Sanatruces II de Hatra
Sanatruces II, também conhecido como Sanatru, Daizane e Satirune, foi o último rei de Hatra, governando de ca. 200 até 240/241.
Sanatruces II | |
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Rei de Hatra | |
Reinado | 200-240/241 |
Antecessor(a) | Barsemias |
Sucessor(a) | Conquista persa |
Morte | 240/241 |
Hatra | |
Cônjuge | Abu |
Descendência | Barsemias Mana Duspari Samai Nadira (?) |
Pai | Barsemias |
Mãe | Jaialade |
Nome
editarSanatruces (Σανατρύκης, Sanatrúkēs), Sinatruces (Σινατρούκης, Sinatroúkēs), Sanatrúcio (Σανατρούκιος, Sanatroúkios) e Sanatruco (Sanatrucus) são as formas grega e latina do nome parta Sanatruque (Sanatrūk), que seria incorporado no armênio (Սանատրուկ) e aramaico (𐡎𐡍𐡕𐡓𐡅𐡊, sntrwk e snṭrwq (aramaico de Hatra)).[1][2] Em última análise, pode derivar do iraniano antigo *sāna-taru-ka- ("conquistador de inimigos")[3]
Vida
editarEra filho de Barsemias e é atestado por nove inscrições descobertas na cidade; uma delas foi encontrada numa estátua mostrando-o de pé. Apenas duas delas portam datas (talvez 231 e 237/238), e ambas são difíceis de ler. Aparece em fontes siríacas como Sanatru e em fontes árabes como Daizane e Satirune. Sua esposa foi possivelmente Abu e ele teve dois filho, seu herdeiro Barsemias e Mana (atestado em 235 como suposto chefe de Arábia de Ual, uma região ao sul de Edessa),[4] e duas filha chamada Duspari, cuja estátua é conhecida e datada de 238, e Samai, cuja estátua também é conhecida.[5]
Segundo Tabari, as fontes que consultou afirmavam que veio de Ba Jarma e segundo Hixame ibne Alcalbi era da tribo dos Cudá. Por essa tradição, seu pai era Moáuia e sua mãe era Jaialade (Jayhalah), da tribo de Tazide ibne Huluane. Alcalbi ainda afirmou que seu reino, centrado em Hatra, se estendia sobre a Mesopotâmia Superior, alcançando a Síria, e que várias tribos como os Banu Abide ibne Alajerã e outros Cudá estavam sob seu comando.[6] Tabari fornece a seguinte genealogia: Daizane ibne Moáuia ibne Alabide ibne Alajerane ibne Anre ibne Anaca ibne Sale ibne Huluane ibne Inrane ibne Alhafi ibne Cudá.[7]
Tabari também relata que quando o xá Sapor I (r. 240–270) fez campanha no Coração (essa expedição de Sapor é hoje datada mais tarde), Sanatruces saqueou o Sauade. Anre ibne Ilá ibne Aljudai ibne Alda ibne Juxã ibne Huluane ibne Inrane ibne Alhafi ibne Cudá escreveu um poema no qual relatou a expedição de Sanatruces:[8]
“ | Encontramos-os [em batalha] com uma hoste dos [Banu] Ilafe e com [uma tropa de] garanhões de casco forte. Os persas receberam em nossas mãos punição exemplar, e massacramos os herdabes de Xarazur. Avançamos em direção aos persas (Alaajim) de longe com uma hoste da Jazira [Mesopotâmia Superior] como numa labareda de fogo. |
” |
Ao retornar, Sapor sitiou Sanatruces em Hatra. Alcalbi afirmou que o xá cercou Hatra por 4 anos, completamente incapaz de destruí-la ou capturar Sanatruces, enquanto Alaxa mencionou em seu poema que Sapor sitiou a fortaleza por apenas dois anos:[9]
“ | Não viu Hatra, cujo povo sempre goza de vida fácil? Mas alguém é favorecido com vida fácil para sempre? Sapor dos Exércitos permaneceu diante dela por dois anos, empunhando seus machados de batalha lá. Mas seu Senhor [governante de Hatra] não lhe deu nenhum acesso de força, e pivôs como o dele não puderam permanecer firmes (isto é, a facilidade de vida que ele desfrutava não podia durar para sempre) Quando seu Senhor viu o que ele [Sapor] estava fazendo, caiu sobre ele com um violento golpe, sem ele ser capaz de retalhar. Ele chamou seus partidários, "Venham ao seu afazer, que já foi rompido E morra mortes nobres através de suas próprias espadas; Eu vejo que o verdadeiro guerreiro assume por si mesmo o fardo da morte com equanimidade." |
” |
Segundo as fontes árabes, num relato possivelmente lendário,[10] uma das filhas de Daizane chamada Nadira lhe traiu por se apaixonar por Sapor e permitiu que o xá entrasse na cidade. Hatra foi destruída, Daizane foi morto e seus partidários foram aniquilados.[11] Anre ibne Ilá, que estava com Daizane, disse:[12]
“ | Você não se encheu de pesar quando os relatórios chegaram sobre o que aconteceu com os líderes do Banu Abide, E do assassinato de Daizane e seus irmãos, e dos homens de Tazide, que costumavam cavalgar nos esquadrões de cavalaria? Sapor dos Exércitos os atacou com elefantes de guerra, ricamente protegidos e com seus heroicos guerreiros, E ele destruiu os blocos de pedra das colunas da fortaleza, cujas pedras de fundação eram como blocos de ferro. |
” |
Referências
- ↑ Justi 1895, p. 282.
- ↑ Ačaṙyan 1942–1962, p. 392.
- ↑ Henning 1958, p. 41, nota 1.
- ↑ Sartre 2005, p. 346.
- ↑ Mathiesen 1992, p. 205-206, 211.
- ↑ Tabari 1999, p. 32-33.
- ↑ Tabari 1999, p. 32.
- ↑ Tabari 1999, p. 33.
- ↑ Tabari 1999, p. 33-34.
- ↑ Schmitt 2003.
- ↑ Tabari 1999, p. 34-35.
- ↑ Tabari 1999, p. 35-36.
Bibliografia
editar- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Սանատրուկ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians] (in Armenian). Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Henning, W. B. (1958). «Mitteliranisch». Iranistik: 1. Abschnitt – Linguistik (Handbuch der Orientalistik; Erste Abteilung; 4). Leida e Colônia: E. J. Brill
- Justi, Ferdinand (1895). Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung
- Mathiesen, H. E. (1992). Sculpture in the Parthian Empire. Aarhus: Aaarhus University Press. ISBN 87-7288-311-1
- Schmitt, Rüdiger (2003). «Hatra». Enciclopédia Irânica
- Sartre, Maurice (2005). The Middle East under the Romans. Cambrígia, Massachusetts: Harvard University Press. ISBN 978-0-674-01683-5
- Tabari (1999). Bosworth, C.E., ed. The History of al-Tabari Vol. V - The Sasanids, The Byzantines, the Lakhmids and Yemen. Nova Iorque: State University of New York Press