Tigranes VII
Tigranes VII foi um rei da Arménia da dinastia arsácida, do período dividido entre o Império Romano e o Império Sassânida, tendo governado sob o protectorado sassânida entre o ano 339 e o ano 350. Foi antecedido no governo por Cosroes III da Armênia "o Pequeno" e foi sucedido pelo seu filho Ársaces II da Armênia.
Tigranes VII | |
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Rei da Armênia | |
Reinado | 339–350 |
Antecessor(a) | Cosroes III |
Sucessor(a) | Ársaces II |
Morte | 358 |
Descendência |
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Dinastia | arsácida |
Pai | Cosroes III |
Religião | Catolicismo armênio |
Nome
editarTigranes (Tigrānēs; Τιγράνης, Tigránēs) é a forma latina e grega surgida do persa antigo *Tigrana (*Tigrāna) e do acadiano Tigranu (𒋾𒅅𒊏𒉡, Tīgranu). Hračʻya Ačaṙyan propôs que derivou por haplologia de *tigrarāna, supostamente significando "lutar com flechas" (cf. o persa antigo 𐎫𐎡𐎥𐎼𐎠𐎶, tigrām, “pontiagudo”, acusativo singular feminino),[1] que Ačaṙyan entendeu que derivou do avéstico 𐬙𐬌𐬖𐬭𐬀 (tiγra, "flecha") e sânscrito तिग्म (tigmá, "pontiagudo") e do avéstico 𐬭𐬇𐬥𐬀 (rə̄na, "batalha, luta") e sânscrito रण (raṇa, "batalha")).[2] Ele também comparou o grego antigo Tigrapates (Τιγραπάτης, Tigrapátēs, literalmente “mestre das flechas”) e, para a haplologia, o nome avéstico 𐬬𐬍𐬭𐬁𐬰 (vīrāz) de *vīra-rāz-.[3] J̌ahukyan considerou a explicação improvável.[4] É mais provável que decorra do iraniano antigo Tigrana (*Tigrāna-), uma formação patronímica com o sufixo *-āna- do nome *Tigra (*Tigrā-; lit. “delgado”), refletido no elamita Tigra (𒋾𒅅𒊏, Tīgra) e acadiano Tigra (𒋾𒅅𒊏𒀪, Tīgraʾ), da palavra discutida acima para "pontiagudo".[5][6][7] O nome foi tardiamente registrado em armênio como Tigrã (Տիգրան, Tigran).[2]
Vida
editarEm algum momento durante seu reinado o xá Sapor II (r. 309–379) lançou guerra contra o Império Romano e seus aliados, em primeiro lugar, perseguindo os cristãos que viviam na Pérsia e Mesopotâmia. A guerra de Sapor, e a captura de territórios, desferiram um forte golpe no prestígio dos romanos no Oriente. Finalmente, o xá invadiu a Armênia tomando como reféns os membros da família real, inclusive Tigranes, uma vez que foram traídos pelo camareiro de Tigranes.[8] Todos os membros de sua família tornaram-se prisioneiros políticos dos sassânidas e o rei, após ser acusado de conluio com Roma, foi cegado e jogado na prisão.[9]
Os nobres da Armênia, enfurecidos pela brutalidade de Sapor e seu tratamento com a família real armênia, pegaram em armas e lutaram contra ele e seu exército com a ajuda dos romanos. Eles, com sucesso, expulsaram Sapor da Armênia e o forçaram a firmar um tratado no qual libertou Anobes e os demais membros de sua família. Como Tigranes estava deprimido e cegado após sua experiência em cativeiro, ele abdicou o trono e Ársaces II o sucedeu como rei da Armênia em 350.[9]
Referências
- ↑ Schmitt 2014, p. 254.
- ↑ a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 146-147.
- ↑ Bartholomae 1904, col. 1454.
- ↑ J̌ahukyan 1981, p. 57-58.
- ↑ Tavernier 2007, p. 324.
- ↑ Zadok 2009, § 527, p. 303.
- ↑ Schmitt 2011, p. 364.
- ↑ «ARMENIA AND IRAN ii. The pre-Islamic period» (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2013
- ↑ a b Kurkjian 2008, p. 103.
Bibliografia
editar- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Տիգրան». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Bartholomae, Christian (1904). Altiranisches Wörterbuch [Old Iranian Dictionary]. Estrasburgo: K. J. Trübner
- J̌ahukyan, Geworg (1981). «Movses Xorenacʻu "Hayocʻ patmutʻyan" aṙaǰin grkʻi anjnanunneri lezvakan aġbyurnerə [The Linguistic Origins of the Proper Names in the First Book of Movses Khorenatsi's 'A History of the Armenians']». Patma-banasirakan handes [Historical-Philological Journal] (3)
- Kurkjian, Vahan M. (2008). A History of Armenia. Los Angeles: Indo-European Publishing. ISBN 1604440120
- Schmitt, Rüdiger (2011). Iranische Personennamen in der griechischen Literatur vor Alexander d. Gr. (Iranisches Personennamenbuch. Band 5, Faszikel 5A. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências
- Schmitt, Rüdiger (2014). Wörterbuch Der Altpersischen Königsinschriften [Dictionary of Old Persian Royal Inscriptions]. Viesbade: Reichert
- Tavernier, Jan (2007). «*Tigra-». Iranica in the Achaemenid Period (ca. 550–330 B.C.): Lexicon of Old Iranian Proper Names and Loanwords, Attested in Non-Iranian Texts. Lovaina e Paris: Peeters Publishers
- Zadok, Ran (2009). Iranische Personennamen in der neu- und spätbabylonischen Nebenüberlieferung (Iranisches Personennamenbuch, Band 7, Faszikel 1B. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências