Tema do Mar Egeu

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O Tema do Mar Egeu (em grego: θέμα τοῦ Αἰγαίου Πελάγους; romaniz.: thema tou Aigaiou Pelagous) ou simplesmente Tema do Egeu foi um tema (província civil-militar) bizantino fundado em meados do século IX. Como um dos três temas navais do Império Bizantino, seu objetivo principal era prover navios e tripulações para a marinha bizantina, mas também servia como uma circunscrição administrativa.

θέμα τοῦ Αἰγαίου Πελάγους
Tema do Mar Egeu
Tema do(a) Império Bizantino
843-1204


Mar Egeu por volta de 900, mostrando o Tema do Mar Egeu no centro e ao norte.
Líder estratego

Período Idade Média
843 Estabelecimento do tema
1204 Quarta Cruzada

História

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O tema tem as suas origens na antiga província romana das Ilhas (em latim: Insulae; em grego: Nήσοι), que abrangias ilhas do leste e sudeste do mar Egeu chegando até Tênedos. O termo Aigaion Pelagos aparece pela primeira vez como uma circunscrição administrativa no início do século VIII, através de selos de diversos de seus comerciários (kommerkiarioi; oficiais de alfândega). Um deles, datado de 721-722, chega mesmo a fazer referência a um oficial encarregado de todas as ilhas gregas, possivelmente implicando na extensão da antiga província sobre as ilhas do norte e do oeste do Egeu também.[1] Militarmente, as ilhas do Egeu estavam sob o domínio dos carabisianos e, posteriormente, do Tema Cibirreota durante os séculos VII e VIII.[2] A partir daí, porém, dois comandos separados aparecem no Egeu: o "drungário do Mar Egeu", aparentemente controlando a metade setentrional, e o "drungário das 'Doze Ilhas'" (Dodecaneso - as Cíclades) ou "do Golfo (Kolpos)", encarregado do sul. Este último comando eventualmente evoluiu para se tornar o Tema de Samos, enquanto que o primeiro se tornou o Tema do Egeu, abrangendo tanto as ilhas do Egeu setentrional quanto o Dardanelos e a costa sul do Propôntida.[1][3][4] O Tema do Egeu deve ter sido criado em 843, pois seu estratego não aparece no Taktikon Uspensky de 842-843, que ainda lista o drungário, mas já aparece ativo em Lesbos no mesmo ano.[5]

O Tema do Egeu serviu como um tema regular, subdividido em turmas e bandoss e com uma guarnição completa de oficiais militares, civis e fiscais. Nas áreas do Dardanelos e do Propôntida, porém, o drungário e, posteriormente, o estratego do Egeu provavelmente dividia sua autoridade com o conde do Tema Opsiciano, a quem a jurisdição sobre estes territórios pertencia. O conde dos opsicianos provavelmente manteve a autoridade sobre a administração civil e a defesa local, enquanto que o Tema Egeu cuidava unicamente de equipar os navios e conseguir tripulações para manejá-los. Um processo similar ocorria no Tema de Samos também.[6] Esta teoria é reforçada pelo fato de que os opsicianos e especialmente os eslavos (esclabesianos, sklabesianoi) que viviam no Tema Opsiciano aparecem servindo como fuzileiros no século X.[7] De acordo com o imperador bizantino Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959), no início do século X o tema incluía Lesbos (a capital do estratego), Lemnos, Imbros e Tênedos, Quios (posteriormente transferida para Samos), as Espórades e as Cíclades.[8][9] De acordo com Hélène Ahrweiler, as Cíclades foram provavelmente transferidas para ele quando o comando naval de Dodecaneso/Golfo foi repartido e o Tema de Samos fundado a partir de seus restos no final do século IX.[10] Em 911, as forças do Tema do Egeu somavam 2 610 remadores e 400 fuzileiros.[11]

A província sobreviveu até o final do século X e início do XI, quando ela foi progressivamente sendo dividida em comandos menores. Conforme as Cíclades e as Espórades, Quios e a região de Abidos passaram a ter seus próprios estrategos, o Tema Egeu se tornou uma província puramente civil abrangendo somente a costa do Propôntida e a região à volta de Constantinopla.[12] Pelo final do século XI, o que restava da antiga frota do tema foi incorporada na marinha imperial unificada em Constantinopla sob o comando de um mega-duque.[13] Depois disso, em algum momento do século XII, o Tema do Egeu parece ter sido incorporado pelo Tema Opsiciano numa única província, conforme atestado no Partitio terrarum imperii Romaniae de 1204.[14] O tema deixou de existir quando o Império Bizantino foi conquistado pela Quarta Cruzada neste mesmo ano.

Referências

  1. a b Nesbitt 1994, p. 110–112.
  2. Kazhdan 1991, p. 26.
  3. Ahrweiler 1966, p. 76–81.
  4. Kazhdan 1991, p. 26–27.
  5. Oikonomides 1972, p. 46–47.
  6. Nesbitt 1994, p. 109, 112.
  7. Ahrweiler 1966, p. 402.
  8. Ahrweiler 1966, p. 76–79, 132–133 (Note #5).
  9. Nesbitt 1994, p. 123, 139, 141.
  10. Ahrweiler 1966, p. 108.
  11. Treadgold 1995, p. 67, 76.
  12. Ahrweiler 1966, p. 132–133.
  13. Nesbitt 1994, p. 112.
  14. Ahrweiler 1966, p. 79.

Bibliografia

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  • Ahrweiler, Hélène (1966). Byzance et la Mer: La Marine de Guerre, la Politique et les Institutiones Maritimes de Byzance aux VIIe–XVe Siècles (em francês). Paris: Presses universitaires de France 
  • Oikonomides, Nicolas (1972). Les Listes de Préséance Byzantines des IXe et Xe Siècles (em francês). Paris: Editions du Centre National de la Recherche Scientifique