Tatuapé (bairro)
Tatuapé é um bairro nobre pertencente ao distrito homônimo situado na zona leste do município de São Paulo.[1] Possui duas estações de metrô, a Estação Tatuapé da Linha 3–Vermelha, e de trem, operando nas linhas 11–Coral e 12–Safira; e a Estação Carrão, também da Linha 3–Vermelha. Concentra dois centros comerciais ao redor da estação, o Shopping Metrô Tatuapé, de 1997, e o Shopping Boulevard, inaugurado dez anos depois.
Tatuapé | |
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Bairro de São Paulo | |
Dia Oficial | 5 de setembro |
Fundação | 5 de setembro de 1919 (105 anos) |
Estilo arquitetônico inicial | art nouveau, art déco e ecletismo |
Estilo arquitetônico predominante | arquitetura high-tech e regionalista crítico |
Imigração predominante | Itália |
Distrito | Tatuapé |
Subprefeitura | Mooca |
Região Administrativa | Sudeste |
ver |
História
editarTopônimo
editarO nome do bairro é de origem tupi e significa "caminho dos tatus", através da junção de tatu (tatu) e apé (caminho).[2][3]
O bairro é um exemplo fascinante de como história e modernidade se entrelaçam para formar uma região vibrante e desejada. Sua trajetória começa em 1560, com Brás Cubas, fundador de Santos, que liderou uma expedição em busca de ouro.[4] Ele subiu a Serra do Mar com seu amigo Luís Martins e um grande número de criados. Ao chegar ao planalto, encontraram o ribeirão Tatu-apé, que em tupi significa "caminho do tatu". Fascinados pelo local, seguiram seu curso até a foz, onde se depararam com o Rio Grande, atualmente conhecido como Tietê, e decidiram se estabelecer ali.[5] Nessa região, instalaram um rancho, um curral e várias casas, aproveitando a fertilidade do solo para desenvolver criações de gado, porcos e culturas como cana e uva. A qualidade do vinho produzido na área tornou-se notória.[6]
No entanto, a tranquilidade inicial foi interrompida pela invasão francesa no Rio de Janeiro, o que obrigou Brás Cubas a deixar suas propriedades para Rodrigo Álvares, e depois para o filho deste.[4] A ocupação efetiva da região ocorreu no século XVII, quando os herdeiros dos antigos proprietários venderam grandes áreas ao Padre Mateus Nunes de Siqueira.[7] Ele ergueu uma casa na várzea do Rio Tietê, conhecida hoje como Casa do Tatuapé. Em 1765, o local já era identificado como bairro Tatuapé-Aricanduva, precursor da região atual.[8]
No final do século XIX, o Tatuapé começou a atrair imigrantes, principalmente portugueses, italianos e espanhóis, que iniciaram a instalação de chácaras e olarias. As olarias se formaram às margens do Rio Tietê, onde as várzeas ricas em argila permitiram a exploração de areia em grande escala.[6] Aproximadamente 15 olarias existiram, e os tijolos e telhas fabricados no Tatuapé ajudaram a construir a cidade de São Paulo. A instalação das chácaras, com proprietários ricos e dimensões gigantescas, era responsável pela produção de uma grande variedade de produtos, incluindo frutas como pêssegos, peras, caqui e uvas.[4] A família Marengo desempenhou um papel essencial na introdução das uvas tipo niágara no Brasil, e suas contribuições são lembradas em logradouros do bairro, como as ruas Francisco Marengo e Emília Marengo.[8][9]
O século XX trouxe novas mudanças. Com a construção da Estrada de Ferro do Norte em 1875, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, e a inauguração do ramal da Penha em 1886, o bairro começou a se transformar.[6] As tradicionais olarias deram lugar às indústrias têxteis, como a Tecidos Tatuapé, do Grupo Santista.[10] Além de novas oportunidades de trabalho, o bairro recebeu novas formas de diversão, com a chegada dos primeiros cinemas nas décadas de 20 e 30, incluindo o São Luís e o Saturnio. Curiosamente, os homens só podiam entrar nos cinemas se estivessem vestidos a rigor, com terno e gravata.[11]
Devido a forte tradição industrial, possuindo, em seus limites, a sede de algumas das maiores indústrias brasileiras, como a Itautec, a Souza Cruz e o Grupo Vicunha, além de outras indústrias de menor porte.[4] Embora algumas fábricas tenham sido desativadas, essas indústrias continuam tendo escritórios ou alguns departamentos localizados na região.[6]
O bairro teve pouca ocupação residencial, em geral formada por famílias de baixa renda que atuavam como operários nessas indústrias.[12] Aos poucos, porém, alguns dos antigos galpões foram sendo desativados para dar lugar a grandes condomínios residenciais de médio e ato padrão, seguindo a tendência de outros bairros do distrito homônimo, como a Vila Zilda, Vila Luzitana e a região de Altos do Tatuapé.[10]
No bairro, também está localizada a Casa do Tatuapé, na Rua Guabiju: um museu com acervo de objetos usados ao longo da história da cidade. A construção é remanescente do período dos bandeirantes.[12][9] Foi construída em taipa de pilão e é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico.[3]
Atualidade
editarAtualmente, o Tatuapé passa por uma mudança drástica. Antes uma região de classes média e baixa, agora abriga moradores de classe alta e empreendimentos imobiliários de alto padrão.[7] A região abriga dois dos maiores edifícios de São Paulo, o Platina 220 (172 metros de altura) e o Figueira Altos do Tatuapé (168), 1.º e 3.º, respectivamente, sendo este último o residencial mais alto da cidade.[13][9]
Geograficamente, o Tatuapé faz divisa com os bairros do Vila Carrão, Vila Formosa, Belém e Jardim Anália Franco.[14] Sua localização estratégica proporciona fácil acesso a importantes vias de transporte, como as avenidas Radial Leste e Salim Farah Maluf, e às estações de metrô Carrão e Tatuapé, facilitando a mobilidade e contribuindo para a valorização imobiliária.[7] A topografia é predominantemente plana, facilitando a construção de edifícios e a expansão urbana, além de proporcionar uma infraestrutura viária eficiente.[14]
Hidrograficamente, o bairro é atravessado pelo Rio Tietê.[15] Apesar da poluição, esforços de despoluição têm sido realizados, oferecendo potencial para o desenvolvimento de áreas de lazer e turismo.[3] O Tatuapé possui uma infraestrutura completa, com uma ampla variedade de serviços e comércios, incluindo supermercados, shoppings, escolas, hospitais, restaurantes e centros de lazer.[5] A arquitetura é marcada por uma mistura de estilos, desde construções antigas até edifícios modernos, contribuindo para a identidade visual do bairro.[11]
O comércio é diversificado, com uma grande quantidade de lojas e dois grandes shoppings. A cultura é rica e diversificada, com teatros, cinemas e centros culturais que promovem eventos ao longo do ano. O bairro é conhecido por festas tradicionais, como a Festa de Nossa Senhora do Bom Parto.[5][15]
Embora urbanizado, o Tatuapé possui diversas áreas verdes, como o Parque do Piqueri, que oferece amplas áreas gramadas e pistas de caminhada. A educação é bem representada por uma ampla oferta de instituições de ensino, desde escolas de educação infantil até faculdades.[11] A segurança é garantida por uma boa infraestrutura, com delegacia de polícia e segurança privada em diversos estabelecimentos.[5] Devido às suas características geográficas e urbanísticas favoráveis, o Tatuapé é um bairro valorizado no mercado imobiliário.[14][15]
O bairro propriamente dito do Tatuapé é delimitado pelo quadrilátero formado pelas ruas: Rua Antonio de Barros, Avenida Salim Farah Maluf, Rua Emilia Marengo e Marginal Tietê. Ocupa o extremo norte do distrito do Tatuapé, sendo administrado pela Subprefeitura da Mooca.[5][15]
Referências
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 27 de fevereiro de 2010. Arquivado do original em 25 de maio de 2010
- ↑ NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3ª edição. São Paulo. Global. 2005. 463 p.
- ↑ a b c Caça ao tatu deu origem ao nome
- ↑ a b c d BAIRRO DO TATUAPÉ
- ↑ a b c d e Tatuapé
- ↑ a b c d A história dos caminhos do bairro
- ↑ a b c Tatuapé, a transformação de um bairro gigante
- ↑ a b O bairro das olarias paulistanas: a história do Tatuapé
- ↑ a b c “História do Tatuapé”
- ↑ a b Tatuapé: para lá e para cá do bonde
- ↑ a b c Tatuapé completa 351 anos. Vamos conhecer a história?
- ↑ a b Tatuapé: 352 anos de história e cultura
- ↑ Paulo, Paula Paiva (18 de junho de 2021). «Novo prédio mais alto de São Paulo será inaugurado em 2022 no Tatuapé; veja vídeo». G1. Consultado em 10 de outubro de 2021
- ↑ a b c O processo recente de gentrificação no bairro do Tatuapé / ...
- ↑ a b c d Memória: saiba um pouco mais sobre a história do Tatuapé Erro de citação: Código
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