O Tecnobrega é um gênero musical brasileiro que surgiu na cidade de Belém do Pará, no final da Década 90 e inicio da década de 2000, como uma evolução do Brega tradicional.[1] Ele é caracterizado pelo uso de instrumentos eletrônicos, sintetizadores e batidas dançantes que combinam influências da musica regional e global. O Tecnobrega tornou-se popular principalmente através das festas chamadas "Aparelhagens" onde DJs e equipamentos de som de alta potência animam multidões.

Tecnobrega
Origens estilísticas
Contexto cultural Década de 2000 em Belém
Instrumentos típicos
Popularidade Anos 2000 - Atualmente
Subgêneros
Arrocha * Pisadinha

Por sua vez, o Tecnomelody é uma vertente mais recente do Tecnobrega, com uma abordagem focada em vocais melódicos, uso intenso de autotune e uma sonoridade mais próxima do pop eletrônico. [2]

Essa transformação foi impulsionada pela introdução de música eletrônica e música pop, que modernizaram o som característico do brega.

Além da mistura dos gêneros regionais paraenses, como o calypso, carimbó e a Lambada.

O Tecnobrega:

• Surge como uma vertente do brega tradicional, incorporado elementos para modernizar o som.[3]

• É caracterizado por batidas eletrônicas marcantes e melodias que misturam instrumentos tradicionais e regionais com sintetizadores.

• Artistas como Tonny Brasil, Gaby Amarantos e os DJ's de Aparelhagem, são vistos como artistas decisivos para a consolidação e popularização do gênero.

• Artista e Bandas Brasileiras como Pabllo Vittar,Banda Uó e Manu Bahtidão ajudaram a alavancar a cena do Tecnobrega para além da Região Norte do Brasil. [4]

• Uma das características do Tecnobrega era o uso de tecnologia acessível e muitas vezes improvisada. Isso inclui teclados eletrônicos simples, caixas de ritmo e sistemas de som de baixo custo.

• Os shows de Tecnobrega são conhecidos por suas performances teatrais extravagantes e coreografias elaboradas. Os artistas muitas vezes se vestem de maneira exuberante e usam adereços chamativos para criar um espetáculo visual emocionante. [5]


O Tecnomelody:

• É uma evolução mais recente do Tecnobrega, com o foco maior em vocais melódicos, uso de autotune e uma pegada mais eletrônica pop. [2]

• Os shows são uma mistura cultural e eletrônica, tornando o audiovisual mais sofisticado e chamativo.

• Sem apoio de gravadoras, teve maior impacto de expansão com as festas de Aparelhagem, gravações independentes e a distribuição de CD's feitas por camelôs que ajudavam a propagar as musicas mais tocadas nas festas. [6]

• Bandas e Artistas, como Viviane Batidão, Banda Ravelly, Gang do Eletro e Banda Dejavu ajudaram consolidar o Tecnomelody com produções e efeitos visuais mais elaborados, levando o gênero a festivais nacionais e até colaborações internacionais.

• A Banda Ravelly e a Banda Dejavu foram envolvidas em uma polêmica no inicio de suas carreiras devido a acusações de plágio e apropriação de repertório.

As Festas de Aparelhagem:

O mercado do tecnomelody gira em torno das festas de aparelhagens (festas com um sistema de som no formato de paredão sonoro que lembram a radióla e a rave),[7] que contam com modernos equipamentos de som, iluminação e efeitos visuais. As festas também servem como plataforma de difusão de novas músicas e possíveis sucessos - DJs recebem discos dos produtores e tocam as novas canções.

• Quando uma música ou um artista se torna um sucesso em uma festa de aparelhagem, a divulgação no mercado aumenta através da reprodução não-autorizada dos discos, que se tornou cultural na expansão do Tecnobrega por falta de Apoio das Gravadoras.

• A maioria dos artistas do mercado do tecnobrega e do tecnomelody, apoiam essa reprodução fonográfica informal ("pirataria do bem") devido ao aumento da publicidade e ao baixo valor, permitindo que as musicas se espalhem rapidamente sem a necessidade de grandes gravadoras.[8][9]

• As festas de aparelhagem são mais do que eventos musicais, são espaços de socialização e de fortalecimento da cultura periférica. O público se reúne em massa, para dançar e celebrar a musica local, transformando essas festas em verdadeiros espetáculos culturais. [10]

• No estado do pará, as festas de aparelhagem são conhecidas como "Rock", ou Simplesmente "Rock Doido". Rock doido ou Rock é utilizado para festas de aparelhagem, onde o principal gênero tocado é o Tecnomelody. (Diferente das festas de aparelhagem que tocam as chamadas "Marcantes" que foram musicas que fizeram parte da cultura periférica e foram pioneiras na evolução do tecnobrega no Pará.

• O tecnomelody é o novo pop do Brasil. [11] Em 2024 o Dj brasileiro Alok, impressionou a Amazonia com o palco em 360 graus e sua estrutura em Pirâmide de 30m, o show contou também com um show de drones.

O show fez parte da contagem regressiva para a Cop30, que pela primeira vez, será sediada por uma cidade amazônica. No show, que foi transmitido para o Brasil e para o Mundo, o publico conheceu o que é as festas de aparelhagem e o famoso "Rock doido". [12]

Legados do Brega:

Em Belém do Pará, o brega é mais do que um gênero musical; é uma expressão cultural que mistura ritmos populares com histórias e estilos locais, consolidando-se como um símbolo da identidade paraense. Originado como uma vertente musical simples e romântica nos anos 1960 e 1970, o brega inicialmente utilizava letras sobre temas cotidianos e relacionamentos.

• Foi base no processo de criação, ao longo dos anos, do Tecnobrega transformando-se em um fenômeno cultural com forte apelo popular.

• A cidade de Belém foi o palco central para a disseminação do brega. Casas de shows, festas de aparelhagem e pontos turísticos, como o Ver-o-Peso, serviram como espaços para a interação entre o público e os artistas.

• A estética do gênero é marcada por uma mistura de romantismo exagerado, figurinos ousados e uma conexão direta com o público. Isso fez do brega um estilo envolvente, que rompeu as fronteiras regionais e ganhou notoriedade em eventos como a abertura das Olimpíadas de 2016 .

• Nos anos 2000, movimentos como o tecnobrega, impulsionados por bandas e DJs paraenses, renovaram o interesse pelo gênero, destacando a capacidade do brega de se adaptar às novas tecnologias e tendências.

• Essa modernização consolidou Belém como o berço do ritmo, valorizando tanto a produção local quanto a expressão artística de seus habitantes .

• Os primeiros passos do brega no Pará ocorreram na década de 1960,[13][14] que atualmente cujos cantores são chamados de flashbrega.[14]

História

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Os primeiros passos do brega no estado do Pará ocorreu na década de 1960[13][14] (onde foi reintroduzido na década de 1980 e reconhecido como patrimônio cultural estadual em 2021)[15] foram dados por artistas como: Teddy Max, Mauro Cotta, Juca Medalha, Frankito Lopes e, Luiz Guilherme, que atualmente são enquadrados na "vertente" do brega paraense chamado flashbrega.[14]

Década de 2000

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Gaby Amarantos foi a pioneira do gênero ainda como líder da Banda Tecno Show, em 2002.

Em 2002 a banda paraense Tecno Show, liderada por Gaby Amarantos, decidiu se aventurar a misturar os tradicional carimbó e calypso – também conhecido como brega pop – realizado na região Norte naquele momento com gêneros musicais internacionais que dominavam as rádios e as festas, como música pop, música eletrônica e forró eletrônico.[1] A mistura entre o que era bem visto e sofisticado com o que era considerado "brega" e regional foi intitulado como tecnobrega.[1] Nas músicas, eles passaram a mesclar riffs acelerados de guitarra da música brega tradicional com batidas eletrônicas e arranjos criados por programas de computadores, o que foi considerado como uma ruptura no mercado fonográfico paraense da época.

As temáticas das músicas, apesar de em geral serem românticas, possuem grande amplitude, podendo ter desde cunho humorístico até feministas. Com o sucesso do gênero, outras bandas surgiram dentro dele ou passaram a aderi-lo, incluindo Ravelly, Viviane Batidão, Xeiro Verde e Eletro Batidão, ganhando amplitude nacional.[1] Em 2009 a Banda Djavú, apesar de ter surgido na Bahia, se tornou conhecida como um expoente do gênero no sul e sudeste do país, repercutindo nas rádios e programas de televisão com canções como "Me Libera" e "Não Desligue o Telefone".[16] Apesar de ter disseminado o tecnobrega pelo resto do país, a banda foi acusada de não fazer parte do movimento e plagiar as bandas já conhecidas no Pará, utilizando o gênero para lucrar sem ter a representatividade da cultura paraense.[17]

Década de 2010

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A Banda Uó ajudou a popularizar o gênero a partir de 2011.

Em 2010, Gaby Amarantos já em carreira solo e com apelido de "Beyoncé do Pará" começou a atingir popularidade no restante do país, apresentando o gênero no Domingão do Faustão pela primeira vez.[18][19] Em 2011, em função da ampla divulgação do estado do Pará perante todo o Brasil, foi apresentada uma proposta de lei ao então governador do Estado, Simão Jatene, para que o estilo fosse reconhecido como Patrimônio Cultural do Pará.[1][20] Em 2011 a Banda Uó, originária de Goiás, despontou como o principal expoente do gênero nas rádios e na televisão ao investir na produção de videoclipes com grandes diretores e alta verba, conquistando um contrato com a Deckdisc, chegando a vencer o MTV Video Music Brasil 2011.[21]

 
Pabllo Vittar aderiu ao tecnobrega durante sua carreira.

Nos anos seguintes a banda disseminou o tecnobrega com os álbuns Me Emoldurei de Presente Pra Te Ter (2011), Motel (2012) e Veneno (2015).[22] Paralelamente, Gaby colocou a faixa "Ex Mai Love" como tema de abertura da telenovela "Cheias de Charme"[23], sendo a primeira vez que um tecnobrega atingia tal posto.[24] Já em 2013, foi reconhecido como patrimônio artístico e cultural do Pará, durante o então governo estadual de Simão Jatene (sancionou Lei 7.708) por unanimidade em 10 de abril na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa).[25][26] Em 2021, a classificação de patrimônio foi estendida a todo o gênero do brega-paraense, incluindo todas as suas vertentes.[27]

Em 2017 Pabllo Vittar passou a também utilizar o gênero em seu álbum Vai Passar Mal.[28][29]

A faixa "Corpo Sensual" conquistou boas posições dentro da Billboard Brasil e foi certificado como diamante pelo Pro-Música Brasil.[30][31]

A dança

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O tecnobrega tradicionalmente é dançado em pares, sendo uma dança malandra e sensual (menos erótica que o funk), onde o ponto forte do seu repertório coreográfico é o gingado e a malemolência.[7] Características historicamente presentes na cena cultural brasileira desde o século XIX com gêneros periféricos como o lundu e o maxixe, que começaram a quebrar a solenidade da música no país, herança da música erudita europeia.[7]

Referências

  1. a b c d e «Sobre o tecnomelody». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  2. a b «tecnomelody ou tecnobrega (parte 1)». BaileTropical.com. 12 de maio de 2010. Consultado em 28 de novembro de 2024 
  3. «A sonoridade do brega paraense ao tecnobrega». Brasil de Fato. 29 de junho de 2018. Consultado em 28 de novembro de 2024 
  4. Redação (26 de julho de 2024). «Batidas do tecnobrega e tecnomelody embalam "boom" da cena brega». Jornal Diário do Pará. Consultado em 28 de novembro de 2024 
  5. Rodrigues, Giovana (23 de setembro de 2023). «Tecnobrega: o que é e quais são os principais artistas do ritmo». Fala! Universidades. Consultado em 28 de novembro de 2024 
  6. Moraes, Lucas (17 de maio de 2023). «Made in Pará: Conheça o tecnomelody, ritmo que promete conquistar o Brasil |». POPline. Consultado em 28 de novembro de 2024 
  7. a b c DE BARROS, Lydia Gomes, ed. (31 de janeiro de 2011). Tecnobrega: a legitimação de um estilo musical estigmatizado no contexto do novo paradigma da crítica musical (PDF). Pernambuco: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Resumo divulgativo 
  8. Azevedo, Rafael José. O BREGA PARAENSE EM DERIVA: Emaranhados espaço-temporais da tradição (PDF). Col: PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO (PPGCOM). [S.l.]: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
  9. Azevedo, Rafael José. O BREGA PARAENSE EM DERIVA: Emaranhados espaço-temporais da tradição (PDF). Col: PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO (PPGCOM). [S.l.]: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
  10. Rodrigues, Giovana (23 de setembro de 2023). «Tecnobrega: o que é e quais são os principais artistas do ritmo». Fala! Universidades. Consultado em 28 de novembro de 2024 
  11. «'Rock doido': tecnomelody e tecnobrega do Pará protagonizam evento internacional de música eletrônica». G1. 19 de setembro de 2024. Consultado em 28 de novembro de 2024 
  12. «'Temos que fazer a COP ficar POP', diz Alok sobre show inédito com drones e pirâmide gigantesca; saiba tudo o que rolou em Belém». G1. 24 de novembro de 2024. Consultado em 28 de novembro de 2024 
  13. a b «Tecnobrega: Pará Compõe uma Indústria Cultural a Partir de Tecnologias Digitais 1 - PDF Download grátis». docplayer.com.br. Consultado em 27 de março de 2023 
  14. a b c d «Brega paraense é reconhecido como patrimônio cultural e imaterial: 'realização de sonho coletivo', dizem artistas». G1 Pará. Consultado em 27 de março de 2023 
  15. «Brega paraense é reconhecido como patrimônio cultural e imaterial: 'realização de sonho coletivo', dizem artistas». G1 Pará. Consultado em 27 de março de 2023 
  16. «Banda Djavú canta "Me Libera"». UOL. Consultado em 8 de outubro de 2018 
  17. «Banda Djavú é acusada de ser plágio de banda paraense de tecnobrega». Correio 24 Horas. Consultado em 8 de outubro de 2018 
  18. «Conheça Gaby Amarantos, a Beyoncé do Pará». Clic RBS. Consultado em 8 de outubro de 2018 
  19. Gomes, Max Aládio dos Santos (6 de julho de 2023). «O tecnobrega no Pará: um estudo de caso a partir da banda Djavú & DJ Juninho Portugal (2008-2011)». Disponível na internet via correio eletrônico: bibhumanas@ufpa.br. Consultado em 25 de agosto de 2024 
  20. Gomes, Max Aládio dos Santos (6 de julho de 2023). «O tecnobrega no Pará: um estudo de caso a partir da banda Djavú & DJ Juninho Portugal (2008-2011)». Disponível na internet via correio eletrônico: bibhumanas@ufpa.br. Consultado em 25 de agosto de 2024 
  21. Andrade, Junior (20 de setembro de 2012). «Banda Uó - Fenômeno Nacional». Plus Entrevista. Meio Norte. Consultado em 12 de maio de 2014. Cópia arquivada em 12 de maio de 2014 
  22. «MTV anuncia programação enxuta de verão e nova leva de "enlatados"». Vírgula Diversão. Universo Online. 23 de dezembro de 2013. Consultado em 12 de maio de 2014 
  23. Gomes, Max Aládio dos Santos (6 de julho de 2023). «O tecnobrega no Pará: um estudo de caso a partir da banda Djavú & DJ Juninho Portugal (2008-2011)». Disponível na internet via correio eletrônico: bibhumanas@ufpa.br. Consultado em 25 de agosto de 2024 
  24. «Compositor de 'Ex My Love' comemora 'pé na bunda'». Diário do Pará. 6 de Maio de 2012. Consultado em 16 de Dezembro de 2012 
  25. Natália Mello (30 de maio de 2013). «Tecnomelody é reconhecido como patrimônio artístico e cultural do PA». G1. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  26. «Tecnomelody agora é patrimônio». Diário do Pará. 25 de maio de 2013. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  27. «Brega paraense é reconhecido como patrimônio cultural e imaterial: 'realização de sonho coletivo', dizem artistas». G1. Consultado em 27 de março de 2023 
  28. «Pabllo Vittar - "Corpo Sensual" (feat. Mateus Carrilho)». Spotify. Consultado em 27 de julho de 2017 
  29. «Corpo Sensual - Single de Pabllo Vittar». iTunes Store. 7 de setembro de 2017. Consultado em 7 de setembro de 2017 
  30. «Billboard Brasil: 8 de janeiro de 2018». Billboard Brasil. Consultado em 29 de junho de 2018 
  31. «Billboard Brasil: 8 de janeiro de 2018». Billboard Brasil. Consultado em 8 de janeiro de 2018 

Ligações externas

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