Thomas Lovejoy

ambientalista norte-americano

Thomas Lovejoy (Nova Iorque, 22 de agosto de 1941Washington, 25 de dezembro de 2021) foi um ambientalista e biólogo norte-americano especializado em conservação, ecologia e biologia tropical.[1]

Thomas Lovejoy
Thomas Lovejoy
Nascimento Thomas Eugene Lovejoy III
22 de agosto de 1941
Manhattan
Morte 25 de dezembro de 2021 (80 anos)
McLean
Cidadania Estados Unidos
Alma mater
Ocupação biólogo, ecologista, ambientalista
Distinções
Empregador(a) Universidade George Mason

Carreira

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Interessado em biologia desde a adolescência, quando frequentava a Millbrook School, obteve graduação em 1964 e doutorado em 1971 na Universidade de Yale. De 1964 a 1965 foi Yale Carnegie Teaching Fellow, depois foi pesquisador assistente no Museu Nacional de História Natural e executivo assistente da Academia Nacional de Ciências da Filadélfia. Entre 1973 e 1987 dirigiu a seção norte-americana do World Wildlife Fund, e de 1985 a 1987 foi seu vice-presidente internacional. Presidiu o Heinz Center for Science, Economics, and the Environment, foi conselheiro dos presidentes Reagan, Bush e Clinton, do Instituto Smithsonian, dos jardins botânicos de Nova Iorque e de Londres, conselheiro-chefe do Banco Mundial para biodiversidade e seu principal especialista sobre o ambiente latino-americano, presidiu a Society for Conservation Biology, foi conselheiro do Yale Institute for Biospheric Studies e desde 2010 deu aulas na Universidade George Mason.[2]

Desde 1965 trabalhou principalmente no Brasil, atuando junto ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, sendo o principal responsável por um projeto de grande escala que investigou o funcionamento de fragmentos florestais e os efeitos do desmatamento sobre a ecologia regional,[2][3] que evoluiu para se tornar o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais (PPG7),[4] o qual, segundo o governo do Brasil, "gerou inúmeros estudos técnicos e científicos que ajudaram a construir políticas públicas ambientais voltadas para o desenvolvimento sustentável. Ao longo de seus 17 anos de existência, o Programa Piloto implantou 26 subprogramas e projetos que contribuíram para ampliar o conhecimento do meio ambiente da floresta Amazônica e Mata Atlântica brasileiras".[5] Manteve, durante sua vida, forte interação com cientistas brasileiros importantes, como Eneas Salati, que decifrou os mecanismos de distribuição das chuvas na Amazônia,[4] e Carlos Nobre, com quem apontou, num editorial crítico na revista Science Advances (do grupo Science), que há um limite para a destruição da Amazônia, a partir do qual não haverá mais retorno.[6]

Ganhou notoriedade na década de 1970 com suas previsões sobre uma possível extinção em massa decorrente da destruição ambiental.[7]

Preparou muitos mestres e doutores, deixou grande bibliografia publicada e foi membro de muitas associações e sociedades científicas, incluindo a American Academy of Arts and Sciences, a American Association for the Advancement of Sciences, a American Ornithologists' Union, a American Philosophical Society, a Royal Society e a Linnean Society of London.[2] Foi membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências.[8]

Morreu em Washington, no dia de Natal de 2021, vitimado por um câncer pancreático.[8]

Legado e reconhecimento

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Por ocasião de sua morte o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil publicou uma nota de pesar enaltecendo sua vida dedicada à conservação do planeta, em especial a floresta amazônica, e declarando: "Por tudo que o Thomas Lovejoy representa, lamentamos profundamente a sua partida. E mais uma vez agradecemos por todo o seu esforço científico e sua paixão pela Amazônia para tornar o mundo um lugar melhor para todas as espécies e para as futuras gerações".[8]

Foi considerado um dos principais líderes do movimento ambientalista e o "pai da biodiversidade", termo que ele cunhou (originalmente como "diversidade biológica"), foi um pioneiro na biologia da conservação, elucidou o conceito de Tamanho Mínimo Crítico para os ecossistemas,[2] e foi uma figura importante para chamar a atenção internacional para os problemas ambientais da Amazônia.[9] Marcos Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências da USP, e Vera Fonseca, professora do Instituto, em artigo publicado no Jornal da USP, disseram que Lovejoy foi uma das figuras-chave na evolução da ética socioambiental no século XX, "ajudou a formar alguns dos pilares do ativismo ambiental", e fez parte de "um grupo de pensadores que mudou o mundo para melhor, elevando o status e fazendo brilhar a importância da vida como um todo".[4]

Recebeu vários prêmios, destacando-se a Ordem de Rio Branco em 1988, a Ordem Nacional do Mérito Científico em 1998,[8] o Prêmio Tyler de Conquista Ambiental em 2001,[2] o Prêmio Fundação BBVA Fronteiras do Conhecimento em 2009,[10] o Prêmio Planeta Azul em 2012,[7] o Prêmio Muriqui em 2013,[11] e a Menção Honrosa Rio Negro em 2019 conferida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a maior honraria da instituição.[8] A espécie Polycyrtus lovejoyi foi batizada em sua homenagem.[7]

Ver também

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Referências

  1. «"Godfather of Biodiversity" Thomas Lovejoy Dies at 80». The Scientist Magazine® (em inglês). Consultado em 21 de março de 2022 
  2. a b c d e Tyler Prize. "2001 Tyler Laureates" Arquivado em 23 de fevereiro de 2017, no Wayback Machine..
  3. Fioravanti, Carlos & Guimarães, Maria. "Thomas Lovejoy: Cinquenta anos de Amazônia". In: Pesquisa FAPESP, 2015 (230)
  4. a b c Buckeridge, Marcos & Fonseca, Vera Imperatriz. "O legado de dois grandes biólogos conservacionistas: Edward Wilson e Thomas Lovejoy". Jornal da USP, 07/01/2022
  5. "Proteção das Florestas Tropicais". Ministério do Meio Ambiente
  6. Lovejoy, Thomas E. & Nobre, Carlos. "Amazon Tipping Point". In: Science Advances, 2018; 4 (2) doi 10.1126/sciadv.aat2340 pmc PMC5821491 pmid 29492460
  7. a b c Delingpole, James. The Little Green Book of Eco-Fascism: The Left s Plan to Frighten Your Kids, Drive Up Energy Costs, and Hike Your Taxes! Regnery Publishing, 2013, p. 119
  8. a b c d e "Nota de Pesar - Thomas Lovejoy - incansável estudioso e defensor da Amazônia". Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, 26/12/2021
  9. Dennehy, Kevin. "Lovejoy, ‘Godfather’ of Biodiversity, Reflects On 50 Years in the Amazon". Yale School of Forestry and Environmental Studies
  10. "Amazonia researchers Lovejoy and Laurance win the BBVA Foundation Frontiers of Knowledge Award in Ecology and Conservation Biology". Fundación BBVA, 30/01/2009
  11. Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Prêmio Muriqui.