Talitrus saltator
Talitrus saltator é uma espécie de pequenos crustáceos anfípodes da família Talitridae[3] comum nas praias arenosas do litoral do nordeste do Atlântico e do Mar Mediterrâneo, onde escava galerias na areia.
Talitrus saltator | |||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||
Talitrus saltator (Montagu, 1808) [1] | |||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||
Talitrus locusta Sars, 1890 [2] |
A presença de pulgas-do-mar é um indicador de reduzida perturbação humana nas zonas de praias.[4]
Nomes comuns
editarEsta espécie dá pelos seguintes nomes comuns: pulga-do-mar[5] ou pulga-da-areia,[6] por virtude do seu aspecto, semelhante ao das pulgas, e pelos saltos súbitos que a caracterizam.[7]
Taxonomia
editarO talitrus saltator foi descrito por George Montagu, em 1808.[3]
Etimologia
editarDo que toca ao nome científico, desta espécie:
- O nome genérico, Talitrus, que provém do latim[8] e significa «piparote; tálitro; pancada rápida com a ponta do dedo indicador ou médio, depois de ter estado apoiado com a unha contra o polegar».[9]
- O epíteto específico, saltator,[10] também vem do latim e significa «saltador».[8]
Do que toca aos nomes comuns, «pulga-do-mar», este nome fica a dever-se ao tamanho, aspecto e aos saltos que esta espécie dá para se deslocar, caracteristícas estas que a assemelham a uma pulga. [4]
Descrição
editarSão organismos de pequeno tamanho, atingindo comprimentos entre 8,2 mm e 16,5 mm de comprimento, sendo os machos ligeiramente maiores que as fêmeas,[11] podendo atingir 16 a 25 mm de comprimento.
O corpo é em geral de coloração castanho-areia[12] ou castanho-acinzentado ou cinzento-esverdeado,[11][13] com um único par de olhos pretos. Tem um par de antenas robustas, com uma antena maior do que a outra nos machos.[12]
Caracteriza-se pela zona do abdómen, que se encontra curvada ventralmente, entre o terceiro e o quarto segmentos, com o télson geralmente distinto.[12]
Os típicos saltos de pulga, que o animal executa sempre que se sente ameaçado, são produzidos pela rápida flexão do abdómen,[14] o que requer que o animal esteja apoiado sobre as pernas (os anfípodes em geral apoiam-se sobre os lados) de forma a permitir a súbita extensão do abdómen sob o corpo.[11] Com essa flexão pode pular alguns centímetros no ar,[15] embora sem qualquer controle sobre sua direcção.[11] As características do animal e a facilidade com que pode ser criado em laboratório levam a que tenha sido realizada grande quantidade de investigação científica para determinar os sinais ambientais que usa para controlar o seu comportamento.[11]
Alimenta-se de detritos orgânicos em decomposição que são depositados pelo mar na zona entremarés, especialmente restos de macroalgas.[12] Ocorrendo em populações abundantes, constitui parte importante da alimentação de diversas espécies de peixes e aves.[4]
Ecologia e ciclo de vida
editarT. saltator passa o dia enterrado na areia, em galerias por si escavadas a uma profundidades de 10 a 30 cm,[12] na zona intermareal, mas emerge à noite durante a vazante da maré para se alimentar.
A dieta é composta principalmente de macroalgas e outros detritos em decomposição que se acumulam nas praias ao longo da linha de preia-mar.[14] As populações de T. saltator são uma importante fonte de alimento para peixes e para as aves marinhas arenícolas.[11]
O acasalamento ocorre quando o fotoperíodo excede as 14 horas, o que contrasta com a generalidade dos animais da região entremarés, tais como os isópodos, que utilizam a temperatura do ar ou a temperatura do mar para determinar a evolução sazonal. O acasalamento ocorre durante a migração nocturna do animal até a praia, depois de a fêmea ter mudado de carapaça.
A postura é de 13-15 ovos que são carregados pelas fêmeas. Quando deixam o ovo, os juvenis são sensíveis a dessecação mas são incapazes de escavar uma toca, pelo que se abrigam sob as algas e outros objectos depositados sobre a praia, aglomerando-se em locais onde a humidade relativa se situe entre os 85% e os 90%. Embora os juvenis adquiram diferenciação sexual dentro de alguns meses, não contribuem para a segunda onda de reprodução no final do ano, reproduzindo-se pela primeira vez apenas no ano seguinte. As fêmeas morrem antes dos machos, durante o seu segundo inverno, sendo que os machos vivem cerca de 21 meses, em comparação com 18 meses para as fêmeas. Durante o inverno, os adultos escavam na areia até atingirem um teor de humidade de 2%, o que pode obrigá-los a cavar até 50 cm de profundidade.[11]
Distribuição
editarTalitrus saltator é encontrado nas costas do Mar do Norte e do nordeste do Oceano Atlântico, desde o sul da Noruega até ao Mar Mediterrâneo. Na maior parte da sua região de distribuição, o seu ciclo diário está fortemente ligada às marés, com as migrações diárias de até 100 m, mas onde não há marés significativas, como em partes do Mediterrâneo, guia-se por pistas visuais.[11]
Notas
- ↑ «Talitrus saltator» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 5 de outubro de 2010
- ↑ Denise Bellan-Santini (21 de dezembro de 2004). «Talitrus saltator (Montagu, 1808)». MarBEF Data System. European Register of Marine Species
- ↑ a b «Talitrus saltator» (em inglês). ITIS (www.itis.gov)
- ↑ a b c Cristina, Branquinho (2020). Variações Naturais - Uma viagem pelas paisagens de Portugal. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa - Direção Municipal de Ambiente, Espaços Verdes, Clima e Energia. p. 225. 258 páginas. ISBN 978-989-53143-3-1
- ↑ Infopédia. «pulga-do-mar | Definição ou significado de pulga-do-mar no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 19 de dezembro de 2021
- ↑ «Talitrus saltator Montagu, 1808 • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 19 de dezembro de 2021
- ↑ Carlos Bas Peired (1972). Instituto Gallach de Librería y Ediciones, ed. La Vida Maravillosa de los Animales, Tomo II, Invertebrados (em espanhol) 4ª ed. Barcelona, España: [s.n.] p. 482
- ↑ a b Jarvis, Dr Peter (2020). The Pelagic Dictionary of Natural History of the British Isles: Descriptions of all Species with a Common Name (em inglês). [S.l.]: Pelagic Publishing Ltd. 2238 páginas. ASIN B0846P2BKQ
- ↑ Infopédia. «tálitro | Definição ou significado de tálitro no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 11 de janeiro de 2022
- ↑ «saltātŏr - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 11 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d e f g h Georgina C. Budd (2005). «Talitrus saltator a sand hopper». Marine Life Information Network. Marine Biological Association of the United Kingdom
- ↑ a b c d e «Talitrus saltator». Museu Virtual Biodiversidade. Consultado em 19 de dezembro de 2021
- ↑ «Sand hopper (Talitrus saltator)». ARKive.org. Consultado em 27 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 13 de janeiro de 2013
- ↑ a b «Sand-hopper Talitrus saltator». Animal fact files. BBC. Consultado em 26 de fevereiro de 2009
- ↑ «Sand-hopper». University of South Florida
Referências
editarIdentificadores externos para Talitrus saltator | |
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Encyclopedia of Life | 342937 |
ITIS | 95044 |
NCBI | 191375 |
WoRMS | 103220 |
Também presente em: Wikispecies |
- Budd, G.C., 2005. Talitrus saltator. A sand hopper. Marine Life Information Network: Biology and Sensitivity Key Information Sub-programme. Plymouth: Marine Biological Association of the United Kingdom.
Ligações externas
editarMedia relacionados com Talitrus saltator no Wikimedia Commons