Ruínas de São Miguel de Odrinhas
As Ruínas de São Miguel de Odrinhas, também designadas por Museu de São Miguel de Odrinhas, correspondem a uma villa romana do século 1 a. C. e a outros vestígios antigos localizados em Odrinhas, na freguesia de São João das Lampas e Terrugem, no município de Sintra, distrito de Lisboa, em Portugal.[1]
Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas | |
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Informações gerais | |
Tipo | Museu arqueológico |
Website | Site Oficial |
Património de Portugal | |
DGPC | 69698 |
SIPA | 6100 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localidade | Av. Prof. Dr. D. Fernando de Almeida, São Miguel de Odrinhas, Portugal |
Coordenadas | 38° 53′ 13″ N, 9° 21′ 58″ O |
Localização em mapa dinâmico |
Odrinhas é o local mais importante em termos de presença Romana em Sintra, Portugal. Para além do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, o sítio de Odrinhas possui uma variadíssima multiplicidade de vestígios romanos e de outras épocas subsequentes que atestam a permanência da presença humana no local pelo menos desde o século I a. C. até à actualidade. Esta persistência é tanto mais curiosa quanto se verifica numa zona onde não se conhece nenhum aglomerado importante. O núcleo urbano mais próximo situava-se em Faião, a urbe romana de maior importância do Município Olisiponense, logo a seguir a Olissipo. Existem ainda vestígios de uma via romana que ligaria Odrinhas a Faião.[carece de fontes]
As Ruínas de São Miguel de Odrinhas estão classificadas como Imóvel de Interesse Público desde 30/11/1959.[1]
História
editarEm Odrinhas, da época romana fazem parte quase todos os muros e compartimentos actualmente visíveis no local, e que são vestígios de uma villa fundada durante a segunda metade do século I a. C. Sobre esta villa primitiva, construir-se-ia, já no século IV d. C., uma outra de que faz parte um pavimento em mosaico monocromo de desenho geométrico, ainda hoje visível ao lado da capela de S. Miguel.
Curiosa também é a existência no local de uma estrutura absidal, construída com pedras da região dispostas horizontalmente em fileiras paralelas e datada do século II d. C. Escavações realizadas na década de 50 permitiram fazer a reconstituição do edifício. Tratar-se-ia de um templo romano ou paleo-cristão formado por uma abside em ferradura e de falsa abóbada, dois absidíolos ou talvez nichos, uma nave rectangular e um possível pequeno nartex. Contudo, para além da peculiaridade da planta e da sua estranha orientação norte-sul, não foi encontrado, durante as escavações, qualquer objecto de culto. Daí que há alguns anos tenha surgido a teoria de que a abside faria parte da villa romana aí existente, provavelmente um salão nobre onde o senhor da casa recebia as visitas. Tese diferente é sustentada por Justino Maciel (1983), que afirma tratar-se de um mausoléu romano, uma cópia dos modelos aúlicos do centro do Império, concretamente do Mausoléu de Santa Constança, e sugere uma datação posterior (séc. IV).
Dentro das ruínas foram também encontrados vários capitéis romanos: Um capitél jónico, marcado pela sua simplicidade, três corintizantes, realizados em duas partes, tal como os capitéis do Templo Romano de Évora e um capitél misto que estava a ser reutilizado como enchimento de muro, fora do seu contexto original, caracterizada pelo seu caráter tardio.[2]
Na Baixa Idade Média o local foi transformado em cemitério (é o único cemitério de cariz medieval escavado em Portugal), como ainda hoje se pode comprovar pelas numerosas sepulturas existentes em torno da Ermida de S. Miguel, cada uma delas com a respectiva cabeceira discóide, num total de 35, se bem que não haja a certeza de que a actual distribuição das mesmas seja a primitiva.
Museu
editarO Museu, designado inicialmente Museu Arqueológico Prof. Dr. Joaquim Fontes, foi construído a partir das ruínas com o objectivo de receber os vestígios provenientes daquelas. A riqueza do espólio encontrado na região, do qual se destaca uma das maiores colecções epigráficas conhecidas, depressa obrigou à construção de um anexo alpendrado e à utilização de espaços exteriores. Há alguns anos, a Câmara Municipal de Sintra, proprietária do Museu, decidiu remodelar o local, construindo um complexo museológico que alberga o espólio do antigo museu, uma biblioteca especializada, auditório, gabinetes de estudo, serviços de restauro, para além de várias áreas de lazer.
Odrinhas é agora um local de passagem obrigatório para o conhecimento não só da presença romana, mas de toda a antiguidade sintrense.
O edifício actual, inaugurado em 1999, é um projecto de arquitectura de Alberto Castro Nunes & António Maria Braga, vencedores do Prémio Rafael Manzano, com consultoria de Léon Krier, e programa museológico de José Cardim Ribeiro. E é um exemplo de Nova Arquitectura Tradicional em Portugal.
Referências
- ↑ a b Ficha na base de dados SIPA
- ↑ FERNANDES, Lídia (Dezembro de 2014). «Capitéis de S. Miguel de Odrinhas: Sobre a Decoração Arquitetónica em Época Romana» (PDF). Câmara Municipal de Sintra. Tritão - Revista de História, Arte e Património (nº 2). Consultado em 4 de maio de 2024
Ligações externas
editar- «Sítio do Museu (Câmara Municipal de Sintra))»
- «Página do Museu (Direção-Geral do Património Cultural, Governo de Portugal)»
- «Museu Arqueológico São Miguel de Odrinhas (MASMO), Sintra, episódio n. 15, temporada 10, de "Visita Guiada", programa de Paula Moura Pinheiro, na RTP»