnaval da Vitória | Antônio Caetano | |
5 | União do Uruguai | Na Bahia | * |
Sem classificação (por ordem alfabética) | |||
Aventureiros da Matriz | * | * | |
Capricho do Engenho Novo | * | * | |
É Assim que Nós Queremos | * | * | |
É o Que Se Vê | * | * | |
Em Cima da Hora do Catumbi | Jardim do Catumbi | * | |
Embaixada Escola Amizade do Realengo | A Terra e a América | * | |
Estrela da Tijuca | Sistema Solar | * | |
Filhos de Ninguém | * | * | |
Fiquei Firme | A Corte do Samba | * | |
Inimigos da Tristeza | Escolas de Samba | * | |
Lira do Amor | Orgia | * | |
Mocidade Louca de São Cristóvão | Antiga Bahia | * | |
Na Hora É Que Se Vê | O Sabiá da Minha Terra | * | |
Nós Não Somos Lá Essas Coisas | Loteria | * | |
Paz e Amor | * | * | |
Podia Ser Pior | Adão e Eva e a Tentação da Carne | * | |
Prazer da Serrinha | Uma Noite Serrana | * | |
Príncipes da Floresta | * | * | |
Recreio de Ramos | Jardim da Primavera | * | |
Sport Clube Guarany | * | * | |
Tuiuti | Uma Excursão a Bahia | * | |
Última Hora | A Favela | * | |
União Barão da Gamboa | Homenagem às Escolas de Samba e seus Compositores | * | |
União do Amor | * | * | |
Unidos do Salgueiro | * | * | |
Vizinha Faladeira | Os Garimpeiros | * |
Ranchos carnavalescos
editarSociedades carnavalescas
editarJulgadores
editarA comissão julgadora foi formada por: Lourival Fontes; Humberto Cozzo; Celso Antonio; Gilberto Trompowsky; e Dias da Silva.[10]
Classificação
editarClube dos Democráticos foi o campeão.[10]
Col. | Sociedade | Pontos |
---|---|---|
1 | Clube dos Democráticos | 44,6 |
2 | Pierrôs da Caverna | 37 |
3 | Tenentes do Diabo | 29 |
4 | Fenianos | 19,1 |
5 | Congresso dos Fenianos | 16,4 |
Referências
- ↑ a b c «Ordem dos Desfiles 1933». Site Galeria do Samba. Consultado em 22 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 22 de fevereiro de 2019
- ↑ Ponso, Fabio (7 de fevereiro de 2018). «Em 1933, O GLOBO organiza desfile das escolas de samba, com 40 mil pessoas». Acervo O Globo. O Globo. Consultado em 21 de junho de 2021. Cópia arquivada em 21 de junho de 2021
- ↑ a b «Campeonatos da Mangueira». Site oficial da Estação Primeira de Mangueira. Consultado em 22 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 2 de novembro de 2017
- ↑ a b Cabral 2011, p. 90.
- ↑ «Resultado 1933». Galeria do Samba. Consultado em 17 de abril de 2018. Cópia arquivada em 17 de abril de 2018
- ↑ «Resultado 1933». Site Sambario Carnaval. Consultado em 29 de abril de 2018. Cópia arquivada em 18 de março de 2017
- ↑ a b «Você sabe qual foi o primeiro samba-enredo do Carnaval? Veja a história». UOL. Consultado em 24 de junho de 2018. Cópia arquivada em 16 de abril de 2018
- ↑ a b Cabral 2011, pp. 87–88.
- ↑ a b «"Entre outras mil... és tú Brasil" - Este é o enredo do rancho que foi campeão em 1933». Jornal do Brasil. 22 páginas. 11 de fevereiro de 1934. Consultado em 11 de março de 2019. Cópia arquivada em 11 de março de 2019
- ↑ a b c «Resultado - Grandes Sociedades - 1933». O Globo: 6. 2 de março de 1933. Consultado em 9 de abril de 2019. Arquivado do original em 9 de abril de 2019
- ↑ «O Campeonato de Samba». O Globo: 6. 25 de fevereiro de 1933. Consultado em 9 de abril de 2019. Cópia arquivada em 9 de abril de 2019
- ↑ a b «Resultado 1933». Site Academia do Samba. Consultado em 17 de abril de 2018. Cópia arquivada em 7 de abril de 2018
- ↑ Cabral 2011, p. 76.
- ↑ Cabral 2011, pp. 84–85.
- ↑ «Julgadores 1933». Site Galeria do Samba. Consultado em 22 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 22 de fevereiro de 2019
- ↑ «História das Escolas: Os principais fatos que marcaram a ascensão desta forma de manifestação carnavalesca». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de julho de 2020. Cópia arquivada em 10 de julho de 2020
- ↑ «Portela 1933». Site da Portela. Consultado em 26 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 26 de dezembro de 2018
- ↑ «Desfile dos Ranchos foi na segunda-feira de carnaval». Jornal do Brasil. 7 páginas. 28 de fevereiro de 1933. Consultado em 18 de junho de 2021. Cópia arquivada em 18 de junho de 2021
- ↑ «O julgamento do cortejo das Grandes Sociedades». Jornal do Brasil: 8. 28 de fevereiro de 1933. Consultado em 17 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 17 de dezembro de 2019
Bibliografia
editar- Bastos, João (2010). Acadêmicos, unidos e tantas mais - Entendendo os desfiles e como tudo começou 1.ª ed. Rio de Janeiro: Folha Seca. 248 páginas. ISBN 978-85-87199-17-1
- Cabral, Sérgio (2011). Escolas de Samba do Rio de Janeiro 3.ª ed. São Paulo: Lazuli; Companhia Editora Nacional. 495 páginas. ISBN 978-85-7865-039-1
- Nóbrega Fernandes, Nelson (2001). Escolas de Samba: Sujeitos Celebrantes e Objetos Celebrados (PDF) 1.ª ed. Rio de Janeiro: Secretaria das Culturas, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. 172 páginas. ISBN 85-88530-03-1. Cópia arquivada (PDF) em 8 de outubro de 2006
- Riotur (1991). Memória do Carnaval 1.ª ed. Rio de Janeiro: Oficina do Livro. 407 páginas. ISBN 85-85386-01-0
- Tupy, Dulce (1985). Carnavais de Guerra - O Nacionalismo no Samba 1.ª ed. Rio de Janeiro: ASB Arte Gráfica e Editora Ltda. 127 páginas