Teodoro Sampaio
Teodoro Fernandes Sampaio[1] (Santo Amaro da Purificação, 7 de janeiro de 1855 – Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1937) foi um engenheiro, geógrafo, escritor e historiador brasileiro.
Teodoro Sampaio | |
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Nome completo | Teodoro Fernandes Sampaio |
Nascimento | 7 de janeiro de 1855 Santo Amaro da Purificação, Província da Bahia, Império do Brasil |
Morte | 11 de outubro de 1937 (82 anos) Rio de Janeiro, Distrito Federal, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Etnia | Afro-brasileiro |
Progenitores | Mãe: Domingas da Paixão Pai: Manoel Fernandes Sampaio |
Cônjuge | Capitulina Moreira Maia Amália Barreto Sampaio |
Ocupação | engenheiro, geógrafo, escritor e historiador |
Cargo | Deputado federal (1927-1929) |
Biografia
editarNasceu no Engenho Canabrava, pertencente ao visconde de Aramaré, hoje localizado no município baiano de Teodoro Sampaio.
Era filho da escrava Domingas da Paixão do Carmo e do padre Manuel Fernandes Sampaio.[2] Ainda em Santo Amaro estuda as primeiras letras no colégio do professor José Joaquim Passos. É levado pelo pai, em 1865 para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio São Salvador e, em seguida, ingressa no curso de Engenharia do Colégio Central. Ao tempo em que estuda leciona nos Colégios São Salvador e Abílio, do também baiano Abílio César Borges (Barão de Macaúbas), sendo ainda contratado como desenhista do Museu Nacional.
Formou-se em 1878, quando finalmente volta a Santo Amaro, na Bahia, onde nasceu. Ali, revê a mãe e os irmãos, e comprando, no ano seguinte, a carta de alforria de seu irmão Martinho, gesto que repete com os irmãos Ezequiel (1883) e Matias (em 1885). Sampaio nunca foi um escravo.[3]
Em 1880 integra a "Comissão Hidráulica", nomeada pelo imperador Dom Pedro II, sendo o único engenheiro brasileiro entre estadunidenses.
Obras na engenharia
editarA convite de Orville Derby, que conhecera numa expedição aos sertões sanfranciscanos, participa da Comissão Geográfica e Geológica que realiza primeira medição de base geodésica do Brasil sendo esta executada no Estado de São Paulo (1890).[4] Este trabalho possibilitou a elaboração de diversas cartas topográficas elaboradas em escala 1:100.000, sendo este iniciado pela exploração dos rios Itapetininga e Paranapanema.[4]
Antes havia realizado o trabalho de prolongamento da linha férrea de Salvador ao São Francisco (1883). No ano seguinte é nomeado engenheiro chefe da Comissão de Desobstrução do Rio São Francisco, que deixa em virtude do convite de Derby para trabalhar em São Paulo. Ali, dentre outra realizações, participa em 1891 da Companhia Cantareira (engenheiro-chefe), é nomeado Diretor e Engenheiro Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo (de 1899 a 1904). Participou da fundação da Escola Politécnica, como parte da comissão do governo estadual composta por ele e Francisco Sales de Oliveira cujo resultado foi a lei de fundação da instituição, em 1893.[5]
Institutos
editarFoi, em 1894, um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (1898), que presidiu em 1922; sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1902).
Em 1912 presidiu o V Congresso Brasileiro de Geografia.
Importância de Teodoro Sampaio
editarTeodoro Sampaio, filho de uma escrava negra, foi um dos maiores pensadores brasileiros de seu tempo. Engenheiro por profissão, legou-nos uma bibliografia de vasta erudição geográfica e histórica sobre a contribuição das bandeiras paulistas na formação do território nacional, entre outros temas. É formidável sua sofisticação na percepção da importância dos saberes indígenas (caminhos, mas não só) na odisseia bandeirante. Igualmente digna de consideração foi sua contribuição ao estudo de vários rios brasileiros, de pinturas rupestres em sítios arqueológicos nacionais, do tupi na geografia brasileira e da geologia no País. Neste campo, a geologia brasileira, participou de momentos marcantes, como a expedição de Orville Derby ao vale do rio São Francisco e de comissões específicas. Além disso, foi grande amigo de Euclides da Cunha, e auxiliou o escritor com conhecimentos sobre o sertão baiano na elaboração do livro Os Sertões.
Seu nome figura na memória intelectual do País ao lado de Capistrano de Abreu, Joaquim Nabuco, Nina Rodrigues e outros do mesmo patamar. Em sua memória, foram batizados dois municípios brasileiros (na Bahia e em São Paulo) e também uma importante rua da cidade de São Paulo.
Principais obras
editar- O rio São Francisco e a chapada Diamantina (1906)
- O tupi na geografia nacional (1901),
- Atlas dos Estados Unidos do Brasil (1908)
- Dicionário histórico, geográfico e etnográfico do Brasil (1922)
- História da Fundação da Cidade do Salvador (póstumo).
Toponímia
editarA rua Teodoro Sampaio, uma importante via da cidade de São Paulo, foi assim nomeada em homenagem ao engenheiro Teodoro Fernandes Sampaio.[6] No local em que nasceu consitutiu-se um município com o seu nome: Teodoro Sampaio (Bahia). Também há um outro município no Estado de São Paulo com o mesmo nome: Teodoro Sampaio (São Paulo).
Notas e referências
- ↑ «Teodoro Sampaio - Biografia». Consultado em 9 de janeiro de 2015[ligação inativa]
- ↑ «Teodoro F Sampaio». Consultado em 19 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 27 de janeiro de 2016
- ↑ O que gerava a condição de escravo era a condição do ventre da mãe, não importando que o pai fosse livre ou escravo. É provável que o pai de Teodoro Sampaio tenha obtido sua alforria por compra ou doação, logo após o seu nascimento
- ↑ a b Santos, Ademir Pereira dos; Carlos, Rosa Matilde Pimpão; Sergio Nunes Pereira, Rita de Cássia Martins de Souza (26 de junho de 2017). «Teodoro Sampaio e a primeira base geodésica do Brasil». Terra Brasilis (Nova Série). Revista da Rede Brasileira de História da Geografia e Geografia Histórica (8). ISSN 1519-1265. doi:10.4000/terrabrasilis.2230
- ↑ «Acervo da Assembleia mantém documentos sobre a Escola Politécnica da USP». Consultado em 12 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 11 de agosto de 2015
- ↑ História das ruas de São Paulo
Bibliografia
editar- "Teodoro Sampaio - nos sertões e nas cidades" Versal Editores, Rio de Janeiro, 2010. (ISBN 978-85-89309-26-4).
- O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina, Teodoro Sampaio (José Carlos Barreto de Santana org.), Companhia das Letras, São Paulo, 2002. (ISBN 85-359-0256-2)
- Teodoro Sampaio e a Chapada Diamantina (Trechos da expedição de 1879/1880), Otoniel Fernandes Neto, ed. do Autor, Brasília, 2005. (ISBN 85-905834-1-4).
- Baianos Ilustres, Antônio Loureiro de Souza, Salvador, 1949.
- Os naturalistas viajantes e a etnografia indígena 1955 Teodoro Sampaio e Carlos Teschauer.
- Diário pessoal de Teodoro Sampaio