Rumex acetosa

Espécie de planta

A Rumex acetosa, comumente conhecida como azedinha[1], é uma planta do género Rumex[2] que cresce no Norte da Península Ibérica.[3][4]. Quanto à sua tipologia fisionómica, trata-se de uma planta hemicriptófita.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaAzeda

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Caryophyllales
Família: Polygonaceae
Género: Rumex
Espécie: R. acetosa
Nome binomial
Rumex acetosa
(L.)

A azedinha[1] é uma planta alimentícia não convencional (PANC), comumente consumida pelos gregos, romanos e egípcios e comercializada em alguns mercados europeus[5]. Atualmente, ela é consumida no Brasil e cultivada por pequenos produtores e em hortas domésticas, em locais onde o clima é ameno. O seu nome popular provém do seu sabor ácido, graças a ele, a azedinha pode substituir o limão em algumas preparações de saladas, característica que confere a ela o popular nome de “salada pronta”[6].

Nome científico

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Etimologia

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Quanto ao nome científico desta espécie:

quod... appellant, nostri vero rumicem, alii lapathum canterinum
— A que nós [os latinos] chamamos rumex e outros [povos itálicos] lapathum canterinum) («Naturalis Historia», livro XX, cap. 85)

Nomes comuns

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Além de azedinha[1], dá ainda pelos seguintes nomes comuns: azeda-brava[10], erva-vinagreira[6] ou vinagreira[11] (não confundir com as espécies Phytolacca americana[12] e Hibiscus sabdariffa[13], que consigo partilham este nome comum).

Cultivo

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É uma planta fácil de cultivar, flora de Maio a Setembro e pode colher-se entre os meses de Abril e Junho.

Graças ao seu sabor peculiar, usa-se como condimento na elaboração de vários pratos, cozida ou em saladas[1]. A sopa de azedas é um prato popular em vários países europeus. Apresenta efeitos diuréticos. Devido ao elevado conteúdo de Vitamina C considera-se antiescorbútica.

Uso histórico

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Com base no expendido por Plínio, o Velho, na sua obra «Naturalis Historia», no livro XX, no capítulo LXXXV, dedicado especificamente a esta planta, ficamos a saber que os romanos antigos usavam esta planta para confeccionar teríagas contra a aguilhoada de escorpiões.[14] Na mesma época, confeccionava-se um decocto da raiz da azeda, demolhada em vinagre, que era usado como elixir para tratar da icterícia[15]. A semente, por seu turno, era usada em preparados destinados a acalmar as maleitas do estômago.[16]

Quando misturada com banha era usada para fazer um unguento usado para ajudar a sarar as escaras da escrófula.[17]

Propriedades

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A acidez da azeda deve-se ao bioxalato de potassa (5 a 9%), popularmente designado de sal-de-azedas[18], que é além de ser um dos principais responsáveis pelas suas qualidades medicinais, também é uma substância usada na confecção de preparados anti-nódoas[19]. Contém vitamina C (80 mg/100 g), quercitrina, vitexina e derivados antraquinónicos como a emodina e taninos.[20] Outro componente de interesse é o resveratrol.

Benefícios na dieta

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Traz teores expressivos de potássio, magnésio e ferro. Por exemplo, verificaram que o teor de ferro e potássio da azedinha ultrapassam os teores encontrados em hortaliças tradicionais como a couve e o espinafre[5].

Contrapontos do seu uso na dieta

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Rica em ácido oxálico, a azedinha deve ser consumida com moderação, sobretudo para grupos específicos de indivíduos com problemas renais, reumatismo ou gota[21].

Características

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Planta de caule erecto, simples e estriado, que pode chegar a atingir até um metro de altura, distinguindo-se pela coloração avermelhada da base. As raízes são perenes, um pouco lenhosas e arraigam-se profundamente em solos húmidos.[22]

As folhas são lanceoladas, carnosas e comestíveis, se bem que com um sabor acre, como o nome da planta já indica.[22] As folhas inferiores estão seguras por um pecíolo fino que se vai estreitando e diminuindo, até desaparecer, à medida que se passa para as folhas superiores.[22] As flores são dióicas e figuram na parte superior do talo, formando ramalhetes de flores de cor avermelhada, que ao amadurecer se tornam purpúreas.[22] A cepa, da qual brotam copiosas raízes sinuosoas, é pouco tuberosa. A planta tem dois sexos: macho e fêmea.[22]

As sementes maduras são reluzentes e castanhas.[22]

Distribuição

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A azeda encontra-se distribuída naturalmente pela Europa, mormente na orla Mediterrânica; na Ásia não tropical; no Norte de África e na Austrália.[4] No Norte do continente americano figura como uma espécie neófita. Atualmente, ela é consumida no Brasil e cultivada por pequenos produtores e em hortas domésticas, em locais onde o clima é ameno.[6]

Portugal

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Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental, mais concretamente, em todas as zonas do país, salvo o Sudeste meridional, o Sudoeste setentrional, o Sudoeste montanhoso e todas as zonas do Algarve, desde Barrocal algarvio ao sotavento.[4]

Em termos de naturalidade é nativa da região atrás indicada.

Ecologia

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Privilegia os bosques húmidos[4] e as zonas sombrias perto de cursos de água. Sendo certo que é capaz de prosperar tanto em solos secos como húmidos[3], prefere os solos ácidos (pH inferior a 7), ricos em ferro e com níveis moderados de fósforo.[23]

Taxonomia

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A Rumex acetosa foi descrita por Carlos Lineu e mencionada na obra Species Plantarum 1: 337-338. 1753.[24]

Variedades

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Sinonímia

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Referências

  1. a b c d «PANC: Azedinha - Sustentarea». Sustentarea. 11 de janeiro de 2019. Consultado em 6 de julho de 2023 
  2. FONSECA, M. J. de O.; et al. (2015). «Características pós-colheita da hortaliça azedinha (Rumex acetosa)». www.bdpa.cnptia.embrapa.br. Consultado em 6 de julho de 2023 
  3. a b c «Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 8 de março de 2021 
  4. a b c d «Jardim Botânico UTAD | Rumex Acetosa». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 30 de dezembro de 2020 <>
  5. a b Botrel, Neide; Freitas, Sidinéia; Fonseca, Marcos José de Oliveira; Melo, Raphael Augusto de Castro e; Madeira, Nuno (5 de agosto de 2020). «Valor nutricional de hortaliças folhosas não convencionais cultivadas no Bioma Cerrado». Brazilian Journal of Food Technology: e2018174. ISSN 1981-6723. doi:10.1590/1981-6723.17418. Consultado em 6 de julho de 2023 
  6. a b c «Azedinha – Mato que se come | O Democrata». www.odemocrata.com.br. Consultado em 6 de julho de 2023 
  7. Paulus (Aegineta.) (1847). The Seven Books: In 3 Vol (em inglês). [S.l.]: Sydenham Soc. 
  8. «Pliny the Elder, The Natural History, BOOK XX. REMEDIES DERIVED FROM THE GARDEN PLANTS., CHAP. 85.—WILD LAPATHUM OR OXALIS, OTHERWISE CALLED LAPATHUM CANTHERINUM, OR RUMEX: ONE REMEDY. HYDROLAPATHUM: TWO REMEDIES. HIPPOLAPATHUM: SIX REMEDIES. OXYLAPATHUM: FOUR REMEDIES.». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 8 de março de 2021 
  9. En Epítetos Botánicos
  10. Infopédia. «azeda-brava | Definição ou significado de azeda-brava no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 8 de março de 2021 
  11. Infopédia. «vinagreira | Definição ou significado de vinagreira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 8 de março de 2021 
  12. Infopédia. «vinagreira | Definição ou significado de vinagreira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  13. «Caracterização e estudo da vida útil de vinagreira cultivada em Seropédica-RJ» (PDF). UFRRJ. Consultado em 20 de abril de 2023 
  14. «Pliny the Elder, The Natural History, BOOK XX. REMEDIES DERIVED FROM THE GARDEN PLANTS., CHAP. 85.—WILD LAPATHUM OR OXALIS, OTHERWISE CALLED LAPATHUM CANTHERINUM, OR RUMEX: ONE REMEDY. HYDROLAPATHUM: TWO REMEDIES. HIPPOLAPATHUM: SIX REMEDIES. OXYLAPATHUM: FOUR REMEDIES.». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 8 de março de 2021  «The wild varieties are a cure for the stings of scorpions, and protect those who carry the plant on their person from being stung»
  15. «Pliny the Elder, The Natural History, BOOK XX. REMEDIES DERIVED FROM THE GARDEN PLANTS., CHAP. 85.—WILD LAPATHUM OR OXALIS, OTHERWISE CALLED LAPATHUM CANTHERINUM, OR RUMEX: ONE REMEDY. HYDROLAPATHUM: TWO REMEDIES. HIPPOLAPATHUM: SIX REMEDIES. OXYLAPATHUM: FOUR REMEDIES.». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 8 de março de 2021  «A decoction of the root in vinegar, employed as a gargle, is beneficial to the8 teeth, and if drunk, is a cure for jaundice.»
  16. «Pliny the Elder, The Natural History, BOOK XX. REMEDIES DERIVED FROM THE GARDEN PLANTS., CHAP. 85.—WILD LAPATHUM OR OXALIS, OTHERWISE CALLED LAPATHUM CANTHERINUM, OR RUMEX: ONE REMEDY. HYDROLAPATHUM: TWO REMEDIES. HIPPOLAPATHUM: SIX REMEDIES. OXYLAPATHUM: FOUR REMEDIES.». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 8 de março de 2021  «The seed is curative of the most obstinate maladies of the stomach.»
  17. «Pliny the Elder, The Natural History, BOOK XX. REMEDIES DERIVED FROM THE GARDEN PLANTS., CHAP. 85.—WILD LAPATHUM OR OXALIS, OTHERWISE CALLED LAPATHUM CANTHERINUM, OR RUMEX: ONE REMEDY. HYDROLAPATHUM: TWO REMEDIES. HIPPOLAPATHUM: SIX REMEDIES. OXYLAPATHUM: FOUR REMEDIES.». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 8 de março de 2021  «Mixed with grease, this plant is very efficacious for scrofulous sores»
  18. S.A, Priberam Informática. «sal-de-azedas». Dicionário Priberam. Consultado em 8 de março de 2021 
  19. S.A, Priberam Informática. «azeda». Dicionário Priberam. Consultado em 8 de março de 2021 
  20. Dr. Berdonces i Serra. Gran Enciclopedia de las Plantas Medicinales ISBN 84 305 8496 X
  21. Gall, Joana (29 de agosto de 2019). «Azedinha é planta rica em antioxidantes e pode ser consumida na salada». Agro20. Consultado em 6 de julho de 2023 
  22. a b c d e f Castroviejo, S. (coord. gen.). 1986-2012. Flora iberica pág. 608. Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid.
  23. «Neue Website von Agroscope». www.admin.ch. Consultado em 8 de março de 2021 
  24. «Rumex acetosa». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 12 de Junho de 2014 
  25. Variedades en Catalogue of life
  26. Sinónimos en Real Jardín Botánico

Ligações externas

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