Thaumasius
Ilustração de John Gould
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Thaumasius

Sclater, 1879
Espécie-tipo
Thaumasius taczanowskii
Sclater, 1879
Espécies

2, ver texto

Thaumasius é um gênero de aves apodiformes pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores.[1] O gênero possui duas espécies reconhecidas, anteriormente classificadas dentro do gênero Leucippus, atualmente um táxon monotípico; se distribuem principalmente nas florestas equatorianas próximas à região andina do continente sul-americano em altitudes muito divergentes que estão entre 350 e 2800 metros acima do nível do mar. Ambas as espécies são encontradas no extremo-oeste de Equador, do qual uma das espécies é endêmica, e no caso do beija-flor-malhado, no Peru.

Embora não possuam uma área ampla de distribuição geográfica natural, ambas espécies representantes deste gênero são consideradas espécies "pouco preocupantes", devido à sua distribuição ocorrer dentro das áreas protegidas locais ou nacionais. Além disso, devido às temperaturas baixíssimas dos Andes, ameaças por perda de habitat devido ao aumento do desmatamento e agricultura não são possíveis na mesma intensidade do que as espécies distribuídas na região amazônica.[2][3]

Descrição

editar

As duas espécies são extremamente similares visualmente, podendo, muitas vezes, ser confundidas entre si por observadores de aves iniciantes. Esses beija-flores possuem entre oito a 12 centímetros de comprimento, com o beija-flor-malhado sendo ligeiramente maior. Ambos os sexos são visualmente similares, com as fêmeas sendo geralmente mais pálidas em sua plumagem e um pouco maiores do que os machos, uma característica comum aos troquilíneos. Esses beija-flores possuem plumagem marrom-acinzentada ou bege com bico preto levemente curvado. Sua mandíbula pode ser cinza-marrom ou ainda amarela, com a ponta enegrecida. As partes superiores são verde-acinzentadas ou verde-bronzeadas com a coroa e coberteiras bronzeadas. As penas internas da cauda são verde-acinzentadas a verde-bronze que progridem acinzentadas nas áreas externas, também possuem uma faixa de bronze próximo ao final. Suas partes inferiores são cinzentas com manchas verdes douradas no queixo, garganta e flancos. As coberteiras infracaudais têm centros castanhos claros e bordas esbranquiçadas.[4][5]

Distribuição e habitat

editar

Uma destas espécies, o beija-flor-malhado, se distribui exclusivamente pelo território peruano, apresentando um endemismo nesta região, embora alguns registos de aparições não-documentadas no Equador liderem a lista de razões do South American Classification Committee para considerá-la uma espécie hipotética na região. A outra espécie, conhecida pelo nome de beija-flor-de-tumbes, apresenta distribuição ao extremo-oeste sul-americano, em províncias mais ao norte peruano e ao extremo sudoeste equatoriano. Essa espécie é relatada nas províncias de El Oro e Loja ao departamento de Lambayeque. Esses beija-flores possuem habitats na cordilheira dos Andes e nas florestas decíduas encontradas nesta região.[2][3][4][5]

Sistemática e taxonomia

editar

Esse gênero foi introduzido originalmente em 1879, pelo naturalista inglês Philip Lutley Sclater, inicialmente introduzido para a descrição do beija-flor-malhado (Thaumasius taczanowskii), que baseou a descrição em espécimes coletados em Guajungo, na cidade de Cajamarca, ao noroeste do Peru.[6] Em 1901, seria descrita, dessa vez pelo ornitólogo francês Eugène Simon, o beija-flor-de-tumbes (Leucippus baeri), por meio de espécimes encontrados na localidade que nomeia este beija-flor.[7] Posteriormente, a espécie Thaumasius taczanowskii seria movida para o gênero Leucippus, que incluía as espécies beija-flor-camurça (Leucippus fallax) e o beija-flor-de-tumbes.[8][9][10] Entretanto, um estudo filogenético molecular publicado em 2014 descobriu que o gênero Leucippus era polifilético, decidindo reclassificar o beija-flor-malhado e o beija-flor-de-tumbes no ressurgido Thaumasius.[11][12] Embora o International Ornithological Committee, a taxonomia de Clements e South American Classification Committee considerarem esta classificação, Handbook of the Birds of the World (HBW) da BirdLife International usa a classificação desatualizada.[9] Ambas as espécies são monotípicas.

  • Thaumasius taczanowskii (Sclater, 1879), beija-flor-malhado – pode ser encontrado desde o norte do Peru, na encosta oeste dos Andes Ocidentais, no Vale de Marañon ao extremo-sul do Equador, em Zamora-Chinchipe
  • Thaumasius baeri (Simon, 1901), beija-flor-de-tumbes – pode ser encontrado no litoral árido do extremo-sudoeste do Equador e nordeste adjacente do Peru

Ligações externas

editar
Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
  Imagens e media no Commons
  Categoria no Commons
  Diretório no Wikispecies
  1. a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  2. a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Leucippus taczanowskii (Spot-throated Hummingbird)». The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22687497A93155083 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687497A93155083.en . Consultado em 25 de novembro de 2022 
  3. a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Leucippus baeri (Tumbes Hummingbird)». The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22687494A93154906 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687494A93154906.en . Consultado em 25 de novembro de 2022 
  4. a b Schulenberg, Thomas S.; Sedgwick, Carolyn W. (2021). «Spot-throated Hummingbird (Thaumasius taczanowskii), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.spthum2.01.1. Consultado em 25 de novembro de 2022 
  5. a b Schulenberg, Thomas S.; Sedgwick, Carolyn W. (2021). «Tumbes Hummingbird (Thaumasius baeri), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.tumhum1.01.1. Consultado em 25 de novembro de 2022 
  6. Sclater, Philip Lutley (1879). «Exhibition and description of a new Humming-bird, Thaumasius taczanowskii, from Northern Peru». Londres: Academic Press. Proceedings of the Zoological Society of London. 1 (1): 145–146. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  7. Simon, Eugêne (1901). «Bulletin du Comité Ornithologique International, IIIe. Congres Ornithologique International: Descriptions de trois espèces nouvelles de la famille des Trochilidae». Paris: Masson et Cie. Editeurs. Ornis. 11 (1900–1901): 202. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  8. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  9. a b BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  10. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  11. McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Corl, Ammon; Rabosky, Daniel L.; Altshuler, Douglas L.; Dudley, Robert (14 de abril de 2014). «Molecular Phylogenetics and the Diversification of Hummingbirds». Current Biology (em inglês) (8): 910–916. ISSN 0960-9822. PMID 24704078. doi:10.1016/j.cub.2014.03.016. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  12. Stiles, F. Gary; Piacentini, Vitor De Q.; Remsen, Jr., J. V. (23 de maio de 2017). «A brief history of the generic classification of the Trochilini (Aves: Trochilidae): the chaos of the past and problems to be resolved». Zootaxa (3). 396 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4269.3.4. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  13. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 113. ISSN 1830-7809. Consultado em 25 de agosto de 2022