Sedimento pelágico

Sedimento pelágico é um sedimento de granulação fina que se acumula como resultado da deposição de partículas no assoalho oceânico sob águas profundas e áreas distantes dos continentes. Essas partículas consistem principalmente de (1) carapaças de carbonato de cálcio ou sílica biogênica secretadas por microorganismos (fitoplâncton e zooplâncton), (2) sedimentos siliciclásticos de tamanho argila ou (3) uma mistura das duas fontes anteriores. Quantidades traço de poeira cósmica e de cinzas vulcânicas também podem ocorrer em sedimentos pelágicos. Baseado na composição de partículas, existem três categorias de sedimento pelágico: vazas silicosas, vazas calcárias e argilas vermelhas.[1][2]

A composição do sedimento pelágico é controlada por três fatores principais. O primeiro fator é a distância das grandes massas continentais, a qual afeta a diluição por sedimentos terrígenos (derivados do continente). O segundo fator é a profundidade, a qual afeta a preservação das partículas biogênicas (sílica e carbonato de cálcio) que chegam ao fundo oceânico. O último fator é a fertilidade da coluna de água que controla a quantidade de partículas biogênicas produzidas na superfície.[1][2]

No caso de sedimentos marinhos, o termo vaza não se refere à consistência do sedimento, mas sim à sua composição química/mineralógica que é um reflexo direto da sua origem. Vaza é um sedimento pelágico constituído por, pelo menos, 30% de restos microscópicos de carbonato de cálcio ou sílica de organismos planctônicos. O percentual restante, tipicamente, consiste quase que inteiramente de argilo-minerais. Como resultado, a granulometria das vazas é normalmente bimodal com uma fração biogênica bem definida de tamanho silte a areia e outra fração siliciclástica de tamanho argila. Vazas podem ser definidas e classificadas de acordo com o organismo predominante que às compõem. Por exemplo, existem vazas de diatomáceas, cocolitoforídeos, foraminíferos, pterópodos e radiolários. De acordo com a sua mineralogia, as vazas também podem ser classificadas em calcárias e silicosas. Independente da sua composição, todas as vazas acumulam-se no assoalho oceânico muito lentamente e suas taxas de deposição estão na ordem de milímetros por milênio.[2][3]

Vazas calcárias são compostas por, pelo menos, 30% de conchas microscópicas de carbonato de cálcio (também conhecidas como testas) secretadas por foraminíferos, cocolitoforídeos e pterópodos. Em termos de área de distribuição, vazas calcárias são o sedimento marinho pelágico mais comumente encontrado, cobrindo quase 48% do leito marinho em áreas de oceano profundo. Esse tipo de vaza se deposita no assoalho oceânico em profundidades acima da profundidade de compensação dos carbonatos. Apresenta taxa de deposição superior a de outros tipos de sedimento pelágico, variando entre 3 e 5 mm/1000 anos.[1][2]

Vazas silicosas são compostas por, pelo menos, 30% de carapaças de sílica secretadas por organismos planctônicos, tais como diatomáceas e radiolários. Normalmente podem apresentar proporções menores de espículas de esponjas e/ou carapaças de silicoflagelados. Sua distribuição está limitada a áreas oceânicas com alta produtividade biológica na coluna de água, como o Oceano Austral e zonas de ressurgência no Oceano Pacífico Norte e Equatorial. É o tipo menos comum de sedimento pelágico, cobrindo menos de 15% do oceano profundo global. Sua taxa de deposição é inferior à das vazas calcárias, variando entre 2 e 10 mm/1000 anos.[1][2]

Argilas vermelhas

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Argila vermelha, também conhecida como argila pelágica, se deposita nas áreas mais profundas e remotas do oceano. Este tipo de sedimento cobre 38% do fundo oceânico e apresenta as menores taxas de deposição entre todos os tipos de sedimento, variando entre 1 e 5 mm/1000 anos. Contendo menos de 30% de material biogênico, consiste no sedimento restante após a dissolução das partículas carbonato de cálcio e sílica biogênica que não são preservadas na interface água-sedimento. Esses sedimentos consistem em quartzos eólicos, argilo-minerais, cinzas vulcânicas e minerais autigênicos (ex.: zeólitas, limonita e óxidos de manganês). A maior parte das argilas vermelhas consiste em poeira eólica. Constituintes acessórios encontrados nas argilas vermelhas incluem poeira cósmica, ossículos e dentes de peixes, ossículos de ouvidos de baleias e micronódulos de manganês.[2]

Esses sedimentos pelágicos apresentam coloração típica que vai de vermelho a marrom. A coloração é resultado de camadas de óxidos de ferro e manganês que recobrem as partículas de sedimento. Na ausência de matéria orgânica sedimentar, o ferro e o manganês permanecem no seu estado oxidado e as partículas de argila mantêm sua cor marrom após o soterramento. Quando enterradas mais profundamente, as partículas marrom podem se tornar vermelhas devido à conversão de hidróxidos de ferro em hematita.[2]

Esses sedimentos se depositam no assoalho oceânico em áreas caracterizadas por baixa produção planctônica na superfície. As argilas vermelhas são transportadas para o oceano profundo em suspensão tanto na atmosfera quanto na coluna de água do oceano. Correntes atmosféricas e marinhas são capazes de transportar partículas de sedimento em suspensão por milhares de quilômetros a partir da fonte terrígena. As partículas mais finas de argila podem permanecer em suspensão na coluna de água por centenas de anos antes de se depositarem no fundo oceânico. A deposição dessas partículas finas ocorre principalmente pela formação de agregados argilosos por floculação e secundariamente pela incorporação em pelotas fecais de organismos do zooplâncton.[2]

Distribuição e espessura média dos sedimentos marinhos

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Região Área do Oceano Volume Total de Sedimento Marinho Espessura Média da Camada de Sedimento
Plataforma continental 9% 15% 2,5 km
Talude continental 6% 41% 9 km
Elevação continental 6% 31% 8 km
Bacia oceânica 78% 13% 0,6 km

Classificação do sedimento marinho conforme a sua origem geoquímica

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Tipo de Sedimento Fonte Exemplos Distribuição Área de Cobertura no Assoalho Oceânico
Terrígeno Erosão continental, erupção vulcânica, poeira eólica Areia quartzosa, argila vermelha, lama estuarina Margens continentais, planícies abissais, assoalhos marinhos polares ~45%
Biógeno Orgânica, partes duras de organismos marinhos Vazas calcárias e silicosas Dominante no assoalho do oceano profundo ~55%
Hidrógeno Precipitação de minerais dissolvidos na coluna de água ou na água intersticial Nódulos de ferro-manganês, depósitos de fosforitos Planícies abissais no Pacífico Sul <1%
Cosmógeno Poeira cósmica, detritos de meteoritos Tectitos, esférulas de ferro siderítico Componente menor do sedimento marinho próximo a campos de dispersão de meteoritos <1%

Referências

  1. a b c d Rothwell, R.G., (2005) Deep Ocean Pelagic Oozes, Vol. 5. of Selley, Richard C., L. Robin McCocks, and Ian R. Plimer, Encyclopedia of Geology, Oxford: Elsevier Limited.
  2. a b c d e f g h HüNeke, H., and T. Mulder (2011) Deep-Sea Sediments. Developments in Sedimentology, vol. 63. Elsiever, New York. 849 pp
  3. Neuendorf, K.K.E., J.P. Mehl, Jr., and J.A. Jackson, J.A., eds. (2005) Glossary of Geology (5th ed.). Alexandria, Virginia, American Geological Institute. 779 pp.

Ver também

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Ligações externas

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