Sarraounia (filme)
Sarraounia é um filme de drama histórico de 1986 escrito e dirigido por Med Hondo. É baseado em um romance homônimo do autor nigeriano Abdoulaye Mamani,[1] que co-escreveu o roteiro. O romance e o filme tratam da Batalha de Lougou entre a rainha azna (um povo animista hauçá remanescente) Sarraounia e o avanço das Forças Coloniais Francesas da Missão Voulet–Chanoine em 1899. Sarraounia foi um dos poucos líderes tribais africanos que resistiu aos avanços dos expansionistas franceses Paul Voulet e Julien Chanoine. O filme ganhou o primeiro prêmio no Festival Pan-Africana de Cinema e Televisão de Uagadugu (FESPACO) e foi muito bem recebido pela crítica.
Sarraounia | |
---|---|
Burquina Fasso, Mauritânia, França 1986 • cor • 120 min | |
Gênero | drama histórico |
Direção | Med Hondo |
Produção | Med Hondo |
Roteiro | Med Hondo Abdoulaye Mamani |
Elenco | Aï Keïta |
Música | Pierre Akendengué Abdoulaye Cissé Issouf Compaore |
Cinematografia | Guy Famechon |
Edição | Marie-Thérèse Boiché |
Companhia(s) produtora(s) | Les Films Soleil O |
Orçamento | US$ 3 milhões |
Sinopse
editarO longa se passa no Níger e nos arredores do Sahel.[2] Começa com a iniciação e estabelecimento de uma jovem como rainha dos aznas.[1] A jovem rainha, Sarraounia, torna-se uma guerreira talentosa ao defender sua tribo de uma tribo inimiga.[3] Experiente em tiro com arco e fitoterapia, ela é uma feiticeira renomada.[4] Enquanto isso, os colonialistas franceses Paul Voulet e Julien Chanoine partiram para conquistar novas terras para o império colonial francês. À medida que avançam pelo país, violam mulheres e deixam aldeias em chamas.[5]
Elenco
editar- Aï Keïta como Sarraounia
- Jean-Roger Milo como Capitão Voulet
- Féodor Atkine como Chanoine
- Didier Sauvegrain como Doutor Henric
- Roger Miremont como Tenente Joalland
- Luc-Antoine Diquéro como Tenente Pallier
- Jean-Pierre Castaldi como Sargento Boutel
Produção
editarQuando o autor nigerino Abdoulaye Mamani publicou pela primeira vez o romance Sarraounia, ele deu uma cópia ao seu amigo Med Hondo, que decidiu deixar de lado todos os outros projetos para adaptá-lo para um filme.[6] Além de utilizar o livro como referência, Hondo conduziu pesquisas com Mamani, entrevistando idosos nigerianos e acessando material nos arquivos nacionais.[6]
Hondo escalou Aï Keïta após testemunhar um confronto entre a atriz e um membro da família. Embora inicialmente ele a tivesse em mente para um pequeno papel no filme, a escalou como a personagem-título após a primeira sessão de elenco.[7] Este foi seu primeiro trabalho como atriz e desde então ela atuou em filmes como Les Etrangers e SIDA dans la Cite, bem como em sitcoms.[8]
O filme foi rodado em 1986 em Burkina Faso.[9] A produção custou US$ 3 milhões, valor arrecadado ao longo de sete anos por financiadores burquinenses e pela própria produtora do cineasta.[1][9]
Recepção
editarO filme ganhou o Primeiro Prêmio (Étalon de Yennenga) no Festival Pan-Africana de Cinema e Televisão de Uagadugu (FESPACO) de 1987.[10] O historiador N. Frank Ukadike chamou-o de "um marco do cinema africano, o mais ambicioso pela sua inventividade, profissionalismo e dedicação".[1] Escrevendo para The Boston Phoenix, Chris Fujiwara disse que o filme evita clichês, chamando-o de "drama épico em grande escala" que é "ao mesmo tempo irônico e comemorativo".[4] A Time Out chamou-o de "soberbamente elaborado e expansivo".[3]
Referências
- ↑ a b c d Ukadike, Nwachukwu Frank (1994). Black African Cinema. [S.l.]: University of California Press. p. 290–294. ISBN 0-520-07748-2
- ↑ Cham, Mbye (2004). «Film and History in Africa: A Critical Survey of Current Trends and Tendencies». In: Françoise Pfaff. Focus on African films. [S.l.]: Indiana University Press. p. 64–66. ISBN 0-253-21668-0
- ↑ a b TR. «Sarraounia Review». Time Out (em inglês). Consultado em 8 de março de 2024
- ↑ a b Fujiwara, Chris (27 de abril de 2000). «African Dream — The films of Med Hondo at the HFA». The Boston Phoenix (em inglês). Consultado em 8 de março de 2024
- ↑ Thackway, Melissa (2003). Africa shoots back: alternative perspectives in Sub-Saharan Francophone. [S.l.]: James Currey Publishers. p. 95–96. ISBN 0-85255-576-8
- ↑ a b Ukadike, Nwachukwu Frank (2002). «Med Hondo (Mauritania)». Questioning African cinema: Conversations with Filmmakers. [S.l.]: University of Minnesota Press. p. 57–72. ISBN 0-8166-4004-1
- ↑ «Aï Keita-Yara Interview». Sisters of the Screen: Women of Africa on Film Video and Television. 2000. Consultado em 13 de março de 2024
- ↑ Quist Arcton, Ofeibea (26 de fevereiro de 2001). «Ai Keita Yara — From Queen to Soothsayer, From Celluloid to Video». AllAfrica.com. Consultado em 13 de março de 2024
- ↑ a b Pfaff, Françoise (1997). «Interview with Med Hondo». In: Harrow, Kenneth W. With open eyes: women and African cinema. [S.l.]: Rodopi. p. 151–158. ISBN 90-420-0143-7
- ↑ Diawara, Manthia (1992). African cinema: politics & culture. [S.l.]: Indiana University Press. p. 152. (pede subscrição (ajuda))