Ribeira de Algés
A ribeira ou rio de Algés é um pequeno curso de água que nasce junto à Quinta do Outeiro, na Buraca, sudeste da cidade da Amadora[1], e drena as zonas da serra de Carnaxide e de Monsanto em direção ao Gargalo do Tejo, onde desagua na Doca de Pedrouços (Lisboa).[2][3] Atualmente, toda a sua bacia hidrográfica se encontra altamente artificalizada, exceção feita aos cursos de água que transcorrem pela serra de Monsanto.[4]
Ribeira de Algés | |
---|---|
Ribeira de Alfragide | |
Leito da ribeira de Algés no Parque Urbano de Miraflores. | |
Comprimento | 5 km |
Nascente | Depressão Central da Amadora (Buraca, Amadora) |
Altitude da nascente | 88 m |
Caudal médio | N/D m³/s |
Foz | Estuário do Tejo em Pedrouços |
Área da bacia | 14 km² |
Região hidrográfica | Região Hidrográfica do Tejo |
Afluentes esquerda |
Ribeira da Outurela |
Afluentes direita |
Ribeira de Monsanto
Ribeira de Caselas |
País(es) | Portugal |
Passagem por: | Amadora:
|
A ribeira atravessa vastas zonas habitacionais e industriais, tendo por isso sofrido grandes efeitos antropogénicos. A ocupação dos terrenos ribeirinhos iniciou-se no século XVI, com a construção de estruturas defensivas na margem norte do Tejo que permitiram à população de Algés de Cima avançar para sul e ocupar o vale desta ribeira. Posteriormente, a pressão demográfica das décadas de 60-70 do século XX viu a construção desordenada e maciça dos restantes espaços disponíveis. Deste modo, são poucos os tramos em que o seu leito se encontra em estado natural, sendo este muitas vezes revestido e confinado por muros de gabiões ou de betão (caso das zonas industriais de Alfragide e Carnaxide).[4] O seu percurso a montante é feito a céu aberto, que passa a ser canalizado subterraneamente ao atravessar o núcleo urbano de Miraflores e também no seu troço final de 2 km, atravessando a baixa de Algés e desaguando na doca de Pedrouços.[5]
Os fenómenos de cheia e alagamentos na sua bacia hidrográfica são frequentes em épocas de pluviosidade mais intensa[6][7], verificando-se episódios severos aquando do desabamento da Rua Conde Maior (em 2008)[8]e das cheias de 2022 na região de Lisboa, com vítimas mortais[9], importantes prejuízos materiais[10][11][12] e o encerramento da Estação Ferroviária de Algés[13][14].
O seu principal alfluente é a ribeira da Outurela, que atravessa a zona de Carnaxide, Portela e Outurela até se juntar ao curso de água principal na zona do Arquiparque, em Miraflores, onde integra, mais a jusante, o jardim da localidade. Para além deste jardim, possui também outros dois nas suas margens, no Município da Amadora: os parques da Ribeira e do Zambujal. Na Portela de Carnaxide, une-se ao seu leito a ribeira de Monsanto.
Devido à hidrodinâmica, a qualidade da água nesta ribeira pode afetar significativamente a qualidade da água nas praias da Torre e de Santo Amaro de Oeiras.[8] Dentre as ribeiras de Oeiras, a ribeira de Algés é a que apresenta a mais baixa integridade ecológica, bem como os maiores níveis de contaminação por metais pesados e elementos químicos de eutrofização.[15]
Referências
- ↑ Lopes Crucho, Emanuel Augusto (2013). Caracterização física do concelho da Amadora e susceptibilidade às inundações (PDF). [S.l.]: Instituto de Geografia e Ordenamento do Território. Universidade de Lisboa
- ↑ «GeoPortal | Oeiras - Marca o Ritmo». geoportal.cm-oeiras.pt. Consultado em 9 de abril de 2018
- ↑ CMOeiras. «Obras de regularização». Consultado em 18 de junho de 2012. Arquivado do original em 15 de março de 2016
- ↑ a b Estudo Hidrológico e Hidráulico das Bacias Hidrográficas de Oeiras para elaboração de carta de zonas inundáveis de acordo com Decreto-Lei n.º 115/2010. Relatório Final (PDF). 1 - Caracterização Geral do Regime de Cheias. [S.l.]: Municípia, E.M., S.A. 2011
- ↑ Reserva Ecológica Nacional – Memória Descritiva e Justificativa (PDF). [S.l.]: Câmara Municipal de Oeiras. 2015
- ↑ «Algés: mau tempo causou inundações». tvi24. 18 de fevereiro de 2008
- ↑ Renascença. «Renascença - A par com o mundo.». Consultado em 10 de abril de 2018
- ↑ a b Aplicação do Modelo SWAT ao estudo hidrológico das Ribeiras da Costa do Estoril (PDF). [S.l.: s.n.] 2009
- ↑ «Mau tempo faz um morto em Algés. Vítima tinha 55 anos e estava numa cave que ficou inundada». CNN Portugal. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ «″Tenho prejuízos loucos.″ Estabelecimentos em Algés tentam recuperar após inundações». TSF Rádio Notícias. 14 de dezembro de 2022. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ Gonçalves, Filipa Almeida Mendes, Joana. «Algés depois das cheias. "Paguei o subsídio de Natal, não sei como pagar os ordenados"». PÚBLICO. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ «Inundações caóticas voltam a afetar Grande Lisboa e outras regiões do país». Tempo.pt | Meteored. 13 de dezembro de 2022. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ «Estação de comboios inundada na Grande Lisboa impede circulação de passageiros». SIC Notícias. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ «Comboios sem paragem em Algés devido a inundação no túnel de acesso à estação». Jornal Expresso. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ «II. Ambiente». Relatório de Caracterização e Diagnóstico do Concelho de Oeiras. (PDF). I. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras. 2013. p. 262