Susan Taubes

escritora

Susan Taubes (nascida Judit Zsuzanna Feldmann, 12 de janeiro de 19286 de novembro de 1969), foi uma escritora e intelectual húngara-americana. Nasceu no seio de uma família judaica, filha de um psicanalista e neta de um rabino. Emigrou para os Estados Unidos com o pai ainda criança, em 1939, fugindo do Regime Nazista. Cometeu suicídio logo após a publicação de seu romance semi autobiográfico Divorcing.[1]

Susan Taubes
Nascimento 12 de janeiro de 1928
Budapeste, Hungria
Morte 6 de novembro de 1969 (41 anos)
Nacionalidade húngara
Cônjuge Jacob Taubes
Filho(a)(s) Ethan (nascido em 1953) e Tania (nascida em 1956).
Ocupação Escritora
Magnum opus Divorcing

Biografia

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Vida pessoal

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Nascida Judit Zsuzanna Feldman, em Budapeste na Hungria, filha do respeitado psicanalista freudiano Sándor Feldmann e neta do grão-rabino de Budapeste, Mózes Feldmann. Perdeu contato com sua mãe ainda criança, que deixou a casa da família para viver com o seu amante. Uma das memórias sobre sua mãe, retratadas no romance Divorcing, foi que conseguiu salvar os seus casacos de pele dos nazistas durante o Holocausto. [2]

Em 1939, ano em que o governo húngaro começou a recrutar homens judeus para campos de trabalho forçado, Sándor Feldmann e a sua filha imigraram para os Estados Unidos. [2] Já nos Estados Unidos, estudou primeiro em Bryn Mawr, depois em Harvard, onde fez doutorado em história e filosofia da religião por seu trabalho sobre Simone Weil. Quando ainda era estudante de graduação em 1949, conheceu e se casou com Jacob Taubes, nascido em uma família judia em Viena, com quem teve dois filhos, Ethan e Tania. A correspondência entre os dois foi publicada – cartas arrebatadoras sobre arte, exílio, judaísmo e Heidegger trocadas entre 1950 e 1952 – revela um desejo partilhado de encontrar uma forma de se sentirem em casa no mundo.[3]

Após o casal fixar moradia em Nova Iorque, entre 1960 e 1969, foi curadora da Bush Collection of Religion and Culture, editou volumes de contos folclóricos nativos americanos e africanos, ensinou religião na Universidade de Columbia e juntou-se a uma trupe de teatro experimental, a Open Theater, onde conheceu quem se tornaria uma de suas amigas mais íntimas, Susan Sontag, a quem referia-se a Taubes como o seu “duplo”.[3]

O seu suicídio por afogamento ocorreu pouco depois da publicação do primeiro, em novembro de 1969. Sua amiga Susan Sontag encontrou seu corpo e ela especulou que o suicídio de Taubes foi, em parte, uma resposta às duras críticas ao seu romance de estreia, uma em especial escrita para o New York Times pelo crítico Hugh Kenner que se referiu a ela como "lady novelist".[4] [5] Deixou dois filhos, Ethan, hoje um professor de direito que atuou em diversas Ivy Leagues[6], e Tania, hoje artista plástica. [7]

Escreveu dois romances, Divorcing (romance) e Lament for Julia (contos), ambos ainda sem tradução para o português, editados e publicados pela New York Review of Books em 2020 e 2023, respectivamente.

Divorcing (1969)

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Originalmente chamado To America e Back in a Coffin, sonho e realidade se sobrepõem em Divorcing, um livro em que o divórcio não é apenas uma questão de um casamento desfeito, mas nomeia uma fenda que atravessa os mundos interior e exterior de Sophie Blind, sua brilhante mas desesperada protagonista. A fenda pode ser reparada? Talvez na forma de um romance, que remonta da atual Nova York à infância de Sophie na Budapeste antes da Segunda Guerra Mundial, que revisita o divórcio entre seu pai freudiano e sua mãe inconstante, e encontra lugar para uma série de romances. novas tensões e contradições em sua vida atual. A questão que assombra Divorcing, no entanto, é se qualquer romance pode ser rápido, amargo, verdadeiro e leve o suficiente para reunir todas as trevas de uma determinada vida. O romance surpreendentemente original de Susan Taubes foi publicado em 1969, mas amplamente ignorado na época; após a trágica morte precoce da autora, foi esquecido. Trata de temas como misoginia, imigração, guerra, traumas geracionais e psicanálise. [8]

Lament for Julia

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“Lament for Julia”, conta a história de uma jovem que atinge a maioridade no século XX, vista através dos olhos de um espírito assexuado que se encarrega de sua supervisão. Sobre ela, o espírito sabe muito e muito pouco, já que o ser emocional, físico e sexual de Julia são desconcertantes, embora também fascinantes, para uma entidade com a mente imaculada. Inédito durante a vida de Taubes, “Lament for Julia” aparece aqui com uma seleção de seus contos. Uma brilhante exploração metafórica da dupla consciência de uma mulher que é também uma obra-prima do grotesco, é um romance como nenhum outro, um livro, como escreveu Samuel Beckett ao seu editor francês, “cheio de toques eróticos de tipo enfático [e] linguagem crua”, produto de um “talento autêntico”, acrescentando: “Vou relê-lo”.[9]

Referências

  1. Emre, Merve (5 de junho de 2023). «The Afterlives of Susan Taubes». The New Yorker (em inglês). ISSN 0028-792X. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  2. a b Levy, Deborah (27 de fevereiro de 2021). «Divorcing: a classic novel about misogyny that was almost lost to it». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  3. a b Emre, Merve (5 de junho de 2023). «The Afterlives of Susan Taubes». The New Yorker (em inglês). ISSN 0028-792X. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  4. Shulevitz, Judith (11 de agosto de 2023). «The Devil Inside Her». The Atlantic (em inglês). Consultado em 14 de novembro de 2024 
  5. «The Fiercely Despairing Fiction of Susan Taubes». The New Republic. ISSN 0028-6583. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  6. «Ethan taubes». Ethan taubes (em inglês). Consultado em 14 de novembro de 2024 
  7. «Tania Taubes Artist». TANIA TAUBES (em inglês). Consultado em 14 de novembro de 2024 
  8. «Divorcing». New York Review Books (em inglês). 27 de outubro de 2020. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  9. «Lament for Julia». New York Review Books (em inglês). 6 de junho de 2023. Consultado em 4 de novembro de 2024