Terra Indígena Xikrin do Cateté

Os Xikrin utilizam uma tríade classificatória para descrever diversas relações: entre si, com outras pessoas, objetos, fenômenos naturais e modos de conhecimento.[1]

Os relatos sobre a Terra Indígena Xikrin do Cateté são importantes, pois essa área está localizada no "arco do desmatamento" e enfrenta a falta de cumprimento dos direitos das comunidades, tornando-as vulneráveis e sem acesso ao direito à terra e à autodeterminação. Da mesma forma, as comunidades quilombolas de Alcântara têm uma longa história de resistência, lidando com violações de direitos, especialmente com a implantação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Um acordo firmado em 2019 para a utilização do CLA pelos Estados Unidos, atualmente no Congresso, ameaça ainda mais o território quilombola e intensifica os danos. [2]

Esse conflito evidencia questões raciais e ambientais intersecionadas na sociedade brasileira, onde os interesses do Estado se sobrepõem aos direitos das comunidades, refletindo a falência da proteção dessas populações. Além disso, os Xikrin da Terra Indígena Cateté enfrentam insegurança hídrica e alimentar, pois os rios Cateté e Itacaiúnas estão poluídos por metais pesados como chumbo, cádmio, ferro, cobre, cromo, manganês e níquel, com evidências de contaminação na água e no lodo. [3] [4]

A realização de estudos sobre a composição florística e da estrutura das florestas tropicais é essencial para o manejo sustentável. Em estudos recentes, uma área de 1.250 hectares nas terras indígenas Xikrin do Cateté, no Pará, foram registrados 5.425 indivíduos de 136 espécies por meio de um inventário completo. Onze espécies se destacaram em importância, com a Jurema preta (Mimosa caesalpiniifolia) sendo a mais abundante, seguida pela castanheira (Bertholletia excelsa) e outras como Sapium sp. (caucho) e Protium sp. (breu). Essas espécies representam 69% dos indivíduos da área, destacando a diversidade e a relevância da flora local para a conservação e manejo florestal. [5]

  1. Mantovanelli, Thais (dezembro de 2016). «Os Xikrin da Terra Indígena Trincheira-Bacajá e os Estudos Complementares do Rio Bacajá: reflexões sobre a elaboração de um laudo de impacto ambiental». Horizontes Antropológicos (46): 159–188. ISSN 0104-7183. doi:10.1590/s0104-71832016000200006. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  2. Silva, Neuder Wesley França da; Trindade, Bruna dos Santos; Vasconcelos, Tatiane Rodrigues de (2021). «Direito à consulta: obrigatoriedade na realização de consulta prévia, livre e informada na terra indígena Xikrin do Cateté» (PDF). Even3. doi:10.29327/1142000.9-3. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  3. Silva, Neuder Wesley França da; Trindade, Bruna dos Santos; Vasconcelos, Tatiane Rodrigues de (2021). «Direito à consulta: obrigatoriedade na realização de consulta prévia, livre e informada na terra indígena Xikrin do Cateté». Recife, Brasil: Even3. doi:10.29327/1142000.9-3. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  4. Vieira Filho, João Paulo Botelho (26 de dezembro de 1980). «Relato de acontecimentos relacionados com a presença das madereiras na reserva dos Xikrin no Rio Cateté». Revista de Antropologia: 173–176. ISSN 1678-9857. doi:10.11606/2179-0892.ra.1980.110876. Consultado em 4 de novembro de 2024 
  5. SOARES, M., de CARVALHO, J. O. P., MIRANDA, I., & FRANCEZ, L. D. B. ., Marcio Soares (2002). «Importância ecológica de espécies arbóreas na área indígena Xikrin do Cateté.» (PDF). Consultado em 4 de novembro de 2024