Sri Chinmoy

Indiano espiritual professor, filósofo e guru
 Nota: Se procura pelo asteróide homônimo, veja 4429 Chinmoy.

Sri Chinmoy Kumar Ghose[1] (27 de agosto de 1931 - 11 de outubro de 2007) foi um filósofo indiano e professor (guru) que emigrou para os Estados Unidos da América em 1964.[2] Um escritor prolífico, compositor, artista e atleta, Sri Chinmoy é mais conhecido por promover eventos públicos sobre o tema de paz interior e harmonia mundial, tais como concertos, meditações e corridas pedestres. Seus ensinamentos enfatizam o amor a Deus, meditar diariamente no coração, servir ao mundo e a tolerância religiosa arraigada na visão vedântica[3] moderna de que toda fé é essencialmente divina.

Sri Chinmoy
Sri Chinmoy
Sri Chinmoy, c. 1994
Nascimento 27 de agosto de 1931
Shakpura, distrito de Chittagong, Bengala, Índia, atual Bangladesh
Morte 11 de outubro de 2007
Nova York
Cidadania Índia Francesa, Índia britânica
Ocupação poeta, escritor, filósofo, pintor, músico, halterofilista, humanitarian, spiritual teacher, guru
Religião hinduísmo
Causa da morte enfarte agudo do miocárdio
Página oficial
srichinmoy.org
Assinatura
Assinatura de Sri Chinmoy
"A religião verdadeira possui uma qualidade universal. Ela não encontra defeitos nas outras religiões. O perdão, a compaixão, a tolerância, a irmandade e o sentimento de unicidade são os sinais de uma religião verdadeira." – Sri Chinmoy[4]

Na Índia: os primeiros anos (1931-1964)

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Ele era o mais novo dos sete filhos, tendo nascido na vila de Shakpura – distrito de Chittagong – em Bengala Oriental, hoje Bangladesh.[5] Seus pais eram Shashi Kumar Ghosh, um inspetor ferroviário que mais tarde se tornou banqueiro,[6] e Yogamaya Ghosh, responsável pelas tarefas do lar e dotada de um temperamento devoto.[7] Sri Chinmoy perdeu o pai para a doença em 1943, e a mãe faleceu alguns meses mais tarde. Órfão, em 1944, o jovem de 12 anos Chinmoy juntou-se a seus irmãos e irmãs no Ashram de Sri Aurobindo, em Pondicherry, no Sul da Índia, onde os irmãos mais velhos Hriday e Chitta já viviam há algum tempo.[8] Lá ele passou os vinte anos seguintes em práticas espirituais, incluindo meditação, estudo da literatura bengali e inglesa,[9] esportes e serviço nos empreendimentos artesanais do Ashram.[10]

Durante a adolescência e juventude, ele foi um corredor velocista e decatleta.[11] Em 1955, Chinmoy se tornou secretário de Nolini Kanta Gupta[12] – terceiro em responsabilidade pelo Ashram –, tendo inclusive traduzido muitos dos artigos de Nolini do bengali para o inglês.[13] Chinmoy também teve seus próprios artigos sobre os líderes espirituais da Índia[14] publicados e continuou a preencher cadernos com poemas, canções e reflexões sobre a vida no Ashram.[15]

No Ocidente (1964-2007)

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Em 1964, Chinmoy aceitou o convite de colegas dos EUA,[16] emigrando para Nova Iorque com a intenção de ensinar. Ele obteve trabalho como assistente junto ao consulado indiano na seção de vistos e passaportes, sob a chefia de L.L. Mehrotra.[17] Em 1965, Chinmoy recebeu um convite para tocar três canções no Museu Guggenheim, num evento promovido pela Asia Society. Mais tarde, no mesmo ano, começou a publicação de sua revista mensal AUM.[18] Em 1966, Chinmoy abriu o primeiro dos que depois se tornariam mais de 100 centros[19] ao redor do mundo – centros que ensinam meditação e filosofia espiritual, além de praticar um modesto estilo de vida.[20]

Entre os anos de 1968 e 1970, Chinmoy ofereceu palestras nas universidades de Yale, Harvard, Cornell, Brandeis, Dartmouth e The New School for Social Research.[21] Ele também palestrou no Japão e em outros países do oriente.[22] Em abril de 1970, sob a sua orientação, teve início a "Meditações da Paz nas Nações Unidas", uma ONG que presta serviço ecumênico e aberto a delegados e funcionários da ONU.[23][24] Os últimos meses do ano de 1970 viram a sua primeira turnê européia, que incluiu discursos em Oxford e Cambridge.[25] Em 1971, Chinmoy já oferecia palestras mensais no auditório das Nações Unidas "Dag Hammarskjold",[26] com o apoio do então secretário-geral U Thant.[27]

De acordo com os escritos do professor A. Walter Dorn, em "Interreligious Insight", o interesse de Chinmoy na ONU se originava de um sentimento de que ela é o "lar-coração do corpo do mundo" e um veículo para a "unicidade universal". Seus inspiradores, Aurobindo e Nolini, acreditavam que a evolução espiritual é um processo global que requer um melhor diálogo entre as nações. Eles aprovaram calorosamente a visão do Presidente Woodrow Wilson de uma Liga das Nações, que, mais tarde, após a Segunda Guerra Mundial, tornou-se a Organização das Nações Unidas. Ao passo que se tornara popular criticar a ONU por seus defeitos, Chinmoy continuou apoiando lealmente os ideais das Nações Unidas.[28]

Por todos esses anos, ele continuou a viajar, oferecer palestras, fundar novos centros de meditação e se dedicar a diversas outras atividades. Em abril de 1975, foi oferecida uma série de sete discursos na Escola de Teologia de Harvard, dedicada à memória de John F. Kennedy.[29] Em julho, ele conduziu a meditação de abertura na cerimônia do Dia Nacional de Oração nas Nações Unidas, bem como numa cerimônia similar em abril de 1976.[30]

Iniciativas artísticas

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Arte, música e poesia possuem um papel importante em seu "caminho do coração". Uma estrofe freqüentemente citada, parte de uma coleção de poemas publicada em 1972, My Flute, descreve a experiência de nirvikalpa samadhi:[31]

No mind, no form, I only exist;

Now ceased all will and thought;
The final end of Nature's dance,
I am it whom I have sought.[32]

Nem mente, nem forma, apenas existo.
Cessaram agora toda a vontade e pensamento.
O derradeiro fim da dança da Natureza,

Eu sou aquele por quem busquei. (tradução)

Mais um poema descreve a alma como "um Pássaro de Fogo voando no Infinito",[33] ao passo que outro lamenta:

The blue bird is flying in the blue sky.

Alas, here below I am dying in utter frustration.[34]

O pássaro azul voa no céu azul.

Ai de mim, aqui embaixo pereço em amarga frustração. (tradução)

Imagens de pássaros são freqüentes também na arte pictórica de Sri Chinmoy. Em 1991, ele começou a desenhar grandes quantidades de pássaros, que, em sua produção artística, simbolizam a liberdade da alma.[35] O periódico Online Daily, da Universidade de Washington, informou que, até 1997, o número de pássaros desenhados teria alcançado sete milhões, incluindo "uma magnífica paisagem de pássaros, contendo 15.372 pássaros de todas as formas e tamanhos."[36] Seus "pássaros-alma" foram exibidos por todo o mundo,[37] juntamente com sua arte em cores, que aplica tintas acrílicas e possui temas abstratos. Essa arte é chamada de Jharna-Kala ("fonte-arte") e se iniciou em 1974.[38] O formato das obras abrange desde pequenos desenhos a caneta ou tinta até enormes murais.[39] Ele também desenhou sobre objetos, tais como relógios, pratos de cerâmica, conchas marinhas e brinquedos infantis. As linhas claras e a simplicidade formal das pinturas em objetos contrastam com suas obras em acrílico, que demonstram o amor do pintor moderno por texturas espessas, pinceladas distintas e a cor como um elemento puramente expressivo.

Ao conferir a Chinmoy um prêmio da Escola de Artes Visuais de Manhattan, em junho de 1976, Brian Gormley descreveu seu trabalho como "uma arte livre de todas as ambições e desejos que vemos freqüentemente no mundo da arte."[40] De acordo com Chinmoy: "Toda arte, sem exceção, é uma expressão da Beleza do Supremo. Arte é beleza, e beleza é arte. Arte, beleza e alegria são como três irmãs."[41] Seus primeiros escritos foram publicados pelo Sri Aurobindo Ashram[42] e, após 1964, por seus alunos ocidentais. Maior reconhecimento veio em 1970 e 1971, com a publicação de Yoga and the Spiritual Life (pela editora Tower Publications), Meditations: Food for the Soul (editora Harper & Row) e Songs of the Soul (editora Herder & Herder). Durante a primavera de 1971, a Sociedade Filosófica da Inglaterra publicou sua palestra proferida em Harvard em 1969, "A Filosofia Vedanta".[43] No mês de julho de 1972, o Princeton Seminary Bulletin publicou o discurso "Os Upanishads: a Oferenda-Alma da Índia", oferecido lá no mês de outubro do ano anterior.[44] Desde então seus poemas, ensaios, histórias e aforismos têm sido amplamente publicados.[45]

Sri Chinmoy também redigiu comentários sobre os Vedas, Upanishads e o Bhagavad Gita[46] – além de um livro de peças teatrais sobre a vida do Buda,[47] que foram encenadas e produzidas em Nova Iorque em 1995,[48] bem como no Union Theatre de Londres, em 2005.[49] Sua peça mais longa, "The Descent of the Blue",[50] reconta importantes acontecimentos na vida de Sri Aurobindo e foi primeiramente publicado em forma de capítulos no Mother India: A Monthly Review of Culture.[51]  

Aparentemente, até 31 de outubro de 2008, em consulta online na internet, há apenas um livro de Sri Chinmoy publicado em português, pela editora Pensamento-Cultrix, chamado Meditação: Perfeição-Homem na Satisfação-Deus.

Sri Chinmoy compôs milhares de canções curtas em bengali e inglês,[52][1] também tocadas na flauta, esraj, violoncelo e sintetizador. Nas suas improvisações, se fizeram presentes principalmente o piano e o órgão. Em 1984, Sri Chinmoy deu início a uma série de concertos gratuitos pela harmonia mundial, executando suas composições [2] em espaços como o Royal Albert Hall (Londres), Carnegie Hall (Nova Iorque), Nippon Budokan (Tóquio), a Opera House (Sidnei)[53] e o Theatro Mvnicipal (São Paulo). Os concertos, apresentados a partir de uma "consciência meditativa", logo se tornaram seu oferecimento mais numeroso e popular.

"Quando pintamos, precisamos nos unir ao pintor interior. Quando cantamos, precisamos nos unir ao cantor interior. Exteriormente, podemos ser músicos excelentes, mas, se não tivermos a capacidade de nos tornar um com o músico interior, nosso canto não terá devoção, nem será sublime." – Sri Chinmoy[54]

Sua música é simples e espontânea, atrativa por sua inocência e natureza jovial.[55] Ele costuma alternar o canto solene com melodias pacíficas tocadas na flauta transversal ou no esraj indiano, bem como alegres (e, muitas vezes, bastante inovadoras)[56] performances num acervo sempre diferente de flautas, percussão e instrumentos de corda, não raro culminando com uma improvisação ao piano.[57]

Assim como o versátil compatriota bengali, Rabindranath Tagore,[58] Chinmoy adapta livremente a melodia à letra, mesmo que isso resulte em métrica mista ou compassos irregulares. Um exemplo dessa métrica é a canção "Dekhi Jena",[59] que combina os tempos de 4/4 e 3/8.

Heinrich Schweizer, mais conhecido por sua Sinfonia Histórica, incorporou as melodias de Chinmoy às suas peças clássicas.[60] Arranjos de seus alunos podem assemelhar-se com desde o canto gregoriano[61] até o fusion jazzístico.[62] [3]

Sua ênfase em poesia e música pode ser melhor compreendida no contexto histórico de Bengala, onde o movimento Vaishnava utilizou-se do recital e do canto devocional para dispersar as distinções de casta, superar ritualismos vazios e trazer um alento de amor divino, no qual questões humanitárias poderiam também florescer. Ainda resta saber se a História o verá como um outro poeta vaishnava, mas este poema endereçado ao "Amado" – e expressando o ideal sufi, que de certa forma remete às obras vaishnavas – é um (claro) exemplo do gênero:[63]

Shudhu Sundar

You are nothing but beauty, eternal beauty,
Wherever I turn my eyes.
Do You always drink the nectar of Your self-form
Residing in my eyes?
The waves of tune and sweet and melodious songs
That create heart-elevating resonance,
O Beloved, do You hear them
By using my ears?[64] – Sri Chinmoy

Você é todo beleza, eterna beleza,
Onde quer que eu pouse meus olhos.
Eu pergunto: Você sempre bebe o néctar
De sua Forma-Existência
Que jaz à minha vista?
As ondas de melodia
E as doces e salmodiadas canções
Que criam ressonância sublime,
Ó Amado, Você as ouve

Através dos meus ouvidos? (tradução)

Projetos atléticos e humanitários

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Em 1977, fundou-se o Sri Chinmoy Marathon Team (Equipe de Maratona Sri Chinmoy)[4], que promove competições de corrida, nado e ciclismo ao redor do mundo – desde "fun-runs" até ultramaratonas.[65] Seu precursor foi a Liberty Torch Run (Corrida da Tocha da Liberdade) de 1976, um revezamento onde 33 corredores marcaram o bicentenário dos Estados Unidos percorrendo 14.100 quilômetros e atravessando mais de 50 estados.[66] A corrida começou e terminou em Nova Iorque, encontrando-se em seu final com o então prefeito, Abraham Beame, que proclamou o dia 16 de agosto de 1976 "Dia da Tocha da Liberdade".[67]

Esse conceito foi expandido em 1987, tornando-se a internacional Peace Run (Corrida da Paz) . Ela ocorria a cada dois anos e mais tarde foi renomeada World Harmony Run (Corrida da Harmonia Mundial).[68][5] Como todas as iniciativas pacifistas de Sri Chinmoy, ela não envolve protesto ou ação política. A Corrida é um esforço para elevar a consciência do mundo sobre a necessidade de paz, com base no lema "A paz começa comigo."[69]

Notícias na mídia dão a entender que a Corrida não possui uma finalidade meramente atlética, mas também diplomática, promovendo eventos em diversas cidades, encontros com autoridades e grupos comunitários, bem como programas onde as crianças nas escolas escrevem sobre o significado da paz.[70] Quando entrevistado em abril de 2006 pelo jornal Victoria News (de Washington, BC), o Diretor da Escola Primária Quadra, John Fawcett, disse que o currículo para Harmonia Mundial "se alinha de forma bela às metas da nossa escola."[71] Numa leitura, nota-se que esse currículo enfatiza boa comunicação, resolução não-violenta de conflitos e conhecer sobre pessoas de diferentes culturas como uma forma de fomentar respeito e tolerância.[72]

O jornal Bucks County Courier Times, da Pensilvânia, indica que a corrida não busca patrocínio empresarial, mas sim depende de contribuições dos membros, além de vender camisetas para arcar com as despesas de alimentação e alojamento.[73] O jornal Salisbury Post escreve em uma reportagem que a tocha de revezamento foi recebida por várias personalidades ilustres, desde o Papa João Paulo II até o músico Sting.[68] Em 2005 e 2006, o porta-voz da corrida foi o campeão olímpico Carl Lewis,[74] que se voluntariou para o cargo.

"Eu procuro incentivar e inspirar meus alunos a participarem de triatlos e corridas de curta e longa distância, justamente porque sinto que o mundo precisa de dinamismo. O mundo exterior necessita de dinamismo, e o mundo interior necessita de paz. Todos nós somos buscadores. Portanto, oramos e meditamos para ter paz. E sentimos que, se tivermos dinamismo, conseguiremos realizar muitas coisas em nossa vida exterior. Para que tenhamos dinamismo, é necessário estar em boa-forma física a toda hora, e é notável o auxílio da corrida nesse quesito. A corrida também nos lembra de nossa eterna jornada, na qual caminhamos, marchamos e corremos pela Estrada da Eternidade, em direção à nossa eterna Meta." – Sri Chinmoy[75]

Muitos dos alunos de Chinmoy praticam corrida diariamente, buscando saúde e um bom preparo físico. Alguns deles, como Suprabha Beckjord, são respeitados ultramaratonistas.[76] Seus alunos Vasanti Niemz, Vedika Bolliger, Ahelee Sue Osborn (feminino) e Mate Szekely, Karteek Carlk, Adhirata Keef e Tejaswi Van Der Walt (masculino),[77] completaram a travessia do Canal da Mancha na modalidade individual.

Em 1978, Chinmoy recebeu um distinto prêmio da revista Runner's World, "por seu dedicado serviço oferecido à humanidade, através da promoção da corrida."[78] Seu time trabalhou muito próximo do clube de Corredores de Rua de Nova Iorque[79] e patrocinou eventos de ultradistância onde figuras lendárias como Yiannis Kouros e Al Howie estabeleceram novos recordes mundiais.[80]

Chinmoy competiu em corridas desde a sua juventude até depois dos sessenta anos. A revista American Fitness relata que "ele completou mais de 200 corridas de rua, incluindo 21 maratonas e 5 ultramaratonas."[81] Em 1983 (com 52 anos de idade), Chinmoy fez o tempo de 72,66s na prova de 400 metros rasos, no World Masters Games de San Juan, em Porto Rico.[82] Aos 49 anos, ele completou a Ultramaratona Sri Chinmoy de 47 Milhas (75 quilômetros), no Queens, em Nova Iorque, com o tempo de 11h, 27min e 24s.[83]

"A idade não é empecilho. Eu descobri que a mente nos faz sentir muito velhos. Todavia, no momento em que uso o meu coração, tenho novamente vinte anos de idade. Quando temos a experiência de uma meditação profunda, descobrimos que a energia espiritual é a fonte da energia física, mental e vital." – Sri Chinmoy[81]

Nos anos seguintes, um ferimento no joelho limitou sua habilidade para correr.[84] Mas em 1985 ele começou a praticar halterofilismo, continuando a organizar eventos, com o intuito de fazer o público acreditar no poder do coração.[85] A exemplo, foram realizados levantamentos extra-oficiais de abóboras gigantes,[86] elefantes[87] e grupos de pessoas numa plataforma,[88] usando uma máquina modificada para levantamento com os músculos da panturrilha.[89][90]

O jornal Rotorua Daily Post afirma que, durante uma visita à Nova Zelândia, no final de 2002, ele ergueu fisicamente 1.000 ovelhas (em grupos menores, durante seis sessões).[91] Isso foi parte de seu programa "Lifting Up The World With A Oneness-Heart" (Levantando o Mundo com um Coração-Unicidade), que normalmente homenageia pessoas que contribuíram para a melhoria da sociedade nos campos dos esportes, literatura, ciência, política ou realizações pessoais.[24][92] "Eu os levanto para demonstrar o quanto admiro suas vitórias", disse Chinmoy.[93]

No dia 2 de novembro de 1998, numa mostra em Teterboro, nos Estados Unidos, Chinmoy levantou seis aeronaves leves, uma após a outra. Ele foi entrevistado pelo Bergen Record, que fez a seguinte pergunta: "Por que você faz isso?" E a resposta foi:

"Eu estou tentando, de acordo com a minha humilde capacidade, servir ao mundo com dedicação. Nas Nações Unidas, venho oferecendo meditações desde 1970. Além disso, escrevi muitas canções e poemas. Também pintei milhares e milhares de quadros. Tudo isso eu faço para inspirar outras pessoas. (…) A inspiração é um elemento divino em nossa vida. Quando estamos inspirados, tentamos subir os Himalaias.[94] Quando estamos inspirados, tentamos nadar o Canal da Mancha. Quando estamos inspirados, vamos de um país para o outro, inspirando pessoas e sendo inspirados por elas. Eu sinto que, quando inspiramos a humanidade, nos tornamos bons cidadãos do mundo automaticamente. Essa é a minha filosofia. Os levantamentos de peso são feitos com o intuito único de inspirar a humanidade."[95]

Chinmoy não afirmava usar quaisquer poderes ocultos ou paranormais em seus levantamentos de pesos,[96] mas sim adquirir a força de uma vida integral, onde corpo e espírito atuam juntos.[97] Em 1991, a revista American Fitness escreveu "Ele não faz isso para aparecer em livros de recordes – o que em geral consideramos, de modo equivocado, ser o verdadeiro valor das realizações de uma pessoa -, mas sim para o propósito final a que esses levantamentos servem."[98]

Naquele mesmo ano ele fundou a "Oneness-Heart Tears and Smiles"[99] (Os Sorrisos e Lágrimas de um Coração-Unicidade) [6], uma organização de auxílio humanitário que envia suprimentos médicos, alimento e roupas para regiões empobrecidas da Europa Oriental, Índia, Indonésia, África e Micronésia. Ela inclui um programa intitulado "Kids-to-Kids" (Das Crianças para as Crianças), onde escolas enviam materiais educacionais para escolas parceiras em outros países menos favorecidos. "Drawings of Hope" (Desenhos de Esperança)[100] é um projeto especial desenvolvido para as crianças em Aceh (Indonésia) que ficaram órfãs com o tsunami de dezembro de 2004.

Já o Sri Chinmoy Peace-Blossoms (Flores da Paz Sri Chinmoy)[101] é um programa iniciado em 1989, onde uma rede global de marcos notáveis – grandes cidades, lugares belos[102] – são dedicados à paz. Céticos poderiam questionar como simplesmente nomear um lugar como Flor da Paz poderia ter algum efeito. Mas seus alunos dizem que, se a esperança pela paz for algo frágil, promover cerimônias[103] nas localidades irá torná-la real e tangível, auxiliando pessoas de similares intenções de paz a se sentirem conectadas, mesmo que suas próprias comunidades estejam em pé de guerra. Um artigo de abril de 1995 no jornal Hinduism Today relata que o agora falecido rei Birendra, do Nepal, dedicou um pico ainda não medido nos Himalaias como a "Montanha da Paz Sri Chinmoy".[104] No Brasil, são marcos Sri Chinmoy Peace-Blossoms, dentre outros, as Cataratas do Iguaçu, a Ponte Rio-Niterói e o Aeroporto Afonso Pena (em Curitiba). Durante sua visita do ao Brasil, em 1999/2000, o próprio país recebeu a menção Nação Flor da Paz, somando-se nesse projeto a centenas de outros ao redor do mundo.

Para aqueles que acreditam em Chinmoy e seus alunos, essas diferentes atividades – poesia, música, arte, esportes e serviço humanitário – não significam uma variação de temas, mas sim a expressão de uma mesma essência fundamental.[105]

Ensinamentos

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Ele chama seu caminho de "o caminho do coração"[106] ou o caminho do "amor, devoção, entrega"[107] a Deus, aqui chamado de Supremo (Supreme, em inglês).[108] Uma de suas canções assim fala sobre Deus:

You are beautiful, more beautiful, most beautiful,

Beauty unparalleled in the garden of Eden.
Day and night may Thy Image abide
In the very depth of my heart.

Você é belo, mais belo, belíssimo,
Beleza inigualável no jardim do Éden.
Dia e noite, que Sua Imagem possa encontrar morada

Nas profundezas de meu coração.[109] (tradução)

Sua concepção do Supremo inclui tanto o aspecto com forma quanto sem forma,[110] bem como os dois aspectos, Pai e Mãe.[111] Sobre a última, ele escreve:

It is for a man like me who has no capacity

That the Eyes of the Mother are eternally awake.
All you wish to know about me, ask Her.
Without Her Affection and Love,
I do not exist.

É para um homem como eu, sem capacidade,
Que os Olhos da Mãe permanecem eternamente despertos.
Tudo o que você deseja saber sobre mim, pergunte a Ela.
Sem o Seu Amor e a Sua Afeição,

Eu não possuo existência.[112] (tradução)

Ele não vê o Supremo como uma entidade fixa ou estática, preferindo usar o termo "sempre transcendente Além":

"A meta derradeira da aspiração é ir ao Além, ao sempre transcendente Além. E esse Além não é outra coisa senão Deus.[113]

O coração sempre transcendente sabe que não há fim para o nosso progresso e nossa realização. A meta de hoje é o ponto de partida de amanhã. E a meta de amanhã será o ponto de partida para o dia seguinte, pois o próprio Deus faz progresso incessante e transcende eternamente Suas próprias Altitudes infinitas."[114]
A verdade reside dentro de nós e clama por emergir. Mas, infelizmente, mantivemos a porta fechada e não permitimos que a Verdade saia. E como podemos libertar a Verdade de sua prisão? É através do amor. Amor por quem? Amor a Deus. E quem é Deus? Deus é a nossa parte iluminada mais elevada. Deus não é outra coisa ou outra pessoa. – Sri Chinmoy[115]

Ele também descreve a Deus como a Verdade interior e a parte mais iluminada de cada pessoa. Isso condiz com a doutrina hindu de Tat Tvam Asi ("Isto Tu És"), encontrado no Chandogya Upanishad.[116]

Seus ensinamentos são essencialmente monoteístas. Na "Invocação",[117] uma canção diariamente cantada por seus discípulos,[118] ele escreve sobre o Supremo: "Vós sois uma Verdade, uma Vida, uma Face." Chinmoy também reconhece e admira os deuses e deusas da Índia[119] – bem como os anjos[120] descritos na literatura Judaico-Cristã – mas sua prioridade é o Supremo uno. Ele diz:

"Eu acredito em um Deus, uma Fonte. O amor a Deus é como uma árvore – a árvore-vida – e possui muitos ramos. Cada um desses ramos possui uma identidade e um nome específicos, como cristianismo, budismo, hinduísmo, judaísmo, islamismo e assim por diante. Mas eles ainda são ramos de uma mesma árvore."[121]

Seus ensinamentos não são excludentes e valorizam as contribuições feitas por personalidades espirituais, de Madre Teresa[122] a Pir Vilayat Inayat Khan.[123] Em dezembro de 2001, a Reverenda Barbara Moss ofereceu um sermão interconfessional (inter-religioso)[124] na Igreja-Mor de Santa Maria, em Cambridge, onde ela citou dois dos poemas de Sri Chinmoy:

1.

Vejo uma igreja vazia.
Onde está o Cristo?
Para onde ele foi?

Vejo um templo vazio.
Onde está Sri Krishna?
Para onde ele foi?

Vejo um coração vazio.
Onde está Deus?
Para onde ele foi?[125]

2.
Eu vi a face
Do Cristo sofredor.
Eu chorei e chorei.

Eu senti o coração
Do Cristo piedoso.
Eu sorri e sorri.

Eu abracei a alma
Do Cristo iluminador.

Eu dancei e dancei.[126]

De acordo com Moss:

"Sri Chinmoy ilumina o paradoxo da nossa era: o abandono da religião formal, que testemunhamos ao ver as igrejas vazias e death-of-God theology (uma teologia sobre a morte de Deus), ao passo que, ao mesmo tempo, há uma intensa sede espiritual. Sua resposta nesse poema, entretanto, não é negar a revelação de Deus em Jesus, mas sim inspirar-se por meio da meditação em Jesus."[127]

A enciclopédia Columbia o descreve como um "poeta e místico", dizendo: "Ele enfatiza o desenvolvimento do coração espiritual, que, segundo diz, apresenta uma capacidade humana superior à da mente, bem como destaca a necessidade de se manifestar Deus no dia-a-dia ao invés de se afastar do mundo."[128]

A isso ele chama de "o caminho sol-iluminado",[129] descrevendo o papel do guru como o de um amigo ou de alguém que auxilia.[130] O veículo Hinduism Today relata que Chinmoy possui alguns milhares de alunos ao redor do mundo.[131]

Estilo de Vida

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Chinmoy pede aos seus alunos que adotem uma dieta vegetariana, abstenham-se de drogas e álcool[132] e tenham uma vida pura.[133] Nos encontros semanais, os homens vestem-se de branco, enquanto que as mulheres usam saris indianos.[134] Ainda que nitidamente influenciado pelo hinduísmo, seu caminho atende a uma comunidade internacional de buscadores de diversos âmbitos da vida.[135] Ele diz:

"Yoga não interfere com qualquer religião. Todos podem praticar Yoga. Eu tenho discípulos que são católicos, protestantes, judeus e etc. Pode-se praticar Yoga independentemente da religião a qual uma pessoa pertença. … O verdadeiro aspirante que mergulhou na espiritualidade e Yoga não encontrará dificuldades em permanecer em sua religião. Peço aos meus discípulos que não deixem suas religiões."[136]
 
Sri Chinmoy abre a meditação no Parlamento das Religiões do Mundo, Chicago 1993

Um artigo de maio de 2006 no Ottawa Citizen confirma:

"Educada na Igreja Anglicana, a física e engenheira eletricista britânica Karnayati Morison sempre teve interesse na espiritualidade e, salvo por um período durante o estudo na universidade, sempre foi uma cristã praticante. Ela ainda se considera cristã – pois os integrantes do Centro Sri Chinmoy podem ter sua própria religião – e tem tanto crucifixos quanto fotos de Sri Chinmoy em sua casa, que compartilha com os filhos Zac e Patrick, de 19 e 28 anos de idade, respectivamente."[137]

De acordo com a Dra. Kusumita Pedersen, que preside o Departamento de Estudos Religiosos no St. Francis College, "Os integrantes dos Centros são provenientes de todas as posições sociais, incluindo solteiros de todas as idades, casais e famílias com crianças."[138] E como eles meditam? Pedersen explica:

"Sri Chinmoy escreveu amplamente sobre a meditação,[139] mas não recomenda uma técnica específica para todos. Ao invés disso, ele ensina cada buscador a desenvolver seu próprio método a partir da experiência interior, utilizando-se de certos princípios básicos: a necessidade de concentração no coração com uma mente calma e silenciosa, o grande poder espiritual da gratidão e a necessidade fundamental de "aspiração", aquele "clamor" pela autotranscendência, muitas vezes retratado como uma chama que sobe em direção a Deus."[140]

Mundialmente, seus centros espirituais [7] são, em geral, limpos, de cores azul e branco, com decoração modesta, tal como quadros do mestre, um altar com sua foto para meditação e flores. Eles não são ashrams no sentido de um lugar onde se vive em comunidade. Os devotos vivem em seus próprios apartamentos ou casas e trabalham em empregos convencionais.[141] Alguns estabeleceram "empresas divinas",[142] tais como a Garland of Divinity's Love (uma floricultura), Guru Health Foods (loja de produtos naturais e nutricionais), várias lanchonetes e restaurantes[143] e as lojas de tênis e acessórios de corrida Run and Become.[144]

Um costume recorrente entre seus alunos é encontrarem-se em "joy-days" (dias de alegria) – retiros em grupo, onde eles apreciam as paisagens naturais, cozinham, cantam e praticam esportes. Sumangali Morhall, do Centro Sri Chinmoy do País de Gales, descreve um desses encontros no seguinte link: [8].[145]

Contexto Histórico

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Dentro de um contexto histórico mais amplo do yoga, o seu "caminho do coração" se assemelha ao bhakti yoga, o yoga do amor e devoção a Deus. Ele também engloba elementos do karma yoga, o yoga da ação altruísta. Há uma ênfase menor no jnana yoga, o yoga do conhecimento mental e discernimento.[146] Como um yogi do fim do século XX e início do século XXI, Sri Chinmoy foi herdeiro do Vedanta moderno e do yoga integral. Seus escritos valorizam Swami Vivekananda (um precursor da filosofia Vedanta moderna[147]) por ajudar a combater o sofrimento e a pobreza e criar um casamento de idéias entre o oriente e o ocidente.[148]

Sri Aurobindo, com seu yoga integral, oferecia a visão de que, do Absoluto altíssimo, a consciência desce, permeando vários níveis, até finalmente se tornar matéria.[149] Tal visão também é aceita por Sri Chinmoy.[150] Como Aurobindo, Chinmoy descreve os diferentes aspectos do ser humano como sendo corpo, vital, mente, coração e alma.[151] A meta desse yoga é transformar e integrar esses diferentes aspectos, de forma que a pessoa possa realizar plenamente o seu potencial divino. Ele afirma que, quando o corpo é permeado pela luz da alma, quando os esforços do vital são altruístas, quando a mente está repleta de paz e o coração se identifica com algo vasto e universal, então é simplesmente natural para o homem ser extraordinário. (Sri Aurobindo, por exemplo, redigiu o poema épico Savitri[152] – um dos mais longos poemas na língua inglesa.)

Aurobindo e Chinmoy acreditavam em um processo duplo de involução e evolução, assim descrito por Chinmoy:

"Quando a alma desce, é a involução da alma. Quando ela sobe, é a sua evolução. Primeiro, a alma entra no abismo mais inferior de inconsciência. Então, ela novamente evolui e retorna ao estado de Satchidananda – Existência, Consciência, Beatitude – a Consciência tripla."[153]

Ao passo que os ensinamentos de Chinmoy refletem também a sutileza filosófica do Vedanta e do yoga integral, o espírito dominante é de Vaishnavismo. Seu Vaishnavismo – tendo atravessado o prisma do Vedanta e do yoga integral – não é direcionado fundamentalmente às encarnações de Vishnu, mas sim a um Deus universal, o qual é infinitamente amável. Ele escreve:

"Deus é nosso Pai, Deus é nossa Mãe, Deus é nosso Irmão e Deus é nossa Irmã. Ele é tudo e todos para nós. Há apenas um Deus. O meu Deus e o seu Deus são o mesmo. Eu não sou Deus. Ele é Alguém que está dentro do meu coração, dentro do seu coração, dentro do coração de todos. E eu não sou o Guru. Deus é o único Guru, pois é Ele quem nos ilumina, nos liberta e faz de nós Seus instrumentos perfeitos."[154]

E também:

"Nós amamos a Deus, não porque Ele é grande, nem porque é Onisciente, Onipotente e Onipresente, nem porque Ele é tudo. Nós amamos a Deus justamente porque Ele é todo Amor, e o Amor é o poder mais forte."[155]

Em seus primeiros escritos, ainda na Índia, Chinmoy descreve a poesia de Tagore como a perfeita síntese do Vedanta e Vaishnavismo:

"A cabeça do Vedanta está sempre voltada para cima. A cabeça do Vaishnavismo está sempre curvada para baixo. Elas são tão opostas quanto o céu e a terra. Mas essas cabeças nunca se chocam na obra de Rabindranath. Ele as acolheu de maneira pacífica e as sintetizou perfeitamente. O devoto vaishnava canta por meio dele:

Ó Tu, faça a minha cabeça se curvar à poeira de Seus Pés.
O vedantista com o monismo absoluto declara por meio dele:
Até onde minha compreensão alcança,

Tu e eu somos a mesma-igual natureza."[156]

Condizentes com esse exemplo, os ensinamentos de Chinmoy incorporam Vedanta e Vaishnavismo, usando a devoção ao Deus pessoal como forma de realizar o Absoluto sem forma. Em sua visão, "O Deus pessoal e o Deus impessoal são o mesmo Deus."[157] (Veja também "Who is Ishvara", de Vivekananda)[158]

Muitos dos alunos de Chinmoy o vêem como um Avatar, um termo definido de formas variadas na filosofia hinduísta.[159] No contexto de seu próprio ensinamento, um Avatar é alguém que se tornou um "instrumento consciente de Deus." Ele esclarece:

"Quando digo que sou um instrumento, é isso o que realmente quero dizer. Eu não sou Deus – longe disso. Deus é tanto o seu Pai como o meu Pai. Ele não é monopólio de ninguém. Mas eu sou um instrumento consciente d`Ele, e, infelizmente, você ainda não é. Mas amanhã você poderá se tornar um instrumento consciente de Deus se trilhar o caminho interior da disciplina espiritual."[160]

Ele vê Cristo e Buda como Avatares. Outros Avatares (da tradição indiana) incluem Sri Rama, Sri Krishna, Sri Ramakrishna e Sri Aurobindo.[161]

Essas declarações têm sido explicadas no contexto da religião comparativa. Nem é necessário dizer que diferentes credos – e mesmo diferentes caminhos hindus – terão pontos de vista diferentes, e também que alguns céticos questionam todas essas afirmações. No caso de Chinmoy, há um panorama do pluralismo religioso arraigado em sua convicção de que "o amor a Deus é a essência de toda a religião",[162] e que o yoga é como uma "escola", onde pessoas de diferentes credos podem estudar juntas.[163] Sua resposta para o aparente conflito de religiões é esta:

"As religiões podem lutar no caminho em direção à meta, mas ao fim da jornada elas se tornam amigas íntimas, sentindo que estiveram o tempo todo juntas na mesma jornada – apenas trilhando caminhos diferentes. Seguidores sinceros de qualquer religião, seja o cristianismo, o hinduísmo, o budismo, o islamismo ou o judaísmo, nunca verão defeito nas verdades das outras religiões. Elas sabem que a Verdade derradeira existe em cada religião. Todavia, no campo da prática ou manifestação, os pensamentos, idéias e vibrações humanas podem alterar a verdade. É isso o que está na raiz do conflito entre as religiões. Contudo, na hora em que entramos em nosso profundo interior, vemos que não existe religião, que tudo o que há é Verdade. O maior líder político da índia, Mahatma Gandhi, disse: "Onde está a religião? Para mim, a religião é tão somente a Verdade." A palavra "religião" pode causar conflitos e lutas. Mas quando usamos o termo "Verdade", as partes conflitantes permanecem em silêncio."[164]

Reconhecimento e atividades recentes

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Chinmoy recebeu diversos prêmios por seu trabalho, incluindo Hindu Renaissance, concedido pelo Hinduism Today,[165] o Gandhi Universal Harmony, presenteado pelo Instituto de Cultura Indiana nos Estados Unidos[166] – recebido em conjunto com Coretta Scott King (esposa de Martin Luther King) –, e um prêmio de reconhecimento humanitário da Fundação Jesse Owens[167] conforme indica o jornal Chicago Sun-Times.

Chinmoy era ativo na comunidade interconfessional. Em 1993, foi convidado para conduzir a abertura da primeira sessão plenária do Parlamento das Religiões do Mundo, em Chicago, nos EUA, com uma meditação silenciosa,[168] e novamente em Barcelona, em 2004.[169] Sendo o ano de 1993 o que marca o centenário do discurso de Vivekananda no Parlamento de 1893, Chinmoy dedicou uma série de 39 concertos, durante a primavera e o verão, em honra aos 39 anos de vida de Vivekananda – incluindo concertos de ano novo nas Igrejas de São Pedro, de Jesus Cristo e de São Estevão, bem como na Bharatiya Vidya Bhavan.[170]

News India relata que, em 1995, ele comemorou o qüinquagésimo aniversário das Nações Unidas com um concerto em que tocou 50 instrumentos.[171] Oferecido na antecâmara da Sala de Assembléia Geral, o evento foi "co-promovido pelos representantes na ONU de nove países, incluindo o embaixador da Índia, Prakash Shah." Em julho de 1999, Sri Chinmoy organizou um memorial na ONU em homenagem ao falecido John F. Kennedy Jr. O memorial reuniu tributos da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Elie Weisel, do Primeiro Ministro canadense Jean Chrétien e de outras personalidades políticas, segundo o jornal USA Today.[172] O New York Beacon escreveu que, em meados do ano 2000, "paisagens de pássaros pela paz" foram exibidas no saguão do Secretariado da ONU.[173] No mesmo ano, ele ofereceu um concerto para milhares de pessoas no Molson Centre de Montreal (hoje Bell Centre).[174]

Como palestrante convidado, Chinmoy recebeu o prêmio Sonhador da Paz, do Instituto de Pesquisas Asiáticas da Universidade de British Columbia, nos EUA; o prêmio Aluno da Paz, do Centro de Estudos em Religião e Sociedade da Universidade de Victoria; o prêmio Educador da Paz, do Departamento de Sociologia e Comitê Ad Hoc de Estudos sobre Paz e Conflitos, da Universidade de Austin, o prêmio Peace-Service-Tree, oferecido pelo Departamento de Estudos Religiosos da Universidade Internacional da Flórida, nos EUA,[175] e um prêmio do Instituto pela Paz Senador Spark M. Matsunaga, da Universidade do Havaí, em Manoa.[176]

Os prêmios literários incluem o Prêmio de Literatura de Paz Mundial, da Universidade de Washington,[177] e um Prêmio por Excelência da Sociedade de Escritores do Departamento de Recreação dos Funcionários da ONU.[178] Em 2001, ele foi convidado para participar do "O Diálogo através da Poesia", uma associação de poetas, escritores, organizadores e delegados da ONU dedicados a construir uma cultura de paz através da poesia. O evento culminou com uma conferência na ONU, contando com a presença também de Joyce Carol Oates, James Ragan, Mei-mei Berssenbrugge e Yusef Komunyakaa.[179]

Sri Chinmoy compareceu novamente à ONU em abril de 2006, com a exposição "Arte pela Harmonia Mundial" (Paintings for World-Harmony). Kaumudi USA relata que a exibição foi amplamente visitada por diplomatas, amigos e admiradores, bem como curadores dos museus Metropolitan e Moma.[180] Em maio de 2006, a Biblioteca Barr Smith, da Universidade de Adelaide, recebeu uma exibição de reproduções da arte, revivendo uma experiência anterior, de 1996.[181] Em julho de 2006, houve uma exposição de obras em acrílico sobre papel no Templo Kotokuin (no Japão), que culminou com um concerto onde Chinmoy cantou e tocou diversos instrumentos.[182] Segundo o jornal India Post, nesse período ele compôs sua canção de número 13.000 em bengali.[183] Ao fim de julho, Chinmoy voltou a Nova Iorque e tocou na Igreja Riverside. Já em novembro do mesmo ano, ele iniciou uma visita de cinco semanas à Turquia, com um concerto planejado na Universidade de Bósforo, em Istanbul, segundo relata o jornal Turkish Daily News.[184]

Embora tenha escrito diversos livros, Chinmoy se coloca mais como um conselheiro do que propagador de uma "religião do livro".[185] O Hinduism Today notou que "Sri Chinmoy vive seus ensinamentos, conforme foi demonstrado em suas proezas hercúleas – algumas sem precedentes – nas áreas da música, literatura, arte e esportes."[186] A revista What is Enlightement? sugere que "o mais extraordinário talvez seja sua capacidade, quase que milagrosa, de inspirar em muitos de seus alunos as aptidões que desafiam os limites presentes na sua própria odisséia espiritual."[187]

Uma matéria oficial da Universidade Internacional do Camboja, de Setembro de 2005 diz: "Após uma cuidadosa deliberação e análise de documentos e filmes sobre o que Sri Chinmoy fez para a humanidade durante quatro décadas, o Conselho de Ciência da Universidade Internacional, representado pelo Prof. Dr. Sam Sophean, decidiu de forma unânime conferir um diploma" a Sri Chinmoy – doutor honoris causa na área "de Humanidades, em Estudos pela Paz".[188] Em 2007, vários professores universitários indicaram Chinmoy para o Prêmio Nobel da Paz, incluindo o Prof. St-Amand, da Universidade de Ottawa, Prof. Oldrich Miksik da Universidade Charles, em Praga, República Tcheca, e Halldór Blöndal, ex-presidente do Parlamento da Islândia.

Pesando-se todas as informações, é possível afirmar que Chinmoy se apresentava diante de autoridades com conhecimentos em assuntos espirituais, literários, artísticos e filantrópicos, e que elas o aceitavam como uma personalidade autêntica. Isso é relevante para as "questões de fronteira" que às vezes surgem entre grupos espirituais e a sociedade em geral. Grupos que não procuram o confronto, dispostos a manter boas relações com as outras pessoas e instituídos por um professor eminente têm maior probabilidade de viver em harmonia em suas respectivas comunidades.

Sri Chinmoy morou em uma casa modesta na região do Queens, em Nova Iorque, nos últimos 39 anos.[189] Ele recebia um vasto número de visitantes internacionais nos períodos de 13 de abril e 27 de agosto – datas que comemoram a sua chegada ao ocidente e o seu aniversário de nascimento, respectivamente. Os encontros eram marcados com celebrações que duravam cerca de duas semanas, com uma série de meditações, concertos, peças de teatro – inclusive humorísticas – corridas e piqueniques. De acordo com um artigo no Detroit Free Press, em abril de 2006 "cerca de 2.000 pessoas de mais de 60 países estiveram em Nova Iorque para comemorar os 42 anos de serviço de Chinmoy pela harmonia mundial."[190] Uma nota no jornal New York Times indica que "os moradores do bairro dizem que os integrantes do grupo são bons vizinhos, tranqüilos e íntegros."[191]

No passado longínquo, Asoka, o grande Imperador da Índia, enviou missionários aos cantos do mundo com uma profunda mensagem: "O fundamento de todas as religiões é o mesmo, onde quer que elas existam. Busque ajudá-las tanto quanto você possa, ensine a elas tudo o que possa ensinar, mas não tente machucá-las." – Sri Chinmoy [192]

Chinmoy também se reunia com seus alunos nas férias de Natal, em lugares tão distantes quanto China, Indonésia, Malásia e Bulgária. Durante suas viagens, encontrava-se com líderes mundiais, autoridades da região e eminências culturais, num esforço para promover a tolerância religiosa e a harmonia intercultural (Fotos mostram Sri Chinmoy com Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela e Mikhail Gorbachev.)[193] Existe material anticulto que o difama, mas quase todas as publicações de renome e versadas em religião comparativa o consideram um professor competente de bhakti yoga e um expoente sincero do diálogo internacional.[194]

Na ocasião de seu falecimento, aos 76 anos de idade, seus alunos organizaram uma "vigília de oito dias com meditação, canto e recitais de poesia em memória de Chinmoy." (veja Mahasamadhi em samadhi)

Referências

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Sites externos oficiais

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Relacionados em algum momento no texto principal:

Demais sites externos

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Bibliográficas

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Adiswarananda, Swami. "Swami Vivekananda: His Message of Vedanta and The Western Way (Part 3): The Essential Teachings of Vedanta" (http://www.ramakrishna.org/activities/message/message7.htm). Ramakrishna-Vivekananda Center of New York, 1996. Visto em 8 Oct. 2006.


Referências

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  40. "School of Visual Arts" Jharna-Kala Magazine 1.1 (Abr–June 1977): 27–28. Inclui comentários de Brian Gormley, reitor da faculdade.
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  44. Chinmoy, "The Upanishads"Princeton Seminary Bulletin 65.1 (July 1972): 43–46.
  45. Muitas das primeiras publicações de Chinmoy não são mais editadas. As bibliotecas da Escola de Teologia de Harvard, em Cambridge, MA/EUA e da Universidade de Brown em Providence, RI/EUA, abrigam quantidades expressivas das suas primeiras obras. A Graduate Theological Union Library/Media Center da Pacific School of Religion em Berkeley, CA/EUZ, guarda material em circulação e arquivo dos primeiros dez anos de Chinmoy nos EUA.
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  51. A Biblioteca Doe, principal coleção da Universidade da Califórnia, em Berkeley, guarda um jogo completo dessa Revisão, desde 1952 até 2006.
  52. Dua 2005, p. 68 diz que, até 5 de maio de 2005, Chinmoy havia composto 18.897 canções devocionais, sendo 12.000 em bengali – sua língua mãe – 6.684 em inglês, 180 em sânscrito e 33 em francês.
  53. Dua 2005, p. 66; "Sri Chinmoy Composes" (http://www.indiapost.com/members/story.php?story_id=5497) India Post 2 Aug. 2006.
  54. Chinmoy, Sri Chinmoy Speaks, Part 4 1976, p. 45.
  55. Vineberg 1977, pp. 20–24, 91.
  56. Underwood, Pulse! Fev 1988: 50.
  57. Veja, por exemplo, Chinmoy, 107 Blue Heart-Boats (http://www.radiosrichinmoy.org/radio/106) (CD) 1996.
  58. Escritos de Chinmoy sobre Tagore, veja "Rabindranath" em Mother India's Lighthouse 1973, pp. 135-203 e "Rabindranath" em India, My India 1997, p. 97.
  59. Chinmoy, Seventy Rosebuds 1987, p. 12.
  60. O CD East West Symphony and Other Compositions de Heinrich Schweizer inclui sua Suite for Flute, Bassoon and Piano, inspiradas em temas de Sri Chinmoy. Schweizer 2000 (CD); "East West Symphony" (http://swissmusic.swissinfo.org/eng/swissmusic.html?siteSect=155&sid=911764&cKey=1047973260000 (ensaio sobre) Swiss Radio Int'l.
  61. Shindhu, Into the Infinite Beyond (http://www.radiosrichinmoy.org/radio/114) (CD) 1992. Track 5: "Biraher Giti".
  62. Tubbs, Mission-Transcendence (http://www.radiosrichinmoy.org/radiosrichinmoy/server.php?q=f&f=%2F07_Artists%2FPremik%2FMission-Transcendence (CD) 2004. Track 3: "Tears of the Heart."
  63. Veja o artigo sobre "Vaisnava Movement" na Banglapedia (http://banglapedia.search.com.bd/HT/V_0007.htm) com discussões sobre a influência Sufi. Veja também Dorn, "Sri Chinmoy" (http://www.peacemagazine.org/archive/v04n6p23.htm) Peace Magazine 4.6:23, conectando Chinmoy com a tradição Vaishnava de Bengala e descrevendo-o como um poeta de "considerável habilidade". Veja também os comentários do Dr. Majid Tehranian, da Universidade do Havaí, equiparando Chinmoy com Saadi, "um poeta Sufi Persa do Século XIII" (Chinmoy, A Peace-Collecting Pilgrim-Soul 1980, p. 8.) Veja também Chinmoy sobre o Sufismo: "A luz Sufi e o caminho que nós seguimos são similares. O caminho Sufi é um caminho do amor, e também o é o nosso…" (Chinmoy, The Avatars 1979, p. 8.)
  64. Chinmoy, Patience-Groves 1978, p. 26.
  65. Bennett, Ultrarunning Abr 1987: 23–25.
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  67. Among the Great 1978, p. 176 (Mayoral proclamation). O prefeito Beame também enviou uma carta endereçada a Sri Chinmoy, dizendo: "Durante os 12 anos em que você residiu em nossa cidade, você ofereceu de forma abnegada centenas de meditações públicas – a que comparecem milhares de nova iorquinos de todas as idades, raças e religiões – conduziu dezenas de concertos gratuitos e abriu sua galeria de arte ao povo, sem nunca cobrar qualquer taxa… [I] Aguardo poder vê-lo novamente enquanto cada um de nós faz o melhor para servir os povo de Nova Iorque." (Among the Great 1978, p. 50, carta assinada.)
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