Síndrome pós-finasterida

A síndrome pós-finasterida (SPF)[1] engloba reações adversas e persistentes no campo sexual, neurológico e físico em pacientes que fizeram uso do medicamento anti-androgênico finasterida. O remédio é um inibidor da enzima 5 alpha redutase usado no tratamento de calvície e da hiperplasia benigna da próstata. A SPF, condição considerada rara até o momento, pode persistir por meses, mesmo após a descontinuação do uso de finasterida. [2] A síndrome pode ocorrer tanto em indivíduos que usaram o medicamento por pouco tempo como nos que usaram por muitos anos.

Sintomas

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Os sintomas da síndrome pós-finasterida são:[3][4][5][6][7]

  • Diminuição ou completa perda de libido
  • Baixa ou nenhuma reação a estímulo sexual
  • Disfunção erétil
  • Perda de prazer no orgasmo ou completa ausência de sensação no orgasmo (anorgasmia)
  • Perda de sensibilidade genital
  • Diminuição do volume ejaculado, baixa qualidade do sêmen e infertilidade
  • Encolhimento do pênis
  • Curvatura do pênis (Doença de Peyronie)
  • Dor nos testículos
  • Diminuição do tamanho dos testículos
  • Ginecomastia
  • Fadiga crônica
  • Fraqueza muscular, atrofia muscular e espasmos
  • Dor nas articulações e músculos
  • Pele seca
  • Problemas de memória
  • Pensamento lento, dificuldades de compreensão
  • Depressão, incluindo pensamentos suicidas
  • Transtornos de ansiedade, ataques de pânico
  • Distanciamento emocional
  • Insônia crônica
  • Problemas oftalmológicos (fotofobia, visão turva e desfocada, ressecamento dos olhos)
  • Surgimento de alergias e doenças autoimunes diversas (Mais comum são alergias alimentares como problemas com glúten e lactose)

Em muitos casos, os sintomas só aparecem ou pioram após a descontinuação do medicamento.

Parte desses sintomas também tem sido observada de forma prolongada em pacientes que fizeram uso de algumas medicações antidepressivas, isotretinoína, anti-histamínicos, entre outros, todos com função inibidora no organismo[8].

Frequência

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A frequência em que ocorre a SPF é desconhecida, mas a incidência deve ser considerada baixa. No entanto, devido ao grande número de usuários de finasterida em todo o mundo, o número de casos certamente está na casa dos milhares. Após mudanças na bula na Europa, a FDA obrigou o fabricante a alterar a bula também nos Estados Unidos, em abril de 2012. A nova bula inclui uma advertência sobre a possibilidade da ocorrência de problemas de libido e ereção, problemas de ejaculação, disfunções de orgasmo e possível infertilidade que podem continuar, mesmo após a interrupção do uso da finasterida.[9] Os médicos consideram que mais estudos sejam necessários para compreender os mecanismos da SPF.[10]

Causas

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A forma como a finasterida provoca a síndrome em certos indivíduos ainda é desconhecida. A finasterida bloqueia a conversão de testosterona em dihidrotestosterona (DHT), mas também causa mudanças no nível de testosterona, LH e FSH.[11] Além da biosíntese de DHT, a finasterida bloqueia a biosíntese de vários neuro esteróides como Alopregnanolona (ALLO) e Tetrahidroteoxicorticosterona (THDOC), que também são isoformas da enzima 5 alpha reductase. ALLO e THDOC são moduladores positivos (allosteric modulators) dos receptores de GABA-A, que tem o mesmo mecanismo de ação de drogas ansiolíticas, como os Benzodiazepínicos.[12][13] Foi demonstrado que a finasterida inibe a biossíntese desses neuroesteróides, o que pode ser uma das causas para os sintomas emocionais e sexuais.[14] No entanto, alguns sintomas, como a perda muscular, perda de pelos corporais e a própria permanência dos sintomas, mesmo muito tempo depois de a medicação ter sido descontinuada, não foram explicadas até o momento. Como alguns pacientes com SPF apresentam níveis normais ou altos de testosterona - apesar de, ao mesmo tempo, apresentarem quadro clínico completo de hipogonadismo - foi levantada a hipótese de que esses indivíduos tenham desenvolvido uma forma de resistência aos hormônios androgênicos.[7]

Tratamento

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Ainda não existe um tratamento para a síndrome pós-finasterida. Os pacientes acometidos muitas vezes não reagem bem ao tratamento de reposição de testosterona e, em alguns casos, até apresentam reações adversas e agravamento dos sintomas. [3]

Referências

  1. Melcangi et al. Neuroactive Steroid Levels are Modified in Cerebrospinal Fluidand Plasma of Post-Finasteride Patients Showing PersistentSexual Side Effects and Anxious/Depressive Symptomatology In: The Journal of Sexual Medicine DOI: 10.1111/jsm.12269
  2. Trombetta et al. (em italiano) Analisi clinica in giovani pazienti che hanno sviluppato disfunzioni sessuali persistenti dopo aver assunto Finasteride per prevenire l’alopecia androgenetica. European Urology Supplements vol 11(1) · Fevereiro de 2012 ISSN 1569-9056
  3. a b Irwin Goldstein: An Old Problem with a New Cause – 5 Alpha Reductase Inhibitors and Persistent Sexual Dysfunction. 18 de julho de 2011, doi:10.1111/j.1743-6109.2011.02368.x
  4. (em inglês) Propecia (bula). Merck
  5. Michael S. Irwig, Swapna Kolukula: Persistent Sexual Side Effects of Finasteride for Male Pattern Hair Loss. In: The Journal of Sexual Medicine, 18 de março de 2011, doi:10.1111/j.1743-6109.2011.02255.x.
  6. AM Traish et al. : Adverse side effects of 5α-reductase inhibitors therapy: persistent diminished libido and erectile dysfunction and depression in a subset of patients. PMID 21176115
  7. a b Rose Hartzell: Changes in Men’s Sexual, Emotional, and Cognitive Functioning after taking Finasteride For Hair Loss. In: The Journal of Sexual Medicine, Special Issue, Proceedings of the World Meeting on Sexual Medicine, Chicago, 26-30 de agosto de 2012, doi:10.1111/jsm.2012.9.issue-s4
  8. RsISK. «Disfunção Sexual Pós-Antidepressivos (PSSD) | Mad In Brasil». madinbrasil.org. Consultado em 23 de outubro de 2018 
  9. FDA Mandates New Safety Labeling Changes for Propecia, Proscar
  10. Pinsky et al.: The Effects of Chronic 5-Alpha-Reductase Inhibitor (Dutasteride) Treatment on Rat Erectile Function. FACS*, doi:10.1111/j.1743-6109.2011.02425.x
  11. Uygur et al.: Effects of the 5 alpha-reductase inhibitor finasteride on serum levels of gonadal, adrenal, and hypophyseal hormones and its clinical significance: a prospective clinical study. PMID 9589555
  12. B Römer, P Gass: Finasteride-induced depression: new insights into possible pathomechanisms. Journal of Cosmetic Dermatology 9 (4): 331–332, dezembro de 2010. doi:10.1111/j.1473-2165.2010.00533.x
  13. Gunn et al. (2011). "Neurosteroids and GABA(A) Receptor Interactions: A Focus on Stress". Frontiers in Neuroscience 5: 131. doi:10.3389/fnins.2011.00131. PMC 3230140. PMID 22164129
  14. Finn et al.:: A new look at the 5alpha-reductase inhibitor finasteride.

Ligações externas

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