Revolta de Réveillon
A revolta de Réveillon foi uma série de motins populares iniciados no dia 26 e com eclosão a 28 de abril de 1789 na fábrica e residência de Jean-Baptiste Réveillon, de onde tirou seu nome. É considerada como evento precursor da queda da Bastilha e, portanto, em escala maior, da própria Revolução Francesa.
revolta de Réveillon | |||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Parte de Revolução Francesa | |||||||||
Pilhagem da mansão de Réveillon | |||||||||
|
Motivada pelo aumento do preço do pão, sua ocorrência contudo derivou da falsa interpretação de uma fala do industrial Réveillon de que este pretenderia baixar os salários de seus empregados.[1]
Causas da revolta
editarEm 1786 foi assinado um tratado de comércio com a Inglaterra, fazendo com que as importações de produtos têxteis a baixos preços saturasse o mercado francês de forma que em poucos anos as importações do Reino Unido quintuplicassem; em 1789 a situação econômica francesa piorou drasticamente após um inverno bastante rigoroso, fazendo com que o preço do pão subisse de forma exorbitante: fome e risco de desemprego deixavam os ânimos acirrados nos bairros populares de Saint-Antoine e Saint-Marcel, que foram piorando com a exclusão do povo das reuniões do terceiro estado durante as Assembleias Gerais, destinadas à reunião em Versalhes dos Estados Gerais.[1]
Foi numa dessas reuniões dos eleitores do terceiro estado, a 23 de abril, que um discurso de Réveillon foi mal interpretado e serviu de estopim ao quadro de grande tensão que se vivia: numa das versões ele teria evocado os velhos tempos onde os trabalhadores recebiam o equivalente a 15 centavos de dólar ao dia em vez dos 25 que pagava então; noutra, ele teria sugerido que fosse eliminada a restrição à importação do trigo, fazendo assim baixar o preço do pão, o que o permitiria baixar os salários. Em ambas as hipóteses logo se espalhou o boato de que Réveillon estava defendendo a redução dos salários dos trabalhadores. Na noite daquele mesmo dia seu nome é repetido aos gritos em cabarés e locais de trabalho, fazendo explodir o descontentamento.[1]
A revolta
editarAssim, na noite entre os dias 26 e 27 de abril sua efígie e também as de Henriot são queimadas na Place de Grève sob gritos e palavras de ordem, diante da Câmara Municipal e sob a vigilância da polícia e guardas; no dia seguinte as tropas tiveram que dar passagem à carruagem do Duque de Orleans (embora dentro dela estivesse na verdade sua esposa, Marie-Adelaide), e a multidão se aproveitou para entrar: a casa e fábrica de Réveillon são saqueadas e queimadas.[1]
O historiador Emmanuel de Waresquiel descreveu esse momento: "Em 28 de abril de 1789, todo o Faubourg Saint-Antoine é como que tomado de assalto por milhares de pessoas, padarias são roubadas, o cordão de tropas arrombado e a casa de Jean-Baptiste Réveillon saqueada de alto a baixo: espelhos, móveis, carpintaria, janelas, caves. Pegaram os talheres. Queimaram tudo o que pode ser queimado e acenderam grandes fogueiras nos jardins".[1]
As tropas então reagem e tem início o confronto, do qual resultaram doze mortes e oitenta feridos entre os policiais e um número incerto de rebelados - fontes variam entre cem a duzentos mortos, o que torna o confronto mais letal de toda a Revolução (excetuando-se, obviamente, os momentos em que as execuções superaram esse número); em menos de três meses os mesmo moradores do lugar irão atacar a Bastilha e desencadear a Revolução.[1]
Referências
- ↑ a b c d e f Mme de Sabran le Dim (1 de novembro de 2020). «Jean-Baptiste Réveillon et l'Affaire Réveillon...». Le Forum de Marie-Antoinette. Consultado em 11 de janeiro de 2021. Cópia arquivada em 12 de janeiro de 2021