Tangará-falso

espécie de ave

O tangará-falso (nome científico: Chiroxiphia pareola),[3][4] também chamado no vernáculo como tangará-príncipe,[5] tangará-de-costa-azul,[3] tangará-de-dorso-azul,[6] tangará-zé-bezerra, dançarino, tangará-dançarino, dançarino-de-costas-azuis, cabeça-encarnada, rendeira, maria-rendeira, uirapuru ou uirapuru-de-costa-azul,[2][3] é uma espécie de ave passeriforme da família dos piprídeos (Pipridae). É distribuído nas florestas da região neotropical, em sub-bosques, da América Central (na ilha de Tobago, Caribe: Chiroxiphia pareola atlantica) à região oriental do Brasil, incluindo a Amazônia (em floresta de terra firme e floresta de várzea) e os estados de Mato Grosso e Maranhão até o Rio de Janeiro; também no sudeste da Colômbia, a leste da cordilheira dos Andes até o leste do Equador e leste do Peru e Bolívia, nas Guianas e Venezuela, ao norte; mais frequente em áreas litorâneas arborizadas até altitudes de 300 metros na região sudeste do Brasil; onde faz fronteira com a espécie Chiroxiphia caudata, sua congênere em regiões de maior altitude.[3][7] Foi classificada em 1766, por Carlos Lineu,[2] sendo listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie pouco preocupante.[1] Ela mede 12 a 12,5 centímetros de comprimento.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaTangará-falso
Fotografia de um tangará-falso (Chiroxiphia pareola; subespécie Chiroxiphia pareola atlantica) macho, em Tobago, Trindade e Tobago.
Fotografia de um tangará-falso (Chiroxiphia pareola; subespécie Chiroxiphia pareola atlantica) macho, em Tobago, Trindade e Tobago.
Ilustração do macho (acima) e da fêmea (abaixo) do tangará-falso, retirada da obra A selection of the birds of Brazil and Mexico: the drawings (1841), por William Swainson
Ilustração do macho (acima) e da fêmea (abaixo) do tangará-falso, retirada da obra A selection of the birds of Brazil and Mexico: the drawings (1841), por William Swainson
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Sub-reino: Metazoa
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Infrafilo: Gnathostomata
Superclasse: Tetrapoda
Classe: Aves
Subclasse: Neognathae
Ordem: Passeriformes
Família: Pipridae
Género: Chiroxiphia
Espécie: C. pareola
Nome binomial
Chiroxiphia pareola
(Lineu, 1766)[2]
Distribuição geográfica
As florestas da região neotropical (mapa), no Caribe (Tobago), norte e oeste da América do Sul, até região sudeste do Brasil (no Rio de Janeiro), são o habitat do tangará-falso.[3]

Etimologia

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Sua denominação binomial, Chiroxiphia pareola, provém do grego e do latim e significa "príncipe das asas de sabre", com a palavra tangará supostamente derivada do tupi tãga'rá.[8]

Descrição

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Chiroxiphia pareola apresenta grande dimorfismo sexual:

No macho ocorre a predominância de penas negras em seu ventre, cauda, pescoço e cabeça, com uma área de cor azul-celeste intensa, como um manto, em seu dorso, próxima do pescoço. Asas e retrizes de negras a cinzentas. Destaca-se uma área em vermelho no topo da cabeça, num topete, ou crista, prolongando-se em dois cornos orientados para trás e que lhe valeu a denominação de cabeça-encarnada. Em sua cauda não se destacam penas medianas, azuis e mais longas do que as outras, como na espécie Chiroxiphia caudata. Espécimes da subespécie C. pareola regina, do Peru e Amazônia brasileira, apresentam penas amarelas no topo de sua cabeça.[3][7][9]

fêmea e macho imaturo

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A fêmea e o macho imaturo, que apresenta coroa vermelha, possuem penas de coloração bem mais discreta, sendo verde-oliváceos a cinzentos, apresentando, no caso das fêmeas, uma nítida auréola de penas claras ao redor dos olhos e coloração mais pálida no peito, amarelada na barriga.[3][7]

Vocalização, nidificação e reprodução

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Segundo Eurico Santos, seus hábitos se igualam aos do tangará.[9] Helmut Sick descreve as cerimônias nupciais e de vocalização: os machos, geralmente dois, rentes, marcam um sonoro "uít-uít"[3] ou um "tikarr-tikarr" anasalado[7], até um animado gargarejo: "kua-ka-ka", para um sonoro "tjörr-tjörr", com um agachando-se e o outro pulando verticalmente, se alternando enquanto o outro observa, cuja homogeneidade de comportamento é salientada por um ronronar rítmico e finalizando num estridente "tic-tic". Finalmente o macho dominante voa silenciosamente ao redor da fêmea, pousando em curtos intervalos, segundo-se a copulação no galho.[3] Machos, mesmo sendo imaturos, podem participar dessas danças.[10] Ambos os sexos dão um "tuí" límpido, por vezes dobrado.[7] Eurico Santos descreve seu ninho feito de musgos e folhas finas e delicadas, onde são depositados dois ovos, densamente cobertos por manchas de um castanho-avermelhado e algumas cinzentas[9], sendo chocados por 18 dias e com os filhotes saindo do ninho após 20 dias.[10]

Alimentação

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Nos bosques tropicais onde habita, este pássaro é onívoro, se alimentando de frutos, vermes e pequenos artrópodes, como aranhas, insetos e suas larvas.[10]

Subespécies

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O Congresso Ornitológico Internacional (IOC),[11] e a lista de Clements v.2015 reconhecem duas subespécies de tangará-falso, com sua distribuição geográfica correspondente:[12]

Em estudo científico filogenético sobre os gêneros intimamente relacionados de piprídeos, Chiroxiphia e Antilophia, por Marques Silva et al. (2018), através de sequenciamento de DNA foram sugeridos resultados confirmando que C. pareola regina e C. pareola napensis devem ser tratadas como espécies independentes; além de encontrados três clados divergentes em C. pareola pareola, provavelmente correspondendo a subespécies distintas: um com a subespécie de Tobago (em Trindade e Tobago) e com representantes da margem norte do rio Amazonas; outro com os indivíduos da Mata Atlântica e sul do rio Amazonas.[13]

Conservação

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Na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), foi classificado como pouco preocupante, pois tem ampla distribuição geográfica e sua população está estável, apesar das percas de habitat.[1] Em 2005, foi classificado como em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[14] E em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[15][16]

Referências

  1. a b c IUCN. «Blue-backed Manakin - Chiroxiphia pareola» (em inglês). IUCN. 1 páginas. Consultado em 7 de junho de 2019 
  2. a b c Andrade, Gabriel Augusto de (1985). Nomes Populares das Aves do Brasil. Belo Horizonte: Editerra Editorial. p. 225. 258 páginas. Consultado em 29 de abril de 2019 
  3. a b c d e f g h i j k l Sick, Helmut (1997). Ornitologia Brasileira 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 645-646. 912 páginas. Consultado em 29 de abril de 2019 
  4. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 214. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  5. «Tangará-príncipe». Clube de Observadores de Aves do Espírito Santo (COA). Consultado em 2 de maio de 2022 
  6. Frisch, Johan Dalgas (1981). Aves Brasileiras. 1 2ª ed. São Paulo, Brasil: Dalgas - Ecoltec Ecologia Técnica e Comércio Ltda. p. 202. 354 páginas. ISBN 85-85015-02-0. Consultado em 24 de maio de 2019 
  7. a b c d e Ridgely, Robert S.; Gwynne, John A.; Tudor, Guy; Argel, Martha (2015). Aves do Brasil. Mata Atlântica do Sudeste 1ª ed. São Paulo: Editora Horizonte. p. 314-315. 418 páginas. Consultado em 29 de abril de 2019 
  8. Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1646. 1838 páginas 
  9. a b c Santos, Eurico (1985). Zoologia Brasílica. Pássaros do Brasil: Vida e Costumes. 5 4ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 87-88. 312 páginas. Consultado em 31 de maio de 2019 
  10. a b c «Tangará-príncipe». WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil. 1 páginas. Consultado em 7 de junho de 2019 
  11. Gill, F.; Donsker, D. «Cotingas, manakins, tityras, becards». IOC – World Bird List. Consultado em 16 de abril de 2022 
  12. Clements, J. F.; Schulenberg, T. S.; Iliff, M. J.; Roberson, D.; Fredericks, T. A.; Sullivan, B. L.; Wood, C. L. (2018). The eBird/Clements checklist of birds of the world. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia 
  13. Silva, Sofia Marques; Agne, Carlos Eduardo; Aleixo, Alexandre; Bonatto, Sandro Luis (junho de 2018). «Phylogeny and systematics of Chiroxiphia and Antilophia manakins (Aves, Pipridae)» (em inglês). Molecular Phylogenetics and Evolution. 1 páginas. Consultado em 7 de junho de 2019. Nossos resultados suportam que C. p. regina e C. p. napensis devem ser tratados como espécies independentes. Encontramos três clados divergentes em C. p. pareola provavelmente correspondendo a subespécies distintas: uma em que a isolada e endêmica Ilha de Tobago C. p. atlantica são agrupados com C. p. pareola da margem norte do baixo rio Amazonas; e dois clados irmãos compreendendo indivíduos distribuídos ao sul do rio Amazonas e os da Mata Atlântica. 
  14. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  15. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  16. «Chiroxiphia pareola (Linnaeus, 1824)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 26 de abril de 2022. Cópia arquivada em 2 de maio de 2022