Tema da Anatólia

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O Tema Anatólico (em grego: Άνατολικόν [θέμα]; romaniz.: Anatolikon [thema]), também conhecido como Tema dos Anatólicos (θέμα Άνατολικῶν; thema Anatolikōn), foi um tema (província militar-civil) do Império Bizantino, na região central da Ásia Menor (atual Turquia). Abrigou o exército bizantino do Oriente remanescente após os revezes provocados pela expansão islâmica, vindo a tornar-se, a partir da separação do Tema Opsiciano c. 750, o mais importante tema imperial. Foi sede de importantes generais como o futuro imperador Leão III, o Isauro (r. 717–741) e Vardanes, o Turco , bem como serviu de abrigo para Constantino V Coprônimo (r. 741–775). Existiu até o século XI, quando é conquistado pelos invasores turcos seljúcidas.

Άνατολικόν θέμα
Tema Anatólico
Tema do(a) Império Bizantino
século VII-século XI


Ásia Menor por volta de 717, mostrando o Tema Anatólico à direita (nº 10)
Capital Amório (até 838)
Políboto
Líder estratego

Período Idade Média
século VII Nomeação do primeiro estratego
669 Primeira menção ao tema
século XI Invasão pelos turcos seljúcidas

História

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A data exata da criação do tema é desconhecida. Juntamente com outros temas mais antigos, foi criado em algum momento após a década de 640 como uma área de acampamento militar para o que restava do exército bizantino, dizimado pelas conquistas árabes. O Tema Anatólico recebeu o seu nome do exército da Diocese do Oriente (em grego: Άνατολῆ; romaniz.: Anatolē)[1][2] devido à sua localização a leste. A menção mais antiga ao tema é de 669, mas o nome de Exército Oriental (Exercitus Orientalis) só surge nas fontes históricas em 687.[3][4][5]

Diretamente voltado para as forças do Califado durante o primeiro século da sua existência, e beneficiando seu apoio aos imperadores isauros, o Tema Anatólico era o mais poderoso e mais prestigiado dos temas (ver abaixo).[6][7] O seu poder era enorme, todavia também significava que era uma eventual ameaça para o imperador: a primeira revolta regista-se em 681 e em 714 o seu comandante, Leão, o Isauro, conseguiu estabelecer-se como imperador (Leão III). Outro estratego, Vardanes, o Turco, rebelou-se em 803. Por outro lado, em 742, o imperador Constantino V Coprônimo (r. 741–775) encontrou refúgio e apoio no Tema Anatólico contra o usurpador Artavasdo (r. 741–742). A última aparição do Tema Anatólico nas fontes históricas é em 1077, quando o estratego Nicéforo Botaniates se proclamou imperador (como Nicéforo III Botaniates).[8] Logo depois, a região foi invadida pelos turcos seljúcidas.

Geografia e administração

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Na sua extensão "clássica", durante os séculos VIII e IX, o tema abrangia sobre as antigas regiões da Licónia, Pisídia, Isáuria, bem como a maior parte da Frígia e partes da Galácia Salutar.[9][6] Inicialmente, o Tema Anatólico estendia-se até aos limites oeste e sul da Ásia Menor, mas cerca de 720 foi dividido para formar os Temas Tracesiano e Cibirreota.[10] Segundo o imperador Teófilo (r. 829–842), as partes leste e sudeste, em frente à zona de fronteira árabe e incluindo as fortalezas que guardavam a entrada norte dos chamados Portões Cilícios, foram retirados ao tema para formar dois novos distritos fronteiriços (clisura): o da Capadócia (originalmente uma turma dos Anatólicos) e a da Selêucia.[11]. O imperador Leão VI, o Sábio (r. 886–912) entregou a região oeste do lago Tuz (os bandos de Eudócia, Santo Agapeto e Afrazeia) à Capadócia.[8][12]

 
Os temas bizantinos da Ásia Menor cerca de 842, mostrando a fragmentação dos grandes temas em circunscrições menores

A capital do tema foi Amório, na Frígia, pelo menos até ser saqueada pelos árabes em 838.[13][14] Depois disso, provavelmente a capital foi transferida para a fortaleza vizinha de Políboto, na atual província turca de Afyonkarahisar.[15] As estruturas urbanas da Antiguidade Tardia sofreram consideravelmente com os ataques árabes e com o declínio da urbanização, mas muitas das cidades do interior do tema, na Frígia e na Pisídia, sobreviveram numa forma reduzida. As cidades orientais da região da Capadócia (antiga província da Capadócia Secunda), que faziam fronteira com o califado, foram praticamente destruídas, o mesmo acontecendo com Antioquia da Pisídia.[16]

Segundo os geógrafos árabes Cudama ibne Jafar e ibne Alfaci, o Tema Anatólico, "a maior das províncias dos romanos", tinha 15 000 soldados e 34 fortalezas no século IX.[6] O tema e o seu governador e estratego, mencionados pela primeira vez em 690, ocupavam o lugar mais alto da hierarquia entre os temas e os seus governadores. O estratego dos Anatólicos era um dos poucos cargos que estavam especialmente interditos aos eunucos da corte imperial. Os detentores do cargo recebiam um salário anual de 40 libras de ouro e eram detentores dos títulos de antípato e protoespatário, os mais elevados entre os patrícios. Além disso, foram os únicos que foram nomeados monoestratego (literalmente: "único general"), ou seja, comandante supremo de todos os temas asiáticos.[7][17][18]

Notas e referências

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Bibliografia

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  • Bury, John Bagnell (1911). The Imperial Administrative System of the Ninth Century - With a Revised Text of the Kletorologion of Philotheos. Londres: Oxford University Press 
  • Haldon, John F. (1997). Byzantium in the Seventh Century: The Transformation of a Culture. Cambrigde: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-31917-1 
  • Haldon, John (1999). «Fighting for Peace: Attitudes to Warfare in Byzantium». Warfare, State and Society in the Byzantine World, 565–1204. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 1-85728-495-X 
  • Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (1996). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art, Volume 3: West, Northwest, and Central Asia Minor and the Orient. Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-250-1 
  • Pertusi, A. (1952). Constantino Porfirogenito: De Thematibus (em italiano). Roma: Biblioteca Apostolica Vaticana 
  • Treadgold, Warren T. (1995). Byzantium and Its Army, 284–1081. Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-3163-2