Septizódio (em latim: Septizodium), também chamado de Septizônio e Septicódio (em latim: Septizonium, Septicodium), era um edifício da Roma Antiga construído em 203 pelo imperador Sétimo Severo. A origem de seu nome pode ser o termo "septisolium", que significa "templo dos sete sóis",[1] dedicado às sete divindades planetárias (Saturno, Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter e Vênus[2]), ou uma referência ao fato de ele ter sido originalmente dividido em sete partes.

Septizódio
Septizódio
Uma tentativa de reconstrução.
Septizódio
Gravura do século XVI das ruínas pouco antes da demolição.
Informações gerais
Tipo Ninfeu
Estilo dominante Arquitetura da Roma Antiga
Construção 203
Promotor(a) Sétimo Severo
Geografia
País Itália
Cidade Roma
Localização X Região - Palácio
Coordenadas 41° 53′ 07″ N, 12° 29′ 20″ L
Septizódio está localizado em: Roma
Septizódio
Septizódio
Mapa
Localização em mapa dinâmico

Descrição e função

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O edifício não tinha nenhuma função prática e provavelmente era apenas uma peça decorativa conhecida como ninfeu. Fontes antigas e medievais contam que Severo desejava impressionar seus conterrâneos da província da África conforme eles entrassem na cidade e por isso o templo ficava no local onde a Via Ápia passava ao longo do monte Palatino seguindo em direção ao Fórum Romano para o leste.[3] Outros exemplos de septizódios são conhecidos, todos na África.[4]

 
Local onde ficava o Septizódio, no sopé do Palatino.

Amiano Marcelino cita o edifício numa passagem de sentido ambíguo: "A plebe [...] se reuniu no Septizódio, um lugar popular, onde Marco Aurélio construiu um ninfeu num estilo um tanto pomposo".[5]

História

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O edifício já estava em ruínas no século VIII e havia sido incorporado em uma das várias fortalezas das famílias ricas da cidade. Nos séculos XII e XIII, o local estava nas mãos da família Frangipani. Em agosto de 1241, depois da morte do papa Gregório XI, os onze cardeais que conseguiram entrar em Roma atravessando o cerco imposto pelo imperador Frederico II se reuniram no decrépito palácio que incorporava o Septizódio. A eleição, que durou dois meses, foi árdua, não apenas por causa da difícil crise política, mas também pela absoluta falta de recursos. Fazia muito calor e a chuva pingava no salão onde estavam os cardeais pelo telhado misturada à urina dos soldados de Matteo Rosso Orsini que guardavam o local.[6] Um dos cardeais adoeceu e morreu. O novo papa, Celestino IV, também estava muito debilitado e morreu apenas dezesseis dias depois da eleição.

Em 1588, durante o reinado do papa Sisto V, a fachada oriental do edifício foi demolida sob a supervisão de Domenico Fontana. As pedras obtidas foram utilizadas na base do Obelisco Flamínio, na Piazza del Popolo, na restauração da Coluna de Marco Aurélio, no túmulo do papa em Santa Maria Maggiore e em outras estruturas.[7]

Referências

  1. Gregorovius, Ferdinand (1895). History of the city of Rome in the Middle Ages. 3. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 541. ISBN 978-1-108-01502-8 
  2. Dombart, Theodor (1922). Das palatinische Septizonium zu Rom. Munich: Beck 
  3. Keaveney, Raymond (1988). Views of Rome From the Thomas Ashby Collection in the Vatican Library. [S.l.]: Scala Publications Ltd. p. 107-8 
  4. Palmer, Robert E.A. (1978). «Severan Ruler-cult in The City of Rome». In: Wolfgang Haase. Aufstieg und Niedergang der römischen Welt. [S.l.]: Walter de Gruyter. p. 1117. ISBN 3-11-007612-8 
  5. Amiano Marcelino, XV, 7, 3
  6. Abulafia, David (1988). Frederick II. A Medieval Emperor. [S.l.: s.n.] p. 350 
  7. Lanciani, Rodolfo (1985). Rovine e scavi di Roma antica. Rome: [s.n.] p. 168 

Bibliografia

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  • Marcelino, Amiano (1986). The Later Roman Empire (AD 354–378) (em inglês). Traduzido por Walter Hamilton. London: Penguin 
  • Dombart, Theodor (1922). Das palatinische Septizonium zu Rom (em alemão). Munich: Beck 
  • Hampe, Karl (1913). Ein ungedruckter Bericht über das Konklave von 1241 im römischen Septizonium. (= Sitzungsberichte der Heidelberger Akademie der Wissenschaften, Philosophisch-Historische Klasse; Jg. 1913, Abh. 1) (em alemão). Heidelberg: Winter 
  • Hülsen, Christian (1886). «Das Septizonium des Septimus Severus». Programm zum Winkelmannsfeste der Archäologischen Gesellschaft zu Berlin (em alemão) (46): 1-36 

Ligações externas

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